A História De Sally Jackson

Capítulo 20 - Decisões Importantes


Assim que entrou no apartamento, Sally deparou-se com Calyce e Dalila sentadas no sofá. Ela não tinha para onde fugir, o lugar era pequeno, poderia se trancar no banheiro, mas seria muita infantilidade de sua parte. Ir embora também não era a coisa mais lógica a se fazer, lá fora havia um homem completamente maluco se achando o deus dos mares.

Não havia escapatória.

Dalila foi a primeira a falar, ela queria explicar que suas intenções eram apenas para ajudar a amiga naquele momento, também que aquela gravidez era mais séria do que ela imaginava, por isso Calyce estava ali para contar toda a verdade.

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Inicialmente, Sally estava firme em sua descrença referente aquela história. Então Calyce não viu outra saída senão revelar sua verdadeira identidade, e assim o fez. Diante dos olhos de Sally ela mostrou sua verdadeira imagem como filha de Anfitrite e Poseidon.

Como Dalila não ficou assombrada com aquela revelação, Sally concluiu que ela já sabia de tudo. Mas ainda assim, era difícil depositar confiança em pessoas que se nomeia deuses.

— Todos estão loucos.

— Não Sally, não somos loucos. — Dalila respondeu.

— Como assim, não somos? O que você quer dizer com isso Dalila? — Sally inclinou sua cabeça, cansada de se fazer forte na frente dos outros. Suas forças desabavam naquele momento, mas ainda seria arruinada dali em diante.

— Recentemente descobri minha verdadeira identidade. Sou filha de Anfitrite.

— Não me diga que você esta confabulando com essas pessoas desde o inicio. — Sally deu uma risada nervosa. — É filha de Poseidon também por acaso?

— Não, não sou. Ele é, como diz, meu padrasto ou algo assim. — Dalila não mudou sua imagem, como fez Calyce que agora vestia um curto vestido branco e seus cabelos encaracolados caíam sobre seus ombros largos. Os olhos mudaram de cor também, um tom amarelado e o rosto tão fino e liso como porcelana. Seu corpo, não parecia com o de uma mulher gravida, talvez porque ainda era recente a gravidez. Ela era ainda mais bonita do que antes.

— Eu não quero saber o que está acontecendo aqui, vou embora. Ficar longe de vocês.

Sally desesperou-se, procurou por suas malas, estava decidida a ir embora daquele lugar.

— Por favor, nos escute. — Calyce insistiu, enquanto Sally enfiava suas roupas dentro da bolsa, de qualquer jeito. — Seu bebê, ele corre perigo.

— O que vocês querem com o meu bebê? — Sally afastou-se o quanto pode das duas, grudando o corpo na parede, tentando proteger a barriga instintivamente. Como qualquer mãe faria ao sentir que seu filho esta em perigo.

— Nós não faremos nada. Mas há quem deseje fazer algo ruim. — Calyce suspirou. — Eu sei que está com medo e assustada. Mas precisa confiar em nós. Podemos ajudá-la, podemos proteger a criança de uma forma que você não poderá.

Sally caiu sentada no chão, encolhendo-se com medo. Ela chorou, não sabia se devia confiar em Calyce, Dalila. E a imagem de Poseidon aparecendo diante de seus olhos era ainda mais chocante.
Então Calyce aproveitou o momento para revelar toda a história, e como a gravidez de Sally era perigosa para ela e para o bebê. Se tudo o que ela dizia era verdade, Sally temeu por suas vidas.

— Você tem duas opções, Sally. — Dalila sentou-se no chão, ao lado da amiga. — Precisa fazer uma escolha difícil, mas se o fizer com sabedoria, poderá salvar a vida da criança.

— Isso mesmo. — Calyce já havia voltado para sua forma anterior. Ela usava uma calça de ginástica e top, tênis e cabelos presos, como se tivesse acabado de sair da academia. — Você é um alvo em potencial. Se alguém descobrir sobre essa gravidez, poderá ser fatal.

