Um Irmão Para Se (Odiar) amar.

Capítulo 6 - Vinícius Rose e July Slash


July –


Aquilo só pode ser uma miragem... Só pode ser... NÃO É POSSIVEL QUE ELE TENHA FEITO ISSO!



Estendi minhas mãos tremulas para o Mangá do Naruto edição especial com folhas coloridas que eu guardava e cuidava como meu próprio filho, e estava aberto na primeira página em cima da escrivaninha do PC do Vinícius, e o aproximei do rosto.


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– Meu Deus... – Eu encarei aquele rabisco horrível (mas até que era engraçado) no meio do rosto do Naruto e então eu tremi de raiva.

ELE... AQUELE... VAI... AAAAAAAA!!!

– VINÍCIUSS!! – Fui até o mané que estava sentado no sofá com uma aura de tranquilidade em volta dele e dei um pedala bem no meio daquela nuca.

– O que foi que...? – O cínico do meu irmão se virou para mim como se fosse a criatura mais inocente da face da terra.

– COMO VOCÊ OUSA FAZER UM BIGODE NO NARUTO?! – Apontei a página onde o Vinícius colocou um bigode imenso exatamente na primeira página colorida do Mangá que mostrava o personagem por inteiro fazendo uma pose super legal.

Nãããõ... Se fosse só um bigode, eu até que me limitaria a chinga-lo até a morte, mas ele foi muito além! Além de o animal fazer um bigode – e chifres - num dos meus personagens preferidos do Mangá, ele teve a coragem... a AUDÁCIA de rabiscar o Kakashi!

Oque? Não entendeu? Tudo bem, eu vou falar mais claramente.

ELE RABISCOU O PERSONAGEM MAIS FODA DO ANIME INTEIRO! – e meu amante, mas isso é segredo, ok? -. E colocou uma boca de canetinha vermelha no meio da máscara dele e cílios de boiola também.

– Ah, isso? – Ele pegou o manga e observou sua obra de arte – Ficou muito louco né? Acho que eu deveria mandar um projeto para o Kishimoto...

DEUS me dá paciência porque se me der força eu arranco a vida desse projeto de homem!

– Projeto porcaria nenhuma! – Arranquei meu mangá das mãos dele e o encarei com fumaça saindo pelas narinas – Porque o MEU mangá?! Porque o mangá do NARUTO? Podia até ser o mangá do Bleach que eu não ia ligar!!

– E qual a graça nisso?

Paul arregalou os olhos diante da coragem dele. Aquilo ia dar merda... Ele podia sentir.

Mas o pior não aconteceu.

Eu não bateria nele. Até parece que bater nele pagaria as duas páginas de mangá que ele rabiscou. Não... Ele que me aguarde.

Usarei armamento pesado agora.


Vinícius –



Eu realmente achei que ela ficaria louca de raiva como um cachorro assassino, mas a garota apenas deu as costas e voltou para a suíte.



Estranho... Ela ama aqueles mangás mais que eu, então por que...?


Ah, não...

– July! – Me levantei do sofá e fui até o quarto para ver que diabos ela ia fazer.

– Você sabe que foi culpa sua cara... – Paul já surgiu do meu lado com um rosto estranhamente preocupado.

– O que foi Paul? Não vem me dizer que vai começar a proteger minha irmã porque tem uma queda por ela? – Encarei a criatura, e ele logo fez uma cara feia.

– Lógico que não! Só estou dizendo que você esta apelando, mas quer saber? Pode ir! Se você morrer eu cato seus restos depois – E então deu as costas e foi para cozinha.

– Humpf, até parece – Revirei os olhos e continuei a ir ao meu quarto para ver oque aquela diaba ia fazer.

Girei a maçaneta para abrir, mas a pirralha havia trancado a porta.

– Sem problemas... É nessas horas que anos de jogo e filmes a fio valem a pena – Tirei dois clipes do meu bolso (não me pergunte porque tenho isso) e comecei o trabalho de abrir a tranca da porta.

Quando aquele estalo na tranca apareceu, tirei os clipes de lá e me preparei para abrir a porta.

