Capítulo 15 - ...

E ela dizia a verdade. O que fez Miruku se remexer ainda mais em seu lugar.

- É... se lembra de Vitória Maisa?

- Lembro. Estudava na mesma escola que Lucas e eu.

- Eram amigas?

- Não, vivíamos discutindo na escola como criancinhas. Normalmente ela era quem começava. Ciúmes.

- Pode dizer como ela é, assim como fez com Lucas?

- Fria, distante, desde pequena. Eu morria de medo quando ela olhava com os olhos meio vazios. Mesmo quando namorava Lucas, nunca parecia feliz por completo, parecia estar em busca... de algo – o término da frase lhe deu arrepios

- Então ela foi mesmo a namorada de Lucas, né? – Tikara fez a pergunta óbvia

- É claro que namorava, seu besta, ta com cera no ouvido, porra? – Miruku reclamou, bruscamente, e, aproveitando um momento de distração de Gabrielle, sussurrou: vamos perguntar sobre as vítimas

- Ok, ok... conhece Adrielle Matos? – perguntou Tikara, chamando novamente a atenção de Gabrielle

- Foi uma professora da nossa antiga escola no ensino médio.

- Já teve desentendimentos com ela?

- Não senhor.

Miruku teve vontade de rir pelo fato de ela ter chamado Tikara, de míseros 18 anos , de “senhor”.

- Algum de vocês já teve? – Miruku reformulou a pergunta

- Só a Vitória tinha suas confusões de vez em quando.

- Confusões de que tipo?

- Ah, a professora era muito puxa-saco da família do Lucas, e como sabia que os pais dele não gostariam de uma garota que não tinha dinheiro namorando com ele, pegava no pé dela sempre que aparecia oportunidade.

- Desculpe, a pergunta mas, você tinha dinheiro?

- Hm, não muito, mas por quê?

- Ótimo, vou te fazer outra pergunta bem estranha... você tinha amizade, ou até mesmo conhecia pelo nome ou apelido algum morador de rua desse bairro?

- A gente vê eles todos os dias, mas não conheço nenhum.

- Como eu pensei... – murmurou Miruku para si mesma

- ?

- Bem, se lembra de ter tido algum colega de sala chamado Marcos?

- Haviam três ou quatro na escola no período da manhã, mas nenhum era da nossa sala.

- Recorda de algum que o sobrenome fosse Gonçalves? – se adiantou Tikara

- Tinha um garoto de outra sala que eu me lembre, ele era amigo do Lucas.

- Havia alguma relação entre você e ele?

- Ele era meio chato, gostava de implicar comigo, brincadeira de criança – deu de ombros e sorriu outra vez – Minha irmã o odiava por isso. Mas o que passou, passou.

- Passou mesmo. Ele está morto.

- Morto? – a palavra parecia ter causado choque, desfazendo qualquer vestígio de sorriso no rosto dela – Não pode ser...

- Sim, é por isso que estamos aqui – Miruku sorriu. – Aliás, Marco e Vitória se conheciam?

- Não sei, mas já que estão interessados nela, poderiam interroga-la pessoalmente – disse com voz em tom gentil, mas Tikara achou rude.

- É isso que a gente vai fazer – concordou Miruku – Já temos o endereço, mas não sei se o que vamos ou não fazer seja de sua conta – completou em tom igualmente gentil.

Gabrielle ficou em silêncio.