Cheguei em casa, e fui direto para o meu quarto. Tomei um banho rápido, e me deitei na cama. Fiquei olhando pro teto, tentando esvaziar meus pensamentos, tentando esquecer o Emilio, tentando esquecer suas ilusões, suas mentiras, tudo. Tentei principalmente pensar em alguém... Dudu não, ele me lembra o Emilio. Luiz nem pensar. Rafaela não rola. Vou pensar no Gabriel, isso sim, só ele não me fez mal, até agora acho que ele foi o único - além do Dudu - e ele é a pessoa mais certa para pensar agora.

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Meu cérebro me obrigava a ligar pra ele. Mas eu resistia, eu estaria fazendo drama, usando ele como segunda alternativa.
- Julia? – ouvi minha mãe bater na porta. Enxuguei rápido minhas lagrimas, e a respondi, com a voz ainda tremula.
- Pode entrar – me sentei na cama.
- O que foi filha? Você chegou em casa chorando, está com os olhos vermelhos... Quer conversar? – ela se sentou na ponta da cama, ao meu lado.
- Sei lá mãe... – eu não podia conversar. Eu precisava de uma desculpa – eu briguei com a Rafa – essa foi a única alternativa que surgiu em minha mente no momento. – mas nada demais...
- Por que brigaram? – ela sorriu.
- Coisas atoa, nem sei direito, briguinha de amigas sabe... Mas nada demais, vou ligar pra ela mais tarde, e pedir desculpas – tentei sorrir. Mas, ao mesmo instante, meus olhos arderam novamente, quando me veio á cabeça briga, e seguido por Emilio.
- Tudo bem, faça isso – ela sorriu – não se esqueça que você tem dentista hoje as três ok?
Eu não me lembrava disso.
- Ok, eu vou a pé mesmo – sorri de canto.
- Acho que vão remover seu aparelho hoje – ela sorriu – também, sete anos usando isso... Não sei como você aguenta – ela riu.
- Uai mãe... É por uma boa causa – sorri – mas até que enfim – suspirei.
Tirar o aparelho... bom, um ótimo começo. No mesmo instante em que eu tentava imaginar meu rosto sem os reflexos de metal nos dentes, eu comecei a pensar em como podia forçar uma pequena vingança a Emilio. Nada mal, nada mesmo. E eu já vou começar agora.
- Mãe, que dia tenho oftalmologista mesmo? – olhei pra ela, tentando sorrir.
A sede de vingança havia consumido todas as minhas lagrimas, e um sorriso maligno se abriu em meu rosto, espontaneamente.

- Não sei filha. Por que?
- Queria trocar esses óculos... Sei lá, uma lente talvez – sorri.
- Eu ligo e marco, que bom que quer mudar. Pode ligar então?
- Pode – sorri mais ainda.
A única vantagem da minha mãe – mentira, não é a única – é que ela cede as coisas muito fácil. Se eu peço hoje, no máximo amanhã já está em minhas mãos. E isso é muito útil.
- ok então. Ah é, e o almoço já está servido – ela sorriu.
- Já vou descer, só ligar pra Rafa – sorri de canto, enquanto ela se levantava devagar da minha cama.
Ela saiu do quarto, me deixando só. Peguei o telefone e me sentei na sacada da janela.
Telefone on
- Alo?
- Oi Rafa
- Ah, oi Ju.
- Aqui, deixa eu te pedir uma coisa. Se por acaso minha mãe comentar uma briguinha nossa, fala que foi atoa ok? Porque eu tive que inventar uma desculpa pra ela agora.
- Ok. Mas por que? Você brigou com quem mais? E aquela sua crise dentro da sala de aula?
- Ah, eu vou te explicar... Eu sai da sala estressada ne. E ai, quando eu cheguei na rua, com quem eu me encontro?
- Emilio?
- Exatamente! E ai, nos conversamos. E ele decidiu.
- E ai?! –
eu podia sentir empolgação na sua voz.
- E ai, que vamos ficar como sempre fomos. Eu, sozinha. Ele com minha mãe. E pronto, acabou nossa historia.
- Não brinca –
sua empolgação passou para um tom de voz preocupado, curioso.

ela gritou.
- Tá, e no salão de beleza.
- Amanhã?
- Pode ser, agora vou desligar.
- Ok Ju, beijos e boa sorte.
- beijos

telefone off

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