A Lenda Dos Amuletos Dos Sonhos Livro I

Capítulo 5 - Livros, pergaminhos e um medalhão


Valentina disse para esperá-la no sótão enquanto pegava a chave. Eu e Reiko subimos até o lá assim que Valentina foi para o quarto de Solana e Norick.

Quando entramos no sótão, que parecia uma biblioteca, fui até algumas estantes e observei alguns livros. Reiko sentara-se à mesa que havia no centro do lugar e ficou olhando o céu pela janela do aposento, a mesa não era muito longe da janela e ele tinha uma clara visão das estrelas e das luas.

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Já fazia bastante tempo que Reiko não me olhava ou falava comigo com desconfiança, mas mesmo assim resolvi não puxar assunto a menos que ele me chamasse. Eu não era amiga dele como era com Valentina, por isso na maioria das vezes eu não sabia o que falar quando estávamos sozinhos, então resolvi ficar na minha.

Peguei um livro, sentei-me no chão e comecei a folheá-lo sem muito interesse, somente para passar o tempo. Reiko continuava a fitar o céu com uma expressão enigmática, o olhei só por um momento depois desviei meu olhar para o livro chato, cheios de palavras sem sentido de uma língua que nunca vi antes, que eu estava folheando.

Valentina demorou e fiquei imaginando o que estaria acontecendo lá, acho que o que mais me incomodava naquele momento não era bem a sua demora, mas sim o silêncio que estava no sótão. Para a minha sorte Valentina abre a porta devagar e entra ofegante.

–Peguei. – disse ela sorrindo e erguendo o braço para mostrar a chave.

Reiko e eu nos levantamos, eu botei o livro no lugar e fomos até o baú. Assim que Valentina colocou a chave na fechadura a chave se encaixou perfeitamente e abriu o baú sem muito esforço.

Dentro do baú havia muitos pergaminhos e livros, com a mesma quantidade de poeira que me fez espirrar da última vez. Valentina fora a primeira a pegar um pergaminho, ajeitou-se no chão e abriu para lê-lo. Reiko procurou alguma coisa e sentou-se ao lado de Valentina. E por último eu, fucei algumas coisas no baú e peguei um livrinho pequeno, com a capa preta e bem simples, as folhas eram amareladas e a caligrafia era fina e muito elegante. Folheei algumas páginas e parei em uma ilustração, era sem dúvida um colar, com um pingente curioso, pois era bem trabalhada e no centro do pingente havia uma pedra redonda. Do lado do desenho, na outra folha, tinha um texto, mas estava muito difícil ler e não parecia ser o meu idioma.

Continuei folheando para ver se achava algo de interessante. Parei de novo num desenho, mas dessa vez fora um desenho de uma mulher, uma elfa: de longos cabelos lisos, muito bonita e esbelta como uma deusa; seu rosto era jovem, uns vinte anos talvez; usava um traje que lembrava muito uma guerreira; ela segurava um arco e flecha nas mãos e na cintura levava um punhal. Do lado também havia um texto. O texto também tinha uma letra fina e elegante, mas a letra era diferente do resto da caligrafia que havia no livro, talvez esse texto tivesse sido escrita por outra pessoa. Pela página inteira havia alguns respingos de tinta. Interessei-me mais quando vi que entendia as palavras e então resolvi ler:

[...]Enya tambem recebera o amuleto. Fora escolhida pela coragem e seu amuleto era o de fogo, um elemento bem parecida com ela [...] Naquela época não existia mulheres que eram soldados ou que lutavam, mas Enya era realmente muito corajosa e não se sabe como ela conseguiu ser uma dos escolhidos para receber o Amuleto dos Sonhos [...]

Nessa parte a tinta estava meio gasta e não dava para ler, sem contar nas manchas de tinta. No final do texto ainda deu para ler um pouco:

[...]Enya ficara conhecida como A Senhora do Fogo.

Seria mais interessante se desse para ler todo o texto, pensei. Continuei folhando e achei uma página com uma outra ilustração de um colar, era diferente do outro: este era um pentágono com muitos detalhes, na mesma página mais para o final tinha coisas escritas, mas não consegui lê-las.

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Em outras páginas encontrei outros tipos de ilustrações. Aquele minúsculo livro estava começando a me interessar, algumas coisas que estavam escritas nele eu não conseguia entender, mas continuei mesmo assim.

–Acharam alguma coisa... interessante? – perguntou Valentina atrás de um livro.

Reiko fechou o livro que estava lendo:

–Nada demais, aqui só está falando de guerra. – respondeu ele. – É difícil procurar algo que não sabemos o que é. – suspirou e então foi pegar um pergaminho no baú.

