Heaven And Hell Shenny

Capítulo 4, pt 2 - Sobre despertadores e Flash


PARTE II - Flash

Penny optou por deixar os cabelos levemente cacheados. Em seus olhos, a sombra clara, aos poucos, ganhava intensidade de modo que, no final do olho, atingia a coloração negra. Após passar rímel e usar um gloss cor de pêssego, estava pronta. Seu vestido, preto e acima do joelho, combinava com o sapato preferido – que, infelizmente, se tornara o grande responsável pelas suas dívidas e falta de dinheiro – e com a bolsa.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- Shelly, deixei frango frito para você no forno. – falou Penny, quando o viu sentado – É só esquentar no microondas ou, se preferir, pode pedir alguma coisa para comer. – acrescentou – Prometo não fazer barulho ao chegar e, como a cama é sua hoje, só precisa deixar coberta e um travesseiro aqui no sofá.

- Tudo bem, mas não se preocupe com isso. – respondeu Sheldon – Eu volto com você.

- Desculpa, querido. Não estou entendendo. – o cenho dela franziu.

- Você disse que sairia com seus amigos hoje. – disse ele – Sou seu amigo, o que significa que você também vai sair comigo.

- Shelly, eu... – Penny procurava alguma palavra que não o ferisse, embora estivesse com dificuldades – Eu sei que você é meu amigo, mas eu não disse que levaria alguém comigo e, talvez, minha amiga não tenha outro convite. Eu fui convidada, entende?

- Não se preocupe. – retrucou Sheldon – A Susie, sua amiga, não vai ir e eu avisei para a Macy que eu seria seu acompanhante. – ao perceber a expressão confusa dela, explicou – Enquanto você estava no banho, a sua amiga, Macy, ligou e disse isso. Como eu sabia que você esqueceria de avisar que estava com hóspedes, fiz questão de informar. Ela disse que a Susie estava doente e não poderia ir, logo, me ofereceu um convite e eu aceitei.

- Você não gosta de festas. – afirmou a ele.

- Ah, faço esses sacrifícios para manter uma relação amigável. – respondeu Sheldon com um assustador sorriso.

Quando chegaram na festa, Penny abriu a boca em formato de “O”. Aquele, sem dúvidas, era o lugar mais luxuoso que fora na vida. Talvez, ao alcançar o estrelado, acabasse por se acostumar com tamanha pompa, contudo, se esse dia nunca chegasse, ela ficaria feliz por ter comparecido a uma festa como essa. Um garçom bastante simpático a ofereceu uma taça de champagne, assim que se dirigiu ao bar.

- Macy, esse lugar é incrível. Esse é o melhor presente adiantado de Natal que já recebi. – agradeceu Penny – Esse é o Sheldon, meninas. – apresentou-o para Macy e Sammy.

- Ah, o famoso Sheldon. – disse Sammy, balançando os cabelos longos pretos.

- Não tão famoso assim. – Sheldon respondeu um tanto quanto envergonhado – Tenho certeza que daqui a uns anos, ao receber o Nobel, você poderá dizer isso.

- O que acha de nos divertimos, Sheldon? – questionou ela, animada – Sempre quis saber se física pode ser interessante.

- Ora, mas que tolice. Claro que física é interessante. – ele balançou a cabeça – Obrigado, mas não danço.

- Ok, Sammy. – falou Penny, entediada com a atitude da amiga e balançando um novo copo de bebida – O Sheldon não é como os outros, deixe-o em paz.

Sammy sorriu e piscou para a amiga, saindo em seguida. Logo, os cabelos pretos e perfeitamente lisos sumiram no meio da multidão. Penny reprimiu um suspiro de alívio e sorveu um pouco do líquido de seu copo. Sheldon, aparentemente, nem percebera a investida de Sammy, uma vez que continuou observando as pessoas, mantendo-se próximo de Penny, afastando-se apenas quando alguém chegava perto o bastante para tocá-lo.

- O que é isso? – perguntou, curioso, ao ver uma fatia de limão no copo de Penny.

- Margarita. – Penny inclinou a bebida na direção dele, em oferecimento – Prova.

- Não bebo. – declinou ele com um gesto displicente.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- Querido, beber um dia não vai fazer com que você seja como ele.

- Não tenho certeza disso. Sou propenso, hered... – Sheldon foi interrompido quando Penny, literalmente, enfiou o copo na sua boca.

- Vamos, beba. – obrigou ela – Você vai ver que é bom. Vamos lá, querido, você é jovem e tem que provar e fazer alguma loucura na vida, pelo menos uma vez, para contar aos seus robôs futuramente – tagarelou Penny.

Sheldon obedeceu à ordem de Penny para, posteriormente, escrever em um diário sobre a experiência de ficar bêbado. Na última vez que isso acontecera, estava preocupado demais em saber onde suas calças estavam e acabou relegando ao segundo plano esse relato. Dessa vez, porém, nada o impediria.

