Finding a Dream

Príncipe Caspian


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O vento era gelado para uma noite de verão. As folhas e os fios de cabelos louros e pretos bralançavam-se graciosos e suaves. As pontas dos dedos e dos narizes estavam gelados e suas bochechas estavam pálidas. As sobrancelhas dele estavam franzidas e seus lábios contraidos. Os olhos dela estavam paralisados e sua garganta seca. Tempos depois, ela se perguntava como conseguiu proferir aquela pergunta.

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--Morta? Como poderia estar... morta?

Ele deu de ombros.

--Bom, talvez ela possa estar viva, mas é bom considerar que não. Digo, bem...- ele engoliu em seco. O desespero já estava estampado nos olhos da garota, apesar do resto de sua face estar em controle.- Ela pode estar em qualquer lugar, não somente em Nárnia. Além de Nárnia existe a Arquelândia e a Calormânia, além de que tem as Ilhas Solitárias, as Terras do Norte e...

--E você acha que ela iria para lá, se pudesse vir para Nárnia?- ela perguntou em um fio de voz, sem maldade. Só estava curiosa. E se sua irmã estivesse mesmo em outro lugar?

--Não.-ele disse franco. Algo que a loira começava a notar, era que todos os Pevensies eram sinceros, o problema é que tanta sinceridade estava a machucando indiretamente.- Pelo que me lembro bem, Helena amava Nárnia com todas as suas forças. Era uma grande devota de Aslam e este lugar.- ele disse sorrindo, como se lembrasse de algo muito bom.- Sabe, eu gosto muito de tudo isso aqui.- ele comentou subitamente, olhando para as árvores ao redor. Sua expressão aliviou-se.- Pedro e Susana também, mas acho que não se compara com o amor de Lúcia e Helena. No nosso reinado, quando havia algum problema, eram sempre as primeiras a se prontificar para ajudar.

--Foram quinze anos de reinado, certo?- ela perguntou de cabeça baixa. Ele não percebeu que ela segurava as lágrimas, estava tão perdido em pensamentos.

--Não me lembro muito bem, mas deve ter sido mais de dez.- ele disse dando de ombros.- A questão é, que se Helena voltou para sua casa depois do reinado, deve ter sido depois que nós voltamos para nosso mundo. E pelo o que eu entendi do que o anão contou, se passaram 1.300 anos aqui em Nárnia. Bom, ela pode ter voltado em qualquer dia de qualquer ano, pode ter voltado há cem anos atrás, ou há cinquenta, ou talvez na semena passada. Ou até...

--Mil e trezentos anos atrás?- perguntou Irina.

--Sim, ou até mil e trezentos anos atrás.- respondeu Edmundo fitando curioso a face dela.

Então, ela caiu. Caiu da beira do precipicio que estava vivendo há anos. De um lado estava a esperança, o sonho e do outro havia a queda da verdade. A queda que ela tanto temia. Não que ela tivesse pensado naquela hipótese, mas temia aquela queda. Ela sabia que a queda ia ser pior que o outro lado. E agora estava caindo. Caindo rapidamente e não havia ninguém para segurá-la. Não queria mais ficar em Nárnia. De que adiantaria? Helena poderia estar viva, mas também poderia estar morta. E as palavras tão bem ditas, tão seguras e tão firmes do moreno, mais pareciam que afirmavam do que sugeriam aquela hipótese. Teria que voltar para casa. Mas por quê? Para quê? Mesmo se contasse, sua mãe não acreditaria. E se acreditasse, o que seria um milagre, só iria piorar a situação emocional da mulher. E Irina teria que se casar com um homem que mal saberia o nome. E se ficasse em Nárnia? Teria que aprender a sobreviver, sozinha. Ah... sozinha. Mais uma vez, ou será que sempre foi assim?

Ela só percebeu que não só havia caído por dentro, como também havia caído por fora, quando sentiu braços em torno de si. Ela soluçava constantemente. Juntou os braços ao peito e afundou o seu rosto no peito dele. Edmundo não sabia bem o que fazer. Nunca esteve em uma situação tão delicada. Bom, poderia ser exagero, mas a garota era delicada. Ah sim.. tão desastrada com os pés, mas tão delicada por dentro. Como se fosse feita de cristal. Levou uma mão a cabeça dela e passou a afagar seus cabelos.

