Um Irmão Para Se (Odiar) amar.

Capítulo 17 - Que droga é essa?!


Paul –


A ultima coisa que ouvi de verdade, além dos xingamentos do Vinícius, foi o grito das duas garotas que estavam rolando floresta a dentro.

Cara...

-... O que aconteceu aqui? – Encarei a ladeira que só agora havia notado.

- SEU ASNO DOS INFERNOS! OQUE VOCÊ FEZ?!

Virei o rosto para o cara que surgiu do meu lado numa fúria assustadora, com os olhos tão grandes e a cara tão vermelha que achei que ele ia entrar em colapso.

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- Vinícius? – Perguntei como um lerdão de verdade.

O que diabos estava acontecendo comigo...?

- NÃO! O IDIOTA QUE ACABOU DE JOGAR DUAS GAROTAS NO MEIO DO MATO!

- Mas eu não joguei...

Vinícius agarrou minha camisa com a fúria maior ainda.

Cara... Eu vi a morte nos olhos dele.

- CALA A SUA MALDITA BOCA! – Ele respirou fundo uma vez e então pregou os olhões arregalados no meu rosto sem me largar – Que tipo de droga você usou antes de vir para cá?! ANDOU COMENDO COGUMELOS ESTRANHOS NO MEIO DO MATO?!

Cogumelos?

- Você está louco? Desde quando eu faço isso?!

- Ah, não faço ideia! Mas é o que a gente pensa quando tem um lerdão alucinado do seu lado sabe? – Ele revirou os olhos e então me empurrou com força para longe – Melhor você ficar longe ou então eu juro que te esmurro aqui mesmo.

- Caaaaaara, isso foi muito louco! – Caleb apoiou o braço no ombro do Vinícius enquanto olhava a ladeira – Você pisou com gosto na bola em Paul? Deixar a própria namorada cair... Sacanagem.

Vinícius enfiou a mão no rosto do Caleb e afastou ele com uma carranca linda...

- Estou lixando para a Ever, é a pirralha quem está lá embaixo, e VOCÊ – Vinícius apontou para a minha cara – Você e eu vamos ir lá embaixo agora catar aquelas gurias, entendeu?

- Tudo bem...

- Mas preste muita atenção em uma coisa. Sou EU quem vai trazer a pirralha. Se vire e encontre a garota escandalosa sozinho.

OQUE?!

- VOCÊ VAI IGNORAR A EVER ASSIM?!

Vinícius bufou.

- Ela é seu problema e não meu, sem contar que foi ela quem levou a July para o meio do abismo, então se vire – Ele caminhou para fora da trilha de terra da floresta e parou na beira da ladeira, segurando uma árvore para não cair – Vamos logo se não fica tarde.

- Eu vou com vocês – Olhei para o Matt, e me surpreendi quando vi o traidor arregaçar as mangas e caminhar até o Vinícius.

Vinícius negou na hora.

- Nem pensar. Você vai ficar aqui com o Caleb e ajudar caso a gente volte com elas.

Matt abriu um meio sorriso idiota para ele.

- Acho melhor me deixar ir com vocês Vinícius. Que garantia você tem que o Paul não vai lerdar de novo?

- Eu não vou fazer isso – Entrei na conversa, entortando a boca ao ver aquele maldito sorriso vir na minha direção.

- Ora, você acabou de deixar duas garotas caírem quando tinha todas as chances de impedi-las, e uma delas é sua namorada. Com certeza você está voando mais que o normal, não acha?

- Concordo – Disse Vinícius.

- COMO?!

- Ele tem razão, será que preciso repetir isso de novo ou está mais lerdo que pensei? – Revirou os olhos de novo quando fiz uma cara feia – Olha, eu estou boiando para o motivo de toda essa lerdeza, mas seja lá o que for, é bom garantir que não deixe as garotas caírem em alguma ladeira a mais quando acha-las.

Como se fosse acontecer... Eu não sou tão lerdo assim.

Ou será que...?

