É Proibido Amar

Reencontro.


Jessie Potter.


Acordei apressada. Estava atrasada, de novo. Hoje seriam os testes de quadribol, e de acordo com James minha presença era indispensável. Eu até tentei brigar, gritar, mas nada funcionou. Parece que ser prima, quase irmã, do capitão não me trás nenhuma vantagem. O ano mal começara, mas Prof. Minerva decidira adiantar as coisas, então os testes ocorreriam na primeira semana de aulas.

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Me levantei rapidamente, vesti meu uniforme, apanhei minha vassoura e desci sorrateiramente pelo castelo. Ainda era muito cedo, o sol nem nascera totalmente e a grama ainda estava coberta gelo devido a noite fria. Um vento gelado bateu contra meu rosto desprotegido e eu tremi.

Quando cheguei ao campo de quadribol, todos já estavam lá, inclusive Prof. Minerva, que me lançou um olhar severo, mas não disse nada.

Me postei junto com os outros batedores e me escorei em minha vassoura, esperando que ela terminasse o discurso de todos os anos.

─ Atrasada de novo. ─ cochichou Sirius, ao meu lado.

─ Calado Sirius.

─ Eu até iria te acordar ─ falou ele, rindo de leve ─ Mas James não me deixou entrar no seu quarto.

─ Sirius, cala a boca. ─ vocifrei.

─ Vocês dois podem parar com a infantilidade? ─ pediu James, com raiva, chegando perto de nós. ─ Os treinos ja vão começar e se vocês continuarem com essas brigas idiotas, deixo os dois fora do time esse ano.

Ui James. Agora fiquei com medo.

─ Até parece que você nos deixaria fora do time. ─ falou Sirius, zombeteiro.

─ O time não seria nada sem nós. ─ falei rindo.

─ Calados. ─ disse ele. ─ Os testes vão começar.

Os batedores treinavam juntos, quatro de cada vez. Nós montamos dois times e precisamos lançar balaços uns nos outros. Você precisa se proteger e lançar. Parece simples, mas um movimento em falso e isso se torna doloroso. Muito doloroso. E então, a dupla que acertar e defender mais balaços, fica no time.

Os times ficaram: Eu e Sirius versus Matt Bennett e Charles Beckenford.

Os dois eram grandes e fortes, e eu só uma garota que deveria ter crescido mais.

Isso me deu um pouco de medo, mas eu e Sirius somos bons.

Subi em minhas vassouras e senti meus pés abandonarem o chão, como era boa a sensação de voar novamente. O vento frio fazia minhas bochechas e lábios congelarem, mas isso não importava, não agora.

Deu uma volta rápida pelo campo para “amaciar” a vassoura, e esperei que um balaço viesse até mim.

Isso não tardou a acontecer, claro, logo um balaço vinha certeiro, bem em direção ao meu nariz.

Me preparei para rebatê-lo com toda força que eu tinha quando subitamente ele mudou de rumo.

Mas que merda foi essa?

Apenas o que eu conseguira ver era uma capa vermelha, que saira da minha frente a toda velocidade.

Não conseguia acreditar, Sirius havia me defendido de um balaço?

O que ele pensa? Que eu não sei lidar com um balaço sozinha?

EU FAÇO ISSO DESDE O MEU TERCEIRO ANO.

Aumentei a velocidade da vassoura e fui até Beckenford, ele me olhou e assim que um balaço passou ao seu lado, ele o rebateu, direto para mim.

E novamente, quando o balaço ia me atingir, Sirius o desviara na direção de Bennett.

Qual é a desse garoto afinal? Ele quer roubar todos os meus balaços?

Voei rapidamente até o balaço que ia à direção de Bennett o bati com toda força, não na direção do meu time adversário, mas sim na direção de Sirius. Por pouco o balaço não o acertara. Ele virou-se com a vassoura na minha direção e me lançou um olhar que dizia: “Por que você fez isso?” então, eu tentei responder: “Porque você é um idiota” ele deve ter compreendido, por que deu de ombros e voltou sua concentração ao teste.

E foi assim o tempo todo, ele me defendia dos balaços, eu tentava lançar balaços nele sempre que possível, e a cada vez que ele desviava e me olhava com aquele olhar divertido, minha raiva aumentava.

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Quando eu já estava prestes a pular na cabeça daquele ser idiota a voz de James magicamente amplificada soou pelo campo.

─ DESÇAM DAS VASSOURAS, O TESTE ACABOU.

Assim que chagamos ao chão, ele anunciou sua escolha.

─ Potter e Black estão no time. ─ então virou as costas, se dirigindo ao grupo de goleiros, que faria o teste agora.

Bennett e Beckenford se apressaram até ele.

─ Como assim? ─ perguntou Beckenford. ─ eles nem sabem trabalhar em equipe, a garota jogou balaços nele o teste todo.

