A Guardiã

Senda dos Mortos


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POV MARIANNE

Fui à direção de minha tenda, se minha avó me visse diria eu estava “correndo às pampas”, mas mesmo estando com o coração aos saltos, tomava total cuidado para não produzir ruídos.

Afastei o tecido de cores vivas e ricamente bordado que construía a simples cabana em que repousara, procurei minhas armas, colocando rapidamente o cinto que prendia minhas facas e tentando em vão prendar a fivela da aljava ás minhas costas, sem obter sucesso.

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Xinguei em voz baixa, lutando para alcançar a inútil fivela dourada, porém não toquei no frio e rígido metal e sim em algo quente e macio que deslizou suavemente traçando com perfeição o contorno de minha cintura.

Os lábios suaves roçaram em meu pescoço, arrepios subiram-me pelas costas e confesso não precisar ser advinha para saber quem era o dono de tamanha suavidade.

- Nunca mais dê-me um susto daqueles Marianne Greyhood – as palavras que deveriam vir em tom de repreensão, atingiram-me em tom de pura brincadeira

- Eu prometo – os braços compridos envolveram minha cintura

Virei-me para Legolas e podia sentir sua respiração contra a minha, seu corpo contra o meu, seu coração me pertencia e este coração parecia mais acelerado do que o meu.

Beijei-o com urgência, procurando deleitar-me o máximo possível com o sabor de sua boca, concentrei-me em remover o broche que prendia a capa cinzenta as costas do elfo, meus dedos estavam tão trêmulos que não consegui.

Legolas afastou minhas mãos, abrindo ele mesmo o delicado broche e deixando que o tecido que lhe pendia dos ombros caísse no chão.

Puxei-o para a cama de campanha no canto oposto, mas o filho de Thranduil separou nossos lábios com uma expressão resoluta gravada nas feições, tomou-me uma das mãos acabando com o contato físico que antes nos unia.

- Tudo a seu tempo – murmurou ele com um meio sorriso

- Humpf – bufei cruzando os braços sobre o peito enquanto Legolas divertia-se as minhas custas

***

Aragorn estava tão compenetrado na tarefa de sair sem mais delongas, que nem ao menos notara a mansa aproximação de uma delgada dama loira, dona de passos leves e ao mesmo tempo firmes.

- Vai nos deixar? – perguntou a jovem surpreendendo o Dunedáin

- Preciso ir Éowyn, precisa deixar-me – disse-lhe ele acariciando a pele marmórea da moça

- Não posso deixa-lo. – respondeu-lhe com os olhos embaçados e controlando sua voz, para que não deixasse transparecer a tristeza que sentia

- Por quê? – questionou-lhe Estel franzindo o cenho

- Ainda não sabes? – perguntou a sobrinha de Théoden com obviedade

- Éowyn, você foi apenas uma sombra e uma ilusão, não posso dar o que queres – deu-lhe as costas a contragosto e partiu

A moça sentiu o cálido vento de Maio bater-lhe nas faces banhadas por translúcidas lágrimas, o coração partira-se e não fazia ideia de que algum dia fosse concertado.

Mesmo que sentisse o coração pesar-lhe no peito, Aragorn nada podia fazer contra o que proferira a jovem sobrinha de Théoden, não poderia permitir que uma donzela tão jovem e tão bela deixasse levar por algo que não existia.

Com os olhos fixos no solo, o filho de Arathorn não vira que tinha os passos vigiados de perto por um anão de barba ruiva, que serenamente fumava seu longo cachimbo.

- Aonde pensa que vai? – questionou-lhe Gimli tirando-o de seus devaneios

- A um lugar onde tú não pode acompanhar-me – respondera o númenoriano

- É mesmo? – o filho de Glóin levantou-se

Legolas e Marianne surgiram logo após, os cavalos já portando os arreios e selas, ambos exibindo sorrisos travessos nas faces.

- Não será neste momento que vamos abandoná-lo meu bom amigo – afirmou o elfo

- Chegamos tão longe juntos, iremos até o fim – confirmou Mary sorrindo

- Não te esqueças, que irmãos nunca abandonam irmãos – Halbarad e a Companhia Cinzenta incorporaram o grupo

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- Então é isso, vão acompanhar-me ao único lugar neste mundo tão belo onde não há luz? – questionou Aragorn apesar de saber que a resposta estava estampada nos rostos de seus amigos

- Há sempre uma luz para quem tem esperança – disse-lhe Elladan convicto

- Além do mais – continuou Elrohir – estamos levando Marianne junto.

