A deusa perdida
Triângulo
Apolo e eu ficamos sentados no muro do meu observatório em silêncio. Creio que agora ele está mais aliviado com o que eu fiz e que em breve iremos saber o que o futuro nos aguarda.
— Por que você não reconheceu o seu filho?
Ele deu de ombros.
— Acho que estou esperando o momento certo.
Concordei com a cabeça. Apolo é o deus dos solteiros, então extrapola na quantidade de filhos que tem. Semideuses. Nem quero imaginar os filhos que ele tem com a parte não-humana. Não sinto ciúmes como Hera, mas fico preocupada com os sentimentos dele por mim, não iria gostar se no final disso resultasse um deus menor e ele simplesmente me rejeitasse porque já cumpriu o seu dever. Isso é uma daquelas coisas de deus.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Como vai sua vida aqui dentro?
O olhei com desdém.
— Chata. Estar presa aqui é muito ruim, sou obrigada a apenas dirigir minha atenção para o meu palácio e não para fora. Desagradável.
Ele riu.
— Penso que agora Zeus está sorrindo em seu trono.
Fiz uma careta.
— Não toque no nome dele enquanto estiver em minha presença. Já basta a carta que ele me enviou.
Apolo mostrou-se alerta quando mencionei a carta.
— Que carta?
Balancei a mão.
— Uma carta que pedia desculpas e comentava sobre seu plano de uma nova festa. Como pensa em festa em tempo de tal pressão que estamos passando?
— Oras! Todos merecem relaxar um pouco.
Revirei os olhos. Só podia ser Apolo.
— Tenho que ir, Alexis. Ainda tenho muitas coisas para resolver hoje.
Concordei e nós dois levantamos e nos abraçamos.
— Prometo que não irei demorar em te visitar.
— Não irei a lugar nenhum.
Ele riu e depois me beijou suavemente. Depois foi em direção a porta do terraço e desapareceu. Agora devo começar a planejar uma estratégia de batalha. Respirei fundo e me concentrei em Atena.
“Atena, convoco-lhe para uma reunião de extrema urgência comigo, estou com problemas e preciso de ajuda”.
Minutos passados, ouvi sua resposta:
“Chegarei em breve”.
Pelo que sei de Atena, ela cumprirá sua palavra, mas só virá quando tiver terminado tudo que já estava fazendo, então irei esperar bastante. Levantei e fui em direção a sala do trono, quero conversar com Kira. Quando estava perto da sala do trono senti uma presença divina no local. Ai, não, problemas. Entrei e deparei com uma mulher de extrema beleza usando um vestido curto vermelho e cabelos soltos parada no meio da sala. Quando soube da minha presença, imediatamente se virou e sorriu.
— Olá, Alexis.
— Olá, Afrodite.
Por que a inspiração da Barbie veio me visitar? Segui para o meu trono e sentei.
— Estava te esperando há vários minutos, pensei que sua conversa com Apolo nunca fosse acabar.
Revirei os olhos.
— O que a traz aqui?
— Vim conversar, afinal não conversamos desde que você me insultou naquela tarde.
— Lembro perfeitamente.
Ela não gostou do meu sorriso.
— Fiz apenas o que me pediram, não nego ajuda e não quis causar nenhum mal. Em nome do amor faço qualquer coisa.
Concordei. Sei essa história de co e não quero ouvi-la.
— Sei que não veio se desculpar, Afrodite.
Ela sorriu.
— Exatamente. Vim apenas para conversarmos um pouco, sinto que não somos tão próximas uma da outra.
Por que será, hein? Afrodite estava me deixando impaciente e não gostava do modo como estava conversando comigo.
— Chegue ao ponto principal, Afrodite.
Ela levantou uma das mãos.
— Paciência. Sei que você não gosta tanto de mim e ainda mais depois do que fiz ajudando Hera, mas saiba que não estou aqui para espioná-la ou seja lá o que for que pense. Estou aqui por conta própria.
Fiz um gesto com a mão para ela continuar a falar. Aquilo ali irá demorar muito mais do que eu imaginei.
— O tempo que você passou no Monte Olimpo me fez perceber algumas coisas que aconteceram. Certos sentimentos que me despertaram uma curiosidade e atenção especial para eles.
Não estou gostando do rumo em que essa conversa está começando a tomar, mas assenti.
— Confesso que estavam bem confusos, mas depois tomaram uma linha de decisão e achei muito belo. Até que outros sentimentos foram se revelando e assim trazendo uma situação bastante complicada, se tornou um triângulo.
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— O seu. Sendo que você é a ponta principal e nas outras tem Apolo e Zeus.
Fiquei encarando Afrodite. A expressão dela era de puro prazer e de repente comecei a rir. Soltei uma gargalhada.
— Um triângulo? Com Apolo e Zeus no meio? Você está maluca!
Afrodite apenas balançou a cabeça e se aproximou mais do meu trono.
— Não, Alexis. Estou perfeitamente sã e sei exatamente o que está acontecendo.
Ri novamente.
— Você não sabe de nada. Está perdendo seu tempo falando comigo sobre isso.
— Na realidade, não. O objetivo da minha visita era te mostrar a verdade e assim fazendo com que você analise-a e tome a melhor decisão, Zeus ou Apolo.
— Zeus? Eu não sinto nada pelo poderoso chefão, Afrodite. Acorde!
Ela abriu um sorriso de triunfo.
— Não, Alexis. A única deusa que deve acordar é você, foi por isso que vim. Tinha que abrir seus olhos para o que realmente estava acontecendo, te mostrar a verdade e assim você se decidir. O triângulo está formado, mas a única que ainda não percebeu e está confusa é você.
— Confusa? Eu não estou confusa.
Ela levantou uma sobrancelha e me encarou.
— Tem certeza?
— É claro que sim!
Afrodite riu.
— Eu sou a deusa do amor e conheço bem o ramo dos sentimentos. Consigo enxergar o amor, a tristeza, o ódio e até a confusão. Está tudo confuso em você, Alexis! – Ela agitou as mãos para mim.
Fechei os olhos e apoiei a ponte do nariz nos meus dedos. Quero encerrar essa conversa.
— Digamos que eu esteja confusa. Então, o que a guru me aconselha a fazer?
Ouvi-a batendo palminhas e abri os olhos para encará-la, estava com uma expressão de pura excitação. Nada agradável de ver.
— O óbvio. Apenas siga o que seus sentimentos falam mais alto e se entregue ao escolhido. É claro que depois terá que arrasar os sentimentos do outro, mas esse é um mero detalhe.
Suspirei. Estou sendo ameaçada de guerra e ela me fala sobre sentimentos.
— Irei seguir o seu conselho. Algo mais?
Ela sorriu.
— Estarei observando e não se esqueça de me contar os detalhes. – Ela piscou.
Assenti. Ela se despediu e foi embora.
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