I Hate You
Você fala demais
O jogo tava indo bem. Estávamos ganhando. Mas eu já tava vendo o Jason perder a paciência, e não seria nada legal se isso acontecesse. Ele passou a bola pra um carinha lá que não lembro o nome e o infeliz empurrou ele com tudo no chão. E sim, sem bola.
- Mary, vai dar merda.
- Eu sei. – O Jason levantou com tudo e deu um soco tão forte na cara do guri, que ele caiu no chão.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!- Irritado aquele menino que gosta de ti, né. – Alguém falou do meu lado. Quando eu vi era o Will.
- Tá fazendo o que aqui? – Perguntei irritada.
- Quem é ele? – Mary me perguntou.
- Ninguém! Eu vou descer. – Falei olhando pra quadra e os dois se socando lá no meio. Desci quase correndo. Os meninos dos dois times tentavam separar os dois, mas tava complicado. Vi o juiz expulsando os dois e, finalmente, os treinadores tiraram eles da quadra. Jason foi pro vestiário e eu fui atrás. Ele bateu a porta com tudo e eu me assustei. Abri devagar e vi ele sentado bufando.
- Jay? – Chamei por ele me sentando do seu lado e fazendo carinho no cabelo dele.
- Ele é um filho da puta!
- Eu sei. Vai embora agora?
- Vou. Não quero ficar até o final. – Ele disse levantando e pegando as coisas dele. Não falei mais nada, só fiquei esperando ele arrumar as coisas.
- Vai embora, Turner? – O treinador entrou no vestiário junto com os meninos e eu fiquei com a maior cara de taxo. Na verdade, fiquei vermelha.
- Vou. Adiaram o jogo?
- Não. O juiz deu um tempo. Não acha melhor ficar até o final?
- Pra que? Eu preciso ficar?
- Não... O que ela tá fazendo aqui? – Ele perguntou sobre mim. Os outros meninos já começaram com as piadinhas e eu não fiquei mais vermelha. Fiquei roxa!
- Ela só veio ver se eu tava bem.
- Ah... Então, até o treino na segunda. – Nos despedimos dos engraçadinhos e do treinador e fomos embora.
(...)
- Tá mais calmo? – Perguntei fazendo carinho no rosto dele. A gente tava na casa dele de novo. Eu tava sentada no sofá e ele deitado apoiando a cabeça no meu colo.
- To. Não. Não sei. – Ri fraco.
- Indeciso. – Ele riu fraco junto.
- To querendo sair hoje.
- Pra onde?
- Qualquer lugar. Ah! A gente podia ir pra outra cidade de novo. – Arqueei uma sobrancelha.
- Pro carro dar pau de novo?
- Ele já tá arrumado, bobona. Vamos?
- Tá bom. Vamos. Mas pra onde?
- Tem uma montanha e…
- Tu quer me levar pro meio do mato?! – Ele riu.
- Não é o meio do mato.
- A gente volta hoje?
- Lógico. Mas a gente tem que sair agora. – Assenti e saímos.
(...)
- Gostou? – Ele perguntou quando chegamos lá.
- É perfeito! Hm. O que é ali? – Perguntei pra algo que até então parecia um depósito, casa ou galpão no meio do nada. Não dava pra ver direito.
- Uma casa.
- Sabe de quem é?
- Não. Mas não deve ter ninguém. – Ele disse pulando uma cerca e me dando a mão pra eu pular também. Esse menino tem problema mental só pode. Ele quer invadir uma casa.
- E se tiver alguém lá?
- A gente volta. – Ele disse e começamos a caminhar até lá.
- Você já veio aqui. Tenho certeza.
- Uma vez só.
- É abandonada?
- É. Mas vai que alguém tem a mesma ideia que eu... – Ri fraco. Continuamos andando até lá. Não era tão longe quanto eu achei que era. Em minutos chegamos até lá. A casa devia ser bonita há décadas atrás, mas agora me dava arrepios. Não tinha ninguém lá. Ele entrou logo dando passagem pra eu entrar também. Abrimos as janelas e eu fui em direção à cozinha.
- SOCORRO! – Berrei quando vi uma barata.
- O que foi? – Jason perguntou entrando correndo na cozinha.
- Ali! – Ele viu e revirou os olhos. Eu já tava em cima da cadeira que eu nem sabia se aguentava meu peso.
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- O caralho! Mata ela primeiro! – Ele começou a rir da minha cara. Bacana, Jason. Bacana. Quando ele finalmente percebeu que eu não ia sair de cima da cadeira, procurou a barata e matou. – Achei que ia ficar a eternidade aqui. – Ele revirou os olhos. – A gente vai ficar aqui mesmo?
- Deixa de frescura. Foi só uma. Desce daí. Vamos na sala.
- Eu to com medo. – Disse descendo da cadeira e ele me abraçou por trás me guiando.
- Que medo o que. Para de ser cagona. – Fiz bico. Ele me virou pra ele. – Fazer esse bico não vai adiantar nada. – Ele disse e mordeu meu biquinho. Sorri. Fomos pra sala e sentamos no chão mesmo. Ficamos abraçados.
- Jay, sabe aquele teu caderno?
- Que caderno?
- Que tu deixa dentro do carro.
- Ahn... Ah tá. O que tem?
- Você escreve pra quem? – Ele arqueou uma sobrancelha. – É que eu vi o que tinha lá naquele dia do show.
- Tem que ter alguém pra escrever?
- Ué, é do nada então? – Ele deu de ombros sorrindo de canto. É pra alguém. – Me fala! – Pedi choramingando e ele ficou quieto. – Maldade isso. Só acho. – Ele riu.
- Não tem alguém.
- Tem sim.
- Tem nada. E eu já disse que você fala demais. – Ele disse e me beijou.
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