Eu sou muito bom mesmo, pena que poucas garotas perceberam isso.

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– July eu vou entrar! – Berrei para a porta quando estava prestes a abri-la.

– NÃO, PERAE NÃO ENTRA!

Já era.

Me bateu um arrependimento assim que vi a droga da cena.

A minha irmã estava ali agarrando a toalha ao redor do corpo e me olhando com o rosto completamente vermelho. Parecia que ela tinha roubado o círculo da bandeira do Japão e colocado no rosto.

Mas perae... A minha irmã está...?

– AAAAAAAAAAAAAAAAAAA!! SAAAAI DAQUIII!! – Ela jogou um travesseiro em mim e foi então que me liguei.

– AI QUE MERDA!! – Me esquivei do travesseiro e parei de olhar para aquilo – MEUS OLHOS QUEEIMAAAM!!

– SEU TARADO!! PARA DE ME ENCARAR E SAI DO QUARTO! – Quando percebi que a doida já ia pegar o monitor do PC e jogar na minha cara, eu fechei a porta e encarei a parede do corredor.

QUE CENA DOS INFERNOS!!

– Oque foi que aconteceu? – Paul surgiu no corredor comendo uma banana.

– Eu não vou dormir por semanas... – Coloquei uma das mãos do rosto e sai dali até a cozinha.

– Hã? – Paul olhou para onde eu sumia sem compreender.

E espero que não compreenda tão cedo.

–--

Para tirar a cena repulsiva da minha cabeça, resolvi ir para a cozinha e preparar alguma coisa para me distrair enquanto os dois tomavam banho.

Sei lá se eles comeram fora, mas eu vou fazer assim mesmo. Não quero ir até a minha irmã e arriscar ver aquilo de novo só para fazer uma misera pergunta.

Nem louco.

Uma das coisas que me orgulho é minha habilidade na cozinha. Minha mãe cozinha bem pra caramba e nos dezenove anos que vivi com ela, eu aprendi muita coisa. Mas uma das coisas que eu faço melhor é lasanha. Até a minha mãe me elogiava e eu ficava todo feliz, mas a fresca da minha irmã sempre chegava lá e falava:

– O meu irmãozinho é o melhor cozinheiro depois da mamãe – E então me dava àqueles abraços pegajosos e cheios de amor.

Argh... Amor. Deus me livre disso.

Ninguém merece uma criancinha me chamando de “irmãozinho” com aquela voz cheia de purpurina e aqueles abraços infantis de cruz credo. Ter irmã mais nova é um terror.

Mas tirando a estraga prazeres, eu gosto de cozinhar. É até legal quando você sabe as manhas.

Depois de separar os ingredientes na bancada da cozinha, já coloquei a mão na massa. Peguei uma faca de cortar verduras e comecei a picar os tomates enquanto assobiava uma música qualquer do Gun´s and Roses e graças aos deuses, eu acabei esquecendo do acidente no meu quarto.

Rapidinho, eu incorporei o Axl Rose – vocalista do Gun´s - e comecei a cantar Sweet child o´mine com a voz “máscula” do vocalista do Gun´s, e enquanto despejava os tomates na panela, eu fiz o solo de guitarra numa voz incrivelmente “máscula” e “sedutora”. Justin Bieber pira nas vozes másculas que eu fiz.

Quando eu já havia incorporado um guitarrista, chegando nas partes mais agudas da guitarra, a minha irmã surge como uma assombração atrás de mim e fa a guitarra com uma vozinha aguda esmagadora de tímpanos. Eu encarei a guria que mexia os cabelos como uma rockeira com convulsões, e quase que eu acabo rindo dela, mas o som tinha ficado tão louco com nós dois que meu instintos de rockeiro que fizeram tirar a colher de pau da panela de tomate e eu comecei a cantar a parte seguinte da música enquanto a pirralha fazia a parte instrumental.

Não sei oque diabos estava acontecendo naquela cozinha, mas seja lá oque for, foi muito louco. E olhe que nossa versão ficou muito mais legal que a original.

Mas sempre tem um tomate queimando para estragar a diversão.

