Quiet.

10 - Dois bêbados no paraíso


Eu tinha que fazer algo se não a Queen ia inundar a casa com tantas lágrimas.

– Já acabou? – Perguntei fazendo-a levantar a cabeça e me olhar de baixo, era uma nanica.

– Não foi você que oferecer o "ombro amigo" pra mim? – Ela bufou, pelo menos não estava mais chorando, mas seus olhos estavam bem inchados.

– Eu não sabia que você ia chorar por uma hora e meia, meus pés estão doloridos de ficar em pé, e olha minha blusa – Falei a afastando e mostrando a grande marca molhada – você babou ela toda – Seu rosto ficou vermelho.

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– EU NÃO BABEI EM VOCÊ – Ela grunhiu – Isso são lágrimas puras e sinceras – Ela virou o rosto – Você não sabe nem consolar alguém – Murmurou.

– Eu não estou te consolando, estou me prevenindo de te ver vagando pela casa com os olhos cheios de lágrimas todos os dias que pensar no "Deniel" – Revirei os olhos – E depois eu sou o "empacado no amor".

– EU ACHO ASSIM, a Clair não te deixou ontem né? Então fica shiu – Ela grunhiu, soltei uma risada – Tsc, só queria beber muito agora.

– Meu amigo têm um bar aqui perto – Ela me olhou interessada – E da pra ir a pé.

– Agora está falando minha língua Button – Ela arqueou as sobrancelhas e abriu um sorriso.

POV'S Queen

Eu já deveria ter sacado que quando o Thai disse "da pra ir a pé" ele estava falando no sentido que PARA ELE não era longe, mas cara, eu já estou andando a vinte minutos – VINTE MINUTOS – ele não sabe que se para chegar num lugar leva mais de 5 minutos, é obrigatório ir de carro? Para isso que eles foram criados, poupar minhas pernas curtas e lentas de vagar pelas ruas de Londres às 10 da noite com o aprendiz de mafioso do Thai – descobri que ele faz corrida a distância também, me mata aqui ô Deus.

Foi quando finalmente chegamos no bar, e nossa, valeu a pena esses vinte minutos. As coisas boas de ter um irmão que têm o mesmo estilo que você, é que os amigos dele vão ter o mesmo estilo que você, e esses amigos – vulgo senhor peladão – vão te levar para o bar mais foda da cidade toda, sim, "O bar do tio Jack" esse era o nome do paraíso.

– Caralho Thai, caralho – Falei dando uma volta olhando o lugar com mais clareza – você só pode ser Deus, sério.

– Eu só vou aos melhores lugares pirralha – Ele falou indo até uma mesa nos fundos.

– E acho que você deveria me levar neles – Falei saltitando seguindo-o.

– É, talvez – Seu tom não me convenceu muito.

Antes que eu pudesse insistir um homem alto, com 2 tatuagens de ancora no braço, sem camisa e SEM CAMISA veio até nossa mesa.

– Olha quem está aqui – o homem semi nu falou dando uns tapas fortes nas costas do Thai.

– Fala ai Jack – Ele disse dando um soco no seu ombro.

– Não sabia que depois de rejeitar as garotas você as trazia para beber agora Thai – O homem disse me olhando com um sorriso.

– Você acha mesmo que eu ia me confessar pra esse mafioso ai? – Falei antes que o Thai respondesse – Pelo menos agora sei quem o influenciou a andar nu pela casa – bufei – Sou só uma garota com coração partido Jack, traz o que você têm de mais forte pra mim.

O loiro fez um "ok" pra mim e saiu. E depois de alguns minutos ele veio com uma bandeja cheia de copinhos com uma bebida verde neles, assim que os pôs na mesa pude sentir o cheiro forte que me fez tossir.

– Você têm tolerância a álcool – Thai perguntou pegando um copinho e virando na mesma hora fazendo uma careta.