- E eu?! Vou ficar sozinho aqui?! – Caleb surgiu por trás com os cabelos todos arrepiados com a caça à lesma.

- Ainda bem que entendeu – Vinícius abriu um sorrisinho malvado – Mas tente ficar aqui, certo? Vamos precisar de ajuda quando voltar.

- Ah, tanto faz – Caleb deu de ombros – Pelo menos não vou correr o risco de me perder no mato.

Afe, o cara fez porcaria nenhuma até agora (além de arrancar a lesma dos seios da Ever, o que não foi muito legal de se ver) e ainda reclama quando a tarefa dele é continuar fazendo nada. Ah, não importa. Agora eu tenho que descobrir porque diabos me sinto tão desligado.

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- Ei, criatura! – Parei de viajar de novo quando a voz do Vinícius apareceu do nada, e lá estava ele com aquele rosto irritado e o traidor do lado - Quer babar mais um pouco ou podemos sair daqui?

- Vai logo! Eu estou logo atrás – Falei enquanto caminhava até eles com um humor estranho.

Quando cheguei ao lado deles, Matt me olhou com o mesmo sorrisinho e eu apenas ergui uma sobrancelha para ele.

- O que foi?

- Nada – Alargou um pouco o sorrisinho e então começou a descer a ladeira com cuidado e com o Vinícius logo na frente. Quando eu penso que é minha vez de descer, o cara para e olha para mim - Paul, sugiro que seja mais esperto e abra mais estes olhos. Talvez eu alcance ela primeiro que você.

Abri um sorrisinho para ele também.

- Mesmo que encontrasse, a Ever viria correndo até mim. Já perdeu sua chance Matt.

- Ever? – Ele deu uma risada – Quem falou em Ever aqui?



July –


- AAAAAAAAAAAAAAAAA MEEEEU PAAAAAIII – Berrei enquanto rolava na ladeira infinita agarrada a Ever como se minha vida dependesse disso.

Perai... Depende mesmo.

Foi então que a Ever pareceu berrar algo de importante além dos meus berros de desespero, mas entendi droga nenhuma.

- OQUE FOI?! – Perguntei, tentando enxergar o rosto desesperado da garota, mas até que foi fácil assim que não senti mais o chão graças a uma parte elevada dele.

- UMA ÁRVORE!!- Ela berrou pouco antes da coisa enorme e dura nos alcançar e nós duas metermos metade do rosto no tronco.

Nós nos largamos e caímos na multidão de folhas secas no chão num tombo memorável.

- Meu rosto...! – Gemi enquanto rolava no chão estranhamente frio e então comecei a ouvir outra coisa além do meu gemido.

- Aaaaahh! Eu vou morrer aqui! Eu sei que vou morrer... Toda garota bonita é a primeira a se dar mal! – Ever falou enquanto chorava como um bebe peitudo.

- Isso não é a droga de um filme! – Me levantei com um esforço doloroso e então encarei a guria no chão com a pior das minhas expressões – O que pensa que está fazendo?

Ever parecia o coringa de tanto que a maquiagem dela borrou com a queda e o choro, e agora ela estava em posição fetal no chão com uma marca vermelha no rosto que teria feito eu rir se não tivesse uma igual.

- Pode ir sem mim... Eu não mereço mais ir para lá! – Choramingou, se encolhendo mais.

No meio de tanto drama, ossos quebrados e dignidade zerada, só me sobrou uma coisa para responder:

- Que palhaçada é essa?! – Resmunguei, e então ela finalmente me olhou com um olhar enraivecido.

- Palhaçada nenhuma! Você é cega?! EU ESTOU UM TRASTE!

- E eu estou igual a miss universo.

- ESTOU FALANDO SÉRIO!

- E eu também – Fiz um esforço para me levantar, mas minha linda tentativa só me fez cair de bunda nas folhas do chão – Ai... Olha, Ever... Deixa de frescura e vamos levantar logo. Eles devem estar atrás de nós com certeza.