– Droga! – Parei de cantar como um retardado mental e comecei a mexer os tomates antes que queimassem – Olhe que você me fez fazer pirralha! – Reclamei quase que instintivamente e ela revirou os olhos, passando a mão pelos cabelos arrepiados de tanto balançar.

– Fica quieto fazendo o molho que eu preparo o arroz, certo? – Ela foi até a geladeira e catou umas cebolas enquanto eu dava de ombros.

– Tanto faz – Limpei a garganta e tentei voltar a minha posição de durão. Não podia me esquecer que ela me fez quase engolir meu próprio tênis.

Enquanto ela preparava o arroz, um sorriso suspeito cobria o rosto maligno dela, mas eu ignorei.

Mas apesar de eu ser totalmente contra ela, não podíamos ignorar que ambos tínhamos alma de rockeiros assim que ela começou a cantar o começo da música More Than Words, então nós fizemos um dueto muito legal da musica enquanto fazíamos a comida.

Pelo menos a minha irmã tinha bom gosto por música, e isso eu gostava nela.


July –



Aleluuiaa! O Vinícius legal retornou da tumba! Eu não estava mais agüentando esse lado chato do meu irmão. Ele sabia ser legal, mas era bem raro. Pensei que demoraria no mínimo uma semana para ele ressuscitar o lado legal e divertido dele, mas um milagre aconteceu!



Aleluia!


– O jantar está servido! – Abri um sorriso enorme e o Vinícius revirou os olhos.

– Para quem só fez o arroz...

– Ei! Eu fiz o arroz, a salada e ainda ajudei no recheio da lasanha – Estufei o peito e alarguei o sorriso.

– Muito bom, agora vamos comer – Ele abriu um sorriso discreto, mas foi o suficiente para eu ficar bastante alegre para o resto da noite.

Só agora que eu e o Vinícius demos uma trégua que eu percebi o quanto o apartamento era bonito. Era bem mobiliado e decorado para os moradores que havia ali, e a cozinha era ótima! Tinha de tudo e os armários estavam cheios de comida e latas de conserva. Meu irmão disse que os norte-americanos não têm o costume de comer comida fresca como no Brasil, onde os tomates são frescos – quase, mas vamos ignorar -, as ervilhas são de verdade e a salada não sai de um saco. Então, conseguir ingredientes fora de uma lata era meio complicado, mas ali perto havia um mercadinho que vendia vegetais e frutas frescas, mesmo que custassem bem mais caro que as latinhas.

Agora entendi porque todo mundo nos EUA parece que é gordo.

Eu apostaria que se você perguntasse para eles oque é um pé de feijão, eles provavelmente vão dizer: Está falando daquela lata que abrimos e tacamos o feijão na panela? E eu elegantemente responderei: Sim animal, porque você não experimenta plantar isso no meio do seu quintal para ver se cresce milhares dessas latas? Acho que vai ser no mínimo interessante te ver esperar brotar seu pé de latas de feijão.

Claro que eu não posso generalizar isso, mas é esta a impressão que me passam.

– Caramba, essa lasanha esta melhor que as que eu como... – Paul se virou para o Vinícius e limpou a boca – O que você colocou de diferente aqui?

Vinícius deu de ombros.

– Deve ser porque eu usei tomates de verdade para fazer o molho em vez de despejar aquele extrato cheio de sal na minha comida – E então comeu um pedaço de lasanha enquanto eu reprimia uma risada.

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– Você fez seu próprio molho?! – Paul arregalou os olhos e então eu cai na gargalhada.

– Pelo amor de Deus! Em que mundo você vive Paul? Fazer um molho com tomate é a coisa mais simples do mundo.

– Deixa pra lá July, não o culpe se o “cozinhar” dele é limitado a esquentar lasanha congelada e colocar um pote de molho pronto no microondas – Falou Vinícius sem tirar os olhos da comida que levava a boca – Eu estaria gordo agora se dependesse dele.

Paul revirou os olhos e voltou a comer.

– Nossa Vinícius, é que eu nunca tive uma mãe que me ensinasse a fazer comida. Eu apenas era um apreciador.

