Lobos Do Norte

Capítulo 3


A reunião seguinte contou apenas com a presença dos dois líderes, Sir Charles no intuito de conhecer o lugar onde sua filha moraria futuramente foi até os domínios de Billy Black. A primeira coisa que constatou foi que a vida nas aldeias e dentro dos muros protegidos continuava igual apesar dos anos de guerra e da proximidade do inverno. O povo era simples, mas tinha comida farta, gozava de boa saúde e parecia satisfeito. Era um bom sinal, se um homem sabe como tratar seu povo sabe como cuidar de uma mulher.

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Dentro do enorme castelo, funcionários e amas lhe mostravam cortesia e educação, provando que de bárbaros esse povo tinha somente o ímpeto e a coragem para a luta. A sala onde a reunião aconteceu era grande, bem iluminada e possuía muitas peles espalhadas pelo chão, na lareira imensa o fogo abrandava o frio provocado pela extensão do cômodo e pelas grossas paredes de pedra.

Os dois homens sentaram-se confortavelmente em cadeiras de madeiras com acentos de couro e conversaram longamente sobre vários temas, mas principalmente sobre a futura união de seus filhos.

O assunto estava devidamente resolvido, mas Sir Charles ainda queria conversar com o futuro esposo de sua filha, assim que fez o pedido o viu ser prontamente atendido.

Jacob, em trajes simples, surgiu na porta poucos minutos depois de seu pai mandar chamá-lo. Trazia no rosto o mesmo ar solene e sério do outro encontro, assim que se aproximou o suficiente, cumprimentou o pai e logo depois o futuro sogro.

- Meu caro! – Charles começou – Gostaria de lhe falar por alguns minutos.

Esse não era o hábito de seu povo, mas, como seu casamento não seria com uma mulher de sua grei, tudo estava sendo diferente, Jacob não contestou o pedido.

- Estarei pronto quando desejar. – a voz firme e levemente rouca ecoou pelo cômodo.

- Poderemos nos falar agora, diante de seu pai?

Billy assentiu com a cabeça, silencioso Jacob acomodou-se em uma cadeira diante do conde a espera do que seria dito.

- Sei que esta união trará muitas mudanças para o meu e o seu povo, mas creio que quem realmente a sentirá não seremos seu pai e eu, e sim você e Isabella.

Jacob moveu a cabeça afirmativamente a espera da conclusão.

- Pelas conversas que mantive com seu pai, percebi que nossos interesses são os mesmos, manter a paz e cuidar do nosso povo. Entretanto, para mim, a felicidade de minha filha não é menos importante do que a daqueles que vivem sob minha proteção.

Aquela frase não surtiu em Jacob qualquer espécie de surpresa, ele já esperava por isso. Seus olhos analisaram o homem de meia idade que o encarava, surpreendendo-se por não ver nele qualquer indício de ironia ou receio.

- Sua filha será tratada e honrada com todo o respeito e cortesia que minha esposa merece.

Ao mostrar firmeza Jacob queria que o homem compreendesse que Isabella não seria tratada como uma nobre e sim como a esposa de um Lobo. Que teria as mesmas obrigações, direitos ou regalias que qualquer um deles.

Um sorriso satisfeito surgiu nos lábios de Sir Charles, a forma determinada como aquela frase foi dita dava-lhe ao menos um pouco de tranquilidade, Jacob parecia-lhe ser um jovem digno, que respeitava o pai, cuidava de seu povo e prezava a honra.

Que qualidades melhores do que estas poderia desejar para sua querida Isabella?

- Fico satisfeito em ouvi-lo falar assim. Isabella é uma jovem educada que estima a família e tem um coração generoso, não gostaria de saber que esse casamento será um fardo maior do que vocês dois poderão carregar.

Vocês dois ele dissera? Faria mesmo alguma diferença para o conde que ele, Jacob, não se sentisse bem com aquela união?