Valentina se virou para mim e perguntou:

–E você? O que achou?

Mostrei o pequeno livro para ela, na página onde estava o colar de pentágono. Assim que ela o viu franziu o cenho.

–O que foi? – perguntei.

Ela se virou e procurou alguma coisa no baú. Por fim tirou de lá de dentro uma corrente.

–Olha – disse ela – São iguais.

E eram mesmo. Reiko pegou o colar na mão de Valentina e o examinou o medalhão, depois tentou abrir, mas não conseguiu, mesmo tentando varias vezes.

–O que está escrito no livro? – ele perguntou para Valentina que estava segurando o pequeno livro na página onde estava a ilustração do medalhão.

–Na verdade não sei. – respondeu ela. – É uma língua muito antiga, sei porque já vi sua escrita, mas não sei ler.

–Parece ser algo importante. – comentei.

–Parece mesmo. – concordou Reiko comigo.

Valentina folheou as outras páginas e cada vez mais ela parecia entretida com o livro. Peguei o medalhão da mão de Reiko e também o analisei, era sem duvida o medalhão mais bonito que já vi, os detalhes deste eram muito impressionante e bem feitos, era brilhante pois era dourado. Abri o medalhão e uma melodia suave saiu, fiquei escutando por alguns segundos, distraída, Reiko olhou curioso, talvez se perguntando por que não conseguiu abrir o medalhão também, mas nada disse e logo nossa atenção se virou a Valentina que falou:

–Já é a terceira vez que isso aparece.

–O quê? – perguntou Reiko.

–Aqui também está falando sobre os amuletos.

–Que amuletos? – ele indagou.

–Sobre uns amuletos chamados “Amuleto dos Sonhos”. Já ouviu falar? – perguntou ela a ele.

–Na verdade não, mas agora que falou no outro livro que eu estava vendo também falou dos “Amuletos dos Sonhos”.

–Então é isso? – falei. – Seus pais estavam procurando informações sobre esses amuletos?

–É bem provável. – respondeu ela. – Nos pergaminhos que li também falavam sobre eles, mas alguns textos não consegui ler, porque eram uma língua que nunca estudei.

–O que está me deixando curioso é o que significa esses amuletos. – comentou Reiko. – Por que eles estariam procurando sobre isso?

–Não sei. – respondeu Valentina. – Vamos ter que perguntar a eles.

Ficamos mais algum tempinho discutindo se íamos ou não perguntar a Solana e Norick sobre o que havíamos descoberto. Olhamos outros livros e pergaminhos para obter mais informações, mas fora inútil, pois quase todos os textos estavam numa língua desconhecida.

Depois de um tempo Valentina também examinou o medalhão e conseguiu abrir tocando a mesma melodia quando eu abri, Reiko olhou com uma certa frustração por não ter conseguido abrir, então Valentina disse:

–Então está decidido, amanhã falaremos com eles. – e com isso fechou o medalhão.

[Valentina]

O dia seguinte foi mais agitado do que eu pensei. Minha mãe não ficava sozinha nem um instante e eu queria perguntar para ela sobre os amuletos dos sonhos e o medalhão, porque minha mãe era bem mais calma que meu pai e mais compreensiva. Solana costumava sair um pouco à noite para respirar e sentir a natureza, e seria nessa hora que eu falaria com ela. Assim que a noite caiu, as estrelas começaram a brilhar e as luas surgiram iluminando a noite, minha mãe saiu para caminhar como sempre fazia. Fui ao seu encontro, na trilha que ia em direção à cachoeira.

–Mãe? – chamei quando estava bem perto dela.

–Sim, minha filha – ela sorriu e eu retribui.

–Quero te fazer uma pergunta.

–O que foi, Valentina?

Então eu tirei o medalhão que estava no meu pescoço e mostrei para ela.

–É sobre isso. – falei. – E também sobre os amuletos dos sonhos.

Ela não disse nada apenas me fitou, logo em seguida passou a mão no seu pescoço finalmente notando que a chave havia sumido.

–Como você conseguiu? – ela finalmente falou. Abaixei um pouco a cabeça e respondi:

–Me desculpe. Peguei da senhora quando estava dormindo, a senhora e o pai não falavam nada, então resolvemos procurar saber por nós mesmos...

– “Nós mesmos”? Reiko e Ângela a ajudaram também?

Apenas assenti.

–Mãe, o que é esse medalhão e os amuletos dos sonhos?

Ela não respondeu de imediato ficou algum tempo calada, depois de um tempinho falou:

–Bem, é um pouco complicado. Acho melhor falar sobre isso quando todos estiverem presentes...