Engoli um pedaço de lasanha recheada com muito frango, requeijão e queijo derretido – Licor dos Deuses... – e apontei o garfo para o Paul

– Tem nada não Paul. Vou tentar te ensinar a fazer umas coisinhas no almoço de amanhã, certo?

– Coitada... – Murmurou o Vinícius antes de enfiar mais um pedaço na boca.

Ele olhou para mim, surpreso e então abriu um sorriso.

– Você teria a coragem? Provavelmente você vai chorar quando me ver cozinhando... Ou quase isso.

– É o mínimo que eu posso fazer, aliás foi você quem salvou a minha vida – Tive vontade de dar uma risada quando vi que ele corou um pouco, mas reprimi isso para não ferir o orgulho dele.

Vinícius parou de mastigar a lasanha e encarou o Paul.

– Você salvou a vida dela? O que aconteceu? – Falou de boca cheia.

Quando Paul viu a expressão dele, notou que demoraria uma hora para ele dar outra garfada na comida só pela explicação que teria que dar.

– É uma longa história, depois de conto – E então encheu a boca de comida.

– Nem pensar! O que aconteceu...? – Vinícius parou de falar assim que eu enchi o prato dele com mais lasanha.

– Coma meu irmão, é melhor assim – Dei uma piscadela e então Paul riu de mim, provavelmente agradecendo mentalmente pela ajuda assim que o Vinícius voltou a comer.

O jantar foi melhor que eu esperava e eu consegui arrancar algumas risadas do meu irmão enquanto tentava explicar pro Paul que a salada que eu fiz não tem marca já que não veio de um saco plástico e outras coisas.

Enquanto os dois lavavam a louça suja, eu dava um belo trato na mesa, e aproveitei para trocar a toalha de mesa e dar o meu toque feminino ali. Uii, aquilo ficou uma beleza, vocês nem imaginam.

Quando terminei meu trabalho, fui até a cozinha com um belo sorriso. O bom humor do Vinícius havia me infectado e eu estava feliz por isso.

– Olá gente bonita, terminaram? – Perguntei com uma aura contagiante de bom humor.

– Sim senhorita frescura, terminamos – Respondeu Vinícius daquele jeitinho carinhoso que só ele fazia.

Paul terminava de secar as mãos com o pano de prato quando se virou para o Vinícius.

– E ai cara, vamos dar uma partida no Xbox? – Perguntou.

– Será que você não se cansa de perder para mim sempre? Já está perdendo a graça jogar com você.

– Então que tal uma disputa entre nós dois? – Entrei na conversa, com um meio sorriso grudado no rosto.

Os dois me olharam em silencio por alguns segundos e então ambos riram de mim, como se tivessem combinado que hoje era o dia de tirar uma com a minha cara.

– Qual é a das risadas?! – Cruzei os braços.

– Não me faça rir mais July – Vinícius tocou minha cabeça e fez um rosto debochado – Você não é digna ainda de se quer tocar num controle de Xbox.

– Mas eu falei nada sobre usar aquele controle sem graça – Dei uma risadinha e então o Vinícius levantou uma sobrancelha.

– Ah... Não está sugerindo que...?

– O que foi? Está com medo que eu mostre minhas habilidades ocultas? – Afastei a mão dele da minha cabeça e o encarei.

Um sorriso de desafio surgiu no rosto dele e então ele andou para fora da cozinha.

– Eu fico com a vermelha – Falou antes de sair.

– Não faz diferença, eu vou ganhar! – Mordi o lábio reprimindo um grande sorriso e corri até ele, deixando o Paul confuso para trás.

– Que diabos eles estão falando...? – Jogou o pano de prato na bancada e saiu dali.

Quando Paul passou pela porta da cozinha, eu e o Vinícius surgimos da porta do corredor, cada um com uma guitarra elétrica adaptada para game na mão. Meu irmão com uma vermelha com detalhes pretos e eu com uma azul com detalhes brancos.

– Ah... Vão jogar Guittar Hero? - Paul se sentou na poltrona do lado da TV e olhou para mim enquanto Vinícius iniciava o console.

– Não vamos simplesmente jogar. Isso envolve minha honra como mulher agora.

