A Marota

Maioridade aí vou eu


Dezembro chegou mais depressa do que eu esperava e consequentemente a hora de encarar a dura realidade de que eles não estariam me esperando na estação dessa vez, mas ficar em Hogwarts também não era uma opção, ao menos para mim, então fizemos nossas malas e nos encontramos com os pais do James na estação, pois ficaríamos todos com eles esse ano.

A senhora Potter sempre adorou decorações e reformas, todos nós sabíamos disso, mas nenhum de nós (Isso incluindo até mesmo o James) poderia ter imaginado que ela não só preparara um quarto para mim, que só por curiosidade ficava ao lado do quarto do Sirius e era exatamente igual ao que eu tinha em casa o que incluía até mesmo as fotos, mais um para o Remo e outro para o Peter ambos com toda a riqueza de detalhes possíveis. Mas naquela noite por algum milagre divino resolvermos nos deitar cedo o que não quer dizer de maneira alguma que eu tenha conseguido dormir, por causa disso desci as escadas silenciosamente e me encaminhei para o jardim onde fiquei vendo as estrelas no céu, numa péssima tentativa de me tranquilizar, até que escutei passos se aproximando e me levantei assustada com a varinha já em minhas mãos.

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- Sou só eu. – Escutei a voz da senhora Potter e me permiti relaxar. – Não consegue dormir?

- Sempre tive esse problema. – Respondi me obrigando a dar um sorriso.

- Eu sei, por que você é filha da lua, mas é por isso que está aqui fora agora?

- Não é porque às vezes eu preciso ficar sozinha.

- Ravena eu juro que se não lhe conhecesse tão bem acharia que estava tentando me enganar, mas eu sei como sente a falta deles. – Ela falou enquanto se sentava ao meu lado.

- Durante toda a minha vida eles foram o meu porto seguro, o único lugar onde eu tinha certeza que independente do que acontecesse eu seria aceita, agora eu me sinto perdida.

- Por que não conversa com os meninos? Aqueles quatro garotos estariam dispostos a fazer qualquer coisa por você.

- Eu sei que fariam, mas não posso essa não seria a Ravena que eles conhecem.

- E qual é a Ravena que eles conhecem?

- Eles conhecem uma garota corajosa, determinada, orgulhosa, capaz de manter a cabeça no lugar e achar saídas para qualquer coisa independente do problema e não uma menininha que mesmo não tento os conhecidos sofre por ter sido abandonada pelos pais biológicos, que ainda se importa e se magoa com o que pensam sobre ela, que ainda acredita que ser diferente é errado.

- Por que não pode ser as duas como qualquer pessoa faria?

- Porque eu não gosto de ser essa garotinha, eu cresci e me tornei mais forte, aprendi que posso ignorar o que as outras pessoas pensam ao meu respeito desde que tenha amigos ao meu lado, que posso me defender delas. Eu aprendi que não importa o que os outros pensam ao meu respeito, mas sim o que eu penso de mim mesma. – Eu parei para recuperar o fôlego, mas a senhora Potter nem se mexeu esperando pacientemente para que eu continuasse. – Por que aqueles quatro garotos já tem seus próprios problemas para ainda se preocuparem com os meus, eu sei que a amizade é uma via de mão dupla, mas eles precisam da minha força e eu... – Parei finalmente percebendo, mas os olhos da senhora Potter me estimulavam a continuar. – Eu só preciso saber que eles estão ao meu lado.

- John e Rilary foram ótimos amigos, mas olhando para você agora, mesmo depois de tudo pelo que passou, sei que eles foram pais ainda melhores.

Eu finalmente me sentia calma e em paz como se ao finalmente conseguir desabafar com a mãe do James tivesse conseguido aliviar todos os temores que preenchiam o meu coração.

- Obrigada. – Murmurei ao me dar conta que o tempo todo a única coisa que eu precisava era desabafar.

- Não foi nada querida.

- Não senhora Potter, foi tudo, obrigada por me ouvir, por me dar um lar para ficar após a morte deles, por me ajudar quando nenhum dos meninos poderia, sinto que nunca poderei lhe agradecer devidamente por tudo isso.

- Só há uma coisa que eu quero de você Ravena, que cuide do meu filho, de Sirius, de Remo e de Peter, mas isso eu sei muito bem que você faria de qualquer maneira, eu quero acima de qualquer coisa que você cuide de você mesma, que nunca se esqueça de que é tão importante quanto qualquer pessoa.

- Senhora Potter será que eu poderia continuar com vocês mesmo depois que completar 17 anos? Ainda não me sinto pronta para ir para casa. – Eu falei hesitante.

- Ravena querida, você pode ficar o tempo que quiser, mesmo se seus pais não tivessem nos pedido para que cuidássemos de você teríamos feito do mesmo jeito.

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- Obrigada. – Repeti o que a fez rir.

