Finding a Dream

Perguntas


Irina levantou as mãos, mas continuou ajoelhada. Sentiu o lábio inferior tremer e sua pulsação acelerar. A menina com cabelos ruivos estava atrás da menina com cabelos escuros. O loiro aproximou-se com a espada em punho ainda e a colocou com cuidado embaixo do queixo de Irina.

–-Quem é você?-ele perguntou duro.

Ela quis engolir a saliva para falar melhor, mas teve medo que encostasse na lâmina da espada. Apenas murmurou.

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–-Por favor! Não me mate! Eu não vou fazer nada! Eu estou desarmada, como pode ver!- ela sussurrou.

Ele ainda tinha uma face desconfiada. Mas relaxou quando sentiu alguém tocar sua mão e a mesma voz doce e infantil falar.

–-Pedro, ela tem razão. Ao menos abaixe a espada para ela respirar e falar.

Ele virou-se para Irina novamente e abaixou a espada, dando um passo para trás. Irina levantou-se enquanto passava a mão pelo pela garganta e analisava rapidamente cada um. Apesar da menina ruiva ainda ter a defendido, ainda estava se escondendo, mas agora atrás do loiro e com um ligeiro olhar assustado. A outra menina ainda estava com o arco em punho e a flecha posta. Com um olhar desafiador e desconfiado. O moreno estava com a espada nas mãos ainda, mas com a lâmina para baixo e a olhava com um misto de curiosidade e algo a mais que ela não conseguiu decifrar. Ela voltou o olhar para o loiro que não expressava nada, somente exigia que ela falasse antes que ele tornasse a levantar a espada.

–-Eu.. não sou daqui.- ela disse rápida e tropeçando nas palavras. O loiro ergueu uma sobrancelha, os outros se olharam confusos.- Eu só acordei e quando vi, estava aqui. Na verdade, eu caí em um lago e acordei aqui. E antes que me façam perguntas, eu irei responder todas, mas me digam, aonde eu estou? Por favor, só me respondam esta pergunta!- ela suplicou.

O loiro a analisava.

–-Está em Nárnia.– quem respondeu foi a menina mais velha.

Aquilo fora um baque em seu estomago. Sem dúvidas. Não poderia ser real. Ou poderia? Ela levou uma mão a boca que estava aberta em sinal de surpresa. Então aquele lugar era o que sua irmã tanto lhe falara? Mas não parecia nada igual ao o que ela dizia ou escreveu nas primeiras folhas do caderno. Sua respiração acelerou e ela deu passos para trás, até bater contra uma parede.

–-Isso.. é impossível..- ela murmurou mais para si, do que os outros, mas baixo o suficiente para que a menina ruiva ouvisse.

–-Você fala como se já tivesse ouvido falar sobre Nárnia.

–-E ouvi!- ela respondeu um pouco alto.- Desculpe-me...mas é que eu sonhei tanto no dia que conhecesse este lugar, mas não é nada igual! Não é como minha irmã dizia.

–-Sua irmã? Sua irmã veio aqui, antes de você?- questionou a menina mais velha.

Irina assentiu com a cabeça sem dizer mais nada e tentando engolir a saliva pela garganta que parecia fechada.

–-Qual era o nome de sua irmã?- pronunciou-se o moreno.

Ela olhou para ele e só então deu-se por conta dos belos olhos que tinha, um tanto comuns, mas bonitos do mesmo jeito.

–-Helena Dorleac.

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Poderia ter sido impressão, mas ela jurou ter visto o olhar do loiro vacilar e ter engolido em seco. As outras irmãs e irmão pareceram impressionados também, mas não tanto quanto o da sua frente. Ele abaixou a espada até a ponta encostar-se ao chão e com voz meio vacilante, perguntou a menina inseguro.

–-Você é Irina? Irina Dorleac?

–-Como sabe meu nome?- ela perguntou desconfiada.

Ele abaixou a cabeça.

–-Conhecemos sua irmã.- disse o moreno novamente.- Cabelos negros, olhos azuis e um temperamento um tanto... bipolar?

–-Essa mesma. – ela confirmou.

–-Ela está com você?- perguntou o loiro levantando o rosto com esperança no olhar.

–-Não, na verdade, ela sumiu desde os meus oitos anos. Achei que tivesse voltado para cá.

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–-Talvez ela nunca tenha saído daqui.- murmurou a menina mais velha racionalmente.

–-Ela voltou para lá após a segunda vez que tinha vindo a Nárnia. Depois ela sumiu.

–-Ela lhe contou tudo sobre aqui?- perguntou a menina mais velha novamente.

–-Não. Ela tentava, mas minha mãe não permitia. Achava que ela estava ficando louca.

–-O que ela lhe contou?

