Saí de fininho de casa, minha mãe estava fora. Primeiro, estava passeando, deixando as lágrimas caírem como elas quizessem. Fui a um lugar mais deserto pra que não acontecesse nada com ninguém. Afinal era só eu que merecia castigo. EU era disléxica. EU me auto-mutilava. EU era a inútil. De repente a vista começou a ficar embaçada em função das lágrimas, e eu acelerei. Meu coração batia mais forte e eu só pensava "para de bater, inútil" "para logo". Até que, perdida em meus pensamentos, com o carro a mais ou menos 100km/h -não era muito, mas mesmo assim- deixei que ele caísse no barranco.

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As últimas coisas que presenciei foram a altura daquele troço -não era muito alto, mas dava pra se matar- o carro capotando, e meus olhos se fechando, pra adiantar o serviço.

..

Olhei em volta. DROGA! EU NÃO TINHA MORRIDO, SOU TÃO INÚTIL QUE NEM PRA ME MATAR EU PRESTO.

Mas eu não conhecia aquele lugar. Pelos aparelhos e coisas diferentes eu percebi que era um hospital. A enfermeira percebeu que eu havia acordado.

- Vou chamar o médico já que a senhorita acordou.

Me mexi com muita dor e assenti com a cabeça. Ai! Estava tudo doendo e... eu não lembrava de absolutamente nada. De repente uma menina muito bonita que parecia ter a minha idade, acenou pra mim do lado de fora. Quem era aquela louca chorando e acenando?

O médico veio, me examinou e saiu. Logo depois a louca entrou e eu fiquei olhando pra ela assustada,tentando me esconder.