– Honra? – Paul riu, achando aquilo de alguma forma engraçado – Acho que isso vai ser divertido.

– Pronto. O jogo já iniciou – Vinícius passou a alça da guitarra pelo ombro e olhou para mim – Já que você quem me desafiou, pode escolher a musica.

– Pode ser aquela do AC/DC? – Mordi o lábio, tinha esquecido o nome da música, mas eu sei que era a mesma que foi usada no filme Iron Man 2 logo no início dele.

– Ah, Higway to hell – Vinícius usou a guitarra como controle para escolher a música e então apareceu os níveis de dificuldade – Olha, como você é a minha irmã, vou escolher o Easy, certo?

– Não, pode por no Hard – Cara, eu devia estar muito loucona para querer ir no Hard, meus dedos iriam parar no céu.

– HARD?! – Paul fez um rosto feio pra caramba e então olhou para o Vinícius – Cara, nem você consegue jogar no Hard.

Vinícius deu de ombros.

– Foi a pirralha quem escolheu, então assim será – E sem um pingo de medo, selecionou o Hard.

Vou morrer...

– July, você já jogava esse jogo antes por acaso? – Perguntou o Paul, curioso.

– Sim. Eu ganhei um Xbox faz um bom tempo e consegui comprar uma guitarra para jogar... Então meio que estou treinada – Sorri. Até parece, mesmo que eu já tivesse jogado várias vezes antes, eu nunca ganharia o Vinícius no Hard.

– Para de ficar tagarelando com ela Paul, o jogo está prestes a começar.

– “E que os jogos comecem” – Falou com uma risada na voz, mas eu ignorei a brincadeira.

Agora a coisa estava séria!

Quando a caveirinha apareceu na tela e a contagem de 1 até 3 começou, eu e o meu irmão já posicionamos as mãos, ambos com os olhos preparados para captar todas as bilhões de bolinhas que apareceriam e então surgiu na tela GO, e todo o meu instinto de roqueira ficou a flor da pele.

– IAAAAAAAAA...!! – Meu grito de guerra passou pelas paredes quando eu comecei a acertar as primeiras bolinhas.

Cristo... Eu devia ter escolhido uma musica leve do Green Day (Falo isso porque tudo é mais leve que aquela musica)... Era impossível que um ser humano com menos de seis dedos tocasse aquilo no Hard.

Eu errei uma porrada de bolinhas logo no início, mas eu podia ver claramente na tela do meu irmão que ele errava pouquíssimas bolinhas se comparado a mim.

Não! A reputação de todas as mulheres está em meus dedos (se é que me entendem). Preciso ganhar do meu irmão nem que eu tenha que usar curativos pelo resto das minhas férias!

E então a July roqueira/assassina/selvagem/louca/competitiva acordou das profundezas do meu corpo e meus dedos quase se rasgaram de tanto esforço que eu fiz.

Meu irmão começava a suar de tanto que era complicado aquele inferno de bolinhas coloridas, e então arriscou olhar para mim só para ver meu rosto desesperado e se acalmar com isso.

Sei... Estranho.

Mas ao ver meu rosto doentio de desejo de ganhar, ele se assustou como nunca havia se assustado comigo e ele finalmente percebeu.

A COISA ESTAVA REALMENTE SÉRIA.

– Agora que as coisas vão esquentar! – Ele falou em voz alta enquanto esticava mais os dedos e fazia um esforço dos deuses para acompanhar o inferno de bolinhas.

Paul afastou um pouco a poltrona quando sentiu a aura doentia a nossa volta que parecia aumentar com a velocidade anormal dos nossos dedos nas teclas da guitarra.

– Eles deixaram de ser humanos... – Murmurou assustado.

Depois de tanto tempo com a música rolando, chegou o final e eu tinha quase certesa que meus tendões se rasgariam em questões de minutos, mas quando se está numa batalha de vida ou morte contra seu próprio irmão... QUEM LIGA PARA OS TENDÕES?

Quando alcançamos a ultima fileira infinita de bolinhas, apertamos a ultima bolinha de encerramento juntos e finalmente, aquele inferno de bolinhas desapareceu. Mas eu não relaxei até minha pontuação aparecer na tela.

