Um Irmão Para Se (Odiar) amar.

Capítulo 31 - Pirralha fugitiva


Vinícius -

- Como diabos eu posso flutuar com um troço pesado desses cara?! Me explica! - Falei de novo, depois do Paul ter me jurado que aquelas pranchas funcionariam mesmo que pesassem como a July quando era balofa.

- Vinícius, relaxa. Eu já subi numa desses tipo, trilhões de vezes. A pior coisa que pode acontecer é você meter a cara num coral - Então o idiota sorriu, atravessando a rua para o calçadão da praia onde a pirralha provavelmente estava botando um ovo de impaciência.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- METER A CARA NUN CORAL?! COMO DIABOS EU POSSO FICAR TRANQUILO COM ISSO SEU RETARDADO?!

- Afe cara, seja profissional. Surfar é de boa, e perto da rocha quase não tem corais... - Então o Paul parou de falar assim que pisou no calçadão, olhando em volta com as sobrancelhas meio juntas - Ei, Vinícius...

- O que?

- Onde marcamos de nos encontrar mesmo? - Perguntou, ainda olhando a praia.

- Na rocha absurdamente enorme da praia, porque? Fala logo.

- A July não está lá.

- Como?

- A July não está na rocha.

Foi então que eu parei para olhar para a praia também, e em vez de uma guria em cima da rocha balançando as pernas, o lugar estava tão vazio que só dava para ver uns pirralhinhos brincando com uma bola perto dali.

- Ótimo! - Falei numa alegria completamente falsa - Agora vamos ter que procurar a pirralha com as malditas pranchas de uma tonelada.

- Não, espera - Paul, que estava com duas pranchas, uma em cada braço, correu até perto da rocha e sumiu por uma entrada que tinha nela.

Claro, eu tive que seguir ele até o buraco do mal.

Cheguei quando ele já havia colocado as pranchas escondidas num canto da minicaverna/rocha gigante. Fiz o mesmo.

- Vamos deixar tudo aqui - Falou assim que coloquei tudo ali - E então vamos atrás dela.

- Para a nossa sorte a July tem o mínimo do que pode ser chamado de juízo - Estiquei os braços, então voltei a encarar ele - Não deve ter ido além da praia.

- Pelo menos isso... - Quase ri quando vi que o rosto dele se aliviou, mas logo ele voltou a andar para fora da caverna - Vamos logo, eu vou pela direita e você procura pela esquerda.

- Tá, tá - E mal sai da caverna e lá estava o guri correndo devagar enquanto procurava por ela.

Vou nem comentar da cara das garotas, porque, cara, eu sou um homem, e comentar sobre isso fere o orgulho de qualquer um além do idiota do Paul.

Maldito Paul.

Paul -

Para quem tem juízo, a July parece ter exagerado um pouco ao andar pela praia.

EU NÃO ACHO A GAROTA EM LUGAR NENHUM!

- Que merda - Falei, parando a corrida mais uma vez para olhar a área em volta, mas eu já estava começando a desistir. Estava muito perto do fim da praia e estava vazio de mais para a july ter ido por ali - Como diabos eu não consigo encontrar minha própria namorada? - Bem, geralmente são elas quem correm atrás de mim, então acho que é falta de costume.

Corri mais um pouco, até um pouco mais perto do limite da praia, arriscando encontrar a garota saindo da água, ou então andando pelo calçadão ou seja lá o que for. Mas, cara, ela desapareceu. Desapareceu mesmo.

- Esse lugar tem nada além de água salgada, areia e... AI, DROGA! - Foi nessa hora que eu senti meu pé tocar algo além de areia e deslizar na coisa até bater de bunda no chão.

POR ISSO QUE SOU CONTRA O LIXO QUE ESSAS PESSOAS JOGAM NA PRAIA, DROGA!

CADÊ A MALDITA COISA QUE ME FEZ DESLIZAR?!

- Espera - Parei de berrar via pensamentos feito um Vinícius da vida, e parei para olhar melhor assim que percebi que a coisa era uma chinela toda suja de areia.

Uma chinela rosa.

Estranho... Não era a July quem estava de chinela rosa...?

- AI MEU DEUS - Fiquei de joelhos na areia imediatamente e cavei a areia em busca do outro par, mas parei assim que vi que estava logo a frente, numa distancia grande até de mais da chinela que eu tinha pegado.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Me levantei e corri até ela, pegando do chão com o rosto completamente confuso.

