Soft Blood

Doce Verdade


— Só um momento – diz Lauren saindo do quarto

— Aonde você vai? Você disse... – não consigo terminar a frase, pois Lauren já se foi

Cada vez mais meu ódio por Lauren e Beatrice aumenta. A todo o momento elas agem com indiferença, como se não se importassem. Então por quê? Porque me tirar da minha vida normal e me colocar neste inferno, por nada?

Essa é uma das coisas que decido perguntar, já que meu estoque de perguntas não é lá muito grande. Deveriam criar um livro do tipo: “O que perguntar para a sua criadora maníaca, a qual você odeia”. Não vou perder meu tempo fazendo perguntas do tipo “De onde vieram os vampiros?”. Todos do mundo já sabem essa história de cor e salteado, desde que os vampiros “Saíram do caixão”.

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Meu verdadeiro interesse é saber onde elas arranjaram tanta grana, e o porquê de terem me criado.

— Voltei – diz Lauren ao entrar no quarto com uma taça com um líquido vermelho dentro, sangue – onde estávamos?

— Você ia me explicar o porquê de terem me transformado em uma aberração. – digo

—Ah, sim. Nós a criamos pelo simples fato de você merecer algo melhor que aquela sua vidinha.

— De forma alguma ser uma sanguessuga é melhor do que viver minha vida antiga. – digo tentando manter a voz calma

— Isso agora é indiscutível – diz ela dando um gole no copo – vamos à próxima pergunta

— Mas você não respondeu a última!

— Sim, respondi.

— É claro que... Esquece – Digo – certo, onde conseguiram tanto dinheiro?

— Quer mesmo saber?

— Claro que sim, se não quisesse não estaria perguntando.

— Certo, nós somo doadoras de Suco V.

— Como assim? Doadoras de Suco V.? Isso é pior que qualquer uma das minhas hipóteses! – digo – ISSO É I-L-E-G-A-L

— Nós sabemos.

— Vocês sobrevivem disso?

— Não. Eu fui criada na França, no século XV. Meu criador era um homem muito rico, era como um pai para mim. Achou-me na rua, a beira da morte e me salvou, dois séculos depois foi morto na Espanha durante o ataque de necromancia de Antonia Gavilán de Logroño, enquanto estava em um encontro com os nossos infiltrados na Igreja Católica. Após sua morte, descobri que ele havia deixado todo o seu patrimônio em minhas mãos. E durante esses 600 anos, venho usufruindo da minha enorme herança.

— Então porque doar Suco V. ?

— Porque esse foi o único jeito de convencer o dono do Hotel a nos deixar ficar. Nós somos as únicas daqui.

— Nós somos as únicas vampiras nesse Hotel?

— Sim – diz Lauren dando outro gole no copo – mais alguma pergunta ?

— Sim... Quem é ele?

— Ele quem?

— O cara... Aquele que eu quase matei... – digo envergonhada

— Ah, o humano, ele é apenas um presentinho de boas vindas – ela diz – nós o achamos na estrada, ela estava bêbado.

— E então vocês o trouxeram para servir de lanchinho para uma recém criada? – pergunto indignada

— Sim... E eu tenho que admitir, ele é lindo.

— Onde ele está?

— No seu quarto, repondo as energias – diz – sugiro que não se alimente dele agora ou ele irá morrer.

Só de pensar nessa hipótese a fome chega e sinto minhas presas escorregarem. Lauren percebe e me oferece o copo que está em suas mãos.

— Não, obrigada – digo - vocês tem tru blood?

— Não faz bem a você se alimentar somente de tru blood

— Isso é problema meu – digo me levantando para sair – já descobri o que precisava, com licença.

Ando em direção a sala, e encontro Beatrice sentada no sofá assistindo a uma dessas comédias românticas clichês.

— Hey hey, queridinha – ela diz sem nem ao menos olhar para trás

— Onde é o meu quarto? – pergunto

Ela se levanta e me guia até o meu quarto. Assim que abro a porta já não me surpreendo, ele é lindo, como todo o apartamento. A parede a minha frente é somente uma placa de vidro que me dá visão de toda a cidade, pequenos pontos de luz me dão a certeza de que não somos as únicas que não dormem. As demais paredes são de um lindo tom de azul turquesa, e todos os móveis são feitos de mogno. A cama é enorme, com cobertores de textura leve e fina e sobre ela está o humano, que dorme feito um anjo, seus cabelos negros grudados á testa como da última vez que o vi.

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Beatrice se despede, não sem antes me dizer :

— Abaixe a tela de proteção, pois já são 01:00 – e segue pelo corredor de volta a seu filme me deixando sozinha com o meu frágil anjo

Ele é como um carneiro, e eu como uma loba faminta. Abaixo a tela de proteção e sem pensar, me deito ao seu lado na cama, apenas querendo sentir a frágil respiração humana mais uma vez.