White Lies

New Perspective



As cinco semanas que se seguiram foram umas das mais aceleradas foram as mais aceleradas de toda a minha vida.


Mas agora que eu tinha um namorado, as coisas andavam mais fáceis. E eu não era a única. Calem e Sarah também estavam namorando, e eu tinha que dividir meu tempo todos os dias entre meus amigos, Chase, Kate e Sarah, minhas amigas e o Baile de Outono, que se aproximava mais e mais a cada dia, assim como meu aniversário. E por fim, entre minhas investigações e meus sonhos, irritantemente constantes.

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Sim, Katherine, como ela insistia que eu a chamasse, continuava a voltar todas as noites, às vezes duas ou três vezes, dependendo de quantas vezes eu acordasse durante a noite.

E eu não entendia o porque. Eu perguntava o que ela fazia ali, mas ela ainda insistia que estava apenas curiosa, e aos poucos eu fui desistindo de conseguir uma resposta. Ao invés disso eu a inquiria sobre outras coisas, como Chase e o assassino, mas ela também nunca respondia nada sobre esses assuntos específicos. Então, ao invés de falar sobre o que me afligia, acabávamos conversando sobre coisas como o Baile, meu aniversário e minha linhagem materna.

De tempos em tempos eu ainda a questionava, na vã esperança de que ela fosse me responder porque algo me dizia que ela tinha as respostas para todas as minhas dúvidas, mas nunca acontecia, e elas, as dúvidas, andavam quase completamente abandonadas, considerando que eu gastava cinquenta por cento do meu tempo ajudando a planejar o Baile e que todo o tempo restante era dividido entre meus amigos, Chase e minha cama. Quando eu conseguia juntar os dois últimos tudo ficava melhor, mas eu andava tão cansada que não tinha certeza se conseguiria realmente ir ao Baile, o principal

Em compensação, para meu total alívio, não houve mais assassinatos, e agora os bons cidadãos de Ipswich estavam tranquilos. Estavam esquecendo...

Não todos, porém. Nos corredores da Academia os boatos circulavam, e entre Pogue, Caleb, Tyler, Reid e eu as coisas sequer chegaram a se aquietar realmente.

Caleb tinha parado com as acusações há umas três semanas, quando ele e Reid se envolveram em uma briga e se atacaram nos fundos do Nick's, o único bar decente da cidade. Não fora nada grande, mas o assunto acabou vindo à tona. Eu podia afirmar com toda a certeza que Reid falava a verdade quando disse que não havia matado o garoto na clareira, e intervi a seu favor antes que a briga pudesse se tornar mais física do que já era. Todos acreditaram em Reid e confiaram em mim quando eu disse queo que ele dizia era verdade, e, depois de um tempo, Caleb pareceu acreditar também.

Eu sabia desde o princípio que ele não era o culpado. Mesmo descontrolado e instável, Reid era diferente de quem quer que tivesse atacado naquela noite. Eu não sabia explicar como sabia, assim como não sabia o porque de estar tendo sonhos com uma ancestral morta há séculos, eu simplesmente sabia, e não ousava questionar isso.

– Kathy... Tem alguém ai? Kath! – Mary me chamava, as pulseiras balançando enquanto ela acenava bem em frente aos meus olhos.

– Oi. Oi, tem sim, claro. Eu to aqui, o que foi? Precisam de mim para alguma coisa? – falei rápido demais, balançando a cabeça, olhando ao redor enquanto tentava me situar.

– Dãã, é claro que precisamos de você! Tipo, pra tudo! E desde que a gente chegou só o que você fez foi ficar olhando para o nada! – protestou Susan, e me encolhi um pouco, sabendo que era a mais pura verdade, mas sem querer admitir isso.

– Isso porque eu estava pensando! Mas é claro que vocês, apressadas, não me deixaram expor a ideia que acabei de ter – contornei, cruzando os braços e soltando a primeira coisa que me veio à mente. – Acho que devíamos iluminar o jardim esse ano.

