Um Irmão Para Se (Odiar) amar.

Capítulo 15 - 4 problemas, 2 "vítimas" e a cabana.


Vinícius –


– Anda logo cambada! Se enrolarem mais eu desisto dessa ideia de uma vez! - Gritei para as criaturas acumuladas no porta-malas do carro, todas sorrindo por algum motivo idiota o suficiente para eu ignorar.


– Espera cara! A coisa está complicada aqui! – Falou o feioso do Caleb que tinha metade do corpo enfiado no porta-malas.

Até agora, não sei exatamente o que me levou a sair de casa para deixar meu Xbox sozinho na mesa de centro da sala. Mas com certeza tive grande motivação ao ouvir os gritos da minha mãe via telefone quando a pirralha fez questão de esclarecer ela apenas de algumas coisas que eu fiz com ela.

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APENAS ALGUMAS COISAS! Imagine se ela tivesse a coragem de dizer logo tudo para ela...

– Mães frescas... Só fiz o que a pirralha mereceu – Resmunguei sozinho encostado no carro enquanto toda a cambada de gente tagarelava sobre alguma coisa.

Ah, claro... Como um bom narrador devo dizer quem afinal é a cambada. Bem... Então tá. Não se choquem.

Num belo dia em que eu poderia ter simplesmente ignorado o mundo para ficar com o Sam – É o nome do meu Xbox! EU NÃO SOU GAY! -, o Matt resolve fazer uma visita lá no apartamento, dizendo que queria conversar comigo.

Claro que ele queria ver a pirralha, mas vamos ignorar.

E então o cara disse:

– Sabe, os meus pais me emprestaram a cabana que eles têm numa floresta aqui perto... – Tem uma floresta na Califórnia? Caramba nem sabia... – E vim avisar que convidei vocês para passar cinco dias lá acampando – E então abriu um sorriso ridículo.

Sim, a minha irmã ficou toda a alegre quando ele disse que nós íamos para o mato.

E sim, ela me fez aceitar o convite,

Não, não é porque eu quis. Ela simplesmente me obrigou no momento que pegou o telefone e ligou para a minha mãe falando sobre a ida ao mato.

Sim, minha mãe me obrigou a levar a pirralha com outro berro.

Tudo bem... Não vai ser tão ruim ir ao mato com a July e o Paul se eu puder manter certa distancia do seja-lá-que-resolverem-fazer. Mas... Cara. Por favor né...?

PORQUE TENHO QUE LEVAR TODOS AQUELES IDIOTAS NA MINHA LINDA PICKUP?!

Exatamente meus companheiros, não eram apenas a minha irmã e o idiota quem iriam comigo. Simplesmente do nada, Matt avisou um dia antes que o Caleb e ele viriam de manhã CEDO no meu apartamento para nós sairmos para o mato. E o máximo é quando cheguei na porta do prédio com a maior cara de bunda por acordar cedo, aparece uma garota junto deles e adivinhe quem é. Eu te dou prêmio se acertar!

Tá, mentira, eu não vou te dar porcaria nenhuma, mas adivinha logo que isso está demorando muito!

A guria purpurina me abriu um sorriso de não-sei-quantos volts e então deu um pulinho fresco de alegria.

– Vinícius!! Feliz em me ver?! – Claro que eu poderia ter falado nada e passado direto por ela, mas praticamente em uníssono, eu e minha irmã encaramos a guria e resmungamos:

Ever...

Mas seria um crime se o idiota do Paul não desse atenção a sua milionésima namorada.

– Ever, você também vai? – Perguntou na maior tranquilidade.

– Sim! – Ela deu uma corridinha até o Paul e abraçou a cintura dele – Pensei que precisasse de uma companhia feminina... Você sabe.

Eu e a Pirralha encaramos aquele olhar sugestivamente nojento que ela lançou para o Paul com ânsia de vômito, mas a pirralha pareceu esquecer rápido quando ouviu a tal “companhia feminina”.

– E EU TENHO CARA DE HOMEM POR ACASO CARAMBA?! TUDO BEM QUE NÃO TENHO A METADE DA PURPURINA QUE VOCÊ TEM, MAS AI É SACANAGEM!

