Incertezas Mutantes

Apresentações


O jantar transcorreu como sempre no Instituto: os alunos apareciam para comer conforme sentiam seus estômagos roncarem. Era difícil conseguir juntar todos à mesa, pois todos possuíam atividades práticas em horários diversos. À noitinha, o Professor reuniu todos os estudantes na biblioteca, para que, enfim, fossem oficialmente apresentados ao tão misterioso novo mutante da academia.

Jean sentou-se no sofá ao lado de Kitty e Scott, ficando de mãos dadas com ele. Vampira e Tempestade conversavam próximas à janela, enquanto Spike lia um gibi sentado no chão. Todos ficaram em silêncio quando o Professor entrou pelas portas duplas e se instalou em seu lugar habitual seguido por uma garota esguia de olhos verdes e cabelos castanhos que sorriu timidamente para todos na sala.

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- Então... – todos silenciaram para ouvir as palavras do Professor Xavier – Esta é a Srtª. Grace, nossa mais nova aliada e recruta. Seja bem-vinda.

- Obrigada. – Ela agradeceu timidamente.

- Seja bem-vinda! Sou Katherine Pryde! Pode me chamar de Kitty! – Ela já estava do lado da nova recruta a abraçando. Ela retribuiu o abraço meio sem jeito.

- Bom, em uma apresentação geral, sou Jean Grey. Ao meu lado, Scott Summers, Spike, Tempestade e Vampira. – Todos acenaram conforme seus nomes foram sendo citados por Jean, que finalizou – Seja bem-vinda.

- Bom, sou Juliette Grace. Mas podem me chamar de Jully. – Ela sorriu docemente.

- E então, a pergunta milionária: qual o seu dom? – Spike perguntou interessado, largando seu gibi de lado.

- Ah... Eu ainda não tenho muito a declarar sobre o assunto. – Ela desviou o olhar pensativo para as chamas da lareira enquanto passava a mão pelos longos cabelos castanhos.

- Nós ainda não descobrimos o dom dela, Spike. Por isso sua presença se faz necessária aqui, como a de todos vocês. Estamos aqui para treinar e nos aprimorar juntos. – Explicou o Professor.

- O que vocês podem fazer? – Jully parecia de fato curiosa.

- Posso atravessar objetos sólidos!

- Legal! E vocês? – Olhou para Jean e Scott.

- Com licença! Preciso ir. Falo com vocês depois! – Scott cruzou as portas da biblioteca rapidamente praticamente antes de terminar sua sentença. Jean o observou por um momento e decidiu ignorá-lo e permanecer na sala.

- Tenho poderes de telecinese e telepatia. Posso mover objetos e ler pensamentos com o poder da mente. Também posso transmiti-los. Por exemplo, você está com a impressão de já conhecer Scott.

- É, você acertou meu pensamento. Mas não se sinta ameaçada pela minha presença aqui. – Os olhos de Jully brilharam estranhamente na direção de Jean.

- Eu posso sugar memórias e poderes de outras pessoas através do contato físico. – Vampira interrompeu o contato ocular entre as duas.

- E eu posso manipular meus ossos e jogá-los como estacas por aí! – Spike levantou-se e fez uma demonstração de seu dom, lançando diversas estacas na parede da biblioteca do Instituto. Seu ato fez com que o Professor o olhasse com desaprovação.

- Acho que já está tarde e vocês precisam descansar. Hoje foi um longo dia. – O Professor olhou principalmente para Spike. – Vampira, Jully, gostaria de conversar com vocês em particular.

- É hora de dizer boa noite à nossa novata. – Tempestade segurou brevemente a mão de Jully e as duas trocaram sorrisos antes que a mulher de longos cabelos brancos saísse pelas portas duplas de madeira. – Boa noite também, Professor.

- Boa noite, Ororo. – O Professor a cumprimentou com um aceno de cabeça.

Um a um, Jean, Spike e Kitty se retiraram da sala após cumprimentar os três. Kitty fechou as portas após sair e o Professor quebrou o silêncio.

- Acho que Anna Marie pode nos ajudar a recuperar sua memória, Juliette. Vocês estariam dispostas a tentar?

- Claro Professor! – Ambas concordaram. Vampira sentou no sofá e convidou Jully enquanto despia suas luvas. – Sente aqui, bonitinha.

Jully obedeceu e Vampira se aproximou dela. A novata sentiu o frio da pele alva de Vampira em suas têmporas e a viu fechar os olhos para se concentrar. O Professor as observava intrigado. Um momento depois as duas se separaram e Vampira tinha uma expressão de espanto em seu rosto. O Professor indagou:

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- Alguma de vocês sente-se diferente?