Ela virou o rosto para o mato e apertou as pernas com mais força.

- Eu já disse que não vou!

Pelo amor de tudo que é sagrado...!

- LEVANTA MULHER! QUER VIRAR ADUBO DE PLANTA É?!

- Ser adubo é melhor que olhar para o Paul com essa cara! Ele nunca mais vai querer ficar comigo depois disso... – Chorou de novo.

O MOTIVO DELA QUERER APODRECER AQUI É O PANACA DO PAUL?!

- Fala sério?! – Ela assentiu e então eu pirei de vez com tamanha asneira – QUE SE DANE O PAUL! ELE É RETARDADO O BASTANTE PARA NAMORAR UMA BANANA SE ELA TIVER SEIOS, ENTÃO LEVANTA DAÍ LOGO!

- PARA DE FALAR COMO SE NÃO ESTIVESSE GOSTANDO DELE TAMBÉM!

HÃ?!

- Nem que ele seja o ultimo ser vivo deste planeta! Eu ODEIO ele! Fica para você que rende mais.

- MENTIROSA! – Ever saiu da posição fetal para se sentar e me encarar – Você sempre vem com essa mesma história de que odeia ele, mas sempre, SEMPRE que eu estou levando a melhor com ele alguma coisa acontece por sua culpa!

- Minha culpa?! – Ri que nem uma pirada e então encarei ela também – Me desculpe, mas não fui eu que pulei em você e joguei nós duas aqui por causa de um bicho idiota!

- Ahh! Agora siiiim...! – Ever abriu um sorriso meio esquisito e começou a rastejar na minha direção enquanto apontava o dedo no meu rosto – Agora tuuudo faz sentido! Só pode ter sido você quem jogou a lesma em mim para que tudo isso acontecesse! SÓ PODE SER VOCÊ!

Ai meu pai...

- Quer saber Ever, a ideia de virar adubo parece ser interessante. Pode ficar ai. – Me levantei com um pouco de dificuldade, mas ela agarra minha perna no primeiro passo.

- Não! Agora você não escapa! Eu finalmente entendi que você fez tudo isso para acabar com o meu namoro, mas eu não vou deixar seu plano dar certo! Não vou MESMO!

- ME SOLTA CRIATURA! – Balancei a perna, mas ela tinha virado uma cola na minha perna. E para melhorar, nas minhas tentativas de desgrudar a guria da minha perna, uma folha gigante aparece de baixo do meu pé e eu deslizo para o chão caindo como uma jaca podre.

- TE PEGUEI!! – A recém-maníaca-Ever pulou em cima de mim e começou a puxar meus cabelos como uma selvagem – VOCÊ NÃO VAI TOCAR NO MEU HOMEM!

- QUE DROGA DE HOMEM OQUE?! ME LARGA SUA LOUCA! – Tentei me livrar da maníaca, mas ela havia conseguido uma força sobre-humana apenas com a suspeita que eu gostava daquele bocozão numero dois.

Se continuasse, meu couro cabeludo poderia desgrudar da cabeça a qualquer momento.

Mas para minha sorte, uma das mãos dela soltou meus cabelos para me estapear, e na primeira oportunidade eu virei meu corpo para o lado com ela e a garota caiu no chão de novo.

Me levantei do chão tremendo por causa do ataque dela e comecei a correr, com medo que ela fizesse alguma besteira maior por causa daquele mal entendido ridículo.

Como o Matt tinha dito mesmo?

Ah, lembrei: “Ela era uma doida possessiva”.

Acho que ele esqueceu de acrescentar “ciumenta doentia” na frase, assim eu poderia ter corrido desde o início.

- NÃO ADIANTA FUGIR! NÃO VOU DEIXAR VOCÊ ALCANÇAR ELE ANTES DE MIM! – A voz do demônio surgiu atrás de mim e então eu aumentei o passo com medo correndo nas veias.

EU VOU MORRER!