Sua anta, não é esse tipo de “companhia feminina” que ela esta se referindo, mas... Deixa para lá. O drama da porcaria toda é que minha Pickup e eu somos vítimas de um passeio com uma cambada formada por tarados, pirralhas e patricinhas.

E o Caco, claro. Mas ele não merece ficar no meio dessa cambada.

– Já terminamos! – Paul avisou quando fechou o porta-malas e então a imagem suspeita do todo sorrisos Matt parou na minha frente.

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Fiz uma cara horrível quando notei que ele não parava de sorrir feito um certo cara...

– Qual é a da cara feliz? – Perguntei só por perguntar mesmo, mas ele fez o favor de responder.

– Nada, só estou pensando no quão divertido esse passeio pode ser – E então alargou o sorriso.

Oh meu deus... Não me diga que a July está envolvida nesses pensamentos poluídos?!

– Vinícius – Parei de encarar o idiota da mente poluída quando a pirralha surgiu do lado dele com os braços cruzados – Será que você poderia dar licença? Eu quero entrar no carro, sabe?

Sorri de um jeito estranho para ela e então desencostei meu belo corpo da porta dos bancos de trás para ela passar.

– Como quiser, senhorita pirralha.

Para variar, ela me ignorou e entrou no carro num vestido amarelo que, segundo ela, não era tão curto quanto eu pensava. Parei de olhar por onde a garota sumiu quando eu vi o senhor sorrisos prestes a sentar ao lado dela.

Há...

Até parece que vai ser tão fácil.

– Vem cá – Peguei o guri pela gola da camisa e arrastei ele para o banco da frente – Você não vai por seus planinhos malignos em ação comigo de olho.

– Eu fico pensando Vinícius... Você deve amar muito ela para protegê-la tão bem.

– Vai te catar – Respondi com um sorriso amigável.

Soltei qualquer resmungo quando finalmente sentei no banco do motorista e então olhei para trás.

– Ai gente, tudo bem ai atrá...? – Engasguei no final da frase quando vi o que vi.

Na maior cara bem lavada do planeta a doida da Ever se colou no Paul e não sei quando, começou a beijar o idiota com gosto e, claro, ele fez nada para evitar. Se eu fiquei chocado com aquilo, a pirralha estava para ter um troço no banco de trás, encarando o chão como se tivesse visto o garoto do “Pânico”.

– Merda, merda, merda... Me tira daqui.... – Ela ficou repetindo como uma louca enquanto a estátua da tranquilidade olhava a safadeza ao seu lado com naturalidade.

Pelos deuses...

– SERA QUE PODEM PARAR COM A SACANAGEM AI ATRAS OU VOU TER QUE JOGAR OS DOIS NO MEIO DO MATO?!


July –



Foi mesmo esse cara quem eu sacrifiquei meu primeiro beijo?


SÉRIO?!

– Eu não vou sobreviver... - Murmurei encolhida no banco do meio enquanto o cara de pau olhava a janela como se nada tivesse acontecido, e a Ever sorria até agora enquanto batucava as unhas azuis no joelho com a outra mão segurando a do Paul.

Parei de encarar os dois a um tempo atrás, irritada, e com um gosto esquisito na boca. Pela primeira vez a pessoa que eu quero matar é o Paul e não o Vinícius.

– Parece irritada, July – Piorei minha expressão quando vi o sorrisinho do Vinícius no retrovisor – Ainda acha que é exagero eu afastar esses tarados de você?

Bufei e enfiei o rosto atrás dos joelhos, apertando as pernas.

– Já estou arrependida o suficiente para ouvir você me perguntar algo assim – Falei de uma vez e então Paul virou o rosto para mim.

– Mas não foi minha culpa. Já disse que essas garotas acham que sou o namorado delas – O cara ainda teve a coragem de se explicar.

Levantei meu rosto e senti uma raiva inexplicável surgir.

– ENTÃO FAZ ALGUMA COISA EM VEZ DE DEIXAR ELAS TE BEIJAREM!

– Mas ele gosta – Ever falou na pura tranquilidade – E para ser sincera, eu também gosto.

– É nojento, isso sim.

Ela virou o rosto para mim erguendo uma sobrancelha.

– Então você não gostou quando ele te beijou?

AI QUE RAIVA MEU PAI!

– AQUILO FOI O PIOR ERRO DA MINHA VIDA!

– Mas você pareceu ter gostado – Ela sorriu e então Paul pareceu mais interessado na conversa.