–- Ela só me contou sobre como era o lugar, um leão e um inverno sem fim, mas nunca Natal.

–-E como você parece saber mais do que ela lhe contou?

–-Ela havia escrito um livro contando sobre tudo daqui.

–-E por que você não o leu?- ela questionou Irina, a loira abaixou a cabeça.

–-Minha mãe o queimou, antes que eu o fizesse.

Todos ficaram em silêncio e a mente de Irina pareceu dar um estalo quando se lembrou do caderno. Dois meninos e duas meninas. Dois Filhos de Adão e duas Filhas de Eva. Levantou os olhos e percebeu o estilo do arco, as flechas vermelhas, a espada com um leão e palavras marcadas ali, o cinto da menina ruiva com um punhal e um frasquinho que parecia ser de diamante.

–-Céus! São vocês!

Todos a olharam confusos.

–-Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia! Por isso seu rosto me parecia tão familiar!- ela disse apontando para o loiro no fim.

–-Como pareço familiar, se nunca me viu antes?- ele indagou.

–-Helena me mostrou um desenho seu uma vez.

Ele corou como se lembrasse de alguma coisa um tanto constrangedora. Será que Helena contou tudo para essa menina?, ele pensou ligeiramente envergonhado. Irina coçou a orelha direita sem saber o que fazer.

–-E... ela está com vocês?- Irina perguntou um tanto ansiosa.

–-Não. Achamos que tivesse voltado para a casa dela.- respondeu a menina mais velha.

–-Ou talvez ela tenha ficado aqui depois que fomos embora.- disse o moreno.- Agora ela deveria ter o quê? Cinquenta anos?- ele disse seriamente.

Ele arfou com a cotovelada forte no estomago da irmã mais nova. A mais velha revirou os olhos e o loiro abanou a cabeça perdido em seus pensamentos. Ficaram em um silêncio incômodo até ouvirem o barulho da espada deslizando para dentro da bainha. Pedro a olhou com uma mão no cabo e a outra na cintura.

–-Se você é mesmo Irina Dorleac, irmã de Helena Dorleac, e esta é a sua primeira vez em Nárnia e não sabe o que fazer, venha conosco. Também estamos em busca de respostas.

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Os meninos saíram pela porta após terem se vestido com algumas das roupas que tinha nos baús da sala do tesouro. Edmundo vestia uma camisa azul escura como o fundo dos mares e uma calça marrom escondida até abaixo dos joelhos por conta das botas. Pedro usava uma camisa marrom como os troncos de uma floresta com a calça e botas parecidas do irmão. Cada um levava uma espada na cintura e um escudo nas costas. As meninas desceram as escadas e abriram os seus baús. Irina ficou encostada na parede ao lado da escada torcendo as mãos por ficar sem saber o que fazer. Quando ficava desocupada, se sentia nervosa demais. Não se importava se fazia as coisas para os outros ou para si. Fazia a maioria das coisas sem reclamar. Diferente da irmã. Que detestava receber ordens, mas quando era para si, fazia as coisas de bom grado.

–-Irina?- ela voltou a terra com a menção de seu nome.

Abaixou os olhos e viu outros azuis, ou eram verdes? Que a olhavam com uma pitada de carinho e era confortante.

–-Posso ajudar?

–-Não. Na verdade, nós é que vamos te ajudar.

–-Mas eu estou bem! Não se preocupe comigo!- a loira disse sorrindo tentando acalmar a pequena ruivinha a sua frente.

–-Tem certeza?- ela disse abaixando os olhos.

Irina abaixou a cabeça e sentiu-se mais nervosa e desta vez, envergonhada pelo estado de suas roupas. Seu vestido estava completamente imundo e com leves e pequenos rasgões. Sentiu o rosto corar quando levantou o rosto.

–-É que...bom, eu não sou muito acostumada a andar pela floresta. Na verdade, eu andava por uma no quintal da minha casa, mas é que... a floresta era mais, ahm..aberta e eu não ficava muito tempo por lá.- ela tentou explicar com falhas na voz.

Lúcia sorriu sem se importar com o relato da menina. Apenas queria ajuda-la. Pegou Irina pela mão e a puxou até um baú com uma estátua de uma mulher alta e jovem, com cabelos soltos atrás. A menina mais velha, Susana, chegou mais perto também com as costas viradas e nuas para a irmã mais nova.

–-Lúcia, poderia fechar para mim?

A pequena assentiu e logo fechou os botões. A mesma virou-se e sorriu para a loira.

–-Irina, correto?

–-Sim.- ela murmurou.

–-Não é muito parecida com sua irmã, mas é parecida em como ela falava de você.

–-E o quê ela falava?- a loira perguntou curiosa.

–-Delicada, meiga, simpática e paciente. Bastante tímida também. Totalmente ao contrário dela.