- Pera... Se ela já esteve aqui... - Tirei os olhos do chinelo e olhei para as marcas fundas na areia. O bom de se estar no limite da praia, é que ninguém costuma vir, então a areia é bem lisa. Mas onde estava, tinha varias marcas bem fundas na areia de dois pés que paravam numa bagunça de areia remexida logo a frente. Mas isso não era o mais estranho... - Tem mais marcas aqui. - Duas marcas, para ser exato, e depois da bagunça de areia remexida, elas viravam somente duas em vez de três e seguiam para o calçadão.

E foi ai que meu rosto ficou branco.

Cara, muito coisa de CSI isso daqui, mas pela lógica, se isso começou com tres marcas e depois isso virou duas, então só significa que...

- Merda - Murmurei, então virei para o calçadão - Merda, que MERDA! - Então corri para o calçadão que nem louco e parei bem no meio dele, olhando para os lados sem parar, mas só tinha carros e pessoas comuns, nada de July, nada de possíveis sequestradores.

MAS QUE PORCARIA MEU PAI!

- Vinícius! - Falei assim que o cara atendeu a chamada que fiz para ele em seguida.

- Porcaria Paul! Não grita cara!

- Que se dane! Cara, a July foi sequestrada!

- O que...?!

- Eu achei as chinelas dela jogadas no chão, e tinha duas pegadas junto com as dela e... -Respirei fundo - Ela só pode ter sido sequestrada.

- ...

- Vinícius...?

Foi então que quase morro do coração.

- MAS QUE FILHA DA MÃE! - Berrou, então falou - Merda! não posso deixar a guria sozinha e ela... Merda!

- E agora? - Perguntei.

- Só pode ter sido ele - Essa foi fácil de entender - Eu vou ligar para aquele maldito, porque só pode ter sido coisa DELE. Vem para a rocha miserável agora.

Vish, ele já começou a xingar tudo.

- Tá, mas mantém a calma Viní...

- CALMA O CACE...! MERDA, SEQUESTRARAM A PORCARIA DA MINHA IRMÃ MAIS NOVA E VOCÊ QUER QUE EU FIQUE CALMINHO?! VEM LOGO PARA A DROGA DA ROCHA ANTES QUE EU VÁ AI E META ESSA CHINELA NO SEU...

- Entendido - Cortei, e desliguei o celular, correndo de novo para a rocha.

July -

Sabe quando você acorda de porre depois de um noite de bebedeira? Pois é. Era tipo isso que senti quando acordei.

Eu estava jogada num canto de uma parede, encostada num saco que fedia a mofo de cem séculos. Mas só foi abrir os olhos que eu senti uma dor forte na barriga surgir do nada, então me encolhi toda no saco podre.

- Ei - Ouvi, perto de mim, mas nem ousei olhar - Ela acordou.

- Deixa ela. Ela não vai conseguir sair mesmo.

- Certo, mas e se aqueles caras surgirem?

- Ah, o irmão dela e o galinha? - O outro riu - Cara, se enxerga. Nem mesmo os dois juntos conseguiram lidar com a gente antes. A guria esquentadinha ali teve que dar um jeito - Ele fez uma pausa, então continuou - E agora ela está bem presa ali.

Presa?

Levantei o rosto do saco e foi ai que percebi que minhas mãos estavam bem presas nas costas, provavelmente com aquele maldito nó de escoteiro.

Está vendo?! Esse negócio de escoteiro só serve para criar futuros sequestradores e tarados!

- Ei, garota - O segundo cara parecia mais perto agora, então olhei para frente, dando de cara com o cara agachado na minha frente. Me afastei dele tão rápido que senti minha cabeça bater na parede quando cheguei ao limite - Calma ai, já está assustadinha?

Fiquei calada um instante, mas quando reparei nos olhos cinza dele, finalmente lembrei do nome dele.

- Dylan... - Murmurei, então olhei para o outro que estava sentado de frente a uma mesa com algumas cartas espalhadas sobre ela - Mark... Eu acho.

- Olha só, ela lembra de nós - Mark sorriu, e só então notei q ele era um cara moreno de olhos e cabelos escuros - Então, lembra daquele que está babando logo ali? - Ele apontou para o outro lado do lugar e então só bastou eu dar uma espiada para notar que era o tal de Robert.

É, até que eu lembro deles.

- Tanto faz Mark, não acho que ela se esqueceu de alguém depois da porrada que ela deu em você e no Robb

- Cala sua boca... - Mark soltou um resmungou baixo e virou o rosto.

E do nada Dylan pega meu queixo e o levanta.

- O que...?! - Então Dylan se aproximou do meu pescoço e respira fundo.