- Não... – Responderam as duas em coro.

- Não senti absolutamente nada, Professor. – Vampira segurou a mão de Jully sem suas luvas claramente emocionada – Eu posso tocá-la, Professor!

- Interessante. Um dos seus dons, Juliette, é de proteger seus dons. Só não entendo ainda por que isso acontece.

- Tenho me perguntado por que sou assim minha vida inteira, Professor. Desculpe não ter respostas para lhe dar.

Vampira estava decididamente animada. Ela abraçou Jully e deu um beijo em sua bochecha. Quando as duas se separaram, ela fitou o Professor:

- Posso subir e contar as meninas? Por favor?

- Claro, Anna Marie. Boa noite.

- Com licença! Boa noite vocês dois!

Vampira pegou suas luvas do colo e saiu em alta velocidade da biblioteca, fechando novamente as portas às suas costas.

- Bom, Juliette. Posso tentar te ajudar oferecendo sessões semanais comigo. Podemos tentar técnicas de campos de força para tentar desproteger sua mente.

- Podemos tentar! Sabe, Professor... Hoje tive uma lembrança estranha, quase um déjà vu quando me peguei cochilando em meio a uma aula. Pude ver uma mulher com vestes amarelas, ela parecia estar perdida no deserto e me parecia muito familiar, mesmo não tendo a chance de identificar seu rosto.

- Você sabe que viagens no tempo podem ser catastróficas. No seu caso, o preço a pagar foi sua memória. Para saber a fonte de suas forças e de seu passado e superar as consequências de sua viagem, você precisará trabalhar muito. E isso pode ser assustador ou doloroso às vezes.

- Professor... – Ela desviou os olhos por um momento – Será que eu realmente tenho um dom? Será que não fui, sem ofensas, apenas um engano do Cérebro?

- Não, Juliette. Humanos e mutantes são lidos diferentes pelas ondas captadas pelo Cérebro. Você apenas precisa dar mais tempo ao tempo e tudo virá com naturalidade, você verá.

- Tudo bem, vamos tentar. – Respondeu um pouco mais aliviada.

- Acho que agora você deve ir descansar. Amanhã você passará por uma sessão de treinamento de combate inicial com o Logan.

- Certo, Professor. Obrigada por essa oportunidade. Boa noite.

- Boa noite, Juliette. Descanse.

Jully deixou o professor na biblioteca e seguiu em direção ao seu quarto. Quando estava no último lance de escadas, foi surpreendida por alguém que a prensou contra a parede revestida de madeira. Ela tentou lutar, mas não conseguiu se livrar do agressor que, analisando agora, era Scott Summers. Ele falou bem próximo ao rosto dela:

- Que jogo é esse seu? Por que você não me falou que morava na mansão?

- Eu que pergunto por que você não me falou que morava na mansão! – Jully enfatizou o pronome de tratamento ironicamente, rebatendo a pergunta.

- Eu perguntei primeiro. – Scott a encarou através dos óculos vermelhos.

- Vamos conversar, mas você está me machucando! – Scott a soltou e deu dois passos para trás – Não falei por que preciso de discrição sobre o lugar onde moro. Há pessoas atrás de mim e eu não faço ideia por que. E você?

- Simplesmente não falei porque você não perguntou. – Ele disse passando a mão pelos cabelos castanhos e os ajeitando.

- Ah, claro... E esse seu ataque aqui foi para quê? – Ela o observava desafiadora.

- Você poderia ser uma impostora.

- Pois... – A garota silenciou e levou a mão na cabeça, sua fisionomia aparentava sentir muita dor.

- Juliette? Eu te machuquei?

Scott segurou a garota quando ela perdeu o equilíbrio de suas pernas. Ele a encarava quando ela ficou com o olhar estático e sua voz mudou para um tom muito sombrio e assustador.

- Aquele que traz a morte no nome e no sangue. Aquele que traz a morte. Ele voltará em breve. Ele terá seu retorno para terminar o que começou. Ele retornará! Ele retornará! - Ela repetiu as frases e só parou quando uma risada maléfica preencheu o ambiente. Scott a sacudiu.

- Quem retornará, Juliette? Quem? Você está bem?

A garota não respondeu. Seu rosto ficou pálido e todo seu peso foi transferido para os braços de Scott, que fez mais força para evitar que ela caísse no chão quando ela ficou inconsciente.