Irina sorriu ao lembrar-se de como a irmã era de um jeito um pouco bruto e extrovertido, mas era feliz. Aparentava ser.

–-Bom- a menina mais velha puxou a loira dos pensamentos.- Eu adoraria lhe emprestar alguns dos meus vestidos, mas acho que ficarão um pouco grandes em você. Principalmente nos pés. Lúcia, acha que tem algum aí do tamanho de Irina?

A menina revirou o baú rapidamente bagunçando todas as coisas que estavam ali dentro. A menina mais velha olhou com reprovação, mas não disse nada. Irina abafou o riso vendo aquela cena.

–-Achei!- triunfou a pequena e virou-se estendendo um vestido laranja com as mangas curtas deixando os braços nus.

Automaticamente, o rosto de Irina esquentou. Lúcia riu com a expressão da menina.

–-Não se preocupe. Não é nada demais, mas acho que é o único que vai caber em você. Os outros são apertados demais nas cinturas ou pequenos demais nos pés.

Irina assentiu pegando com cuidado o vestido que era de um tecido resistente. Usado em caminhadas ao ar livre. Virou-se para vestir e só então reparou nas roupas das outras. Susana já estava com um vestido verde de mangas compridas. Tinha os cabelos soltos e estava na frente de outro baú com uma estátua de outra mulher, mas esta parecia mais séria do que a outra, apesar de ter um rosto delicado e os cabelos presos. Colocava o arco e as flechas nas costas. Lúcia ainda estava com as roupas do seu mundo.

–-Se apressem, não podemos demorar. A propósito, Lúcia, acho que vi um vestido pequeno vermelho em seu baú. Deve ser o único de seu tamanho.

–-Já vai subir?

–-Sim. Tenho que falar com Pedro e saber o que ele planeja. Não demorem.

Ela disse e subiu as escadas rapidamente. Lúcia deu de ombros e procurou seu vestido. Quando Irina terminou de se vestir, Lúcia achou o vestido vermelho com mangas compridas e as bocas das mangas abertas. Enquanto Lúcia colocava seu vestido e jogava suas outras roupas dentro do baú, Irina trançava seus cabelos ainda impressionada a tudo que acontecia. Nárnia. Céus! Estou aqui! Realmente, estou aqui! Existe! Será que Helena está por aqui? Mas e onde estão os centauros, anões, animais falantes e árvores dançarinas? E será que estou aqui, por conta da obra de Aslam?, ela perguntava a si mesma. A única coisa que sabia, era que precisava estar junto daqueles que conheceram sua irmã e a acompanharam na primeira jornada em Nárnia.

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–-O que pretende Pedro?- questionou Susana.

Pedro deu ombros totalmente perdido.

–-Ainda não sei exatamente. Estou pensando...

–-Espero que esteja pensando realmente em como sair daqui e encontrar respostas. E não na irmã de Irina.- interrompeu Susana e o loiro virou-se para ela não vê-lo corar.

Ela revirou os olhos e sentou-se em uma pedra estudando em como poderiam sair dali. Edmundo estava encostado ao lado da porta da sala do tesouro brincando com sua lanterna. Ora jogava para cima, ora a jogava de novo. Até que ele ouviu um barulho vindo de lá e uma voz um pouco irritada.

–-Edmundo! Ligue a lanterna para podermos subir!

Ele rapidamente ligou e mandou o feixe de luz para as escadas. Lúcia saiu dali visivelmente irritada e olhou para Edmundo com um olhar acusador e raivoso.

–-Por que não deixou a lanterna conosco lá embaixo? Eu quase caio das escadas. Sorte Irina ter me segurado!- e disse saindo de sua frente enfurecida.

Menina estressada, ele pensou entediado. Lembrou-se que a loira ainda não havia saído e virou-se para ajuda-la. Estendeu a mão no escuro e com a lanterna direcionada para os degraus. Sentiu outra mão tocar na sua gentilmente e viu a o rosto dela aparecer na luz depois de sair da porta. Estava vermelha, talvez achando que fosse Lúcia que ia esperar por ela. Seus longos cabelos estavam em uma única trança e os olhos meio fechados por conta da luz. Antes que ele pudesse fazer qualquer comentário, ela soltou-se de sua mão e foi andando para perto das outras meninas. Edmundo desligou a lanterna e a colocou dentro da bolsa e se juntou aos outros.

–-Muito bem! E então? Já decidiram o que vamos fazer?- ele perguntou esfregando as mãos ansioso.

Susana olhou para Pedro e ele apertou os lábios.

–-Acho que primeiro devemos deixar Cair Paravel. Não iremos pela floresta, está muito fechada e podemos nos perder. Por enquanto, iremos pela praia. Quem sabe lá encontramos respostas.