Encaminharam-se para a fenda agourenta entre os penhascos, o rei traidor e seu séquito havia-se refugiado sob as Montanhas Brancas, num local conhecido como o Caminho dos Mortos, ou se preferir, Senda dos Mortos.

Uma fantasmagórica névoa branca rodopiava ao redor dos viajantes, Marianne xingou-se internamente por não ter trocado de roupas, pois esfregava os braços tentado aquecer-se.

Animais possuem uma maior sensibilidade do que homens, o que podia notar-se pela afobação e hesitação expressas pelos animas conforme aproximavam-se da porta da morte.

- Queria poder oferecer algo para aquecer-te – ofereceu-se Belharir cortesmente

- Não se preocupe, eu é que fui tola em ter mudado de roupa – respondeu Mary

- Mas afinal, sou o único aqui a não saber sobre a história deste lugar? – questionou Gimli tornando a quebrar o silêncio

- O Rei dos Mortos e seus seguidores já foram homens vivos. Eles moraram nas Montanhas Brancas e eram conhecidos como Homens das Montanhas – explicava Legolas – Eles eram próximos dos homens da Terra Parda.

- Tinham uma profunda adoração por Sauron, mas depois que o reino de Gondor foi fundado, o Rei jurara fidelidade a Isildur – continuou Elrohir – na Pedra de Erech, o rei prometera lutar contra as forças de Sauron.

- Mas quando foram convocados durante a Última Aliança, o Rei e seus homens quebraram o julgamento e se recusaram a lutar por Gondor – completou Elladan – Isildur disse ao Rei das Montanhas seria o último rei e amaldiçoou os perjuros a nunca descansarem até cumprirem o julgamento.

- “Quem deverá chamar da dúbia meia-luz o olvidado povo? O herdeiro daquele a quem foi feita a jura. Do norte deverá vir...Movido pela necessidade seguirá pela porta para as Sendas dos Mortos.” – declamou Legolas com firmeza

Chegaram finalmente a um portal cravejado por crânios, uma mensagem estava incrustada na pedra cinza, os cavalos começaram a afastar-se alguns deles com relinchos e coices.

- Brego! – gritou Aragorn, mas o alazão já havia ido embora

- Este lugar cheira a morte – comentou Gimli num sussurro

A aurora cinza esbranquiçada começava a aparecer por detrás dos penhascos e ravinas, não havia sol e uma estranha brisa soprava na face dos viajantes.

- "A porta está fechada, foi feita por aqueles que estão mortos...e os mortos a mantem...a porta está fechada" – sussurrava Legolas

Marianne sentiu a cabeça girando de modo nauseante, uma das mãos correu para o pescoço quando a jovem sentiu um aperto agudo no local.

- O que houve? – perguntou-lhe Elrohir

- Nada – mentiu a moça dando um sorriso amarelo

- Eu não temo a morte – Aragorn adentrou o local confiante seguido de seus primos do Norte

Legolas pegou Mary por uma das mãos dando-lhe um sorriso encorajador, os dois seguiram os dunedáins, logo após foram Elladan e Elrohir a adentrar o escuro e inóspito local.

- Esta é boa, três elfos vão para debaixo da terra sem pestanejar enquanto um anão se recusa – bufou Gimli

Caminharam a tropeços, pois um profundo breu espalhava-se pelo local, Aragorn iluminava o caminho a frente enquanto Elladan formava a retaguarda da fila.

Mary parecia desconfortável, por vezes sua face contorcia-se numa expressão de dor e a moça cambaleou por diversas vezes. Legolas permanecia com um braço rodeando e sustendo a cintura da jovem.

Foi quando a Guardiã estacou, apoiando-se em Legolas e arfando de modo incessante, os olhos estavam sem foco e possuíam uma macilenta névoa branca.

- Marianne? – perguntou Legolas preocupado

- Eu..Sauron..- balbuciou a moça tentando focalizar o dono da voz

- O poder do Senhor do Escuro cresce neste ambiente pestilento – disse Elladan – voltamos com Mary.

- Eu volto com ela – protestou Legolas

- Não, você precisa ir com Aragorn e os outros – aconselhou Elrohr perante o olhar ameaçador do filho de Thranduil, que agora mais do que nunca parecia-se com o pai – é o único que parece não temer esta cova.

- A jovem estará segura com eles – disse Halbarad

- Tudo bem – concordou o Sindar por fim

- Eu vou ficar bem – garantiu Mary tocando a pálida face do elfo – eu lhe fiz uma promessa.

- Vamos – sussurrou Elladan puxando a morena pelo braço

***

Os filhos de Mestre Elrond nunca sentiram-se tão felizes por retirarem-se de um ambiente, os dois pareciam mais do que satisfeitos ao saírem para a pálida luz matinal.