- SOCORRO!! – Gritei enquanto corria, me sentindo com a verdadeira Katniss Everdeen no meio dos “Hunger games”, mas sem um estilista colorido que me dá roupas caras de graça.

- EVER! PARA! – Matt surgiu no meio das arvores e segurou a garota pouco antes de me alcançar para o meu grande alívio, mas meu medo era tanto que continuei a correr para não correr o risco de ser morta a qualquer momento.

- ME SOLTA! – Ever gritou atrás de mim para o Matt, mas claro que ele não soltou.

- Para com isso! O que deu em você?!

- Achou a pirralha?!

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Quando a voz do bocó surgiu, parei de correr e me virei para ele.

- Vinícius! Meu Deus! Nunca estive tão alegre por te ver! – Sorri, aliviada, mas só continuei assim até o Paul surgir atrás dele.

- Paul? O que você faz aqui? – Perguntei assim que o vi, e então eu senti o olhar assassino da Ever em mim como se fosse uma furadeira.

- NÃO! – Ela berrou como louca e então de modo chocante, deu uma cabeçada no Matt forte o surficiente para ele afrouxar o aperto e ela se soltar para correr na minha direção – JÁ DISSE QUE ELE É MEU!

- MERDA – Dei no pé assim que vi que ela estava séria mesmo, mas para variar, meus pés tinham que estar contra mim e dei uma deslizada linda na folhagem seca do chão e, adivinhem o que tinha a poucos metros, logo abaixo de mim?

- ELA VAI CAIR NO RIO! – Matt avisou assim que me viu escorregar, e apesar de o Vinícius e ter alcançado a Ever antes que me atacasse, ele não conseguiu me segurar.

QUE MERDA! NINGUEM AQUI É CAPAZ DE EVITAR UMA QUEDA MINHA UMA ÚNICA VEZ?!

Enfim, eu cai no rio com um estalo alto o bastante para todo mundo ter pensado que eu tinha quebrado o que restou de meus ossos, e a querida July afundou na água gelada que, para a minha sorte, era funda o bastante para minha cabeça desaparecer.

Agora, apreciem a cena na sua cabeça.


Paul –


- Nunca pensei que essa descida fosse tão longa – Falei enquanto descia a ladeira com passos calculados, mas se por acaso eu caísse, eu já me posicionava bem atrás do Matt para me jogar nele e evitar que meu belo rosto fosse ferido.

- Eu tenho certeza que elas sabem melhor que nós o quanto essa ladeira é longa Paul – Respondeu o Vinícius – Agora tenta ajudar a gente olhando a floresta ai atrás para achar algum sinal delas.

- Já estou fazendo isso, mas encontro nada além de um longo rastro de onde elas deslizaram – Olhei mais uma vez o lugar, mas tudo era a mesma coisa verde e silenciosa.

- Isso me preocupa... – Matt falou depois de ficar calado um bom tempo.

- O que? – Perguntei, levemente interessado no que o cara tinha a dizer afinal de contas.

- Está tudo silencioso de mais, e isso é perigoso se pensar que a Ever caiu com ela.

- Verdade – Vinícius concordou – Aquelas duas deviam estar tentando matar uma a outra no mínimo, mas parecem quietas.

Se matando? Porque a July brigaria com a Ever?

- Porque acha isso?

- Oras Paul, já se esqueceu daquele “pequeno” lado da Ever? – Matt virou o rosto para mim – Ela é incrivelmente ciumenta, e estando sozinha com a garota que você beijou para se livrar dela, não se sabe o que pode acontecer.

Entortei a boca, tendo que concordar com aquilo.

Ever é uma das Californianas mais bonitas com que já fiquei, e isso sempre me fez ficar cada vez mais junto dela, mas não é por isso que eu não prestei atenção no seu lado malvado. Tirando as amiguinhas da Ever, ninguém mais podia ficar comigo ou então ela dava uma crise e a garota nunca mais aparecia. Sempre pensei no motivo pelo qual nunca mais vi essas garotas, mas ela não pode ter feito nada de mais com elas.