– Você ficou louca? – exclamou Megan alguns instantes depois de todas me encararem em um silêncio pasmo. Tradicionalmente, o Baile de Outono tinha como tema o Halloween e o terror clássico e clichê, o que ia totalmente contra a minha ideia improvisada.

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– Kath, é outono! Outubro, Halloween! É assim que é todos os anos, porque mudar agora? – exclamou Susan, cruzando os braços também.

– Susie tem razão! Sabe, é a tradição... Fantasmas, assombrações, vampiros, não... Uma floresta encantada! – concordou Mary, e eu revirei os olhos.

– Talvez eu esteja cansada do clichê! Pelo amor de Deus, vocês não? – exclamei, frustrada.

– Tudo bem, talvez possamos fazer algo lá fora – concordou Susan. – Mas ainda não temos um tema – completou, me me coloquei a pensar, analisando o salão.

Era realmente imenso. As portas de entrada tinham facilmente oito vezes a minha altura, com escadas de mármore branco descendo até o plano em que estávamos.
O teto tinha a mesma altura da porta, um pouco mais talvez, e um lustre de cristais gigantesco pendia até ficar a três metros e meio do chão.

A parede sul possuía uma porta de madeira entalhada de onde provinha toda a nossa iluminação natural, e depois da porta um jardim imenso se estendia, verde e liso, até ser reclamado pelas árvores e pelo bosque.

– Que tal um baile de máscaras? – ouvi, mas a voz não pertencia a nenhuma das garotas. Me virei para a porta principal, de onde pensei ter vindo o som, e sorri ao ver Chase descendo as escadas, sorrindo para mim.

– Um baile de máscaras? – perguntei, sorrindo e andando em sua direção.

– É. Como um carnaval veneziano...

– Oh não, isso é muito perigoso – falei, me virando novamente para Susan, Mary e Megan e cruzando os braços.

– Perigoso por quê...? – perguntou, mas continuei olhando para elas.

– Identidades não reveladas? Quem pode dizer o que as pessoas são capazes de fazer? – sorri maliciosamente, observando-o se aproximar de esgueira.

– Oh, eu tenho algumas ideias... – sorriu, e eu ri, descruzando os braços.

– Eu também... – murmurei. – E é por isso que acho melhor deixarmos esse tipo de brincadeira para outra hora que não durante o baile – falei, me voltando para ele.

– Eu estou disponível agora... – disse, levantando as sobrancelhas sugestivamente, se aproximando até ficar a centímetros de distância.

– Eu não – retruquei. – Estamos no meio de um projeto muito importante aqui.

– Mais importante do que eu? – Chase fez beicinho, e balancei a cabeça negativamente.

– Isso não é justo, sabia? Sabe o quanto eu gosto quando você faz beicinho... – falei, e ele riu, desmontando a expressão que fazia eu me derreter e se afastando.

– Tudo bem, eu já entendi. Vou deixar vocês trabalharem – falou, e dessa vez fui eu quem fez beicinho. – Eu estava saindo, só resolvi passar pra ver você antes.

– Aonde você vai? – perguntei.

– Encontrar Caleb e os caras no Nick’s – respondeu simplesmente. – Passa lá mais tarde?

– Claro. Podemos ir para a minha casa depois – sugeri, dando uma piscadela.

– Perfeito – concordou com outra piscadela. – Até depois então.

– Até depois – disse, recebendo um beijo rápido em troca.

– Até mais garotas – disse, acenando para elas como um todo.

– Tchau – responderam em uníssono.

Fiquei parada por algum tempo, observando-o se afastar e acenando quando ele se virou na porta antes de sair.

– Então, mais alguma ideia? – falei, finalmente voltando ao assunto. Mas todas pareciam hesitantes, e ninguém disse nada. – O que?

– Ai, desculpa Kath, mas o Senhor Perfeição teve a melhor ideia – exclamou Susan como se sentisse quase culpada por ter de ser ela a fazê-lo.

– Senhor Perfeição? Mesmo? – ri. – Ok, ok, tanto faz. Agora, sério? Vocês não tem nenhuma ideia melhor?

– Eu gostei da ideia... Nunca fizemos um baile de máscaras... – disse Mary.