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Edmundo não disse nada. Não sabia o que dizer. Sentiu-se mal. Ah sim! Ele que disse tudo aquilo! Ele que causou tudo aquilo. Poderia ter evitado, poderia ter omitido ou deixar a hipótese guardada por mais algum tempo, mas achou que era o momento para dizer. Sentiu que enganou a si própio.

--Como... por que ela? Por que Helena?- ela dizia entre o choro.- Ela... a única que me... entendia. Ela... me ensinou... a sonhar... minha irmã...- e voltava a soluçar.

O único barulho ouvido era o sussurrar do vento, o dançar das folhas e os soluços baixos da loira que sentia seu sonho ruir.

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--Lúcia? Irina? Estão acordadas?- perguntou Susana baixinho.

--Uhum.- respondeu Lúcia.

A fogueira ainda estava acesa. Distribuia seu calor para aqueles que estavam ao seu redor. Os reis dormiam. Lúcia e Irina ficaram acordadas admirando o céu. Não havia muitos galhos atrapalhando a visão naquela clareira. Quando Irina se acalmou, percebeu que ainda estava sendo abraçada. Afastou-se delicadamente do moreno com as faces coradas. Tinha o nariz e os olhos vermelhos. As bochechas tinham a marca seca das lágrimas que haviam escorrido.

--Acho melhor voltarmos.-ela disse com o rosto abaixado.

Ele levou uma mão ao rosto dela e ela não resistiu ao toque macio. Suspirou baixinho.

--Vai ficar bem?- ele perguntou preocupado.

--Claro. Eu sempre fico.- ela disse com a voz monótona, mas a verdade é que ela nunca ficava bem. Ela só fingia que sim.

Ela tocou em sua mão e a retirou um pouco relutante. Estava corada pela aproximação, mas era bom. Muito bom. Ela se levantou e ele também. Voltaram em silêncio. Quando chegaram, ninguém fez pergunta alguma. Susana e Pedro desconfiavam de que Edmundo havia dito toda a verdade para Irina. O jantar fora em silêncio absoluto. Então depois todos decidiram ir dormir. A floresta era calma demais e N.C.A garantiu que poderiam dormir tranquilos. Mas Susana não conseguia parar de se remexer, algo em si a incomodava. N.C.A também não pregava o olho. Estava querendo ficar as primeiras horas de olho na floresta, para se certificar se era realmente seguro. Não que ele não confiava na floresta, a sua era realmente segura. Mas estava muito longe da sua. E bom, pelo menos, antigamente, as florestas de Nárnia eram seguras.

--Por que será que eu não vi o Aslam?- perguntou Susana apoiada em um cotovelo.

Lúcia se apoiou em um cotovelo também, para ver melhor o rosto da irmã. Irina continuou a olhar as estrelas.

--Acredita em mim?- perguntou Lúcia confusa.

--Bom... é. Atravessamos o desfiladeiro.- disse Susana um pouco envergonhada.

--Eu não sei...- respondeu Lúcia sincera depois de um tempo.- Talvez você não quisesse ver.

Susana sorriu de lado. É... talvez a irmã tivesse razão. Talvez Susana... não queria ver.

--Você sempre soube que voltaríamos.- comentou Susana.

--Eu desajava isso.- explicou Lúcia.

A morena deitou-se novamente, colocando um braço atrás da cabeça e olhava para o céu, mas não o admirava.

--Eu tinha acabado de me acostumar com a ideia de morar na Inglaterra.

--Mas está feliz de estar aqui, não está?

--Só enquanto durar.

Lúcia abaixou o olhar um pouco tristonha. Como a irmã pode estar tão desanimada daquela forma? Estavam em Nárnia! Em casa! De volta! Por que estava daquele jeito? A pequena voltou a se deitar. Susana estava feliz. Claro que estava. Mas tinha medo. Sentia que no fundo, eles voltariam para a Inglaterra como da primeira vez. E ela não queria ir embora. Mas não havia outra escolha. Sim, ela estava tentando evitar aquela felicidade que estava em seu íntimo. No final, ela teria que ir embora. E ela não queria sofrer novamente.