Pode?

- SOCORRO!!

Todo mundo parou quando aquele grito ecoou na floresta, e então a pior das imagens se passou na minha cabeça quando reconheci a voz da July.

- Está vindo daquele lado! – Vinícius começou a correr naquela direção com pressa. O Matt o seguiu logo atrás.

- O que diabos está acontecendo?! – Perguntei enquanto corria e então consegui ver o jeito que as sobrancelhas do Matt se uniram.

- Ever, provavelmente.

- Como sabe?

- Ela não gritou por socorro também.

CARA! QUE MERDA!

- Tudo isso é culpa minha... – Falei, mas ninguém pareceu ouvir, se bem que tinham seus motivos para não me dar atenção.

Para nossa sorte, estávamos perto o bastante delas para ver a Ever (que pelo jeito deve ter caído feio pela terra e folhas espalhadas na roupa) correndo atrás da July com uma expressão mais medonha que a do Vinícius quando estava bravo comigo.

E acreditem, fazer uma cara pior que a do Vinícius só pode significar o pior.

- PEGA ELA! – Vinícius gritou para o Matt quando estava prestes a alcançar a Ever, e então ele agarrou ela e parou a garota que já estava perto de alcançar a July.

- EVER! PARA! – Pediu para ela, mas Ever parecia uma louca fugitiva do hospício, se debatendo como se o Matt fosse colocar ela na cadeira de choque.

Eu nunca senti tanto medo de uma garota em minha vida.

- E pensar que eu beijava isso – Murmurei.

- Paul? O que você faz aqui?! – Virei o rosto para a July, mas em vez de estar feliz em me ver como antigamente, ela me olhava como se eu fosse o Chuck e quisesse mata-la.

Foi então que a Ever pirou de vez.

- NÃO! – Ela berrou, mas antes mesmo de eu olhar para ela, a morena passou correndo na minha frente com um ar tão assassino quanto antes.

- MERDA! – Sai correndo atrás dela no mesmo tempo que o Vinícius.

- PEGA A JULY E DÊ O FORA DAQUI! – Vinícius gritou para mim pouco antes de praticamente pular na descontrolada e parar ela.

Nossa, o Vinícius pediu para EU pegar a July?

ESTOU PROGREDINDO!

- ELA VAI CAIR NO RIO!

Ok... Talvez nem tanto assim.

E como se toda a cena da July caindo da rocha na praia se repetisse, antes que eu a alcançasse, a guria já tinha caído na água com tudo. Até que eu não me preocuparia tanto se fosse a Ever no rio, mas o problema era que justo a July tinha um trauma de cair em água funda. E oque eu fiz? Fiz uma das coisas mais másculas que já havia feito.

Isso ai, tirei a camisa e pulei na água.

Isso seria motivo para me orgulhar se a água não fosse tão gelada e fosse uma correnteza razoavelmente forte para dificultar as coisas.

Ah! Pelo menos eu não vou ficar sego por água salgada!

- SOCORRO!! – July gritou assim que nós dois conseguimos enfiar o rosto para fora da água, mas ela estava tão desesperada que não conseguiu nadar e afundou de novo.

- Maravilha! – Resmunguei e então dei um mergulho para dentro daquela água gelada.

Quando cheguei fundo o bastante, consegui enxergar a July se debatendo para alcançar a superfície do mesmo jeito que antes.

Será que ela nunca aprende?

Mesmo com o risco de levar um murro dela de baixo da água, eu me esforcei para não ser atingido e segurar a garota de baixo da água com um dos braço, e assim que toquei nela a garota parou de se debater para me olhar. Quase que eu perco todo o oxigênio para rir da cara de susto que ela fez quando me reconheceu, me de alguma maneira me segurei e levei nos dois para a superfície.

Soltei todo o ar preso nos pulmões assim que senti o ar da superfície e então, como o louco que sou, comecei a gargalhar enquanto a garota tossia como louca do meu lado.

