Além Das Estrelas

Capítulo 33 - Confidência.


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“A confidência corrompe a amizade, muito contato a consome, o respeito à conserva.” – Marco Tulion Cicerón

xXx


Sabe, eu poderia tentar explicar isso de maneira simples, mas não há forma de simplificar o cruel destino que esperava a todos.


Naquele dia talvez eu pudesse ter impedido que aquilo viesse a acontecer se a maldita gata houvesse aberto a boca.


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Mas não posso culpar Charles apenas. Eu também possuo minha parcela de culpa nesse terrível desfecho – talvez mais do que qualquer um.


Mas não quero falar sobre isso agora...


Creio que estou aqui mais para me lamentar uma última vez. Ou quem sabe apenas para ver-me na tentação daqueles olhos de safira e de rubi.


Meus limites são explícitos demais. Sem tocar. Sem falar o quanto os amo e aprecio. Na verdade creio que não faria diferença.


Por muito tempo vivi observando o sofrimento alheio – e na maioria das vezes sendo a causadora de tal sofrimento.


Minha mãe mortal – Layla Heartphilia – morreu por minha causa, e mesmo sabendo disso ela me perdoou. Mesmo sabendo quem e o que eu era, ela não intimidou-se e criou-me como a própria filha.


Sim... Talvez eu devesse contar a verdade a vocês. A verdade por trás das minhas reencarnações.


Eu não sou uma alma comum, não posso reencarnar como as mesmas até um dia alcançar a perfeição e enfim tornar-me um Anjo – isso por que já nasci um anjo também.


Primeiramente sou eu quem escolhe o corpo ao qual tomarei para mim.


Segundamente eu só posso tomar corpos sem alma, ou seja. Quando Layla estava grávida, de alguma forma, a pequena e doce filha que ela teria, morreu. E tomei seu corpo como meu receptáculo.


Terceiramente... Creio que não há nada a se dizer agora, exceto pelo fato de que os corpos que eu tomo sempre tende a morrer mais rápidos mediante o grande poder em minh’alma.


É... Acho que listei tudo, não em ordem por que nem mesmo eu chego a lembrar direito da ordem dessas coisas, são banais demais para mim.


Mas enfim... Depois veio Jude Heartphilia. Por que nasci como filha dele? Simples, na verdade. Minha “maldição” sela meu destino ao sofrimento.


Querendo ou não, sou posta em situações que exigem escolhas pesadas e acabam ocorrendo perdas insubstituíveis.


Sim, possuo anos e experiência suficientes para evitar erros, mas isso não quer dizer que não existam ocasiões as quais nunca fui submetida.


Lembro-me de muitos desafios aos quais fui imposta.


Lembro das perdas que tive mediante cada vida que vivi.


Recordo-me das minhas lágrimas de alegria e tristeza.


Dos meus momentos de solidão e reflexão.


Mas vamos esquecer tudo isso... E prosseguir com minha triste história.


O fim esta perto de qualquer maneira, e não pode ser adiado.


Bom, só tenho algo a acrescentar antes de recomeçar.


Algo que me recordo perfeitamente, não é uma lembrança em si, mas sim uma recordação de uma frase friamente sórdida sobre a minha pessoa.


“Você pode ter vivido anos a fins, mas, de toda forma que seja vista, você é apenas uma tola sem escrúpulos que brinca de ser Deus.”


Ele estava mesmo certo quando disse-me isso.


Eu sou apenas uma tola brincando de ser Deus.


Uma idiota brincando de ser você, Papai.


xXx