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No silêncio do amanhecer sereno, um grunhido passou pelos ouvidos de Lúcia. Um grunhido familiar. A pequena abriu os olhos e se sentou calmamente com os ouvidos atentos. Talvez tivesse sido somente uma impressão. Mas então, o grunhido se repetiu. Ela se levantou e viu que os raios do sol indicavam uma trilha que subia por trás de uma árvore.

--Lúcia?- uma voz disse baixinho.

A pequena se virou e viu Irina sentada, com os olhos ainda meio fechados por conta da claridade. Ela obserava Lúcia curiosa e atenta.

--Eu...- o grunhido se repetiu.

--Você ouviu isso?!- perguntou Irina arregalando os olhos e olhando ao redor.

Lúcia riu do desespero da garota.

--Venha comigo Irina.

--Mas e os outros...

--Rápido! Não podemos perder mais tempo!- disse Lúcia e saiu correndo.

--Lúcia! Espera!- disse Irina se levantando meio enrolada por conta do vestido e saiu correndo atrás da pequena, não sem antes se levantar do tombo que teve por pisar na barra do vestido. - Lúcia! Onde está?! Volte aqui, pode ser perigoso!- disse Irina meio baixinho, não queria chamar a atenção do dono do grunhido.

--Aqui!- gritou Lúcia a alguns metros.

--Não pode sair assim correndo! Pode ser perigoso!- ralhou a loira.

--Shh... olhe.- disse Lúcia virando o rosto para todos os lados.

--O quê?! O quê?! É o monstro?!- perguntou Irina olhando para os lados freneticamente.

--Não!- disse Lúcia segurando o riso.- As árvores...

Estavam lindas. Sim. Lindas. A luz do sol iluminava-as mostrando seus troncos finos, médios e grossos. Os galhos e as folhas se balançavam suaves e lentos.

--Não está ventando...- disse Lúcia.- Elas estão se mexendo... sozinhas.

Irina não disse nada. Somente continuava a admirar tal lugar que lhe prendia a atenção. Então, a loira e a pequena continuaram a andar e sentiram algo mexer em seus cabelos. Não era vento. Era algo delicado, mas ao mesmo tempo era controlado. O vento não é controlado, ele flui pelo ar assim como a água entre as pedras de um riacho. De repente, pétalas de flores voavam ao redor delas e quando elas subiram para o ar, formaram o corpo de uma mulher. Ela riu e logo se desfez. Lúcia tinha um sorriso assombroso, assim como Irina. Uma reencontrava um sonho. A outra encontrava o sonho. Então a mulher de flores voltou. As árvores detrás, começaram a se mexer e abriram um outro caminho. Lúcia e Irina continuaram a andar ainda admiradas. Mas Irina... sem dúvidas, estava mais surpresa. Era exatamente... como um sonho. O seu sonho.

--Lúcia...- uma voz grave ecoou.-Lúcia...

Antes que Irina pudesse dizer algo, a pequena já havia saído correndo para longe. Irina revirou os olhos. Passaram por uma, duas, três arvores e quando Irina alcançou Lúcia, após dobrar uma pedra, encontraram ele. Ele. O leão. A loira ficou estática como da outra vez. A pequena por outro lado, não se intimidou e foi ao encontro do grande e poderoso leão. Lúcia encostou seu rosto no rosto do leão e passava a mão carinhosamente no focinho do leão.

--Que saudade de você.- ela disse e se afastou para visualizar melhor o rosto do leão.- Você cresceu!

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--A cada ano que você crescer, maior eu parecerei!- ele disse com a voz grave e mansa.

Ela sorriu rapidamente ao ver que o leão, ainda tinha bondade em seus olhos e exalava a sua confiança e força de sempre. Mas logo seu sorriso sumiu.

--Por onde andou? Por que não veio nos ajudar?

O leão abaixou o olhar, meio constrangido pela pergunta talvez, mas logo voltou a sorrir. Não queria magoar a menina, mas não era tão fácil explicar.

--Nada acontece duas vezes da mesma maneira.

Ela o olhou questionadora. Mas antes que pudesse formular algum pergunta... CRAC!