Sally não estava mais raciocinando com a razão, mas se seu filho corria perigo de morte, ela não poderia deixar que quem quer que fosse, matá-los. Ela limpou as lágrimas, olhou para Dalila que, apesar do sorriso, estava com um semblante sério.

— O que eu devo fazer? Quais são essas opções que tenho? Não devem ser muito boas, já que alguém lá fora poderá me matar.

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— Você poderá viver com seu filho, mas sempre haverá o perigo dele ser encontrado. E quando a hora chegar, poderá mandá-lo para o acampamento meio sangue.

— Acampamento meio sangue? — Sally repetiu e Calyce concordou com um aceno de cabeça.

— Sim, isso mesmo. Lá ele poderá conviver com outras crianças iguais a ele.

— Outras iguais?

Calyce girou os olhos, cansada de ouvir Sally repetir o que ela dizia.

— Sally, eu fui convidada a trabalhar no acampamento. — Dalila disse. — Posso ficar de olho na criança.

— Mas eu poderei ir também?

— Não. — Calyce disse seriamente. — Algumas crianças passam apenas o verão lá, mas há casos de crianças que moram lá o ano inteiro. Geralmente quando seus pais humanos não os desej...

Calyce não terminou a frase, se ela quisesse que Sally aceitasse aquela oferta, ela não poderia dizer que crianças meio-sangues são também deixadas por seus pais mortais, e muitas vezes sequer chegam a colina.

— E como eu vou poder cuidar do meu filho ou filha se ele estará nesse acampamento? O que irei fazer? Ele vai poder me visitar? Vai poder saber quem são seus pais?

— As crianças são reclamadas por seus pais e mães deuses, quando esses os desejam fazer. Sua criança não poderá saber a verdade, pelo menos até ser reclamada, no caso, por Poseidon.

— Mas ele pode fazer isso, não pode? Se o fizer, ficará tudo bem.

Dalila e Calyce se olharam.

— Você precisa pensar que, a criança ficará salva, nada ruim acontecerá.

— Não, não. Eu não acredito nisso. — Sally balançou a cabeça, ela sentiu uma vertigem, mas tentou ser forte naquele momento. — Há alguma coisa que não estão me contando. Eu não posso simplesmente abandonar meu bebê.

— Se você permanecer com ele, na cidade, a criança vai crescer e coisas diferentes vão acontecer a ela. Não estarão seguros.

— Eu não abandonarei essa criança. — Ela disse finalmente.

— Sally, você não pode lutar contra essas coisas. — Dalila tentou convencê-la e Calyce completou.

— Eles vão sentir o cheiro da criança. Ela não é uma humana normal, assim como você, que vê através da névoa.

Sally se levantou, apesar de tudo o que ouviu, não poderia deixar de seguir o que seu coração de mãe gritava dentro de seu peito. Ela limpou o rosto com lágrimas e respirou fundo.

— Não me importo com isso. Terei meu bebê e irei protegê-lo, não importa o que eu tenha que fazer. Mas não irei abandoná-lo. Jamais, nem que precise morrer para isso. — Sally virou-se para Calyce. — Me diga o que você faria no meu lugar. Está grávida, já deve sentir em seu coração a ligação com o bebê crescendo dentro de você.

Calyce endureceu a face e fechou os olhos por um instante, tomando fôlego.

— Eu farei o que deve ser feito. A criança não me pertence após seu nascimento. Ela será entregue ao pai mortal, para ser criada por ele.

— Ele sabe quem você é?

— Não, ele não vê a verdade como você. Ele é um pescador. — Calyce riu, viajando em suas lembranças. — Um simples pescador. Eu o conheci há um ano, desde então... bem, ele não sabe a verdade. Não sabe que estou esperando um filho, vai ser um choque eu acho.

— Como pode abrir mão do seu filho dessa forma? — Sally indignou-se.

— Eu farei o que deve ser feito. Não pense que isso não dói em mim, como esta doendo em você. — Calyce virou-se e partiu.

— Sally, pense bem no que esta fazendo. — Dalila disse. — Mas não importa a escolha que fizer, eu vou te apoiar. — Ela abraçou Sally, que se aconchegou nos braços da amiga.