Kiss Of Blood

Caçador


Estava chovendo. Era noite. Uma escura noite. Solitária. Ninguém nas ruas. Além dele.

Ele andava sozinho em direção a Catedral. Usava uma túnica preta com capuz e uma cruz vermelha dentro de um círculo vermelho, estampado no local da testa. O rosto totalmente coberto, a não ser por seus lábios e queixo que eram visíveis. Seus lábios finos tinham um tom rosado. Seu queixo, bonito e bem definido, a pele clara. Ele carregava uma espada. A lâmina fina, ensanguentada. As gotas de sangue desciam por ela e misturavam-se as da chuva no solo. Ele limpou-a usando um pano branco, – que guardava no bolso, que ficou manchado de vermelho – e guardou-o, a espada, enfiou na bainha debaixo da túnica, na cintura. De forma que estava, invisível para outras pessoas.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Ele abriu as pesadas portas da Catedral, usando força. Elas fizeram um ruído estrondoso, ao abrirem, que ecoou por toda a enorme área. Com lentos passos, ele entrou. Várias gotas da chuva o acompanharam além das que ele deixou cair de sua túnica encharcada, molhando a entrada da Catedral. Ela era enorme, a abóboda cheia de pinturas de anjos, santos e nuvens representando o Paraíso, toda revestida em ouro maciço. Vários quadros ao longo das paredes mostravam a história de Jesus Cristo – do nascimento até a ressureição.

Um coral que cantava uma música sacra calou-se instantaneamente assim que ouviram o ranger das portas sendo abertas. Alguns poucos fiéis que ali faziam suas preces, também pararam e o encararam. Ele os ignorou, continuou seguindo seu rumo. Subiu ao altar sagrado e ajoelhou-se. Reverenciando a gigantesca imagem de Jesus crucificado. Levantou-se, e do bolso, tirou uma hóstia de ouro – que era como uma chave – em uma porta secreta em baixo dos pés da imagem. Ela dava a uma escadaria. Ele desceu-a. Nas paredes, havia muitas velas acesas iluminando o caminho. Ele caminhou degraus e mais degraus.

Uma sala onde várias pessoas – doze ao total – estavam vestidas iguais a ele. Túnicas pretas com capuz e uma cruz vermelha, estampada no local da testa. Eles estavam reunidos em um círculo, onde um padre vestido de sua batina branca estava no centro. Cabelo calvo, e um nariz longo e fino.

– Estávamos esperando por você, Steven.

– Me perdoe Padre. Eu estava em uma Missão.

Essa palavra parece acalmá-lo. Ele concorda com a cabeça, indicando entendimento e logo faz sinal para que Steven entre no círculo. Após ele entrar, o padre começa o discurso.

– Meus irmãos e irmãs, todos vocês sabem que estão aqui por um motivo. Eu convoquei está reunião por algo muito importante. Vocês todos sabem que o mundo está enfestado de pragas, filhos do Inimigo. Recentemente, um de nossos irmãos teve uma descoberta. Ele descobriu uma cidade infestada deles – falou com desprezo. – A próxima Missão de vocês será cautelosamente invadir essa cidade. Mas tomem muito cuidado. Vocês terão de se infiltrar naquela sociedade. Descobrir quem são os inimigos, e quem não são. Convocar os moradores incentivá-los a lutar por sua liberdade. Essas pessoas vivem na opressão por esses monstros há séculos. Poucos conhecem Deus e a liberdade! Ensinemo-los a rezar e evangelizemo-los. Mostrem a eles a Palavra de Deus. Que eles deveriam ter domínio sobre suas vidas! Amém? – ele pergunta em alto tom.

– Amém! – todas as doze pessoas respondem em uníssono. Incluindo Steven. Eles levantam o braço esquerdo em mão aberta, e o direito dobrado horizontal na frente do esquerdo vertical fazendo o sinal de uma cruz.

Eles se retiram, e cada um vai para seu aposento nos quartos subterrâneos. Steven segue o corredor iluminado com velas e chega a seu quarto. Ele divide o quarto com mais duas pessoas. Homens. Mulheres têm quartos separados dos homens.

– Boa noite, Steven – fala um de seus colegas de quarto.

– Durma bem, Peter – responde ele. – Amanhã teremos um longo dia.

– Pois é. Vai ser longo mesmo – concorda John, seu outro colega.

Peter já caiu no sono na parte de cima do beliche. Steven tira seu capuz, exibindo seu rosto e seus cabelos. Ele tem a expressão séria, porém um olhar triste e distante. Seus olhos são azul-claros, como a luz do céu em um dia ensolarado. Rosto bem formado jovial, e cabelos loiros bem claros. Quase pareciam brancos.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Ele coloca a roupa que usa para dormir – uma túnica branca – e deita na parte de baixo do beliche. Quase imediatamente, ele dorme.

O Padre havia encarregado Steven para sua Missão. Ele bateu na porta da casa “abandonada”. Ninguém atendeu, é claro. Então ele resolveu arrombá-la. Ele estava usando o seu uniforme, a túnica preta. Chutou com força no pé. A porta balançou, mas não caiu. Com mais um chute forte, ela cedeu. E ao cair, desmontou-se em pedaços. A madeira velha e podre. A luz do sol entrou. Havia alguém ali na sala. Ele estava de cocoras, e em frente, havia um corpo morto. Sangue escorria no chão.

Quando ele se virou, Steven viu sua boca nojenta cheia de sangue. Os caninos grandes a mostra. O rosto cinzento cheio de prazer. A criatura ia investir contra ele, quando desviou e o homem caiu na entrada onde o sol iluminava. Sua pele começou a queimar no mesmo momento. Ele gritou. Steven segurou seus pés e arrastou-o para sombra. Ele tirou dos bolsos três pregos de carvalho. O ser se contorcia por causa das dores das queimaduras na pele, que estava em carne viva, sangrando. Steven fez com que ele abrisse os braços e esticasse as pernas. Logo, aplicou-lhe os pregos. Martelou nas palmas das mãos e com os pés juntos, martelou apenas um prego juntando-os. O homem girtava de dor. E angustia.

Estes pregos de carvalho representam os que foram pregados em Jesus começa a explicar, Steven. O nome faz com que a dor da criatura aumente e grite mais. Ele pega uma espécie de Bíblia, passa uma das mãos sobre ela e começa a ler em voz alta. Pobre alma perdida há séculos na escuridão da morte. Sua segunda vida é impura. A vida de um pecador, que comete um dos maiores pecados a Deus. Tirar uma vida humana. Pois só o Nosso Senhor tem este poder! Tu insistes em pecar, ou pedirás o perdão?

A criatura continua gemendo e gritando de dor. Depois de um tempo ele para de se contorcer e olha diretamente para Steven.

Deus? ele ri. Isso não existe, humano!

Steven o encara triste. Ele continua deslizando os dedos pela Bíblia e falando em voz alta. Pega um frasco de água benta e espirra algumas gotas no vampiro, que fazem-no gritar mais alto e se contorcer mais.

Tu traçaste tua própria desgraça. Deus, abençoe este pobre pecador, e perdoe-o pelos seus pecados. ele fecha a Bíblia e se vira para o vampiro dizendo: Morrerás mais uma vez, porém eternamente.

Ao dizer isso, ele o mata. Tira da bainha, uma espada com a lâmina fina e grande de prata. Em um rapido movimento, o decapta.