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Lúcia abriu os olhos e percebeu que aquela era a primeira vez que os abria naquela manhã. A fogueira já estava apagada. Sentou-se calmamente e digerindo a ideia de que tudo fora apenas um sonho. De repente, soube como Irina se sentiu. Olhou para a loira que estava adormecida ao seu lado, mas mexia os lábios e tinha as sobrancelhas juntas e fazia uma careta. Lúcia ouviu um barulho. Virou-se para Susana e viu a irmã dormindo profundamente.

--Susana! Acorda!- a pequena mandou.

--Ahm? O que você quer Lúcia?- murmurou Susana se virando de bruços para dormir.

O barulho se repetiu. Lúcia não pode mais se aguentar, levantou-se e andou pelo mesmo caminho que viu em seu sonho.

--Não!- gritou Irina sentando-se rapidamente.

Que sonho mais estranho, ela pensou enquanto coçava a orelha direita e controlava sua respiração. Então, lembrou-se do que o leão lhe disse. Hora de acordar, Lúcia precisa de ajuda, ele disse. Irina virou-se para ver se Lúcia estava bem e levou um grande susto ao ver que a pequena não estava ali.

--Lúcia?! Lúcia!- ela começou a gritar em pé.

Andou até o rei mais jovem, ajoelhou-se e começou a sacudi-lo.

--Edmundo! Edmundo! Acorde!

--O quê?- ele grunhiu abrindo os olhos. Sorriu quando viu o par de olhos verdes.- Bom dia Irina, tudo bem?

--Lúcia desapareceu!- ela gritou.

O moreno abriu os olhos mais ainda e se levantou rapidamente, olhando para onde estava sua irmã na noite passada e ficando preocupado ao ver que não tinha nada. Ele foi até o irmão mais velho e o sacudiu até o loiro acordar. Irina fez o mesmo com Susana.

--O que houve?!- perguntou Susana mal humorada.

--Onde está Lúcia?- perguntou Pedro olhando para Irina.

--Eu não sei! Eu acordei e quando vi ela havia sumido!- disse Irina nervosa e passando as mãos pelos cabelos.

--Ela sumiu mesmo? Ou alguém a raptou?- Pedro questionou.

--Como?

--Pedro! Agora não!- murmurou Edmundo.

--O que houve?! Sabem onde ela possa ter ido?!- perguntou Irina preocupada.

--Você não sabe?

--Mas eu não a vi saindo!- ela gritou desesperada. Por que estavam enrolando tanto?!

--Bom, talvez...

--Não foi ela Pedro! Não foi ela!- gritou Edmundo nervoso, queria encontrar logo a irmã.

--Como pode saber?- ele perguntou neutro, mas também estava nervoso.

--Ela não sabe! Como pode falar isso?! Ela nem sabe!

--Você não...

--Não! Agora temos que encontrar Lúcia! Vá atrás dela! Rápido!- ele gritou nervoso e empurrando o irmão para a floresta.

O loiro pegou suas armas rapidamente e correu sem dizer mais nada.

--Susana, acorde N.C.A por favor.

A morena assentiu e foi para perto do anão. Edmundo começou a se aprontar, mas seus dedos estavam tremendo.

--Está tudo bem?- pergntou Irina se aproximando.

--Sim.- ele simplesmente disse tentando amarrar a corda na cintura.

Irina pegou nas mãos do moreno e as afastou. Ele não a deteu quando ela pegou a corda e a amarrou com cautela.

--Obrigada.- ele disse.

--Do que Pedro estava falando?

--Nada.

--Parecia ser muito mais do que nada.- ela disse com o rosto meio triste.

Não era nada bom ver que as pessoas ao seu redor, as únicas em que confiava naquele momento desconfiavam de você.

--Não se preocupe Irina. Não é nada. Pedro está um pouco... perturbado.- Edmundo disse com as mãos no rosto da loira.

Ela assentiu com o olhar baixo e ele se aproximou dando um beijo na testa. Ela corou e ele se afastou mais corado ainda por tanta ousadia.

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As árvores estavam como antes. Tão paradas e tão frias. Não havia vento e elas continuavam sem se mexer.

--Acordem...- pediu Lúcia tocando em um tronco.

