Sublimes Sonhos

diálogo mortífero - parte 2


Pedro estava lindo como de costume, o seu sorriso era tão perfeito que não poderia imaginar viver sem assisti-lo todos os dias. Me relatando sem riqueza alguma de detalhes sobre sua vida, Pedro me contou sobre a hierarquia que existia em sua casa, onde Verbena era a rainha e seus filhos os suditos. Me contou também que a garota que parecia ter compaixão por mim no meio de anjos carregados de ódio, e que carregava um olhar meigo e assustado era Mona, sua irmã mais velha.

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Pelo que Pedro disse Mona vive a vida da mãe. Parece ter medo de não concordar com algo que a mãe apoie, e a simples presença da mãe a assusta. Quando Pedro começo a me contar sobre Verbena foi como se as nuvens parassem em frente ao sol, e a escuridão era a única coisa que nos sobrava. Verbena é uma grande líder no conselho celestial, ela faz as leis funcionarem e a vida de todos andar pra frente. Pedro disse que alguns anjos respeitam mais Verbena do que o próprio criador, e me alertou do quão perigosa Verbena pode ser, porque diferente de qualquer vilão ela prática o mal por meio do bem.

Senti que ficamos ali por horas, não me cansaria de ver os lábios de Pedro se moverem, ouvir sua voz de deus e sorri com ele. Senti fome em algum momento, mas Pedro tocou a terra úmida e em minutos morangos brotaram, doces como aquele momento. Rex estava deitado e solitário ali por perto, e eu só voltei me lembrar dos problemas urgentes quando a noite se tornou perceptível e o olhar Pedro soltou luz.

O silêncio. Como se fossemos acordados de um sonho bom o silêncio nos cercou. Acompanhados pela dor, o silêncio era quebrado em tempos e tempos por grunhidos dos animais. Rex relinchou algumas vezes e Pedro sutilmente se levantou, me deixando sentada na terra na companhia do silêncio e da dor. Acompanhei cada passo de Pedro com o olhar, ele parou em frente ao Rex e o fitou. Enquanto Pedro trocava olhares com o cavalo eu sentia um pavor crescente. A noite vinha especialmente para me alertar que quando o sol se erguer de novo no céu dessa floresta, será a hora da minha morte. Sublime deve deixar de existir.

Eu estava perigosamente distraida quando o ar se moveu depressa e Pedro revelou as assas encardidas que faciam e,e parecer mais atraente do que nunca, com o seu peito nu e suas assas como moldura de uma obra de artes. Sem me olhar, como se tivesse medo de mim Pedro me chamou interrompendo o silêncio doente.

"Pra onde vamos?" Perguntei ao me aproximar.

"Não há como fugir pra sempre!" Lágrimas começaram a rolar do seu rosto sem cessar. E ada palavra parecia arranhar sua garganta.

"Pedro, no que você está pensando?" Tremi todo o corpo e as lágrimas deles anunciavam as minhas.

"Vamos fazer o que tem que ser feito!" Ele gritou transtornado "Você não vai morrer! Não vai!" Ele me assustava com a verocidade da sua voz, as lágrimas pingavam do seu queixo e as minha brotavam na maça do rosto.

Pedro deu as assas para mim e o silêncio se fora, deixando o soluço de um choro amargo, que doia em ambos. Minhas lágrimas caiam tímidas enquanto seu soluço fazia escândalo. Ninguém disse nada por alguns minutos, até o silêncio voltou por completo.

Pedro voltou a me fitar com os olhos vermelhos e ao me encarar mais uma lágrima escapou e ele a limpou imediatamente como se dela sentisse vergonha.

"Hannah..." Ele sussurrou meu nome e meu coração perdeu o ritmo "...Você vai me matar."

"O que? " Não senti minhas pernas e minha mente se esvaziou por um tempo.

Pedro voltou a derramar um mar de lágrimas e o pânico tomou conta de mim. Eu fui do céu ao inferno em minutos. Matar Pedro seria absurdo, me despedir daquele olhar, calar aquela voz, seria surreal e minha real morte.

"Eu não vou matar você!" Gritei "VocÊ tá maluco! Eu não vou matar você!" Gritei o mais alto que pude e comecei a chorar como Pedro.

Rex relinchava a todo momento e Pedro se sentou ao seu lado, com os olhos cheios de mágoas. Acariciava Rx como se disesse adeus ao amigo.

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Ficamos os dois ali, calados pela dor. Pensei de novo no sofrimento que mamãe sentia ao me esperar chegar em casa, pensei em como parei aqui e no quanto desejaria nunca ter sonhado com ele. Todos tem um momento da vida para se indignar com Deus, esse era o meu momento.

Pedro ergueu seu braço e enfiou a mão direita dentro das penas de suas assas, e na altura da nuca tirou lentamente uma espada que brilhava como os raios do sol. Ele se movimentava com agilidade e experiência. Se aproximou de mim e me ofereceu o ouro que carregava nas mãos. Ouro afiado e mortífero.

"Faça o que tem que fazer." Disse com sua a voz calma, mas as mãos tremulas.

Rex relinchou e pensei que também deveria estar sofrendo; Pedro era cheio de tristeza e não havia máscara para esconder isso. Pensei na minha família e na dor que causaria, pensei no ódio que Verbena sentiria por mim e pela raça humana, e pensei se valeria a pena matar o homem que amo.

A espada era de puro ouro, não sustentava seu peso como Pedro, e ao me erguer ela se mantinha apoiada ao chão. Fitei Pedro e sua beleza era notável mesmo ao meio de tanto dor e solidão.

"Crave esta espada no meu peito." Ordenou com sua voz de deus e eu assenti nunto as minhas lágrimas que rolavam.

Meu coração parou e eu não consegui mais tomar ar. Eu Tinha que matar. Eu tinha que matar! Fitei Pedro mais uma vez e a minha alma doeu o corpo. Era a hora. Era a hora de fazer o que tinha que ser feito, renegar o amor para todo o sempre, e viver com essa dor. Só não sei se serei capaz. Eu tinha que matar. Eu tinha.