- Farei tudo o que estiver ao meu alcance para que ela se sinta satisfeita aqui, desde que sua filha consiga conviver adequadamente com nosso povo e cumprir as funções de uma esposa.

Quanto a esse detalhe, Sir Charles não tinha receios, Isabella fora educada desde cedo para ser uma boa esposa, para cuidar de seu povo e de seu marido, aquele seria um casamento como outro qualquer com a única exceção de um dos cônjuges não pertencer a nobreza.

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Ao regressar para seus domínios, o conde ia razoavelmente tranquilo, coisa alguma havia que pudesse alterar a sequência dos acontecimentos, o casamento se realizaria em no máximo um mês, assim que todas as resoluções estivessem tomadas. Entretanto faltava-lhe ainda anunciar a novidade aos outros condados. E nesse aspecto residia a única dúvida de Sir Charles, a não aceitação do acordo por parte de alguns nobres poderia promover uma rachadura entre os membros do conselho, e essa não era sua intenção.

Assim, na reunião mensal do conselho o conde levou ao conhecimento dos outros nobres a decisão tomada por ele e por Billy Black de unir seus domínios através do casamento de seus filhos.

Perguntas intempestivas surgiram de todos os lados, muitas respostas foram exigidas, principalmente por parte de Sir Carlisle; mas logo ficou claro que o conde não teria o mesmo apoio que antes em seus termos de contestação sobre a validade do matrimônio de Jacob e Isabella, nem na incitação a continuidade da guerra.

As mazelas que afetaram os condados por causa das batalhas praticamente ininterruptas estavam acabando com todos os recursos dos territórios, contendas internas, fome e doenças entre o povo diminuíam sensivelmente o poder dos condes e o apoio de sua população. Acuados e sem alternativas viáveis, os nobres terminaram por acatar o sacrifício de Isabella Swan sem muita resistência, afinal seria a filha de Sir Charles quem teria de conviver com os bárbaros e se isso os livraria dos problemas imediatos e traria a almejada paz, melhor que assim fosse.

Os preparativos, após essa reunião tomaram seu rumo normal, a cerimônia oficial se realizaria no condado do sul, diante de todos os nobres, representantes do conselho e também dos membros mais importantes dos Lobos do Norte.

Houve ainda uma resistência direta de Sir Carlisle e seu filho Edward quanto a realização do casamento, pai e filho procuraram Sir Charles para uma longa e cansativa conversa na tentativa de dissuadi-lo em levar aquela, que para eles era uma completa estupidez, adiante.

O interesse claro de Edward Cullen era um dia desposar a filha de Sir Charles, mas, suas objeções não foram atendidas, o conde estava seguro quanto ao casamento da garota com Jacob. Especialmente porque após ter dado sua palavra de que este se realizaria, não voltaria atrás. Mesmo insatisfeito com o desfecho da conversa, Sir Carlisle e o filho se deram por vencidos acatando o inevitável fato como os outros nobres já haviam feito.

Isabella e sua ama caminhavam entre as várias bancas dos aldeões, recebendo singelos presentes, oferecidos em comemoração ao matrimônio, todos sabiam que seria um sacrifício levar tal ato adiante, e por isso sentiam-se agradecidos.

O tratamento da jovem para com todos sempre fora respeitoso e caridoso, Isabella não se furtava a enfrentar o convívio com a população simples, em momentos de festa ou de guerra; e muito auxiliara mulheres sozinhas, viúvas, crianças durante os longos anos de penúria causados pela batalha ininterrupta, e por tal demonstração de bondade era muito amada. Seu casamento apenas comprovava a real generosidade herdada de seu pai e sempre praticada dedicadamente.

Os olhos cor de chocolate deleitavam-se com uma colcha feita a mão que lhe era oferecida por um grupo de mulheres a quem auxiliara poucos meses atrás, quando o som dos cascos de uma comitiva, atraíram sua atenção.