- Graças a Illúvatar! – comemorou Elladan soltando uma trêmula Marianne

- Beba um pouco – Elrohir estendeu-lha uma garrafa pequena

Mary olhou o objeto intrigada, lançou um inquisidor olhar ao gêmeo que lhe oferecia o líquido.

- Não se preocupe, é Miruvor – falou-lhe sorrindo

- O que exatamente ocorreu? – quis saber a moça enquanto sorvia o líquido adocicado

- Ah, nós nos esquecemos de parabeniza-la! – Elladan ergueu-se de salto - Valin nostarë! (Feliz Aniversário!)

- Como?! Que dia é hoje? – Mary deixou a garrafa escorregar-lhe pelos dedos

- Oito de Março – respondeu Elrohir – Feliz Aniversário de dezessete anos!

- É por isso que tornou-se mais vulnerável, seus poderes atingem o ápice no dia de hoje – explicava Elladan de modo displicente quando sua face endureceu, não olhava mais para Marianne e sim para algo além da jovem

Elrohir olhava para algum ponto oculto aos olhos dos outros murmurando algo em élfico, seus olhos pousaram no rosto de seu irmão e de seus lábios finos saíram três pequenas palavras que continham um grande significado.

- A guerra começou...Tens de ir, tua hora chegou – falou o elfo seriamente

- E quanto aos outros? – perguntou Mary exasperando-se

- Os explicaremos a situação, tenho certeza que hão de entender – certificou-lhe o gêmeo mais sério, Elladan

- Tudo bem, eu vou – deu rápidos abraços em ambos os amigos

- Nai anar caluva tielyanna (Que o sol brilhe sobre seu caminho!) – desejou Elrohir

- Assim espero – murmurou Mary

Tomou fôlego, preparando-se para sentir o típico calor subindo-lhe pelo corpo, mas desta vez este calor lhe parecia mais vivo, mais forte, mais quente.

De fato a fênix parecia maior e mais radiante, espalhando fagulhas pelo ar ao passar por planícies e campos.

Sabia muito bem para onde acertara o prumo, não só por tratar-se da cidade que havia pedido auxílio como também pela vasta devastação causada por enormes e pavorosos Trols, carregavam pesadas catapultas preenchidas por Orcs fortemente armados.

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A ave sobrevoou o campo de batalha, notando que o primeiro nível da Cidade Branca já havia sido tomado pelas forças inimigas.

Procurou por Gandalf e Pippin com os enormes olhos argutos, encontrou o mago branco tentantdo conter um enorme aríete que se chocava contra os portões do segundo nível da cidadela.

Pairou acima de todos, fechando as grandes e avermelhadas asas em torno do corpo, concentrou todo o calor possível para tais locais, tornou a abri-las lançando enormes espirais feitas de chamas que atingiam as tropas inimigas em cheio.

Gandalf olhou aturdido para os céus e não pôde conter um sorriso ao vislumbrar uma magnífica ave traçando um gracioso e mortal voo acima de todos.

Foi quando um pequeno hobbit apareceu para tirar-lhe dos devaneios, Pippin continuava com as roupas de Guarda da Torre (posição que passara a ocupar ao dispor seus serviços a Denethor II, regente de Gondor e pai de Boromir e Faramir).

- Gandalf! Gandalf! Precisa ajudar-me! – gritou o hobbit notando neste instante o que o mago observava – Marianne...

A jovem Guardiã agora descia lentamente até eles, aterrisou ao lado de ambos para o espanto de vários soldados.

- Pippin! – envolveu o pequeno num abraço igualmente correspondido

- Srta. Anne, só você para ajudar-nos agora! – regogizou-se ele

- Minha querida, tua ajuda veio em boa hora! – comemorou o mago Branco com um sorriso – Auxilie Pippin.

- Sim senhor – aquiesceu a jovem afastando-se devido aos puxões que Peregrin dava-lhe – o que há?

- Denethor, ficou louco e está cismando que Faramir morreu – relatava o pequeno com avidez – vai queimá-lo, vivo!

- Não enquanto estivermos qui para salva-lo – corrigiu Marianne encaminhando-se para os túmulos dos antigos regentes

Forçou as portas, mas de nada adiantara, visto estarem trancadas por grossas barras de um metal duro.

- Oh raios! Por que tinham de estar trancadas! – gritou Peregrin

Marianne inspirou o ar com força para dentro dos pulmões, encaminhou o calor que acendera-se em seu peito para ambos os braços, tomada por uma força descomunal a jovem tornou a empurrar as portas, abrindo-as com estardalhaço.

E dando de trombas, com uma cena desesperadora...