Sem reação

Fiquei totalmente sem reação. Como assim?! O Ian me beijando? Só podia estar sonhando. Não sabendo o que fazer, fiquei muda e senti meu rosto esquentar. Levantei rapidamente e cheguei até a porta. Eu estava toda atrapalhada, mas logo consegui abrir a porta e sair dali.

—Amy, espera! – Escutei Ian me chamar. Ainda bem que ele também tinha ficado imóvel momentos antes e não tinha feito nenhuma piadinha de mim.

Corri para o meu quarto e tranquei a porta. Fui dormir com uma sensação estranha, mas também com um pequeno sorriso.

—Amy! Acorde! – Era Natalie me chamando. Não estava nem um pouco a fim de levantar da minha cama quentinha, mas como nem a casa, nem as regras da casa eram minhas, eu acabei cedendo e levantei para mais um novo dia.

Separei uma blusa branca, uma saia de tamanho médio florida e uma sandália de tiras. Vesti-me, arrumei meu cabelo e passei uma leve maquiagem. Até porque não é todo dia que estamos em Londres, certo?

Resolvi descer logo as escadas e ir tomar o café da manhã. Fui de cabeça baixa, pois o que tinha acontecido ontem ainda passava em flashes pela minha mente.

—Amy, querida, está tudo bem? – Indagou Natalie com um sorriso.

—Hum, sim Natie. Por que não estaria?

—Não sei. É que você e o meu irmão parecem meio que nas nuvens – respondeu ela com uma risadinha.

—O que eu fiz? – Perguntou Ian ligeiramente, mas assim que me viu, abaixou novamente seus olhos para sua tigela de cereal.

Natalie começou a rir mais ainda, mas mesmo assim mantendo sua classe e postura.

—Bom, hoje eu preparei um roteiro para passarmos o dia juntos? O que acham?- A mais nova perguntou novamente.

Qualquer coisa desde que eu não precisasse ficar sozinha com o Ian!

—Claro, onde vai ser? – Perguntei curiosa.

—Surpresinha! – E saiu batendo as palmas, como se isso fosse uma grande coisa.

Ian, que estava quieto até demais, decidiu falar no momento que a irmã saiu da cozinha.

—Hum... A-amy?- Chamou ele e eu fiquei surpresa. Desde quando Ian Kabra gaguejava?

Desviei o olhar e comecei a mexer no meu cabelo. Eu estava totalmente sem graça.

—Amy? – Repetiu ele um pouco mais alto. Resolvi olhar para ele e percebi que ele também estava corado. Será que ele pensou em mim como eu pensei nele?

De repente, ele não parecia mais tão confiante. O que estava acontecendo? Ele estava me encarando. O que eu tinha que fazer?!

—O que você quer fazer hoje? Eu estava pensando... Bem, em talvez sair. Quer ir comigo?

—Hum, é que, sabe... – O que eu tinha que falar? Alguém me ajuda!! Minha consciência não parava de apitar. Não é esse mesmo Ian, o que eu já me apaixonei alguns anos atrás? Aquele que destruiu meu coração e o deixou em pedaços? Tá, agora deu de drama.

Continuei quieta e olhando para ele, que resolveu tentar falar mais uma vez.

—Sobre ontem...

—Cheguei gente! – Cortou Natalie, sem saber o que estava atrapalhando. Suspirei com alívio e vi Ian fechar a cara.

—Aonde vamos?- Indagou Ian.

—Vamos ao melhor lugar do mundo, que, particularmente, chamo de paraíso.

—Ou seja, shopping. – Completei a ideia de minha prima.

—Isso mesmo Amy! Você é a melhor. Encontrem-me na limusine!

—E lá vamos nós... – falou Ian desanimado.

Ri da cara do Kabra, peguei minha bolsa, e acompanhei Natalie.

Ian vinha logo atrás, reclamando algo sobre umas dez sacolas de roupas que teria que pagar.