–Então era isso mesmo que a senhora e o pai foram procurar nessa viagem? – perguntei.

Ela deu um suspiro:

–Sem dúvida nenhuma você é minha filha, para ser assim tão insistente num assunto. – disse ela. – Eu e seu pai íamos contar, mas... – de repente ela parou subitamente de falar, olhou para os lados com um olhar preocupado e um tanto desesperado.

–Mãe, o que foi? – perguntei meio assustada com o modo que ela estava agindo, então ela fez sinal para que eu me calasse.

–Tem alguém vindo e não parece amigável. Não, com certeza não é nada amigável, eu conheço esses passos. – disse ela, mas para si mesmo que para mim, com uma expressão preocupada no rosto. – Droga! Definitivamente é ela! Valentina, não desgrude desse medalhão por nada e diga a seu pai que Lilith nos achou.

–Quem?! – perguntei confusa.

–Faça o que te pedi. Ande!

Então ela se virou pegando seu arco que sempre carregava nas costas e a armou com uma flecha, logo em seguida começou a mirar num alvo.

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Pelo que parecia, algo muito perigoso estava para acontecer. Minha mãe tinha uma audição inimaginável e conseguia escutar muito bem se alguém estava se aproximando, a muitos metros de distância. Ela estava com uma expressão muito assustada e isso era mau sinal, significa que quem quer que fosse já estava bem perto.

Corri para casa o mais rápido que pude, ainda bem que não estava muito longe. Assim que entrei meu pai estava perto da porta, e pelo jeito que eu abri, totalmente ofegante o assustou um pouco.

–Valentina, o que houve? – perguntou ele achando graça da cena. – Parece que está fugindo de um fantasma.

–Pai, a mãe está na trilha que vai para o norte. – eu já comecei a falar. – e mandou avisá-lo que Lilith nos achou...

A expressão dele mudou por completo, ficou uns três segundos sem falar nada depois falou:

–Tem certeza disso?

–Sim.

–Então faça o seguinte, quero que pegue seu arco, chame seu irmão e Ângela. Depois vá até o sótão abra um baú que está mais ao um canto e pegue lá dentro um colar. – explicou ele me dando uma chave.

–Pai, creio que isso não será preciso. – eu disse depois de pegar a chave lhe mostrando o colar em meu pescoço.

–Mas onde você... – começou ele. – Não importa. Mas agora vocês têm que fugir e por nada desse mundo, Valentina, perca esse colar. Nunca se separe dele, me ouviu?

Eu assenti, depois ele me deu um beijo na testa, pegou sua espada colocando-a na cintura, o arco nas costas e saiu em direção onde estava minha mãe. Fiz o que ele me pediu, chamei meu irmão e Ângela, eles também pegaram suas armas e me acompanharam.

–O que está acontecendo? – perguntou Reiko.

–Eu também não sei direito. – falei, então me lembrei do baú, lá podia ter informações sobre o que estava acontecendo. – Me esperem lá em baixo, eu não demoro.

–Aonde vai? – perguntou Ângela.

–Não se preocupem, não irei demorar.

Dizendo isso subi as escadas até o sótão. Entrei rapidamente, pois não tínhamos tempo a perder. Peguei uma bolsa velha que tinha perto de uma estante, abri o baú e peguei todos os livros e pergaminhos que eu pudesse carregar. Coloquei a bolsa nas costas e corri ao encontro de Reiko e Ângela.

–Vamos! – eu disse já abrindo a porta e indo para fora de casa, mas fui surpreendida com um golpe de espada que passou bem perto do meu rosto. Cai com tudo no chão.

-Para onde pensa que vai, mocinha? – disse um homem estranho e extremamente forte segurando uma pesada espada.

Ele investiu de novo contra mim, mas o golpe foi defendido pela a espada do meu irmão. Eles lutaram, foi então que eu vi o segundo homem e quem cuidou desse fora Ângela.

Levantei-me e tomei uma certa distância, empunhei meu arco e mirei contra os homens.

–ATIRE LOGO, VALENTINA! – gritaram Reiko e Ângela que estavam tendo dificuldades na luta.

Mirei em lugares fatais e lancei várias flechas, os homens caíram no chão já sem vida.

–Vocês estão bem? – perguntei aos dois.

–Estamos, mas por que estão nos atacando? – perguntou Ângela evidentemente assustada.

–Isso eu não sei dizer, mas temos que sair logo daqui.

Corremos para trás de casa pegamos uns cavalos, Ângela montada junto comigo e Reiko em outro. Então fugimos correndo pela noite sem uma direção certa.