A História De Sally Jackson
Capítulo 15 - Relação de pai e filha
Poseidon havia acabado de conversar com seu irmão, Zeus, sobre os acontecimentos gerados por Cassiopeia na Terra. Ela seria punida, tal como deveria ser. E assim, a suposta culpa colocada em suas costas sobre o ataque do monstro marinho foi retirada.
Calyce o acompanhava pelo corredor, ouvindo o resmungar do deus dos mares. Poseidon não estava satisfeito com a forma ridícula que Atena referiu-se a ele, enquanto debochava de seu ato heroico para salvar duas mortais.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!E foi só falar nela, que a mesma apareceu diante de seus olhos verdes.
Calyce continuou ao lado de Poseidon, mas foi convidada a se retirar. Sob a voz séria e afiada da deusa, a loira afastou-se mesmo com os protestos de Poseidon. Afinal, Calyce já não tinha mais pique para compartilhar com seu senhor horas a fio de discussão e rixa com a deusa.
— Não está satisfeita com tudo o que foi dito a pouco? Ainda tem mais alguma coisa para me dizer? — Ele a olhou intrigado, mas tentando parecer desinteressado.
— Quero falar a sós com você. Venha comigo...
— Não caio nessa.
— O que? — A deusa enrugou o cenho levemente, sem compreender.
— Esse joguinho entre nós dois. — Poseidon mexeu nos cabelos, fazendo um movimento típico de quanto estava alterado. Atena sabia disso porque há anos e anos que era ela a responsável pela alteração do deus dos mares.
— Não sei onde quer chegar.
— Sabe sim. Mas já que está se fazendo de desentendida, posso dizer com todas as letras, que eu não estou afim. — Ele disse, ajeitando os ombros, de repente sua armadura pareceu apertada diante dos olhos irados da deusa. — Nós brigamos, depois essa discussão sempre acaba no que você esta planejando agora, e no fim... o que acontece no fim mesmo? — Ele fingiu esquecer e logo depois estalou os dedos. — Ah! É mesmo. Nós brigamos um pouco mais. Então para mim já deu. Hoje não estou muito interessado.
Ele se virou e começou a caminhar na direção oposta de Atena.
— Não pense que pode me dar as costas dessa forma. Seu... seu peixe nojento.
Poseidon continuou caminhando e ergueu a mão dando um aceno para ela.
Calyce o aguardava, como sempre, no carro. Ela achou estranho a conversa rápida que os deuses tiveram, não era o que costumava acontecer quando se encontravam. E definitivamente não estava interessada em saber o que acontecia depois.
O rádio estava ligado, e ela ouvia uma música da banda U2. Era uma música que costumava ouvir sempre, por isso já havia decorado a letra.
Quando Poseidon abriu a porta do carro, não ouviu apenas a música lamuriosa, mas também sentiu o ar mais pesado. Ele era experiente o suficiente para saber que algo estava errado com sua menina.
Ao sentar no banco, Poseidon olhou para a loira, que retribuiu o olhar, só que mais caído.
— Eu vou precisar perguntar? Ou você vai me contar de bom grado o que aconteceu?
— Não foi nada. — Calyce endureceu o olhar. — Nada importante.
— Vamos. — Ele tentou fazer um carinho no queixo dela, mas foi interrompido por uma mão rápida. — Está estranha desde ontem quando retornou da ilha. O que aconteceu lá de tão ruim?
— Não aconteceu nada ruim. — Ela respondeu séria.
— Certo. Então aconteceu algo bom, e você não quer compartilhar a novidade comigo. Quer guardar apenas para você. E esse é meu castigo por ser um pai tão legal.
— Você não é um pai legal. — Ela o olhou novamente.
— Querida, está andando muito com os mortais. Não era assim há alguns mil anos atrás.
— Há alguns mil anos atrás eu não precisava bancar a secretária de um bilionário mulherengo, também não dirigia carro, ou precisava me preocupar com donzelas em perigo. Vivia com minhas irmãs, e minha mãe...
— Ok. Entendi, você sente falta de conviver com suas irmãs. Eu compreendo, também vou entender caso deseje retornar para a ilha.
— Na verdade...
— Porque eu a amei desde o primeiro momento que a vi, tão perfeita e bela. Foi uma visão do paraíso. Naquela época, sua mãe e eu demos uma trégua ao acordo e decidimos tentar viver juntos e felizes, mas sabe que não durou tanto tempo quanto queríamos. Ela tinha suas próprias necessidades e desejos, e quanto a mim, nunca fui o tipo que se apegava a uma vida parada.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Não preciso de detalhes. Eu sei disso. — Calyce o interrompeu, ou iria passar o resto da noite ouvindo um desabafo desnecessário. — Não o culpo por nada do que aconteceu. Ao contrário, eu gosto. Nunca passamos tanto tempo juntos como agora. Eu o odiava completamente, mas hoje as coisas mudaram.
— Nossa, me odiava? Tanto assim?
— Mas isso não vem ao caso. Mamãe quer que eu retorne a ilha, mas eu não desejo voltar.
— Diga isso a ela.
— Ela é generosa, carinhosa e amorosa, mas não o suficiente para abrir mão de uma filha.
— Eu falo com ela.
— Não posso permitir isso. — Calyce abaixou a cabeça, e respirou fundo para encarar novamente o homem ao seu lado, mas queria olhá-lo e enxergar o pai, e não o deus dos mares. Poseidon estreitou os olhos, achando tudo suspeito. — Ela quer que eu retorne, porque... porque eu.
— Não sou de ficar ansioso, mas agora você me pegou de jeito. O que aconteceu?
— Eu estou grávida. Pronto! Falei. — Calyce bateu a mão no volante, apertando sem querer a buzina.
Poseidon nada disse, ou teve uma reação nos primeiros minutos, ele estava ainda assimilando o que acabara de ouvir. E principalmente, porque ele sentia um certo desejo psicótico de descobrir quem era responsável por aquilo. Não era o tipo de atitude que ele deveria ter, já que... já que não era o melhor exemplo a ser usado.
— Ok! Tudo bem. Quem é o jovem felizardo que vai receber um aperto de mão do sogro?
Poseidon fechou a mão em punho e acertou o ar com um soco.
— Eu não vou contar. — Calyce deu partida no carro e fez um voto de silêncio. Mesmo durante a viagem, Poseidon falando e falando e falando. Ela não abriu a boca para revelar o nome que ele tanto desejava saber.
Já estavam chegando a propriedade a beira mar, era muito tarde para ir visitar Sally, como prometeu que faria assim que chegasse, e também estava com um problema familiar para resolver agora.
— Tudo bem. Só preciso saber uma coisa. — Ele insistiu. Calyce saiu do carro, e cruzou os braços, encarando o pai. — Ele só pode ser daqui. Certo? Ele é um mortal. Vive aqui nas redondezas.
— Não adianta. Eu não vou lhe dizer quem é.
— Você sabe o que isso significa, não é, minha querida? — Ele a segurou pelas mãos, olhando complacente para a mulher que um dia carregou no colo. Sabia que ela não gostava de sentimentalismo, principalmente de pai e filha, mas Poseidon não pode deixar de ignorar seu amor por ela. — Quando a criança nascer, sabe o que deverá fazer.
— Sim. Eu sei. Eu sei o que terei que fazer. — Calyce saiu correndo e entrou rapidamente dentro da mansão.
Naquele momento, Poseidon queria abraçá-la, mas preferiu deixá-la sozinha. Ao invés disso, decidiu que precisava urgentemente ver Sally. Algo lhe dizia que era nos braços de Sally que ele deveria aconchegar-se naquele momento.
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