- Pelo bem da ciência. – brindou Sheldon com o quarto copo de Margarina.

- Pelo bem da ciência! – repetiu Penny, rindo.

Penny conversava animada com um homem alto e forte, gesticulando freqüentemente e rindo hora ou outra. Sheldon apenas a observava no canto do bar, brincando com o limão que sobrara no fundo do copo. Se fosse sincero consigo – e, ele sempre era – sabia que, se não saísse daquele lugar o mais rápido possível, acabaria levando Penny para dançar e sabe-se lá o que aconteceria. Uma euforia parecia tomar conta do seu corpo.

- Penny, estou cansado. Vamos embora? – mentiu ele, reprimindo um bocejo falso.

- Você não está vendo que eu estou conversando com ela? – perguntou o homem – Sai daqui.

- Ei. – intrometeu-se Penny – Sai daqui você.

- O quê? Você está conversando comigo e, do nada, esse cara chega. – retrucou ele – Olha para mim e para esse cara. Vai dizer que prefere ele a mim? – ironizou.

- Sim, eu prefiro. – respondeu ela com um sorriso ao ver a incredulidade do homem – Vamos para casa, querido. – disse para Sheldon que permaneceu calado.

Nem bem chegaram em casa e Sheldon correu até o banheiro. Ao segui-lo, Penny o encontrou com a mão no estômago, próximo da privada.

- Preciso vomitar, Penny. – falou ele, com a voz estrangulada.

- Vamos lá, querido. Ficarei do seu lado.

- Sabe quantas bactérias de Escherichia coli estão aí? Milhões, bilhões! – disse ele com temor – Não posso fazer isso, Penny. Não na privada.

- Onde você quer fazer, então? – questionou confusa.

- Pode ser em uma bacia de vidro.

- A única bacia de vidro que tenho, ganhei de minha mãe no Natal passado. – lembrou-se ela – Droga. Eu realmente gosto dela. – acrescentou ao ver a expressão enjoada de Sheldon.

Após jogar fora o único prato refratário – que, mais cedo, guardara frango frito - Penny entregou uma xícara de chá para Sheldon. Ele havia tomado banho e estava de pijama, enrolado em um cobertor, sentado no sofá.

- Nunca mais vou beber. – falou, assim que recebeu o chá.

- É o que todos dizem, Shelly. – riu Penny, agachada na sua frente.

Sheldon observou os olhos verdes de Penny – tão ou até mais verdes do que o limão que ele brincara na maior parte da noite – arregalados. Ele se aproximou dela e percebeu que a sua respiração estava entrecortada e se misturava com a dela, também entrecortada. O peito dela subia com uma velocidade tão rápida que, mesmo de casaco, ele podia senti-lo subindo e descendo. Os lábios que outrora ostentavam gloss, agora, estavam entreabertos e vermelhos.

Ele não sabia como a beijaria, jamais fizera aquilo. Lembrou-se de Firefly, quando Wash beijava Zoe. Inclinou sua cabeça em um ângulo de quarenta e cinco graus e encostou seus lábios nos de Penny. Eram macios. Tão macios. Penny capturou os lábios dele e o instigou a entreabrir os lábios. Seus corações batiam no mesmo compasso e algo dentro do estômago dela borbulhava incessantemente. Jamais imaginaria ter qualquer contato assim com o seu Shelly, mas, já que estava tendo a oportunidade, ela precisava sentir o seu gosto.

Deslizou sua língua e entrelaçou-a com a dele. As mãos de Sheldon alcançaram a cintura de Penny, com o intuito de trazê-la para, ainda mais, perto e, em resposta, ela segurou-o pelo pescoço fortemente. As línguas deles travaram uma luta tão intensa como a de Yoda e Palpatine. A diferença era que, no final dessa luta feroz, não havia vencedores e, sim, o desejo de mais.

Sheldon a afastou por um segundo e observou as suas pupilas dilatadas. Em um impulso, aproximou-se novamente dela com o intuito de repetir o beijo.

- Vamos com calma, Flash. – disse Penny com a voz entrecortada, dando um tapinha na perna dele ao perceber o quanto ele estava animado.

Penny balançou a cabeça e sorriu quando se levantou. As sensações do beijo compartilhado com o amigo ainda pareciam fazer parte de seu corpo. Ele era tão inexperiente e absurdamente fofo. A única coisa que passava na mente dela, entretanto, era que ele lembrasse de tudo. Se ele lembrasse, ela ficaria mais do que feliz de repetir a experiência.

- Vou dormir. – Sheldon levantou-se do sofá e cambaleou até o quarto – Hoje é o seu dia de fazer a barreira de travesseiros.