Nada aconteceu. Lúcia continuou a caminhar tentando achar aquele caminho de seu sonho. Talvez conseguisse encontrar Aslam... mas sem o caminho que as árvores lhe proporcionavam, era fácil se perder. Continuou a ouvir barulhos distantes. Passos pesados e grunhidos altos.

--Aslam?- ela perguntou com um sorriso desenhado na face.

Então, sentiu algo lhe tapar a boca e lhe puxar para trás. Tentou tirar a mão de sua boca, mas era muito mais forte e o grito ficou entalado em sua garganta. Então, quando ela estava atrás da moita, viu o rosto do irmão preocupado. Relaxou um pouco e ele tirou a mão, permitindo que ela pudesse respirar. Olhando por cima das folhas, viram a cabeça de um minotauro subindo através das árvores. Pedro pediu silêncio com um dedo sobre os lábios. Se afastou da irmã e retirou a espada com todo cuidado, apesar do barulho das espada ter deslizado foi impossível ter impedido. Então, o loiro se aproximou com a espada em mãos, se aproximou mais um pouco, e mais um pouco...

Então outro homem surgiu batendo na espada de Pedro com outra. O loiro afastou a cabeça com o repentino susto, mas logo se recuperou. O outro homem, um moreno alto e forte, com os cabelos compridos até o queixo, voltou a atacar com a espada por cima. O loiro defendeu e o moreno tentou bater por baixo, mas o loiro defendeu novamente. Rapidamente, o loiro bateu no rosto do moreno com o cotovelo e com a distração do mesmo, o loiro levantou a espada para cima e quando ia atacar, o moreno se defendeu com a espada novamente. As espadas se encontraram mais uma vez em cima e o loiro focou a espada do moreno jogando-a para longe. Girou a espada por cima da cabeça tentando atacar o moreno duas vezes seguidas. Na segunda, o moreno se abaixou e a espada se cravou em um tronco. O moreno se levantou e empurrou o loiro para trás. Voltou-se para a espada, tentando retirá-la enquanto o loiro pegava uma pedra maior que sua mão pelo chão. O loiro se levantou e com a pedra na mão, pronta para bater na cabeça do moreno...

--Não! Parem!- uma voz aguda e infantil soou alto pelo local.

O moreno e o loiro olharam para o lado e viram uma pequena menina, com um vestido vermelho e a face preocupada e assustada, parada sem nenhum vestígio de armas para se defender. Pedro olhou reprovador para a irmã. Ela não poderia se expor desse modo! Mas então, ele ouviu outros passos e outros barulhos e quando se virou para trás... que bela surpresa! Os narnianos! Centauros, lobos, faunos, minotauros, onças, anões e um texugo. Pedro se voltou para o moreno, que já estava com sua espada em mão e a apontava para seu rosto.

--Princípe Caspian?- perguntou Pedro incrédulo e olhando mais atentamente para o rosto do moreno.

--Sim, mas quem são vocês?- ele perguntou.

--Pedro!- alguém gritou e viraram-se novamente para onde a pequena estava.

Logo, surgiu mais duas garotas, mais um garoto e mais um anão atrás. O garoto tinha a espada em mão e a morena do vestido roxo tinha um arco em mãos. O anão olhou impressionado para os narnianos, não esperava vê-los ali. O moreno voltou a olhar para a espada que tinha em mãos. Além de palavras escritas na lâmina, o cabo dela tinha uma cabeça de leão feita de ouro.

--Grande Rei Pedro.- ele deduziu.

--Eu creio que nos chamou.

--Chamei mas... pensei que fosse mais velho.- ele disse sem arrogância na voz, estava realmente surpreso, mas o loiro achou que fosse outra coisa.

--Se preferir, podemos voltar daqui a alguns anos...

--Não!- o moreno disse rapidamente.- É que... não são bem o que eu esperava...- ele disse olhando para cada um e chegou a voltar seu olhar para a morena de vestido roxo, olhos claros e lábios carnudos. Oh céus... ela era linda.

--E nem vocês.- o outro garoto disse erguendo uma sobrancelha e olhando de relance para um minotauro.

Pelo o que se lembrava, minotauros, assim como lobos, gigantes e anões, trabalhavam para a Feiticeira Branca alguns séculos atrás.

