Mudando o Destino

Capítulo 1 - A Humana


\"Chovia torrencialmente naquela tarde de primavera. Os céus lavavam a terra como nunca antes se havia visto no vilarejo. Nuvens obscuras cobriam qualquer vestígo de luz que o sol poente pudesse oferecer. Chovia como se alguém chorasse desesperadamente, porém ninguém conhecesse o motivo. E desse choro, agudo e doloroso, faziam-se ouvir os soluços entre as quatro paredes daquele quarto precário onde uma bela menina de cabelos róseos decidira vir ao mundo. Nunca se vira uma criança como aquela em toda a Grécia. Não herdara os cabelos castanhos de seus pais, nem a pele escura dos aldeões de Amphípolis. Era como se tivesse nascido desprovida de laços sanguíneos com qualquer pessoa, mesmo que esta habitasse sua casa, e dividisse com ela todos os infortúnios e alegrias de uma família comum...

Realmente, aquela não era uma família comum. Era uma família que preferia acreditar em profecias e agouros, a usar o bom senso de um cidadão grego. E tanto criam nessas tolices, que acabaram por abandonar ao relento sua filha primogênita, temendo ser esta uma terrível ameaça ao futuro do mundo.

E assim, abandonada, a menina cresceu lutando contra todos os que se pusessem em seu caminho: o caminho da solidão. Porém a solidão, aos poucos, fora se tornando cada vez mais amarga. E ela, a garota dos cabelos cor-de-rosa e olhos verdes, viu-se num abismo tão profundo, tão irremediável, que não via mais razão para viver daquele jeito, não via razão para sofrer daquele jeito, e, por isso, não via nem ao menos a razão de sua existência neste mundo. Foi assim que se viu obrigada a encontrar, por insignificante que fosse, uma razão para continuar existindo.

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E não demorou a encontrar o melhor dos motivos: a vontade de viver. Experimentou uma, e duas, e muitas vezes a sensação de estar perto da morte; foi feita prisioneira, levada para Roma, vendida como escrava, depois como gladiadora, e só então viu seu desejo de viver aumentando cada vez mais. E no começo, era apenas o medo de morrer que a alimentava; depois percebeu que não bastava apenas querer viver, é preciso querer viver bem.

E foi ambicionando ter uma vida melhor, ou, ao menos, digna de um ser humano qualquer, que HARUNO SAKURA se tornou a maior das guerreiras que Roma já vira pisar nas areias de suas arenas...\"