─ NÓS TEMOS QUE FICAR NO TIME! ─ falou Bennett, se descontrolando.

James suspirou e se virou para eles.

─ Me digam, o capitão aqui, é eu, ou vocês? ─ seu semblante era calmo, mas ele estava muito irritado. ─ Por que se for vocês, eu vou sair daqui e voltar para a minha cama.

Os garotos simplesmente viraram as costas, ainda resmungando, em direção ao vestiário.

─ Você é um idiota. ─ falei para Sirius.

─ É? Só que não foi eu que joguei balaços em você o jogo todo. ─ disse ele com um pouco de ironia.

Antes que eu pudesse responder, James chegou a te nós.

─ Outra dessas, mais uma, apenas uma, e vocês estão fora do time. ─ ele disse irritado. ─ Agora todos vão ficar falando que eu só coloquei vocês no time por que são as pessoas mais próximas a mim.

─ Desculpa cara. ─ falou Sirius, enxugando o suor da testa ─ Isso não vai mais acontecer.

James suspirou e voltou sua atenção para um dos goleiros, que nesse momento defendia os aros.

Peguei minha vassoura e fui em direção ao vestiário, decididamente eu já estava ficando muito irritada com essa historia do Sirius tentar ser gentil comigo.

xx-x

Lá estava eu, em uma das primeiras aulas de História da Magia do mês, o professor Binns falava, falava, falava... Mas eu estava alheia a tudo, como sempre eu pegaria as anotações de Remus e me daria bem no teste, por isso deitei sobre a carteira e descansei os olhos, o treino de hoje mais cedo me deixara exausta.

─ Psiu, Jessie.. ─ chamou James, cutucando de leve minhas costas.

─ Que foi, veado? ─ falei me virando para trás, ele estava com o semblante sério.

─ É que.. Ontem a noite.. Papai me mandou uma carta, e.. Como tinhamos treino eu meio que me esqueci de te falar, e.. ─ começou ele, sem jeito, eu percebi que o assunto era sério quando ele não se apressou em corrigir “É cervo, C-E-R-V-O.”

─ O que é James, desembucha. ─ pedi com receio.

─ Olha Jessie, é que.. ─ Sirius interviu, parece que ele já sabia do que se tratava e isso de alguma forme me incomodou.

─ Não se mete, tá? ─ falei mais grossa do que pretendia. ─ James..

─ Papai me mandou uma carta dizendo que o... ─ ele começou, mas uma voz grave interrompeu.

─ Jessica Potter? ─ chamou o diretor, Alvo Dumbledore.

Eu estremeci, não havia feito nada de errado, pelo menos eu achava. Me virei lentamente e olhei para a porta, lá estava ele, de vestes púrpuras e tudo.

─ Sim? ─ perguntei receosa.

─ Me acompanhe, por favor. ─ pediu ele, com aqueles sorrisos enigmáticos de cumplicidade que só ele sabe dar.

─ Claro, senhor.. ─ falei e me levantei, não sem antes lançar um ultimo olhar de aflição para James.

Caminhamos lentamente pelos corredores do castelo, e a cada curva eu ficava mais aflita. O que tirara o diretor de sua sala para vir me chamar pessoalmente. Será que ele teria descoberto o nosso segredo?

Não, provavelmente não, ele não chamaria só a mim..

Continuamos andando em silêncio até que chegamos a gárgula que dava passagem para o gabinete do diretor.

─ Delicias gasosas. ─ falou ele, e a gárgula saltou para o lado, revelando a passagem.

Imediatamente uma escada se ergueu, nós saltamos nela e a mesma começou a subir, levando-nos para cima. Adentramos a sala, e assim que o diretor abriu a porta com um sorriso bondoso eu avistei um homem de cabelos negros, virado de costas para nós. Assim que percebeu a movimentação na sala ele se virou para nós e me fitou com seus olhos avelã, estranhamente iguais aos de James.. Iguais aos meus. Um pouco constrangida eu desviei o olhar e fitei o diretor ao meu lado.

─ E então? ─ perguntei ─ por que me trouxe aqui, Senhor?

─ Você não sabe quem eu sou? ─ perguntou o homem. O diretor sorriu de leve, mas havia um pouco de tristeza em seu olhar.

─ Não, não sei. ─ falei voltando a fita-lo.

─ Bom... Eu sou Leonard, Leonard Potter.

Minhas pernas fraquejaram. Isso não era possível. Esse... Esse homem não poderia ser Lonard Potter, por que Leonard Potter é o homem que abandonou a mim e a minha mãe, é o homem que me fez ter magoas e medos.

─ Desculpe.. ─ falei abanando a mão. ─ Não entendi, quem é você?

─ Eu sou seu pai, Jessie.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.