Tarado filho de uma...

– Eu devia estar muito louca aquele dia para não perceber que o Paul é um tarado psicopata que eu nunca devia ter me aproximado! – Com certeza meu rosto estava vermelho pra caramba, mas vamos deixar isso de lado. Era hora de ferrar o Paul.

Paul franziu a testa como se eu tivesse falado algo absurdo.

– Aquilo só foi um favor July. Porque você leva um beijo tão a sério?

– E porque você não leva um relacionamento a sério? – Grunhi.

– Não era um relacionamento de verdade.

Deuses me deem paciência!

– MESMO ASSIM! Aquele beijo era importante para mim seu idiota, e você me obrigou a joga-lo fora!

Vinícius apareceu na conversa:

– E não esquece que te usava como escudo para as garotas.

– E que ele não negou na festa quando o Matt disse que ele te usou – Acrescentou o Caleb do meu lado.

Paul olhou feio para o Caleb e o ruivo apenas levantou as mãos como se não fosse culpa dele.

– A gente disse que ia esquecer aquilo, lembra?

Estreitei os olhos num olhar mortal.

– Mas você fez o favor de me lembrar disso naquela festa junto com o Vinícius. Obrigada por cumprir a promessa Paul – Ironizei.

– Foi o Vinícius quem berrou aquilo! – Falou mais alto, esquecendo que tinha mais gente além de nós dois, mas deixa, eu também esqueci.

– Porque você deu um ataque de ciúmes no meio da festa e levou o Vinícius para aquele lugar!

Ele fez um rosto de quem ficou magoado e então o Vinícius começou a rir de satisfação enquanto todo mundo acompanhava o barraco.

– Eu nunca ficaria com ciúmes!

– Então o que deu em você para chamar o Vinícius para lá?!

– O MATT TAVA TE USANDO!

– E POR ACASO VOCÊ FEZ DIFERENTE?!

Ui... Bateu um silêncio depois dessa. Eu apertei os punhos ao lado do corpo e virei o rosto para ele.

– Nunca mais vou deixar você ou o Vinícius se intrometerem em nada. E por favor, nem pense em chegar muito perto de mim – Falei em voz baixa, então parei de olhar para a cara dele tamanha a raiva que eu sentia por dentro.

Mesmo sem prestar atenção no bocó, eu senti em meus nervos o tamanho gigantesco do sorriso dele em ver que eu odiava o Paul agora e meu medo era que o Matt estivesse tão satisfeito quanto ele.

Ever perdeu o sorriso ao ver que nenhum de nós parecia ligar mais para ela, e então ela se virou para o Paul, o tarado que encarava a janela sem seu sorrisinho.

Ever ignorou a tensão no ar e abriu um sorriso para ele.

– Ah Paul, você não vai ficar irritado por causa dessa garota não é? – O silencio bateu na cara dela e mesmo assim ela não desistiu – Paul...?

– Ever, esquece – Respondeu por fim numa voz estranhamente séria, e então eu fechei mais a cara.

É EU QUEM TEM QUE FICAR IRRITADA AQUI CRIATURA!

– Droga... – Resmunguei e então o povo continuou em silencio.

#~~~#

Nem percebi quando nós chegamos na tal floresta. Estava muito ocupada jogando Guittar Hero no meu celular num volume que meus fones de ouvido não estourassem meus tímpanos.

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– Chegamos crianças felizes! – Vinícius anunciou quando parou de frente a cabana que o Matt mencionou.

Só o Vinícius estava realmente feliz naquele carro, pois nunca vi tanta gente com cara de morta junta a não ser num filme de zumbi. Então, como uma pessoa civilizada, tirei os fones do ouvido quando sai do carro e guardei tudo no bolso que tinha no meu vestido amarelo.

Vinícius surgiu no porta-malas quando eu e o Paul estávamos lá, sem nos encararmos, apenas pegando as malas o mais rápido possível enquanto o bocó apreciava tudo com um sorriso.

– Eu adoro ver vocês assim gente, provando que eu estive certo o tempo todo – Falou, e então olhei para ele de cara feia.

– Estou muito feliz por você – Revirei os olhos e coloquei minha misteriosa bolsa comprida no ombro, uma bolsa com o que eu precisava na floreta numa mão, outra mala curiosamente quadrada na outra, e sai pisando forte o chão.