--O inimigo comum une até os inimigos mais antigos.- disse um texugo.

N.C.A cracou sua espada no chão. Conhecia muito bem o texugo e chegava a ficar cansado de suas frases de efeito.

--Aguardavamos ansiosamente seu retorno soberano.- disse um rato em pé, grande demais para ser um rato.- Nossos corações e espadas estão ao seu dispor.- ele disse fazendo uma reverência. O loiro sorriu com as palavras e respeito do rato.

--Olha só, ele é tão fofinho!- sussurrou Lúcia para Irina e Susana.

--Quem disse isso?!- perguntou o rato subitamente com a espada em punho.

--Desculpe.- disse Lúcia envergonhada.

--Oh... majestade!- o rato disse abaixando a espada e fazendo uma reverência.- Com todo o respeito, eu acredito que gloriante, garboso ou galante sejam adjetivos melhore para um cavaleiro de Nárnia.- ele disse e guardou sua espada.

--Bom, pelo menos alguns sabem como empunhar uma espada.- disse Pedro.

--Certamente.- o rato disse e o moreno fez uma careta com as palavras do rei que sabia que foram indiretas.- E há algum tempo consegui juntar algumas armas para o seu exército senhor.

--Ótimo.- ele se virou para o príncipe.- Porque precisaremos de todas as armas possíveis.

--Então, é provável que queira a sua de volta.- ele disse devolvendo a espada para o loiro.

Pedro pegou sua espada de volta. Revirou os olhos e virou-se para ir a frente de todos. Afinal, ele era o Grande Rei Pedro, o Magnífico.

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--Então, como eles são?- perguntou o texugo para N.C.A depois de algumas horas de caminhada.

--Descontentes e resmungões. Teimosos feito mulas pela manhã.

--Então gostou deles?- perguntou outro anão de barba negra e cara feia.

--Bastante.- disse N.C.A depois de pensar um pouco.

Lúcia sorriu com as palavras do anão. Afinal, eles que eram bastante mal humorados e quase nunca demonstravam o que sentiam. Foi uma surpresa para a pequena. Sem dúvidas.

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--Narnianos! Vamos parar por alguns minutos. Bebam se estão com sede, comam se estão com fome, descansem se estão exaustos. Voltaremos a andar em trinta minutos.- a voz do centauro ecoou lá da frente, ao seu lado estavam o rei Pedro e o príncipe Caspian.

Os narnianos suspiraram com contentamento. Alguns retiraram pedaços de bolo, biscoitos de bolsas e outros pegavam garrafas com água e outros bebiam vinho. Lúcia se juntou a Susana e as duas se sentaram em algumas pedras e começaram a conversar sobre os narnianos e sobre o príncipe. Susana olhava sempre para o moreno atraente, de pele bronzeada, nariz meio reto e olhos extremamente escuros. Pedro, Edmundo, Caspian e o centauro debatiam sobre o lugar que iam. Irina ficou sozinha, meio deslocada. Queria conversar com Lúcia ou Edmundo sobre o sonho, mas pareciam ocupados demais para ficar ouvindo o sonho de uma garota qualquer. Ela suspirou. Sentou-se em um tronco e apoiou o rosto com as mãos.

--Está se sentindo bem?- perguntou alguém próximo da loira.

--Sim, eu só...- quando ela se virou, mas que surpresa!

Um texugo. E ele falava! Um animal que falava! Céus! Ela havia estado tão fascinada no centauro que andava a sua frente, que esqueceu de observar o resto. Mas não havia como não admirar aquela criatura fascinante de quatro pernas e corpo de homem. Seu rosto era sério e transmitia uma sabedoria que fazia com que você se sentisse tão inferior! E obviamente, era uma criatura que de longe, você teria que ter respeito. Muito respeito.

--O que houve? A senhorita está bem?- voltou a perguntar o texugo vendo o susto estampado nos olhos da loira.

--Sim, eu... estou bem. Obrigada.- ela disse sorrindo e observando o animal a sua frente.

Ele era adorável! Apesar de ter uma cara muito séria, mas era ao mesmo tempo acolhedora. O texugo assentiu sorrindo de lado e começou a andar, a loira percebeu que estava mancando.