FILHO DA MÃE, OQUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?!

- Dylan, cara, pensei que ainda não fosse para tocar nela - Robb havia acabado de acordar, e agora olhava nós como se aquilo fosse apenas um programa de tv normal.

Dylan se afastou e revirou os olhos.

- Robb, vai dormir idiota.

Robb se esticou e deu uma risadinha.

- Ok! Se acontecer alguma merda depois, não diga que não avisei - Se levantou e sumiu por uma porta ali perto.

Dylan bufou, então apertou meu queixo e me puxou diretamente para perto do seu rosto.

Merda, merda, merda... Eu não posso simplesmente socar o animal.

Não, pera...

- Idiotice, que merda poderia acontecer quando a gatinha está presa...

CRACK!

E lá se foram todas as chances do Dylan um dia ter um filho.

Isso que dá deixar meus pés livres.

- SAI DE CIMA DE MIM CARAMBA! - Berrei e então o que restou do garoto caiu no chão enquanto soltava um chiado agudo de dor.

- Dylan! - Mark se levantou da mesa e então me encarou com bastante raiva - Agora você vai ver garota...!

Antes que eu pudesse ter arranjado um jeito de me levantar, Mark me pegou pela camisa e me puxou para trás, me arrastando no chão para algum lugar.

- ME SOLTA! - Pedi enquanto debatia as pernas para sair, mas ele continuava puxando. Então tive uma ótima ideia.

Levantei os braços e a cabeça para o alto quando ele ia passar pela porta e então deslizei pela camisa ficando somente com os punhos presos na camisa, então levantar foi mais fácil. Mark parou assim que percebeu que eu meio que me livrei daquilo, mas no momento que vira a cara para mim eu dou outro chute no meio das pernas dele.

E como não sou burra para ficar vendo o cara chorar enquanto caia no chão, sai correndo para a janela que tinha ali e uma cena emocionante aconteceu. Eu me joguei com tudo contra a janela de vidro, o que partiu minha coluna em cinco, mas tudo bem, valeu a pena pois ela quebrou e eu rolei para o lado de fora até bater num muro. Depois disso deu para perceber que eu estava numa área cercada.

Soltei um resmungo maravilhoso e me levantei devagar até conseguir equilibrio, e mesmo que estivesse tonta como um bêbado, sai correndo o máximo que podia, mas a criatura aqui logo tromba com um cara que era tão duro quanto uma parede de concreto e caio de novo.

- Mas que merda é essa?! - Robb olhou para mim confuso, e então me pegou pelo braço e me levantou, mas quando olhei para ele, percebi que ele me olhava como se tivesse algo morto em cima de minha cabeça - Merda! O que diabos você pensa que fez garota?!

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

- O que...? - Perguntei, mas calei a boca quando vi um fio de sangue escorrer do meu pescoço para o meu braço - Isso é...?!

- ROBB! - O cara vira o rosto e lá está um Mark irado cambaleando na minha direção depois de sair da porta do que parecia ser uma casa em péssimo estado, mas quando ele se aproxima ele ignora totalmente o Robb e me dá um tapa estalado no rosto.

MAS QUE MERDA! SERÁ QUE PODEM PARAR DE ME BATER SEUS MALDITOS?!

- MERDA MARK! O que...?! - Robb leva um soco na cara assim que tenta parar o cara, e então eu me assusto de verdade enquanto via Robb cair desmaiado no chão.

Droga...!

- Sua maldita... - Mark avança um passo cambaleante para mim - To nem ai se você tem aqueles dois idiotas atrás de você, eu vou te matar!

Vish.

Rapidamente ecostei minhas costas no muro atrás de mim e usei ele como apoio para me levantar, e foi nessa hora que o Mark avançou com o punho. E o que me resta a fazer?!

- VINÍCIUS!!

POFT!

Sinto minhas pernas trêmulas quando vejo Mark no chão, com uma marca horrível na cara, e quando me viro, lá está um bocó sem fôlego com um dos punhos vermelho.

- NINGUEM ALÉM DE MIM PODE TORTURAR ESSA PIRRALHA MALDITO! - Berrou que nem um retardado. Apesar da cena idiota, sorri aliviada.

- Vinícius... - Murmuro, cansada pra caramba de repente.

- Pirralha...? - Ele se vira para mim, e então só vejo ele arregalar os olhos. Acho que era o sangue, mas não importa, porque eu estava muito aliviada. Então terminei minha frase:

- Putz... Você é um inutil mesmo. Não dava para chegar mais cedo?