Eu a observei voltar para dentro da casa enquanto permanecia sentada no jardim, o buraco no meu peito ainda apresentava cicatrizes, cicatrizes essas que eu sabia por experiência própria que ficariam ali para sempre, mas que também me tornariam mais forte como fizeram todas as outras que se acumularam ali. Me lembro que uma vez meu pai me disse que quando a vida nos derruba do hipogrifo você pode até ficar no chão, mas se tiver um pingo de coragem se levantará e montará outra vez e era exatamente isso que eu iria fazer.

Por isso quando alguns dias depois, 27 de dezembro para ser mais precisa, depois de uma festa de natal incrível junto com os meus amigos, minha verdadeira família, eu estava pronta para encarar a nova fase da minha vida que começava juntamente com todos os obstáculos que eu viesse a encontrar. Foi ideia da senhora Potter fazer uma festa para comemorar o aniversario de nós cinco, uma vez que os meninos faziam aniversário durante o período de aulas, na verdade Sirius e Peter já haviam completado 17 e Remo e James só fariam em março, mas nenhum de nós ousou comentar isso com a senhora Potter. Como não poderia deixar de ser o tema da festa seria Quadribol.

Pela manhã tivemos uma comemoração apenas nossa onde o senhor e a senhora Potter me deram um relógio como era tradição no mundo bruxo, ele era prateado com algumas pedrinhas azuis. Sirius ganhara um parecido só que sem as pedras e como o Peter não ganhou nenhum da família dele, que não ligava muito para o filho, o casal Potter acabou dando o dele também. Os meninos novamente me deram um único presente, um álbum de fotografia coberto com veludo preto e escrito em dourado se encontrava uma única palavra, Marotos. Mas o presente que mais me chocou foi o último, um presente deixado por aqueles que já haviam partido e que haviam me deixado uma última carta antes de morrerem.

Querida Ravena,

Se está recebendo essa carta hoje quer dizer que o pior aconteceu e que não pudemos está com você nesse dia tão especial onde nossa garotinha da o grande salto para a maioridade, mas não se preocupe querida, pois apesar do que possam lhe dizer você foi a melhor coisa que já ocorreu em nossas vidas e de forma alguma você é responsável por nossa morte então não se torture por conta disso. Se nunca tinha pensado nisso até agora está proibida de começar.

Todos na sala riram, meus pais me conheciam bem de mais, e acabara que sem perceber eu começara a ler a carta em voz alta.

Em nenhum momento nos arrependemos de ter acolhido você e rezamos para que continue a ser forte e confiante. Poderíamos ainda pedir para que você e seus amigos não se envolvessem nessa guerra, mas conhecemos todos vocês bem de mais para saber que esse é um sonho impossível.

Agora lhe deixamos nosso último presente, desde pequena sempre quis conhecer suas origens e dentro desse envelope encontrara tudo o que precisa para achá-los se assim ainda desejar.

Sentimos muito orgulho da mulher que você se tornou e só em saber que contribuímos para isso já faz nossos corações se encherem de alegria. Seja sempre você, Ravena, busque a felicidade mesmo quando não puder vê-la e guarde os seus amigos sobre a chave de sua própria vida. Tempos sombrios se aproximam, mas sabemos que conseguirá superá-los.

Lembre-se ainda de que será sempre a nossa garotinha, nossa pequena garotinha, nossa Ravena Ciaran Wikiman e esperamos um dia voltar a vê-la, mesmo que rezemos para que isso ainda demore muito para acontecer.

Com muito amor daqueles que sempre estarão com você

Mamãe e Papai

Ao contrario do que a maioria esperaria a carta não me entristeceu, mas serviu para fechar um circulo da minha vida, graças a ela eu tive a chance de me despedir, coisa que me fora negada a principio.

- Eles deixaram isso conosco quando as coisas começaram a ficar sérias. – O senhor Potter explicou. – Havia algo curioso em John e Rilary, era como se eles soubessem desde o começo que não viveriam para ver o fim dessa guerra.

- Foi depois da Copa Mundial de Quadribol que eles entregaram a carta, não foi? – Eu perguntei apesar já saber a resposta que foi apensa confirmada por um aceno de cabeça do senhor Potter.

- Vai atrás da sua família biológica? – Remo me perguntou vendo o outro papel em minha mão.

- Não, eu não preciso mais disso, mas vou guardar para se algum dia eu mudar de ideia.

Quando a noite chegou nos divertimos como nunca, nossos amigos estavam presentes, ou seja, todos aqueles que jogaram quadribol conosco, Alice, Frank, Marlene e até mesmo a Lily, dançamos e bebemos até quase o raiar do dia. Aquele foi sem duvida o melhor aniversário que já tivemos, entretanto não pude deixar de notar quanto eram fracos os nossos laços familiares.

Meus pais não se encontravam lá, ao menos que eu pudesse ver, a família do Sirius muito menos e a do Peter também não se importou em aparecer, no final havia apenas o senhor e a senhora Potter e o senhor Lupin, já que a mãe do Remo morreu quando ele ainda era pequeno. Para a maior parte de nós nossa última família se encontrava em nossa amizade, se encontrava nos marotos.