– Mas eu queria alguma coisa mais padronizada... Como um baile do Gelo e Fogo... Branco e Vermelho... – hesitei.

– Mas o baile de primavera foi Gelo e Fogo – interveio Meg.

– Eu sei, mas não consigo pensar em nada mais... – suspirei.

– Que tal um baile de máscaras preto e dourado? É glamouroso, e é padronizado... – sugeriu Susan hesitante, e olhei em volta mais uma vez.

– Eu... eu gosto. Gosto da ideia – falei ainda pensativa.

– Então é isso? – perguntou Meg, e eu sentia seus olhos em mim.

– É isso... Gostei! Megs prepare os cartazes e os convites para segunda, não temos muito tempo, o Halloween é em duas semanas! Quero todos os candelabros acesos nas paredes, providenciem lâmpadas amarelas, não brancas. E um tapete que cubra toda a escada, preto e aveludado. E centros de mesa! Nada de flores, mas talvez possamos colocar uma rosa em cada assento. Pretas talvez... Faça o orçamento para rosas pretas Susie. Podemos estender e iluminação para o jardim, com pisca-pisca em volta das árvores, e lanternas de papel pendendo das copas... – respirei fundo.

– Mais alguma coisa? – perguntou Meg.

– Claro! Muitas mais, mas eu realmente quero descobrir quais foram as ideias que Chase teve, então vou até o Nick’s e depois vou para casa. Não me liguem amanhã, por favor, o que quer que seja pode esperar até segunda – falei, correndo até a base da escada, onde tínhamos deixado as bolsas e saindo com um aceno breve.

O assunto “baile” estava temporariamente resolvido, pelo menos até segunda-feira de manhã, quando todas me bombardeariam com dúvidas, novidades e ideias. Até lá, eu tinha o dia de folga.

Dirigi tranquilamente pelas ruas completamente vazias, parando em frente ao único foco de movimento em toda a cidade, descendo e entrando rapidamente no ambiente escuro e abarrotado.
Já começava a escurecer, e as pessoas, em sua maioria alunos, começavam a chegar e povoar o bar.

Demorei um par de segundos até encontrar Sarah e Kate sentadas em uma das mesas no canto, acenando para mim, e corri até elas, tirando minha jaqueta e depositando-a no encosto de uma cadeira qualquer.

– Onde você estava? – perguntou Kate, sorrindo enquanto eu me sentava.

– Planejando o Baile de Outono – disse, e ri quando ela torceu o nariz. – Estão com fome? Eu vou pegar alguma coisa pra comer – falei, saindo em seguida sem sequer esperar por uma resposta.

Passei por algumas mesas, pelo velho junkbox que estava ali desde que eu me lembrava, mas que já não tocava mais, e por fim cheguei ao bar, onde Nick entregava duas cervejas a um par de garotos com identidades falsas.

– Uma porção de batatas e três cervejas Nick – falei, apoiando os antebraços no balcão.

– Você ainda vai me colocar em problemas Kath – disse ele com um sorriso para mim.

– Não que você fosse se importar, não é? – pisquei para ele, rindo. Ele sempre dizia isso por eu nunca ter me dado ao trabalho de criar uma identidade falsa. Ele sabia que não tinha idade o suficiente, mas eu o havia controlado algum tempo atrás e o compelira a deixar passar. Ele só não sabia disso, e em sua cabeça, me deixava passar porque eu era simpática.

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Peguei as cervejas e cesta de batatas fritas e voltei para a mesa.

Quando controlei Nick a me deixar pegar bebidas sem identidade falsa, aproveitei o momento e o controlei para que nunca mais me cobrasse nada.

– Oh, não, eu não bebo – recusou Sarah quando me sentei e empurrei uma garrafa para cada uma, colocando a pequena cesta no centro da mesa. Revirei os olhos e puxei a garrafinha de rótulo vermelho de volta para mim.

– Pois eu bebo – retruquei, tomando a minha em um só gole.

– Mas não devia – replicou, mordiscando uma batata. – Faz mal a saúde.