Eu estava menos irritada, mas continuava com raiva daqueles dois como sempre. Mas como é engraçado como essas coisas ruins parecem sumir quando tem algo muito legal na sua frente.

– Meu deus... – Murmurei, parando no pé da escada da varanda daquela cabana gigante.

– Gostou? – Nem me assustei quando o Matt chegou do meu lado tamanho era meu espanto.

– É... Enorme.

E se era. Para uma cabana, aquilo era muito grande. A cabana era toda de madeira, com janelões que se abriam de dentro para fora, porta de madeira com desenhos artesanais e uma janelinha colorida de vidro na parte de cima. Também tinha uma chaminé de pedra, sofás de jardim na varanda espaçosa e umas luminárias que pendiam no teto da varanda.

Aquilo com certeza podia abrigar mais cinco pessoas além de nós sem problemas.

– Matt, o que essa casa faz ai? Não era uma cabana? – Vinícius surgiu do meu lado e meio que instintivamente me afastei dele.

– É uma cabana – Respondeu Matt.

Tomei a frente com minhas malas, subindo os degraus da varanda para parar até a porta e me virar para o povo.

– E ai? Vamos entrar ou querem admirar o lugar mais um pouco?

Matt carregava nada mais que uma mochila de camping nas costas, e com um sorriso discreto subiu foi até o meu lado na porta e passou a chave.

Ele entrou na cabana seguido por mim, Vinícius, Paul, Caleb e Ever e então arregalei mais meus olhos e escancarei a boca quando vi a sala em que tínhamos entrado. Era tão grande quanto a toda a cabana, com sofás de couro escuro, tapete de tecido grosso, uma lareira grande típica de cabanas, e tinha até mesmo uma cabeça de alce acima da lareira.

Que engraçado, nunca achei que as pessoas realmente colocassem aquelas coisas na parede.

– July! – Vinícius chegou perto de mim apontando para o alce com um rosto surpreso até de mais. – Olhe lá July! Achamos sua cabeça verdadeira!

Encarei o guri com um bico horrível.

– Fica quieto Vinícius, isso não faz esses chifres na sua cabeça diminuírem – Soltei um sorriso zombeteiro.

Ignorei o rosto feio que o Vinícius fez e me virei para o Matt.

– Onde ficam os quartos?

– Tem três quartos no fim do corredor depois dessa sala, mas meus pais trancaram a suíte.

Franzi os lábios.

– Quer dizer que temos apenas dois quartos? – Perguntei numa voz evidentemente decepcionada.

CARA, OLHA O TAMANHO DA CABANA! ISSO NÃO PODE SER SÉRIO!

– É... – Respondeu lentamente, percebendo minha decepção – Mas não se preocupe, os quartos tem espaço o suficiente para todo mundo. Você e a Ever podem ficar no primeiro quarto e nós três nos acomodamos no outro.

COMO É?!

– VOU FICAR COM A EVER? – Nem me preocupei em disfarçar meu desgosto.

A morena colocou a mão na cintura, sendo que ela só estava com uma “blusinha” de frio que mostrava a metade da barriga e um short jeans que nem se fala.

– Ei! Não é como se eu estivesse suuuper animada em passar minhas noites com você! – Franziu as sobrancelhas impecáveis – Eu queria estar com o Paul, mas você sempre aparece no meio!

Engraçado que o Paul ficou caladinho no canto dele e logo fiz uma cara maravilhosa ao imaginar o problema que seria a Ever num quarto com o ele.

Eca.

– Acredite Ever, nunca foi minha intenção atrapalhar a pegação sem limites de vocês. Eu só queria passar as férias com o ser diabólico do meu lado – Apontei para o Vinícius e ele nem pareceu ligar para o que eu disse – Então vamos fazer um grande favor uma a outra e fingir que ninguém existe por quatro noites.

Ela cruzou os braços e colocou um sorriso cheio de gloss rosa claro na cara.

– Até parece que isso vai ser fácil com uma garota barulhenta como você.

COMO É PIRUA?! REPETE NA MINHA CARA!!

Respirei fundo, juntando forças dos deuses para não falar o que eu pensava. Não quero dar uma de “Morena” barraqueira agora.

