Amor Na Bagagem

Capítulo 7 - Às Compras!


Divirto-me observando a reação de Becky ao abrir a porta da casa. Minha tia é designer de interiores e havia mudado a decoração, como fazia todo ano a cada estação, trocando as cores, o tipo de detalhes e a inspiração. Na verdade, eu acho que ela faz isso para se distrair, já que meu tio nunca está em casa e meu primo, Augusto, que tem minha idade, está sempre saindo com os amigos ou então trancado no quarto. Desta vez, ela havia pintado tudo de branco e feito detalhes em um marrom bem claro, desenhando diversas flores decorativas, e eu posso dizer que é uma das melhores decorações dela. O hall de entrada está cheio de suntuosas cadeiras detalhadas, e um dos lados da parede inteiramente coberto por um balcão enorme com espelho. Em cima dele, encontram-se várias revistas, provavelmente as que minha tia assina, sobre moda e, principalmente, decoração. Um relógio antigo, parecendo saído de uma fábula infantil, se encontra na outra parede, tiquetaqueando a cada minuto passado.

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-Tia Lourdes, está lindo demais! – Exclamo para a felicidade dela, que abre um sorriso enorme.

-Obrigada! Isso porque vocês não viram a decoração que eu fiz no quarto em que vocês duas vão ficar... Eu ia separar um quarto para cada uma, mas achei que vocês iam gostar mais de dormir no mesmo, sabe? Como uma festa do pijama toda noite. – Ela ri.

-É, você está certa, vai ser bem mais divertido... nós podemos ver?

-Ainda não, vamos fazer algumas compras por primeiro, quero deixar vocês curiosas!

-Está conseguindo! – Respondemos ao mesmo tempo, e começamos a rir diante da coincidência. Largamos nossas coisas no balcão e descemos uma escada até a garagem, onde entramos no carro importado que se encontra lá.

-Onde está o Guto, tia? – Pergunto, depois que ela já deu a partida.

-Ele foi para um campeonato de futebol da escola com os amigos, volta essa semana ou a semana que vem, não sei bem a data.

Concordo com a cabeça.

-Quem é Guto? –Pergunta Becky.

-Meu primo. –Esclareço a dúvida dela.

-Ah, entendi. Que amor! – Ela exclama, e eu tenho a impressão de que ela não sabe que Guto tem exatamente a nossa idade e não é uma criança, mas ignoro. Ela pode descobrir isso mais tarde.

O carro sai da garagem e demoram uns 30 minutos para que cheguemos até o shopping, devido a um grande engarrafamento no centro da cidade no qual ficamos presas, dobrando o tempo da viagem. Tia Lourdes retira o ticket da máquina do estacionamento e logo encontra uma vaga. Descemos, passamos pelas portas automáticas, e me assusto com o tamanho do shopping, bem diferente dos da minha cidade, que são mais um lugar para conversar, rir e passar o tempo do que para realmente comprar algo, em parte pela não tão grande variedade e em parte pelos preços nas alturas. Nesse shopping, lustres descem do teto todo de vidro, e diversas lojas grandes e chamativas se encontram por toda a extensão. Somos guiadas por minha tia e paramos em frente a uma das maiores, com decoração em tons de lavanda, um enorme letreiro, e com um jeito de loja cara.

-Esta é minha loja favorita. Aqui vocês vão encontrar todo o tipo de roupa, tem três andares. Comprem a vontade, por mim não tem nenhum problema. – Ela nos entrega dois cartões da loja, pequeninos e dourados, um para cada uma. Agradecemos sorrindo. – Vou para uma cafeteria aqui perto e busco vocês em três horas para voltarmos para casa. Eu peço que vocês só fiquem nessa loja, porque o cartão só é válido para ela, mas garanto que vão encontrar tudo o que precisam. Boas compras! –Agradecemos novamente, a abraço e ela sai.

-Alice, tem certeza que não tem problema? – Becky pergunta, com uma voz preocupada. Ela nunca gostou de incomodar as pessoas.

-Tenho. Não se preocupe, pois quando se trata de dinheiro, minha tia é muito generosa... E não tem problema nenhum, porque ela ganha bastante. – Confirmo, sem dúvida nenhuma.

-Ah, então tudo bem. – O rosto dela se ilumina. – Por onde vamos começar?

-Acho que a gente procura um atendente, né?

-Pode ser. – Ela acena afirmativamente com a cabeça.

Entramos no lugar. Prateleiras brancas se estendem pelos cantos com todo o tipo de peça, e somos atendidas por um homem bem magro, loiro e de olhos verdes usando roupas cinza claras, assim como a maioria dos atendentes. As mulheres usavam um vestido no mesmo tom. Ele levanta as sobrancelhas, arruma a flor lilás na lapela do blazer e sorri.

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-Oi meninas! Meu nome é Rodrigo, no que posso ajudar vocês?

-Precisamos fazer compras de verão... Todo tipo de peça possível! – Becky fala, provavelmente se sentindo em um daqueles seriados americanos dos quais ela tanto gosta. Rodrigo concorda. Ele nos explica o sistema da loja, e fico totalmente encantada. É tudo dividido em setores, e nós marcamos em um pequeno papelzinho os setores em que queríamos passar. O lugar cheira a framboesa, e eu me sinto muito bem com o ar condicionado, já que lá fora está um calor horrível. Depois de umas duas horas finalmente chegamos no caixa, com uma cesta de roupas cheia. Pago com o cartão e saímos da loja, cada uma com cerca de dez sacolas... Agora, até eu estava me sentindo em um filme. Saímos caminhando pelo shopping, observando as pessoas, vitrines, e conversando sobre tudo.

- E aí Alice, não tente me enganar, o que você ainda sente pelo Mark? – Becky me pergunta, como se estivesse me acusando de um crime.

-Eu não sinto nada, fora raiva. – Falo, sendo totalmente sincera com ela.

-Então por que você passa tanto tempo olhando para esse anel que ele te deu?

-Como você sabe que foi ele quem me deu? – Pergunto surpresa.

-Ora, você olha para essa coisinha de cinco em cinco minutos, suspira e fica séria... Não é tão difícil assim. E eu te conheço.

-Becky... Ele tem uma namorada, achei que você tivesse entendido.

-É? E se ele não tivesse?

-Eu nunca ia querer nada com ele de novo, ele já me enganou uma vez. Não sou estúpida, e muito menos gosto de ser iludida. –Respondo, apesar de não ter toda aquela certeza que aparento ao falar.

-Ok. Eu espero que você esteja certa, de verdade.

-Pode ter certeza de que eu estou. – Falo, em tom definitivo e me sentindo um pouco mais confiante em relação àquilo. Ela sorri.

-Ok. Vamos para a entrada, são quase sete horas... Nós não nos esquecemos de nada?

Aceno negativamente com a cabeça, mas bem no fundo, espero ter esquecido algo... Ou melhor, alguém. Um garoto que, apesar de ser extremamente idiota, continua tendo um estranho controle sobre o que eu sinto.