Schyler

Epílogo


O menino de olhos dourados estava de pé bem no centro do tão temido Salão negro olhando em volta com certa admiração que apenas ele possuía pelo local. Lembrou-se todos os julgamentos que assistiu de longe, de coisas que acabou deixando de lado por achar que poderia estar certo. Havia tantas coisas que gostaria de mudar, porém não podia por arrependimento ser apenas um sentimento humano. Não era permitido que ele se sentisse dessa forma apesar de depois de tantos milhões de anos, sentisse que era tão humano quanto os seres que criara.

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Seu olhar crítico avaliou as paredes negras do salão e sentiu novamente a sensação de arrependimento surgindo em sua mente. Antes que um sorriso surgisse em seus adoráveis lábios, ele olhou em volta certificando-se de que ninguém estava por perto e fez o que quis por tanto tempo.

No lugar das paredes negras, uma sucessão de janelas tomou forma e assim, ele pôde ver todos os continentes, os oceanos e as nuvens ao seu redor. Dali de cima, o mundo parecia tão pacífico, tão adorável.

O menino observou sua mente divagar em direção à Nefilim que reverá alguns meses humanos atrás, a qual agora caminhava ao lado de seu ex arcanjo pelas ruas movimentadas de Manhattan. Gabriel ainda tentava ser humano, ele pôde ver, tentava ser o que jamais seria. O menino observou Schyler explicava algo a ele sobre sentimentos tentando fazer com que o anjo se familiarizasse com eles, apesar de notar que ele parecia mais confuso que o normal.

Eles haviam cumprido a promessa que fizeram há algumas semanas, estavam na China em uma visita aos amigos que preferiram permanecer no oriente. Naquele exato instante, caminhavam pela Avenida para o céu na montanha Tianmen, em Zhangjiajie. Schyler ria ao se lembrar do nome da montanha, pois se tratava de uma enorme ironia.

O menino riu enquanto admirava aquela imagem.

Schyler ainda duvidava de si mesma, achava que nunca seria a chave que todos esperavam que ela fosse, porém em sua mente, a visão do anjo caído Lieene ainda se repetia em sua mente todas as manhãs assim que acordava. Bem no fundo de seu coração, ela sabia que a visão se concretizaria.

E ele sabia muito bem que iria.

Logo, o menino transformou a imagem em outra, na qual ele via seu ainda anjo Tristan e a Nefilim lado a lado discutindo sobre seu relacionamento. Aqueles dois despertavam uma curiosidade muito humana no menino de olhos dourados e o motivo era o fato de que ambos brigavam todos os dias e a todo o momento, porém logo que se cansavam, ambos desfrutavam de um abraço longo e apertado. Era algo que, apesar de ele mesmo ter criado, nunca seria capaz de entender por completo, mas sabia que aquele era o tão subestimado amor verdadeiro.

– Senhor, mandou me chamar? – o menino se virou imediatamente ao ouvir a voz do anjo que esperava antes de seguir para o Salão.

Assim como pouco antes de morrer, Carrie possuía a aparência jovem, entusiasta e muito mais espirituosa que muitos de seus anjos. Porém, ao contrário de antes durante sua vida, ela estava mais séria e os lábios formavam uma linha reta fina em seu rosto.

– Sim, Carrie. – o menino disse. – Veja, chegou sua hora de representar o céu na terra. Seu espírito demonstrou que pode exercer uma tarefa que apenas uma alma como a sua poderia exercer.

Carrie mal pode conter a surpresa que surgiu em sua expressão.

– E qual seria minha tarefa, senhor?

Mostrando a ela que se tratava de algo além de seu esperado, o menino sorriu abertamente e caminhou em sua direção com os braços cruzados atrás do corpo.

– Será um anjo da guarda, Carrie. – ela soltou um longo suspiro antes de assentir. – Mas vejamos em minha lista que pessoa realmente precisará e muito de um anjo da guarda...

Com as asas brancas movimentando-se por conta da inquietação, o menino observou o mais novo anjo da guarda arquear as sobrancelhas esperando pela resposta de forma ansiosa. O menino admirava a forma com que Carrie agia sempre feliz apesar de mal conseguir conter sua inquietação interior.

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– Vejamos... acho que Schyler Jackson se encaixa muito bem no topo dessa lista. – o menino piscou. – Não é?

E assim, ele observou um enorme e puro sorriso surgir nos lábios se Carrie Jackson, quem fez uma mesura repleta de uma felicidade que o menino tanto adorava ver.

– Creio que sim, senhor. – ela abriu as asas num sinal de gratidão. – Ah, se o senhor me permitir e por experiência própria, acho que terei que protege-la bem de perto.

Ambos acabaram por rir daquela afirmação.

– Tenho que concordar, Carrie. – o menino disse. – Então a proteja bem de perto, pois aquela Nefilim ainda tem muito o que fazer e vai precisar de toda a ajuda que puder ter.

Certificando-se de que seu mais novo anjo da guarda entendera tudo, o menino voltou sua atenção para a nova parede coberta por janelas do Salão negro. Ele sorriu ao lembrar-se de tudo, de toda a história que pôde acompanhar de longe e como os seis meses passaram depressa. Mas, por mais que não quisesse admitir em voz alta, seu sorriso na verdade era consequência de outro fato.

Havia aprendido tanto com a Nefilim Schyler Jackson que mal podia esperar o dia em que finalmente poderia agradecer.

O menino deu uma última olhada nas nuvens, no alto da montanha em que seu ex arcanjo e a garota caminhavam livremente e para o topo das árvores cerejeiras, onde um segundo casal caminhava lado a lado, um com uma câmera em mãos enquanto tirava fotos das belas árvores. Era como ver o mundo enfim em paz.

E com um estralar de dedos, desapareceu.

Fim

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.