Conforme o rio

Capítulo único


Nada parecia surtir efeito.

Me encontrava anestesiada, intocável, insensível... Não havia o que me desse forças ou mesmo coragem, mais um dia em meio aquilo que dizem ser sociedade. Antes mesmo de abrir os olhos, subentendia o que estava por vir, mas... Era difícil, inexplicável talvez. O mais estranho seria o fato de eu simplesmente não conseguir dizer o que sentia, ou compartilhar a dose anestésica que antes mesmo já havia sido inserida a mim.

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Sem explicação. Mas sem que eu soubesse, aos poucos seja o que fosse ia me corrompendo, transformando, tirando de mim o pouco que tinha, o sorriso em meus lábios, a agilidade em minhas mãos que de maneira homogênea, parecia dançar uma valsa com um simples lápis, caneta e papel. Nada me importava, nada me chamava atenção. Até mesmo meu pobre coração sofria... Perdido em meio a destroços que iam acumulando aos poucos, como metralhas de uma construção, ou desabamento...

Eu não tinha esperanças, nem solução. Era apenas mais um mísero ser que respirava o poluído ar da ceguidão. Não importava se estava bem ou mal... Tudo se tornou como um furacão em meio à floresta. Parecia que mesmo sem querer eu atraía, trazia para junto de mim e machucava, não correspondia. Não era minha culpa, mas sim do meu coração. Foi mimado demais ao passar a vida comendo migalhas, mas... Sempre havia um “mas”, nada parecia acabar, nada parecia ter um fim, nada parecia dizer basta! Nem o grunhir da guitarra pôde me socorrer, nem mesmo ela. Ela a quem tanto confiei veio ao meu encontro. Nem mesmo a dama que com uma clave de sol me fazia sorrir e ouvia-me como fiel testemunha de toda uma trama... A quem tanto amei e a quem tanto amo veio me socorrer... Nem mesmo a contemporânea música.

Apenas fui correndo o percurso do rio, deixando-o me levar conforme a força de sua correnteza.

“As pessoas são programadas, e a sociedade é hostil demais para se preocupar com a dor de pobres loucos como eu."

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.