- Minhas lentes... – Ela falou (pelo menos tentou, porque saiu um som engasgado) – Droga... minhas lentes!

Parei de rir um pouco para olhar ela e observei o rosto completamente molhado dela.

- Pisca algumas vezes, talvez não tenham sumido – Falei entre mais algumas risadas. A garota parecia hilária para mim por algum motivo, mas ela me obedeceu mesmo sendo eu a pedir.

- Acho... Acho que não – Virou o rosto para mim e deu mais algumas piscadas – É... Só estão embaçadas, eu consigo te ver afinal de contas.

Sorri para ela.

- Isso é um bom sinal então, mas o melhor é que você não está me agarrando de tanto medo.

Ela pareceu confusa.

- Te agarrando...? – Foi então que ela percebeu a situação em que estávamos e arregalou os olhos – AI NÃO!! PAUL, ME TIRA DAQUI! – AGORA ela me agarrou, e quase que fico sem ar quando ela aperta mais meu pescoço.

- Calma! Eu estou te segurando não estou?

- PORQUE ACHA QUE ESTOU COM MEDO?! – Ela se apertou mais contra mim, enfiando o rosto no meu pescoço – ME TIRA DAQUI! TIRA!!

Tentei não sorrir quando ela se apertou contra mim e logo obedeci ela, caso contrario poderia morrer afogado por ela ou sufocado com aquele aperto.

Talvez os dois, mas enfim...

- Tudo bem... Vou tirar nós dois daqui – Falei desta vez sem rir, e nadei até onde ela caiu com os dois braços já que ela havia colado em mim.

Com um esforço tremendo, conseguir levantar meu corpo e o dela para a parte elevada do chão da floresta e cai de costas no chão.

- Minhas costas! – Resmunguei quando senti uma pedrinha pequena em baixo delas.

- Me desculpe! – Falou a garota em cima de mim, e de um jeito até engraçado já que ela tremia, ela tentou sair de cima de mim, mas ambos estávamos pesados com toda aquela água e ela caiu no meu peito com um estalo – A-Ai... Isso doeu...

- Tudo bem? – Levantei o rosto para ver ela, mas ela pareceu ter a mesma ideia e nós dois nos encaramos numa distancia perigosa de mais. A July ficou mais vermelha que a camisa dela em um instante e inevitavelmente eu comecei a rir de novo – Sua cara é ótima! – Falei enquanto gargalhava e então de envergonhado, o rosto dela ficou furioso.

- Você não presta! – Ela rolou para o outro lado e se levantou de um jeito mais engraçado ainda – Até mesmo agora você age como um tarado!

Em um impulso com o braço, eu me levantei também, mas claro, sem parar de rir dela.

- Ah July, dá um crédito. Eu salvei sua vida não salvei?

- Mas foi graças a VOCÊ que isso aconteceu! – Ela andou até mim e cutucou meu peito com um rosto mais irritado que antes – Tudo é culpa sua!

- Minha? Foi você quem caiu!

- Mas agora por SUA CULPA, aquela garota assassina quer me matar porque acha que eu armei tudo isso para ficar com VOCÊ.

Parei de rir e segurei o pulso dela quando ela ia volta a me cutucar.

- E deu certo o seu plano?

É meio difícil descrever o tom que o rosto dela ficou quando perguntei aquilo, mas de qualquer forma, eu vi que ela ficou envergonhada.

- Eu... Nunca eu... AH! CALA A SUA BOCA! Eu te odeio! Agora me solta! – Ela puxou o pulso mas eu peguei o outro pulso dela e a puxei de volta. Por algum motivo era divertido ver as reações dela.

- Tem certeza que odeia? Absoluta? Pode se arrepender por isso depois – Brinquei.

- Você é apenas um aproveitador que se acha o cara mais sexy do mundo! Que motivos teria para não te odiar?! Você me usou, lembra?

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Bufei.

- Você se prende muito ao passado, aquilo foi apenas um ato de desespero.