– Que porra de tolerância Thai, me da um copinho ai.

Senti minha cabeça girar.

– Me diz, como você banca aquele apartamento? – Falei virando mais um.

– Já está bêbada? – Ele riu – Eu sofri um acidente de carro quando tinha 8 anos, meus pais morreram. Dai eu pedi para meus pais adotivos para morar sozinho – Ele disse virando outro.

– Por isso que você é bom em tudo – Falei batendo forte na mesa fazendo os copinhos vazios virarem – Para não ser um fardo para seus pais? – Ele assentiu – Hm, graças a eles você não é um completo inútil.

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– Eu não esperava essa reação, estava aguardando algo como "Desculpa ter perguntando", "Lamento"...

– Eu não vou sentir pena de você Thai, na verdade você teve sorte de conseguir pais que te educaram e tudo mais – Suspirei – pais que te quiseram – virei outro copinho.

– Te vi chorar por uma hora e meia, você babou em mim, posso aguentar mais alguns lamentos.

– Não é nada demais. Quando eu era pequena minha mãe me ensinava a tocar piano e praticava canto comigo, é coisa de família minha biza ensinou a minha vó, minha vó pra minha mãe e bem, minha mãe pra mim. Mas minha vó violentava minha mãe, e ela sentia vontade de... Me bater também, então ela foi embora – Finalizei.

– Mas o Mark mora com sua mãe certo?

– Sim, ela levou ele. Eu não a vejo faz uns, 13 anos? – Ri – Eu preferia não sentir falta, não sentir saudade, mas que droga, eu sinto.

– Jack, traz mais uma rodada e um bloco de notas – Thai gritou.

– Os pinceis também? – O loiro respondeu.

– Sim.

Quando ele trouxe o que Thai havia pedido, ele começou a desenhar, recostei minha cabeça na mesa e fiquei o observando.

– Essa é a única lembrança minha dela – Ele disse me mostrando o desenho.

– Você vai me fazer chorar de novo – Falei coçando os olhos.

– Então você é mesmo uma menina? – Ele falou bagunçando meu cabelo.

– Retiro o que disse. Era pra você ter morrido naquele acidente – Grunhi virando o rosto pro outro lado.

– Sua mãe te amava, por isso ela foi embora. Ela não queria te machucar.

– Então você têm mesmo sentimentos? – Ele riu – Eu sei disso – Me virei de volta e o fitei – Quando a Clair foi embora, o que você fez?

– Aprendi que se a gente não levar a vida, ela nos leva de qualquer jeito – Ele sorriu fraco pra mim.

Minha visão começou a embaçar, a última coisa que eu lembro é aquelas grandes orbes azuis.

*******

Senti algo cutucado minhas costas, tirei a cabeça debaixo do travesseiro e tirei o edredom do meu corpo levantando com os meus cabelos no rosto.

– Quer morrer? – Parecia que tinha golpeado minha cabeça varias e varias vezes.

– Colégio pirralha, anda logo – Thai disse com uma fatia de pão torrado na boca.

– Ta me zoando ? Eu bebi tanto que parece que fui espancada, meu rosto está horrível e acho que não consigo nem ficar em pé – Falei colocando as mãos no rosto deitando de novo – e sem o Deni o que eu farei naquele inferno? – Completei.

– Você pode ficar comigo e meus amigos – Ele murmurou.

– SÉRIO? – Levantei de novo e o olhei com os olhos brilhando.

– Eles já estavam me enchendo que queriam te conhecer mesmo – Ele revirou os olhos – Mas vou logo avisando, sou um garoto popular, estar comigo quer dizer ser odiada por todas as existências.

– Não gosto daquelas patricinhas nojentas mesmo – Falei – E por favor, "um garoto popular"?

– Se prefere o termo lindo, tudo bem – Mostrei meu dedo do meio. Ele riu e saiu do quarto.

Desde quando ele entra no meu quarto assim livremente?