– Vou ignorar isso e ir para o quarto, se me permite – Sorri com o cumulo de falsidade, e virei as costas para ela ao seguir para o corredor depois da grande lareira.

Matt se apressou em correr atrás de mim.

– Deixa que eu te mostro o caminho! – Avisou, já se pondo do meu lado com um bom astral.

Ah! Sorte a dele.

Matt me olhou ainda com o bom humor intacto, e eu com uma cara que os homens piram apenas de passar o olhar.

É aos homens cegos que me refiro, claro.

– Você realmente odeia ela – Disse por fim enquanto andávamos.

Obrigada por esclarecer o óbvio.

– Não é odiar, essa é uma palavra muito forte. Eu só diria que sinto a necessidade de bater a cara dela contra a parede a cada palavra cheia de purpurina que ela solta – Soltei tudo sem me importar mais se dizia isso para o ser mais sexy da Califórnia.

E o ser sexy começou a gargalhar com o que eu disse, inacreditavelmente.

– Acho que devo repensar sobre deixar vocês duas sozinhas – Falou ainda rindo e inevitavelmente comecei a rir um pouco também.

Ah, a risada dele é contagiante oras!

– Não se preocupe, apesar de eu querer mata-la, acho que sou capaz de me segurar por um tempo – Virei o rosto para ele por um segundo, mas logo que vi o sorriso fofo de covinhas dele naquele rosto perfeito, tive que desviar o rosto para não corar. Até parece que isso adiantou.

– Ainda bem. Planejei um acampamento e não uma ida á polícia – Ele parou de andar pouco antes de terminar e então apontou a porta a minha frente – É este o quarto.

– Ah... Ahn... Obrigada – Agradeci sem olhar para ele e entrei no quarto, mas meu corpo parece virar pedra quando sinto a mão dele no meu braço.

Ai meu deus do céu...! CADÊ O OXIGÊNIO DESSE LUGAR?!

– July... Eu pensei que depois que nos instalássemos aqui, seria legal nós darmos uma volta pelo lugar. O que acha? – Perguntou nas minhas costas e então eu fiquei numa cor viva de vermelho ao pensar se este “nós” se referia a nós dois ou a TODOS nós.

– Eh... Acho que está tudo bem – Respondi como uma idiota por não olhar para ele, mas mesmo assim, eu fui capaz de sentir o sorriso que ele abriu.

– Beleza, te vejo daqui a pouco então – E soltou meu braço para ir para a outra porta e me deixar ali, vermelha como tomate maduro.

Fechei os olhos e soltei o ar pela boca quando ele sumiu no outro quarto.

– Espero que os deuses me protejam... Tenho péssimas e boas impressões sobre isso tudo.

E se tinha. Com a pegação do Paul e da Ever; por ela própria me provocar; o estranho bom humor do Vinícius; e as evidentes cantadas do Matt; não sei no que diabos tudo isso vai dar.


Paul –



Engraçado... Não era eu o inocente de toda a história? A pobre e deliciosa vítima dos ataques daqueles dois, enquanto a July e eu nos dávamos super bem ajudando um ao outro? Porque agora eu realmente estou perdido nessa baderna.


ELA ME ODEIA?! É ISSO?!

Eu nunca, NUNCA fui odiado por uma mulher. Pelo menos não por mais de um dia. Sempre sofri assédio, principalmente depois que comecei a tomar gosto pelo surf, e então as garotas pareceram brotar de dentro das ondas para os meus braços. E agora, quando recebo a notícia ótima que uma brasileira viria para o meu canto, ela simplesmente me odeia.

Tirei a camisa com mais força que o necessário e franzi o cenho para o espelho.

– Tenho certeza que tudo foi culpa do Matt... Aquele cara – Liguei a torneira e deixei a água cair na minha palma para jogar tudo no rosto. Tirei a mão do rosto molhado e me encarei no espelho, segurando a beirada da pia com as duas mãos para me apoiar enquanto as gotas de água escorriam até meu pescoço. – Porque será que esse traidor apareceu depois de tanto tempo... E porque agora.

Sim, traidor. Era o que definia o Matthew pelo o que ele fez alguns anos atrás. Ele simplesmente traiu nossa confiança da pior maneira, numa situação em Vinícius e eu praticamente demos nossa vida para ele...

– Paul, droga, é você ai?

