A Guardiã De Sonhos

A Guardiã de Sonhos


A Guardiã de Sonhos

Era uma vez a Guardiã de Sonhos.

Ela possuía olhos grandes e observadores. Ela tinha asas e um vestido azul que parecia dançar conforme ela andava. Ela gostava de passar os dias em todas as partes do mundo, observando as pessoas e as diferentes histórias de vida se desenvolvendo sob seus olhos.

Mas a noite era seu momento preferido. Como eu disse, ela era uma Guardiã de Sonhos...

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Seu passatempo era observar os sonhos das pessoas. Tão profundos, tão significativos, tão encantadores.

Ela não gostava de pesadelos. Quem gosta, afinal? Ela ficava assustada com o quanto o mundo, a vida e os humanos conseguiam ser sombrios em seu interior. Morte não era algo que a agradasse. Lugares escuros e perseguições, muito menos.

Mas havia coisas que ela simplesmente amava...

Seus preferidos eram aqueles da velha senhora que vivia em uma casa amarela. A Guardiã de Sonhos gostava de se sentar sobre seus joelhos ao lado do corpo adormecido daquela senhora e, ao fechar seus olhos, se aprofundar em seus sonhos tranquilizantes. A alma daquela mulher era pura, e ela sonhava com o extenso e brilhante mar da Califórnia, com seus diferentes tons de laranja ao pôr-do-sol, da época em que ela era apenas uma garota decidindo o rumo de sua vida.

A Guardiã de Sonhos também gostava das crianças. Elas eram tão puras quanto aquela senhora da casa amarela, aprendendo a dar seus primeiros passos e a falar suas primeiras palavras, e sonhavam com borboletas coloridas – de todas as formas, cores e tamanhos.

E as borboletas voavam ao seu redor, parecendo dançar. Pareciam querer puxar a pequena guardiã de sonhos para dentro daquele mundo vasto, para dançarem juntos.

Era libertador. Era encantador. E isso maravilhava a Guardiã de Sonhos.

Era algo tão longe da realidade, mas também possível aos olhos deles. Como aquela menininha da Rua 13. A dos cachinhos ruivos e sorriso de covinhas. Recordava-se de um dos sonhos daquela menina... O mais especial aos seus olhos, um dos primeiros que a pequena guardiã guardou...

Era uma tarde ensolarada, e a garotinha da Rua 13 sentia que poderia derreter, mas isso não a impedia de observar as nuvens. E como deseja tocá-las! Talvez pular nelas, ou voar ao seu redor. Como aquelas personagens de desenho animado, ela queria poder apenas abrir os braços e voar para todo lugar. E voou.

O azul parecia mais vívido lá de cima. As nuvens ainda mais brancas e fofas, em suas diversas formas criativas. A garotinha voou entre elas, sobre elas, e as atravessou. E nunca se sentiu tão livre.

A Guardiã de Sonhos parou sobre o telhado de uma das casas, na volta de uma de suas inspeções de sonhos. Não se lembrava de ter estado ali antes...

Era o lar de uma senhora e um adolescente problemático. A senhora, ao contrário daquela cujos sonhos eram tranquilizadores, vivia irritada com tudo e todos. Sonhava com tempestades e nuvens cinzentas, e a guardiã estremeceu com a brutalidade de seus pensamentos. Resolveu então se sentar ao lado do jovem que todos julgavam problemático. Era arrumava confusão com todos e era neto da senhora cujos sonhos eram como uma nuvem negra.

Mas ao contrário de sua avó, e de suas ações, sua mente era pura. Quase como a das crianças ou como a da garotinha da Rua 13. A Guardiã de Sonhos sorriu ao ver, na profundidade da mente do menino, seu sorriso. Era sincero e acolhedor. Feliz. E em suas mãos, um cartaz com a palavra “PAZ” em letras garrafais. Havia guerra ao seu redor, e havia morte. Mas o sorriso permanecia lá, e o pedido mudo em suas mãos.

A Guardiã de Sonhos guardou aquele sonho, junto com o da velha senhora da Califórnia e o do bebê, cujos passos eram guiados pelas borboletas. Ainda havia esperança, afinal.

O dia estava para nascer novamente e a Guardiã se preparava para ir embora. Talvez ela finalmente visse o desenrolar da história de amor daquele confuso casal apaixonado.

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E enquanto dava adeus àquela casa, chegou à conclusão do quanto aqueles seres eram estranhos. Encantadores, mas estranhos.

Alguns com seus pensamentos nublados e guerra, outros com um sorriso e bandeira branca. Eles nunca saberiam ao certo o que queriam. Sempre teriam dúvidas e questionamentos sobre qual caminho seguir, o que fazer e o que deixar de fazer.

Mas no fim, todos queriam o mesmo que o jovem julgado como “problemático”, apesar de todos os pesares.

E a Guardiã de Sonhos se foi, à procura de mais esperança.


Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.