- Desespero? DESESPERA FUI EU QUE TIVE QUE PASSAR POR AQUILO! – Ficou vermelha de novo e então eu sorri com aquilo.

- Mas porque ficou tão desesperada? Podia ter apenas recusado meu pedido a todo custo, certo? – Ergui uma sobrancelha, e então ela ficou calada. Parece que eu peguei ela.

- É... Mas aquilo foi...

-... Um ato desesperado? – Sugeri com um meio sorriso e logo ela desviou o olhar, completamente vermelha – Ou então você realmente queria fazer aquilo?

- Eu...

- July!

Nós viramos o rosto para o cara que corria assim que ele gritou e então Matt parou de correr a pouca distancia de nós. Voltei a parar de sorrir e larguei os pulsos dela.

Mas a parte irritante foi ver ela se afastar de mim e ir até ele correndo.

Ela só parou quando ele abriu os braços para pegar ela.

- Você está machucada? – Matt afastou o cabelo do rosto dela e ela negou.

- Por sorte, eu estou bem.

Por sorte... Claro que foi sorte, eu fiz droga nenhuma, certo?

- Que bom, eu fiquei preocupado – Ele sorriu para ela, e eu me preparei para sair dali.

Não suporto mais tanta falsidade num ser só.

- Ei Paul! Espera – Matt segurou meu ombro quando ia passar por ele – O Vinícius está te chamando logo atrás. Parece que ele está com dificuldades de parar a Ever.

- Eu cuido dela – Me afastei da mão dele e peguei minha camisa do chão antes de caminhar até onde ele disse.


July –


QUE DROGA!

Porque aquilo mexeu tanto comigo?! Até pareceu que eu havia perdoado o Paul. MAS EU NÃO PERDOEI! Espero que isso fique bastante claro.

Depois de chegarmos na cabana e eu tomar uma boa chuveirada, eu juntei toda a minha coragem e fui para a segunda sala de estar da cabana, onde todo mundo havia se juntado e feito pipoca para assistir alguma coisa na TV.

- E ai garota! – Caleb foi o primeiro a me cumprimentar, passando um dos braços pelos meus ombros enquanto sorria como um idiota feliz – Está melhor?

- Bastante – Forcei um sorriso para ele.

- Ei pirralha! Vem logo que isso está demorando de mais – Vinícius estava mexendo numa pilha enorme de DVDs em cima do tapete enorme da sala com o Matt enquanto Paul falava alguma coisa com a recém–recuperada Ever.

Fugi do braço do Caleb e foi até o tapete para olhar a pilha com o Vinícius, claro que ignorando o casal ao meu lado.

- Ainda não se decidiu? – Peguei um dos DVDs e fiz uma careta quando vi a imagem romanticamente clichê de um casal sorrindo quando estão prestes a dar um beijo – Aceito tudo que vier a menos que seja um romance idiota – Falei enquanto jogava o filme num canto.

- Ainda bem porque eu acabei de escolher um filme bastante divertido – Ele sorriu e ergueu um dos DVDs com uma capa super linda de uma mulher repleta de sangue e feridas engolindo um olho.

Matt fez uma careta quando se inclinou para ver a capa.

- Eu não sairia com essa mulher – Falou enquanto parava de olhar a capa.

Quem em sã consciência sairia com ela?

- Terror? – Olhei para o ele duvidosa - Pensei que você odiava esse tipo de filme depois do ultimo grito que deu lá em casa – Abri um sorrisinho chacotador ainda maior quando ele fez uma cara feia.

- Eu não gritei. Foi você que me assustou com seu grito.

Revirei os olhos.

- Claro Vinícius... Foi isso – Me levantei do chão e peguei o filme da mão dele – Deixa que eu coloco ele, mas não se esqueça de pegar pipoca para mim.

No fim assistimos aquele filme mesmo, e devo dizer que é o mais podre que já vi. Já no começo do filme eu comecei a ficar nauseada quando a mulher fez sua primeira vitima numa viela de uma cidade pequena, abrindo a pessoa por dentro e comendo os órgãos dela.