Virei o rosto para a porta. Nem preciso de esforço para adivinhar quem era.

– O que foi Vinícius? – Perguntei, me esforçando para falar aquele nome estranho direto.

– Nada, é que eu simplesmente estou a fim de apreciar o banheiro. Mas se quiser, pode demorar mais uma década. Acho que estarei vivo até lá.

Revirei os olhos e peguei minha camisa branca em cima do balcão da pia antes de abrir a porta e dar de cara com ele. Vinícius estava com seu rosto normal de Estou-nem-ai-para-oque-pensa-sobre-mim, mas então um estranho sorrisinho surgiu.

– O que foi Paul? Parece ligeiramente... Chateado. Algo te aflige?

Claro que ele está tirando uma com a minha cara.

– O Matt está acabando com meu astral – Respondi sem meus sorrisinhos. Até eu estou surpreso por eles não virem mais naturalmente como antes.

– Eu também acho uma droga ver o Matt-traidor de volta, mas até que a presença dele está me favorecendo – Sorriu.

Está havendo uma troca de papeis aqui ou é só impressão minha?

– Te favorecendo? – Soltei uma risada, duvidando de verdade que ele falava sério – Ele é pior que eu, você sabe disso. E agora está dando em cima da July sem motivo algum.

– Mas assim como fiz com você, não vou deixar ele chegar muito perto dela – Cruzou os braços ainda sorrindo. O cara se achava o gênio mesmo... Coitado – E também não acho que a July seja burra o bastante para não enxergar o que tem por trás dele.

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– Duvido muito, o cara parece um daqueles imãs de mulheres que se encontra de 1 a cada 100 caras. Até mesmo já ouvi a Ever falar como ele é educado e tarará da vida – Bufei, revirando os olhos de novo – Ele é um imbecil.

O sorriso do Vinícius desmanchou por um segundo quando xinguei ele, mas foi tão rápido que fiquei na duvida se era isso mesmo.

– Claro que é. Pensa que esqueci do que ele fez? – Bufou – Nem em mil anos. Por isso não posso deixar ele com a minha irmã. Ele pode colocar ela numa enrascada se não tiver parado com aquilo.

Coloquei a camisa no ombro e dei de ombros.

– Pode ser que sim, ele parece menos louco que da ultima vez, e perigosamente mais esperto. Veremos mais tarde – Toquei o ombro do Vinicius apesar dele não gostar e sai da porta.

–Pode se mesmo, mas tenho que admitir uma coisa... – Acrescentou do nada e então me virei para ele.

– O que?

Vinícius virou o rosto para mim, sem sorrir.

– Ele está certo sobre você ter usado minha irmã, Paul. Então eu quero deixar uma coisa bem clara a vocês dois – Gelei no meu canto, de repente sentindo medo daquele rosto sério dele – Se fizerem qualquer coisa de errado à July, por menor ou mais idiota que seja, eu arranco a cabeça de vocês dois fora. E dessa vez não é brincadeira.

– M-mas Vinícius, eu já disse que...

– Já deu Paul, mesmo que ela tenha aceitado na hora, aquilo foi usar sim. Então aproveita e fica com a Ever já que parecem tão apegados agora – E abriu um sorrisinho – E você também Matt. Vai arranjar uma garota que possa te suportar.

Hã? Matt?

– Que é isso Vinícius. Eu só quero o melhor para a July, juro. E ela parece estar gostando de mim afinal de contas – Virei o rosto para trás ao ouvir a voz do traidor, e então vi ele com aquele sorriso de canto insuportável, encostado na porta de nosso quarto.

Vinícius deu de ombros.

– Ah Matt, a July se apaixona por qualquer mendigo que tenha dentes. É um dos males por ser uma BV virgem por tanto tempo – Aumentou o sorriso e então caminhou para dentro do banheiro no final daquele corredor – Agora com licença, irei fazer meu reinado.

– Obrigado pelo aviso – Ironizei abrindo um sorriso torto, e mais aliviado por ter saído vivo dessa conversa esquisita.

Ele fechou a porta do banheiro e então me toquei que só tinha sobrado eu e aquele...

– E ai Paul? Gostou do lugar? – Ergui uma sobrancelha para o jeito tranquilão dele.

– É melhor que eu pensei – Admiti, entrando na dele.

