Quiet.

19 - Cobrinhas gêmeas


Acordei com a luz forte que vinha da janela da sala em meu rosto. Meu pescoço doía por ter dormido naquela posição, – que aparentemente eu havia dormido no sofá – pisquei os olhos várias vezes e comecei a lembrar do que tinha ocorrido ontem. Levantei e fiz careta massageando meu rosto.

– Geralmente você faz isso em frente ao espelho.

Ouvi a voz do Thai e me virei vendo-o através da bancada da cozinha.

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– Geralmente eu durmo na minha cama – falei com um tom meio irônico, meio "engraçado né?" – Você não podia pelo menos ter me carregado até meu quarto?

– Se eu te levasse para algum lugar seria para o meu – Ele disse pondo uma torrada na boca e saindo.

Senti meu rosto esquentar. Se era de raiva ou vergonha eu não sei, eu odeio o modo que ele fala sem se importar ou mostrar alguma reação, mas eu tenho certeza que aquela torrada foi só para eu não ver seu sorrisinho perverso. Na verdade estou passando a odiar o lado frio do Thai, é como seu perguntasse "MEU DEUS CADÊ MEU BRAÇO?" "No freezer" – que engraçada você Queen, ainda faz trocadilho. Levantei e fui me arrumar para o trabalho.

Depois de tomar um banho, coloquei uma calça jeans rasgada e o uniforme, – uma blusinha rosa "linda" – depois tomei o café em um gole e levei uma torrada na boca como o Thai e sai. Cheguei na loja e pus meu avental acenando para o Taylor que retribuiu. Fui para trás do balcão e fui puxada por ele que depositou um beijo em minha testa e voltou a fazer o que estava fazendo antes de eu chegar. O dia foi – vamos ser irônicos né – uma merda.

Além de eu já ser uma completa inútil ainda tinha a imagem do Thai na minha mente fazendo tudo ficar cada vez melhor. Pratos quebrados, trocos errados, clientes enfurecidos e um cara com o boné do monkeys que com certeza foi enviado pelo demônio para fazer meu dia ficar pior do que já estava – o que me surpreendeu poder piorar. Ele pediu para eu levar o mesmo café 6 vezes, e como eu sou educada mandei ele tomar no cu seis vezes também. Minha mente estava "fala pro Taylor, fala pro Taylor" enquanto ele tentava fazer com o que o senhor barba pai não me despedisse.

– Aleluia – Falei virando a plaquinha de "aberto" para "fechado".

– Você bateu seu recorde hoje, parabéns – Suspirei antes que o Taylor continuasse o sermão – tudo bem que você não faz nada certo mas têm algo errado.

– Taylor eu beijei o Thai – Pausei – De verdade.

– Disso eu já s- pera, VOCÊ beijou ele?

– Que parte do "eu beijei o Thai" faz sua pergunta inútil?

– Beijou mesmo? Contato de língua? – Ele falou saindo de traz do balcão.

– Não Taylor, contato de traqueia. CLARO! Por isso eu disse "de verdade". SABE VOCÊ NÃO ESTÁ AJUDANDO – Gritei tirando meu avental.

– EU NÃO TÔ AJUDANDO? Você me disse que não gostava dele! – Ele falou gritando também.

– EU DISSE ISSO antes do que ocorreu ontem.

– Vocês estão namorando agora?

– E por que deveríamos estar?

– Quer saber, eu não entendo você – Ele disse num suspiro arrumando as mesas.

– Como não, você é feito para me entender! VOCÊ TÊM QUE ME ENTENDER. – Disse segurando seus braços impedindo que ele continuasse – Afinal foi VOCÊ que me fez estar apaixonada por ele.

– EU? – Ele disse me fitando.

– Quem mais? De tanto você falar aconteceu!

– De tanto eu falar você FINALMENTE percebeu – Corrigiu – Calma, vocês só se beijaram né?

– O que está pensando, que eu dormi com ele? – Disse revirando os olhos.

– Estamos falando do Thai, Queen. O que quer que eu pense?

– Só nos beijamos Taylor, ok? – Falei desviando o olhar.

– Bom.

O sininho tocou.

– O que é bom? – A cobra apareceu dando um beijo no Taylor.

– Não viu a placa fechado? – Perguntei com um sorriso amarelo.

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– Não ouviu o meu aviso "fique longe do Taylor"? – Retrucou.

– Quer que eu converse com ele como, a 10 metros de distância?

– Isso sim seria bom – Sorriu.

– Estou indo embora Taylor.

– E o que vai fazer quanto ao Thai?

– Eles estão finalmente juntos? – Ela perguntou.

– Espalha pro mundo todo logo Taylor! Pega um holofote e grita – Grunhi batendo a porta.

"Finalmente" isso, "finalmente" aquilo, finalmente a puta que pario! Por que é tão obvio que uma hora ou outra eu ia acabar ficando com o Thai? Abri o porta com força e apertei a campainha várias vezes.

– Queen? – O Random abriu a porta semi nu.

– Não, Deus – Sorri – Põe uma camisa Random, vamos vandalizar Londres.

– Não acho que essa seja uma boa hora – Ele disse fazendo uma cara que eu entendi como um "vai embora" mas ignorei.

– Por que? – Falei tentando entrar mas sua mão me impedia – O que foi, têm um monstro ai dentro?

– Exatamente como a Clair descreveu – Uma garota vestida apenas com uma blusa aparentemente do Random surgiu por trás dele.

– Você é amiga dela? Meu deus, aonde estão meus modos. Me permita corrigir, confundi monstro com cobra – Sorri serrando os dentes.

– Não deixa ela falar assim comigo bebê – Ela falou envolvendo os braços na cintura do Random.

– Calma, calma, calma. Bebê? VOCÊ TÊM NAMORADA TAMBÉM? – Arregalei os olhos vendo sua cabeça assentir – Quer saber, vão todos pro inferno!

Dei meia volta e fingir não o ouvi chamando meu nome. Já sei o que está acontecendo. A Clair estruturou um plano para ferrar minha vida e utilizou sua discípula para ajudar. Agora que o Taylor e o Random estão envenenados pelas cobrinhas o que me resta?

Subi as escadas devagar chegando finalmente ao andar me deparando com o Thai recostado na porta.

– Finalmente – Ele bufou.

– Jura que teve que usar essa palavra? – Disse soltando um suspiro.

– Esqueci minha chave.

– Percebi – Dei de ombros indo em direção a porta pegando o grande chaveiro da minha bolsa.

E parece que a Clair converteu o tempo pro lado dela também porque todas as chaves que eu tentava nenhuma era a certa e o silêncio me fazia ficar ainda mais nervosa. Além de saber que bem atrás de mim estava o Thai que provavelmente devia estar me olhando fixamente agora.

– Está fazendo isso de propósito né? – Ele falou perto do meu ouvido.

– Por que eu faria isso? – Tentei falar firme – Olha quantas chaves têm aqui. A reserva do carro, da garagem, do portão, dos quartos...

Ele pegou meu queixo fazendo o fitar e parar de falar.

– Cheguei em uma boa hora.

Arregalei os olhos ao ver a pessoa atrás do Thai que havia acabado de falar.

– M-mark?

– Oi irmãzinha.