E então...

Então...

ENTÃÃO...

– EU GANHEEEEEEEEEEEIII – Do nada eu incorporei um macaco de bunda azul e sai pulando que nem uma retardada pela sala enquanto o meu irmão encarava o diacho da tela sem crer no maldito resultado.

– HAHAHAHAHAHA...! – Paul se levantou da poltrona e apontou para o rosto do meu irmão enquanto gargalhava – Ela ganhou de você por UM PONTO!! TOMA NA SUA CARA SEU MOLEQUE! – E saiu pulando junto comigo, emocionado por alguém ter vencido o rei da cocada roxa – ME DÁ UM ABRAÇO GURIA!

– AAAEEEE PAAAAUL – Eu estava em cima do sofá com a guitarra do meu lado e então pulei no guri feliz e ele saiu rodando comigo enquanto o Vinícius continuava encarando a tela.

– Um... Ponto... – Ele murmurou enquanto Paul me jogava para o alto como se eu realmente fosse uma pirralha – Você... – Ele se virou para nós, e então eu cai no colo do Paul enquanto olhávamos para ele, com medo.

Quando achamos que o pior aconteceria, o Vinícius apenas me olhou nos olhos e apontou o indicador para mim.

– Foi sorte! Você me deve uma revanche, maninha.

Dei a língua para ele e então cai na gargalhada, balançando as pernas no colo do Paul feito uma maluca.

– AHAHAHAHA, Hoje eu dormirei muito bem! – Sorri e o Paul deu uma risada.

– Só sendo a irmã dele para vencer nesse jogo. Ganhou meu respeito garota!

– Valeu! – Abri um sorriso enorme para o loiro e de modo repentino, ele volta a girar comigo de novo e eu dou um grito de susto enquanto ele girava mais e mais - PARA PAAUL! EU VOU MORRER! – Berrei, confusa entre rir ou gritar, então saiu uma mistura esquisita das duas coisas... Nem sei como descrever isso.

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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Vinícius desligou o console e caminhou para a suíte com as duas guitarras.

– Crianças... – Murmurou, chateado por ter ganhado por um mísero ponto logo de mim. NA SUA CARA VÍNICIUS!

E pior que eu me sentia como uma criança mesmo, e a sensação aumentou quando o Paul ficou cambaleando comigo até o corredor, ambos rindo como dois bêbados.

– Me soltaaa! – Bati as pernas, sentindo a barriga doer de tanto rir do idiota que me carregava – Eu vou cair desse jeito Paul!!

– Ta bom... – Ele me desceu de um jeito bastante desajeitado e quase que eu caio de tão grogue com a tontura.

Mas então eu congelo quando eu vejo o Vinícius parar no meio do quarto.

Ah não...

Eu esqueci completamente da minha pequena obra de arte...

– Vinícius!! Perai!! – Eu corri completamente bamba para dentro do quarto, tampando a boca para não rir quando ele pega a pequena surpresa de cima da cama dele e observa a obra – Foi mal Vinícius... Eu estava nervosa antes e então fiz isso, mas não é nada de mais também... – Paul surgiu atrás de mim e assim que viu oque ele segurava, o cara enfiou a mão na boca como eu, segurando uma vontade quase que incontrolável de rir.

– “Não é nada de mais”? – O Vinícius se vira para mim com o rosto irado e então aponta o macaquinho para nós - DESDE QUANDO MAQUIAR E VESTIR O CACO COM SUTIÃ E CALÇINHA NÃO É NADA DE MAIS?!

Apertei mais a boca e falei entre algumas risadas:

– Você esqueceu da liga sexy na perna...

– POUCO ME IMPORTA! O MEU MACACO VIROU UM TRAVESTI!

Essa foi a gota d´agua, e só não deslizei no chão de tanto gargalhar porque me apoiei no garoto que parecia que enfartava de rir atrás de mim.

– ISSO NÃO TEM GRAÇA!

Idiota! Claro que tem graça!

Mas acho que não vou poder dormir neste quarto por um mês...