– Excelente. Fiquei preocupado sobre o que vocês dois achariam já que agora estou tentando ter a confiança de vocês.

Abri um sorriso zombeteiro para ele.

– Pode ficar tentando a vontade. Nossa confiança nunca será a mesma.

– Mais um motivo para eu continuar tentando.

Droga! O maldito nem se afetou.

Estou pronta!! – Parei de olhar para o Matt-traidor e passei os olhos pela morena que surgiu na porta ao lado.

Alarguei meu sorriso quando vi a Ever completamente linda na minha frente. A garota era perfeita, não importa como eu olhasse e minha atenção se prendia mais a ela quando analisei a camisa azul de botões que ela usava, sendo que os primeiros estavam abertos o suficiente para ver além do pescoço dela (He,He) e com as mangas arregaçadas até os cotovelos. O short era o mesmo, mostrando toda a perna bronzeada dela, e os cabelos estavam presos para trás num rabo de cavalo, deixando que eu visse todo o contorno do corpo dela sem problemas. Cara...

EU AMO O MEU PAÍS!

– Cuidado Paul, a cabana vai inundar com sua baba – July apareceu na porta de cara feia para mim.

– Não estou babando... – Desviei o olhar dela.

A garota me odiava mesmo... Não sei se fico aliviado ou culpado. AH! Não importa. Eu tenho a Ever aqui, então não preciso de mais nada.

E por falar nela...

– Ah Paul, não fica assim! Vamos nos divertir sozinhos, certo? – Ela se aproximou e passou os braços pelo meu pescoço, sorrindo.

Pequeno detalhe: Ainda estou sem camisa, o que torna tudo perigoso.

– É o que eu planejo – Retribui o sorriso e então ela alargou mais o dela.

Mas... Espera um pouco. Estou esquecendo de algo mais nessa história?

Tirei os olhos da Ever para o lugar onde o Matt estava, mas como eu pensei, Matt-traidor sumiu, e usando minha boa experiência como namorado das garotas californianas, ele só pode estar em um lugar...

– Quer comer alguma coisa antes de sair? – Perguntou Matt, de frente para a July que pelo jeito estava um pouco vermelha.

HÁ! SABIA!

– Não, nós podemos sair agora se quiser – Ela sorriu daquele jeito inocente de sempre, e então Matt abriu outro que me deu nos nervos.

– Então va...

– EE AI POVO! QUE PEGAÇÃO É ESSA?! – O cara com uma blusa laranja florescente, uma blusa vermelha quadriculada por cima e calças jeans azul escura (sem falar na bandana verde com preto amarrada na testa e os tênis coloridos da “Quix”) apareceu no puro bom astral.

Caraca, nem eu sou tão sem noção assim.

– Caleb? Que diabos você estava fazendo até agora? – Opa! Outra surpresa. Agora foi o Vinícius quem apareceu.

– Apenas fazendo o que deve ser feito – Abriu um sorriso grande e como eu previa, Vinícius ignorou ele.

– Ok, então vamos sair logo para essa floresta antes que eu me arrependa de verdade – Resmungou e então parou para olhar todo mundo.

Ok, deixe eu me expressar melhor.

Ele fechou a cara e fuzilou eu e o Matt com uma energia assassina ao redor.

– Você – Apontou para mim – Seja lá o que forem fazer naquela floresta, e realmente espero que tenha nada a ver com o que pensei, façam isso longe de mim. E você – Apontou para o Matt, mas com os olhos presos na July – Por toda a caminhada no meio da floresta mantenham uma distancia mínima de dois metros ou alguém não poderá sentar por semanas – AGORA ele olhou para o Matt – E você – Ele apontou para o Caleb, e ficou calado por uns segundos franzindo a boca – Se veste como um homem pelo amor de tudo que é sagrado.

Caleb não tirou o sorriso da cara.

– Ah! Isso?! É graças a isso que tenho tanta fama com as mulheres.

– Isso ou então você não entendeu a diferença de “mulher” para “travesti”. – Deu de ombros e logo o Caleb fez um rosto hilariamente assustado.

– Não é possível... – Murmurou enquanto eu soltava algumas risadas.

Vinícius voltou a ignorar e tomou a frente enquanto dizia num animado de mais para alguém como ele:

– Ok cambada feliz, vamos para a floresta!