--Ahm.. o senhor está bem?- ela perguntou preocupada.

--Ah... claro! Foi apenas um acidente.- ele disse.

--Não gostaria de se sentar?- ela perguntou dando espaço no tronco.

--Oh.. obrigada.-ele disse e se sentou com as mãos juntas no colo.

--O que houve com o senhor para andar assim?

--Ah... uma flecha de um telmarino.

Irina engoliu em seco.

--E o senhor já melhorou? Não há... riscos de morte, não é?

--Ah não! Eu já estou muito melhor, obrigada. E diga-me, qual é o seu nome? Não me lembro de você nas histórias dos Grandes Reis e Rainhas.

--Ah não... eu só os conheci agora. Meu nome é Irina Dorleac.

--Dorleac? A senhorita é irmã de Helena Dorleac?

--Sim.- a menina abaixou o olhar.

--Ah Helena... uma ótima garota e guerreira. Sem dúvidas.

Irina levantou o olhar surpresa.

--Conhece?

--Claro! Como poderia esquecer alguém como ela?

--O senhor... o senhor sabe onde ela possa estar? E... ela está viva?

--Caça trufas!- disse alguém embaixo.

Quando olharam para o chão, encontraram o rato, Ripchip com a mão no cabo da espada e em pé olhando atentamente para o texugo.

--O que houve Ripchip?

--Sua majestade, o Grande Rei Pedro deseja falar com você.- o rato disse.

--Oh... bem, eu tenho que ir.- disse o texugo olhando para a loira que tinha um desespero dentro de si. Por que justamente naquele momento precisavam falar com o texugo?!

--Posso conversar com o senhor depois?

--Claro!- ele disse saindo do tronco e sorrindo amigavelmente para a loira.- Com licença senhorita.

Ela assentiu. O rato subiu no tronco e começou uma conversa que tinha tudo para ser interessante, se Irina não tivesse os pensamentos focados em outro assunto. Helena.

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--Sim, majestade?- perguntou o texugo se aproximando do loiro.

Estavam afastados do centauro, Edmundo e Caspian. O loiro se ajoelhou e fitou atentamente o olhar do texugo.

--Caça-trufas, correto?

--Sim senhor.

--Pelo o que eu me lembro, vocês texugos nunca esquecem.

--É nosso dever sempre lembrar majestade.

--Então deve se lembrar da guerreira de Nárnia? Helena Dorleac?

--Inesquecível majestade!

--Ótimo, se lembra de tudo? Absolutamente tudo?

--Sim majestade.

--Sabe aquela garota?- o loiro apontou para Irina e o texugo olhou a loira sorrir conversando com Ripchip.

--Ela é realmente a irmã de Helena?

--Sim, mas não sei se é confiável.

--O senhor acha que...- virou-se o texugo perguntando incrédulo.

--Não sabemos.- interrompeu o loiro.- Mas é bom prevenir. Ela diz não saber de tudo o que aconteceu na época da Feiticeira e nem da irmã. E vou precisar que ela continue sem saber.

--Majestade?- perguntou o texugo confuso.

--Felizmente, nem todos os narnianos se lembram da história completa. Provavelmente, somente eu e meus irmãos, os centauros, ainda que seja um pouco difícil e você. Não pode contar para ela nada.

--Mas senhor...

--É uma ordem Caça-trufas. Na hora certa, ela saberá.

--Mas por quem?

--Pela pessoa que tiver coragem de relembrar essa história. Mas não deve ser você. Compreendido?

--Sim majestade.- disse o texugo reverenciando e se afastando.

Pedro se levantou e suspirou. Sua mente estava tão doída de tanto pensar. Ou ela sabia da história e fingia não saber, ou realmente não sabia. Mas o loiro não acreditava na segunda opção. Não podia sair confiando em todos que vissem como fez da primeira vez. Isso era muito arriscado. Suspirou mais uma vez e voltou a se juntar com Edmundo, o centauro e o príncipe. E para aumentar sua dor de cabeça, tinha que tomar cuidado mais uma vez. Quem poderia garantir que o telmarino era de confiança? A verdade que o loiro não conseguia ver, era que o moreno estão tão assustado e nervoso quanto ele mesmo.

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