Sir Carlisle e seu filho saíam pelos portões do palácio e cruzavam pelo povo juntamente com sua tropa. Tentando evitar um encontro indesejado, a jovem ergueu a colcha acima da cabeça, como se estivesse observando uma costura em especial, mas o subterfugio foi inútil, Edward logo vislumbrou a ama que estava na banca ao lado comprando peles para o conde Swan. Sabendo do hábito de Isabella de estar entre os comerciantes ou aldeões, imediatamente o rapaz mudou a direção e enveredou pelo meio das bancas, provocando gritos e sustos diante das patas de seu cavalo Bretão.

- Minha senhora! – a voz assustada a chamar-lhe a atenção, pertencia a Suellen. – O jovem conde Cullen se aproxima.

Contendo o ímpeto de dar as costas ao homem que se aproximava, Isabella abaixou o presente e o entregou nos braços da ama antes de dirigir-se a Edward, que já desmontara e se achegava portando um sorriso tentador em seus lábios estreitos.

Uma reverência foi feita por ambos num cumprimento contido.

- Estivemos numa conferência com seu pai.

- Sim! Míriam avisou-me de sua presença. Espero que o assunto tenha sido resolvido a contento.

Tentando manter-se afastada o máximo que podia do homem, Isabella voltou a caminhar, parando de quando em vez para dar atenção a quem se dirigia a ela na intenção de parabeniza-la.

- Na realidade, o assunto que nos trouxe até aqui se refere a essa estúpida ideia de casamento entre um nobre Swan e um membro do clã dos Lobos. Meu pai e eu não conseguimos aceitar este infortúnio que se abateu sobre este condado.

Imediatamente Isabella parou de caminhar e encarou o homem considerando seu modo de falar extremamente atrevido.

- Creio que este assunto já foi devidamente esclarecido por meu pai na reunião do conselho dos nobres, não há mais nada a ser dito, discutido ou debatido.

- Devo crer então que a filha de Sir Charles aceitou este casamento sem rebelar-se?

Incomodada com a insistência petulante do rapaz, Isabella ponderou por alguns segundos antes de encarar os olhos cor de bronze firmemente.

- Estou consciente de minhas obrigações senhor conde, e as cumpro em nome da honra de meu pai e pelo bem do nosso povo.

Ciente de que aquela simples explicação não esfriaria o ímpeto de Edward, que já manifestava a intenção de falar, ela completou:

- Mas se lhe resta alguma dúvida de que este matrimônio se realizará na data marcada, lhe asseguro diante dos céus que estou firmemente decidida a leva-lo adiante.

Voltando-se para a ama a chamou antes de despedir-se:

- Desejo ao senhor e ao conde Cullen um feliz retorno ao lar. Com sua licença devo retornar para minha casa.

Sem possibilidades de segui-la, pois o nível de intimidade não lhe permitia tal ato, o jovem conde retornou para sua cavalgadura tomando a direção de sir Carlisle.

- Então? Como vês a situação?

Foi a pergunta que ouviu assim que aproximou-se do pai.

- Ela está resoluta! É tão teimosa quanto o pai!

Os lábios de Sir Carlisle se fecharam numa clara demonstração de irritação, havia a esperança de que seu filho ainda conseguisse atingir o coração da garota, e com isso provocar uma quebra no entendimento entre pai e filha; dando por encerrada essa insana proposta de casamento, entretanto, agora essa possibilidade lhe parecia remota e praticamente inatingível.

Os cavalos tomaram o rumo da estrada, na cabeça coberta pelo espesso cabelo grisalho, ainda havia uma tênue perspectiva de que o casamento não desse certo, de que Isabella não se adaptasse a vida com os Lobos, de que o guerreiro filho do líder não a considerasse uma esposa satisfatória.

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Na mente do nobre, as exigências que um homem do clã dos Lobos faria, não seriam agradáveis nem aceitáveis para uma jovem nobre da estirpe de Isabella. E seria quando esses possíveis problemas surgissem que ele e seu filho Edward, estariam prontos a dar o bote.