O que estava acontecendo comigo?

Essa era a única pergunta que me passava pela cabeça, enquanto eu observava Nanami passeando pelo campo que ela insistira tanto para que fossemos. Seus passos eram calmos e relaxados, muito diferentes de quando ela se aproximava de mim, quando todos os seus movimentos ficavam cautelosos e apreensivos.

Idiota, praguejei, mesmo que uma voz em minha cabeça dissesse que tudo aquilo havia sido culpa minha. Eu não devia ter sido tão invasivo noite passada, quando acabamos enrolados entre os lençois de meu quarto, sendo que eu nem lembrava o momento em que nós havíamos chegado ao cômodo.

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Coloquei a cabeça entre os joelhos dobrados, bagunçando meu cabelo como se aquela ação pudesse me fazer esquecer das lembranças pervertidas da última noite. Repreendi a mim mesmo quando percebi que eu gostava de lembrar daqueles momentos, e tentei sufocar a parte de mim que sussurrava que queria que aquilo acontecesse novamente.

Olhei para a frente novamente com um gemido, por que Nanami era tão adorável? Aquela inocência estranha e toda a sua timidez estavam a ponto de me deixar louco, e era justamente essas características que haviam me feito perder o controle em nosso último jantar, que, falando nisso, continuara intocado até que eu acordasse na manhã seguinte e tirasse os pratos já frios de cima da mesa.

Porém eu sabia que não era só aquilo que me encatava em Nanami. Ela era linda de uma forma que eu nunca havia visto em qualquer outra humana, os olhos escuros, o cabelo do mesmo tom, e aquele corpo delicado que parecera ter se encaixado perfeitamente ao meu na noite passada.

Sacudi a cabeça, tentando concentrar-me na grama verde que cercava o lugar aonde eu estava sentado e afastar aquelas memórias que pareciam tão bem vindas. Eu era um demônio, eu nunca poderia sentir esse tipo de atracão por uma mera humana, ainda mais pela garota que tinha controle total sobre mim, de uma maneira ou de outra. Nosso relacionamento estava fadado ao fracasso apenas com essas palavras. Nós nunca poderíamos ficar juntos. Era errado. Errado. Muito errado.

- Tomoe? - ouvi uma voz deliciosamente delicada dizer timidamente acima de mim.

Olhei para cima e observei Nanami encarando-me, seus olhos se desviaram assim que olhei para ela e seu rosto ficou ligeiramente avermelhado pelo seu desconforto. Por que eu adorara tanto aquilo?

- O-O que você está fazendo? - ela perguntou, sentando-me ao meu lado, tentei empurrar o leve prazer que eu tive com sua aproximação.

- Te vigiando, como sempre - desde quando eu precisava de tanta atenção para que minha voz não saísse fraquejada?

- Ah - ela disse, um sorriso pequeno sorriso iluminando seus lábios, no mesmo momento desviei o olhar para o céu azul que emoldurava a paisagem.

Foco, Tomoe, foco. Não pense na garota ao seu lado, não tente achar que isso é bom. Olhe o céu, olhe o sol alaranjado, os pássaros voando...

- Tomoe? - Nanami disse novamente, tirando-me de minha terapia evidentemente fracassada.

Virei-me para ela, vendo que ela olhava para suas mãos com a cabeça baixa. Tentei não lembrar do estrago que aquelas mãozinhas conseguiam fazer na cama.

- O que aconteceu ontem? - ela sussurrou, parecia que ela mesma torcia para que eu não tivesse escutado.

- Não sei - disse, suspirando - É melhor esquecer isso.

Minha voz saíra forte, porém apenas isso mostrava firmeza em minha atitude. Senti meu corpo afundar assim que eu disse tais palavras, e fiquei impressionado com tal reação.

- Ah, certo - ela disse, seu tom arrastado mostrando uma leve tristeza.

Observei a paisagem a nossa volta. Uma leve brisa começou a balançar as folhas das árvores que estavam por perto, saindo como uma delicada música para aquele momento. Tentei relaxar, percebendo que meus músculos estavam tensos e travados.

Eu havia finalmente consertado o que fizera na noite passada, havia apagado tudo de nossas vidas, e assim eu e Nanami não precisaríamos viver com o erro que era ficarmos juntos. Eu havia feito o certo, evitando que uma paixão maior crescesse entre nós e estragasse tudo. Então, por que eu me sentia pior do que nunca?

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Ouvi um choro sufocado ao meu lado, olhei para Nanami e percebi que ela tapava sua boca com a delicada mão, obviamente se repreendendo por ter soluçado alto o bastante para que eu pudesse ouvir. Lágrimas cintilhantes iluminavam suas bochechas, e, sem nenhuma razão que eu pudesse entender, aquela cena me deixara arrasado.

- Nanami? Nanami, o que foi? - perguntei, não medindo meus movimentos quando peguei seu rosto entre meus dedos, levantando-o até que seus olhos encontrassem os meus.

Percebi um certo nervosismo dela com aquela ação, e por um instante ela quis se afastar, mas quando viu que eu não cederia tão facilmente ela virou-se para mim com os olhos marejados.

- O que foi? - repeti, passando delicadamente o polegar por seu queixo.

Aquele movimento a fez corar fortemente.

- Não é nada - ela disse, negando com a cabeça, tentando se afastar.

Ela não iria dizer mais nada naquele momento, e eu sentia que se a pressionasse ela acabaria chorando novamente, e isso era a última coisa que eu queria.

Mesmo não tendo mais razão por continuar segurando seu rosto, não fiz menção em me afastar, e Nanami também parara de tentar sair daquela posição. Aquilo me deu uma satisfação incrível, mesmo que eu a tentasse reprimir.

Eu não conseguia desviar o olhar de seu rosto, observar seus olhos percorrendo minha expressão se tornara um pequeno prazer naquele momento. Nanami direcionou seu olhar a minha boca, e quando me dei conta eu também observava seus lábios avermelhados, um desejo mal contido apoderando meus movimentos.

- Eu sei que isso é um erro... - murmurei, pela primeira vez sem conseguir controlar a fraqueza em minha voz.

Aproximei-me novamente daqueles lábios que abriram-se bem vindos para mim. Percebi, pouco antes que o gosto doce de Nanami dopasse todos os meus sentidos, que agora não havia mais volta. Eu estava apaixonado pela minha mestre. Estava apaixonado por uma humana.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.