E Se...?

Capítulo 6


Acordei em um lugar que não conhecia. Estava em um campo completamente deserto, deitada na grama verde e macia. Flores rosas e violetas cheias de orvalho ao meu lado faziam contraste com alguns arbustos ali perto.

Havia um espelho jogado no chão ao meu lado. O peguei, curiosa, e me contemplei sorrindo. Meu cabelo estava preso em uma trança lateral bagunçada e havia um arquinho no meu cabelo. Batom rosa claro e blush da mesma cor estavam na minha pele. Olhei para baixo para ver minha roupa. Estava com um lindo vestido branco e solto que combinava com as sapatilhas da mesma cor. Porque estava vestida assim? Porque eu estou aqui?

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Senti passos se aproximarem, mas antes que pudesse ver quem era, mãos tamparam minha visão.

– Quem é? – perguntei.

– Adivinha?

– Pedro! – exclamei me virando e o abraçando.

– Senti sua falta, branquinha.

– Também senti a sua!

A cena se dissolveu e tudo ficou escuro. Aos poucos fui retomando os sentidos e a noção de onde estava. Era isso... Tudo não havia se passado de um sonho. Me espreguicei, antes mesmo de abrir os olhos, e constatei que não estava em minha cama. Estava deitada em alguém.

Abri os olhos bruscamente procurando a minha “cama de aluguel” e levantei o olhar. Tomás estava ali, dormindo feito um bebê. As lembranças do que aconteceu ontem voltaram em minha mente. Tomás acreditava em mim e eu tinha um dos meus amigos de volta.

– Tomás! – o cutuquei depois de me levantar.

– Só mais cinco minutinhos, mãe!

– Tomás! – falei impaciente.

– Deixa eu dormir! – ele falou com a voz embargada causada pelo sono.

– Tomás, o Jonas no porão! – gritei.

O moreno tentou levantar rapidamente, o que fez com que ele caísse do sofá. Ao constatar que tinha apenas eu e ele no porão, me olhou com uma cara zangada, me fazendo gargalhar. Tomás começou a gargalhar também e quando nos demos conta, ambos estavam quase chorando de tanto rir.

– É melhor a gente subir – ele disse após se acalmar.

– Você vai ficar comigo hoje? – perguntei como uma criancinha indefesa que precisa de proteção.

– Vou, Alice – ele disse revirando os olhos.

– Obrigaaada! – disse, do mesmo modo em que falava o “chaataa” pra Roberta e logo depois dei um abraço de urso no Tomás.

– Vamos? – perguntou estendendo o braço.

– Vamos! – respondi envolvendo meu braço no dele.

Nos separamos ao chegar na escada e subimos dando gargalhadas da nossa maturidade. Chegamos na Sala Principal e assim que chegamos Diego disparou feito uma bala para me abraçar.

– Alice! Eu estava preocupado – ele me soltou – Pera... Você está com a mesma roupa de ontem! E você também, Tomás.

– E-eu... – gaguejei enquanto sentia minhas bochechas esquentarem.

– Vocês passaram a noite juntos? – Diego perguntou, quase berrando, trazendo a atenção de alguns estudantes.

– Não! – neguei na mesma hora que Tomás dizia “Sim” – Quer dizer, passamos... Mas não desse jeito que você tá pensando.

– E o que fizeram a noite toda?

Meus olhos procuraram o olhar de Tomás, procurando apoio e quando ele estava quase abrindo a boca para responder, alguém o interrompeu. Do outro lado do salão, com mechas roxas e olhos vermelhos, Roberta batia palmas desdenhando a cena.

– Mal terminou com um e já tá pegando o outro, Alice? – debochou.

Meu olhar percorreu pela sala e percebi que todos nos encaravam. Vitória com nojo, Pedro com desprezo, Carla espantada e Marcinha com medo. Outros alunos cochichavam, outros somente estavam com as sobrancelhas erguidas esperando barraco. Olhei pra Diego e vi decepção em seus olhos.

Comecei a correr. Fugir o mais rápido que podia pra bem longe dali. Cheguei nos jardins e acabei tropeçando, fazendo com que minha saia branca ficasse completamente suja. Ali, afastada de todos abracei meus joelhos e comecei a chorar sem medo de ser ouvida.

A grama fazia barulho, indicando que alguém se aproximava. Rapidamente enxuguei as lágrimas e virei a cabeça. Tomás parou na minha frente, e depois de todos aqueles olhares incriminadores para mim, finalmente alguém olhava pra mim preocupado e transmitindo segurança.

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Sorri de leve, indicando que tudo estava bem e Tomás se sentou ao meu lado, passando os braços nos meus ombros. Logo escutamos alguém se aproximando e nos levantamos em um salto. Ao reconhecer a morena que vinha ao nosso encontro meu queixo caiu. Ela estava mesmo ali?

– Eu acredito em você – ela disse sorrindo enquanto corava.