Aquilo devia ser uma zumbi monstruosa em vez de ser chamada de “mulher” como dizia a sinopse.

Quando eu já estava prestes a jogar toda a pipoca para fora na cena em que a mulher arranca o olho do cara e mastiga ele, afasto o balde de pipoca para o meu irmão e me levanto.

- Onde você vai? – Perguntou o Vinícius sem se quer tirar os olhos da tela enquanto se enchia de pipoca amanteigada.

- Vou tentar não vomitar – Ignorei a cena da mulher tentando tirar o outro olho do cara que berrava e apressei o passo para a cozinha.

- Não suje nada – Falou o bocó antes de eu sair dali.

Quando cheguei na cozinha eu já estava passando mal de verdade, e me apressei para encher um copo de água na pia para virar tudo para dentro.

- Vinícius é um monstro, só pode – Murmurei enquanto ligava a torneira de novo e jogava a água no meu rosto para secar com a manga da minha camisa amarela.

Não é possível que ele seja tão insensível a ponto de não vomitar com aquilo. Pensando bem, só foi eu quem pareceu incomodada com aquilo já que todo mundo parecia estar com a cara grudada na tela.

Esses norte-americanos são estranhos mesmo...

- Tudo bem com você?

Dou um gritinho agudo vergonhoso quando aquela voz surge do nada na cozinha e fico completamente vermelha quando vejo que era apenas o Matt na porta.

Ele ri da minha cara e então entra na cozinha.

- Desculpe! Eu devia ter avisado que tinha vindo.

- N-Não... É que eu estou um pouco assustada com aquilo que chamam de filme.

Matt parou de frente para mim com as mãos enfiadas nas calças de moletom e deu de ombros.

- Eu avisei para o Vinícius que não era uma boa ideia, mas ele simplesmente ignorou quando você apareceu.

Ah... Então ele fez isso de proposito.

- Mas você parecia mal lá na sala... Tudo bem?

- Nem tanto... Aquela cena idiota não sai da minha cabeça – Entortei os lábios com repulsa.

- Foi mal por isso – Ele sorriu – E foi mal também por hoje. Eu conheço toda a área e vocês acabaram de chegar... Eu devia ter evitado que você caísse. Desculpe.

Engraçado... Não era o Paul quem devia estar pedindo desculpas pela queda?

- Não foi culpa sua! – Me apressei – Aquilo foi culpa da lesma e do Paul já que ambos são lerdos e idiotas.

Ele riu com aquilo, mas negou com a cabeça.

- Mesmo assim eu devia ter feito algo. Fiquei preocupado quando você sumiu.

AAAAWWWN! Ele se importou genteee!

- S-sério? – IDIOTA! ERA PARA VOCÊ TER DITO “DESCULPA” E NÃO ESSA IDIOTICE!

Ele sorriu quando viu minha cara bocó de quem se emocionou, e tirou uma das mãos do bolso para pegar a minha mão.

A MIIIINHA MÃO! E NÃO A SUA!

HAHA! MORRAM DE INVEJA GAROTAS!

- July, acho melhor eu aproveitar o momento em que o Vinícius não está apontando uma faca para mim e falar logo...

Ah não...

- O-o que está falando?

Ele apertou minha mão e tocou meu rosto com a outra mão.

NÃO PODE SER SÉRIO.

- Eu gosto de você – Falou em voz baixa enquanto eu pirava por dentro.

COMO RAPAZ?! ONDE FOI PARAR SUA SANIDADE?!

- E-E-espere Mat...

E então uma tragédia (ou não) aconteceu dentro do meu cérebro que pelo jeito pareceu se desligar quando ele me beijou. Mas a ultima coisa que lembro de ter processado ali foi quando meu corpo virou gelatina e meu corpo cedeu automaticamente ao erro.

Mas... Porque diabos eu acho que esse beijo é um erro?!