– Oh, é mesmo? – ri. Se ela soubesse de cada uma das coisas que faziam “mal a saúde” a que eu estava exposta não se preocuparia com o que uma garrafa de 357 ml de cerveja com catorze por cento de álcool podia me causar.

– Você demorou – ouvi Chase murmurar no meu ouvido e sorri enquanto ele passava os braços pelos meus ombros.

– Você deu uma ajuda e tanto no planejamento do baile – falei, esticando o pescoço para olhá-lo de baixo. – As deixou com a cabeça fervendo, cheia de ideias...

– Oh, fico feliz por ter ajudado – disse, encostando os lábios suavemente nos meus no que não demorou muito a se tornar um beijo de verdade.

– Vão pro quarto – gritou Caleb, fazendo todos rirem enquanto tirava Chase de cima de mim e bagunçava meus cabelos.

– Na verdade, esse era o plano – repliquei, e ele fez uma careta enquanto eu ria. – Como eu ia dizendo, ou pretendia dizer de qualquer forma, estou muitíssimo interessada em você a nas suas ideais interessantes envolvendo máscaras, Sr. Collins – murmurei, voltando a encará-lo maliciosamente.

– Oh, e eu muitíssimo interessado em compartilhá-las, Srtª Petrova – urrou em resposta, me fazendo sorrir antes de beijá-lo mais uma vez.

– Então, é com muito pesar que nos despedimos de vocês – exclamei ao mesmo tempo em que me colocava de pé em um salto, puxando minha jaqueta e vestindo-a em um par de segundos.

Chase laçou minha cintura e nos despedimos rapidamente antes de sair dali direto para o meu carro.

A capota estava abaixada e eu o deixei dirigir, aproveitando que tinha as mãos livres para desfrutar do vento e da paisagem como não há tempos não fazia.

Ao meu lado, Chase só fazia rir quando me pus de pé no banco de couro branco, os braços estendidos acima da cabeça, meus cabelos voando atrás de mim e os óculos de sol protegendo meus olhos devido à alta velocidade.

É claro que era perigoso, mas eu sabia que o Poder me protegeria de qualquer acidente, e Chase pareceu perceber minha tranquilidade, porque não me repreendeu em nenhum momento, e era tão bom.

Eu me sentia feliz. Completa e verdadeiramente feliz como sequer me lembrava de já ter estado. Eu me sentia livre, e duvidava que qualquer coisa que pudesse vir a acontecer pudesse estragar isso. Nada podia arruinar o modo como eu me sentia naquele momento, naquele exato momento, quando passamos pelo ponto mais próximo do penhasco, do mar e do sol em toda a estrada.

Eu podia ver o mar revolto e o sol poente através das árvores, iluminando a paisagem dourada, tingindo o céu de laranja, deixando tudo com um aspecto de contos de fadas.

Era mágico. E naquele instante, no ponto mais próximo do penhasco e do mar e do sol de toda a estrada, eu podia jurar que, por mais distantes que estivéssemos da orla, eu sentia a brisa que só se sente à beira dos mares do oeste. Eu a sentia, tinha certeza, e tinha também a certeza de que nunca me sentira mais despreocupada, nem mais bela, nem mais realizada, e, impressionantemente, eu sequer tinha motivos para tanto.

Ou talvez tivesse.

Porque eu podia afirmar tanto quanto podia dizer que estava viva, que eu nunca, em toda a minha vida, me sentira mais amada do que naquele exato momento, quando passamos pelo ponto mais próximo do penhasco, do mar e do sol em toda a estrada, e os raios alaranjados do sol atingiram meu rosto em um ângulo perfeito, e a brisa do mar soprou em minha direção desafiando as leis da física, e as folhas douradas que caíram das árvores do penhasco voaram quando passamos, e elas podiam muito bem ser fadas rodopiando em nosso enlace.

Era perfeito. Era perfeito e mágico. E eu não queria que acabasse. E se dependesse de mim não acabaria nunca. Mas nem tudo dependia de mim. E isso, infelizmente, era algo que eu não sabia naquele momento. Era algo que eu descobriria mais tarde. E seria da pior maneira possível.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.