Cinzas do Crepúsculo

O novo caminho


CAPÍTULO 38

THE NEW WAY

Revan olhou para Regulus e riu, pensando se tratar de uma brincadeira, mas seu riso morreu logo que percebeu a verdadeira intenção do mentor. Um olhar incrédulo agora ocupava sua face. Interiormente, queria rir outra vez. Tinha que ser uma brincadeira, Regulus era uma pessoa cuidadosa.

“Não.”

“Sim” replicou Regulus, exibindo os tickets para a Copa Mundial de Quadribol. “Cem ingressos são nossos.”

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Ele suspirou, escondendo o rosto nas mãos. “Meu lorde está enlouquecendo. Não pode querer realmente levar comensais da morte em um jogo.”

Voldemort parecia pensar o contrário, assim como Regulus. O ex-apanhador quase vibrava com a empolgação de ver um jogo de quadribol profissional. Os tickets tinham sido comprados com os lugares escolhidos a dedo, espalhando uniformemente os comensais pelo campo. Um camarote era deles – Revan imaginou que para ele, seu mentor e mestre.

A próxima coisa que o homem supostamente falou, porém, quebrou seu cenário mental em pedaços imaginários.

“Não se preocupe” disse Regulus, sentando-se e trocando olhares maliciosos com Voldemort. “Você não vai conosco. Certo, meu lorde?”

Revan podia ser muitas coisas: Apanhador, número um nas provas da casa de Slytherin, o mais desejado pelas meninas naquela idade, o que carregava consigo duas, às vezes mais, identidades extras, mas acima de tudo, ele era um menino de quatorze anos. Pulou, sentindo-se ofendido. “Por quê?”

A simples palavra carregava consigo um enorme significado. Traição, abandono, inveja. A raiva estava bem oculta, só detectável por ouvidos bem treinados. “Vo-você sabe como gosto de Quadribol.”

Voldemort balançou a cabeça em desaprovação; ele claramente não gostava e como as emoções se desencadearam. Não era para isso que havia treinado o garoto. Decidindo cortar o mal pela raiz antes que se espalhasse, informou-o: “Você não vai conosco porque Frederick Greengrass te convidou para assistir o jogo com a família. Aparentemente a mais nova tem uma paixão por vassouras.”

“Daphne vai estar lá?”

A mão de Regulus foi parar no ombro do menino. “Não caia nessa, garoto. Não o casamento arranjado, queremos isso. Só não comece a gostar de alguém com muito dinheiro.”

“Mais dinheiro, mais difícil a convivência” concordou o Lorde das Trevas. “Respondendo a sua pergunta, sim, ela vai estar lá.”

Revan reprimiu um sorriso. Ele sabia que tinha sorte por ter possivelmente conseguido um casamento excelente com uma bela jovem, com a particularidade de ser muito inteligente... E saber se manter fora de onde não era chamada. Ele também apostava que Daphne se manteria calada, se assim fosse ordenada.

Uma boneca.

“Bom, e então? Posso pelo menos saber que hora será o ataque? Não quero perder minha noiva antes de conseguir efetivamente sua mão.”

Regulus deu de ombros. “O Lorde das Trevas me deu permissão para organizar esse ataque. O quê? Eu sei realizar um ataque, pare de rir!” ele fechou a cara. “Vai ser na hora que eu bem entender. Fique preparado, e vá arrumar suas coisas.”

“Estão arrumadas.”

O velho inclinou a cabeça. “Desde quando?”

Revan ficou satisfeito em surpreender alguém que ele julgava conhecê-lo tão bem. “Desde quando o Lorde das Trevas se revelou, estou pronto para fugir. Tenho roupas para um mês e alimentos para quinze dias.”

Voldemort deu um sorriso de aprovação. “Vá se arrumar, garoto, e faça questão de arrumar seu cabelo. Desse jeito, está até mesmo parecendo Potter.”

Ele corou e correu escadas acima, xingando mentalmente o comensal responsável por trocar seu xampu com o de Bellatrix – deixando seus cabelos tão volumosos e rebeldes quanto os da bruxa.

Levou mais de uma hora para se tornar apresentável, grande parte desse tempo apenas para deixar o cabelo do jeito que gostava, com sua franja penteada para trás das orelhas em cachos suaves. Vestes azul-petróleo completavam o look, para destacarem os olhos de Daphne se eles se sentassem próximos um do outro.

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Revan acenou para Regulus, se despedindo, e entrou na lareira ao falar, alto e claro, “Casa Greengrass!”.

_

A sala da casa não era de arregalar os olhos, como a mansão dos Malfoy, nem tão grande quanto a de outras famílias. Parecia ter espaço para acomodar quinze pessoas confortavelmente, e caprichava no aconchego. Os sofás estavam bem distribuídos, cercando belos tapetes e dando vista para os diversos quadros que ocupavam as paredes, juntamente com algumas tapeçarias, a maior sendo, é claro, a da árvore genealógica da família, que diminuía até a ponta onde se via apenas dois nomes.

Os nomes Daphne Greengrass e Astoria Greengrass pareciam causar uma ferida; pareciam tão solitários quando, no início, havia sete irmãos, quando, no início, seus pai se casou com uma jovem germânica, começando então a beleza quase etérea dos Greengrass.

Revan dirigiu sua atenção para os quadros, que em sua opinião, eram tão interessantes quando a tapeçaria principal. As figuras mal se moviam, fazendo o garoto se perguntar se se tratavam de pinturas trouxas. Os casais rodopiando rodopiavam de verdade, porém, em uma clássica dança comum do começo do século XIX, os vestidos das mulheres voando conforme o vento batia neles, e os violinistas movendo os braços em um repetitivo ir e vir.

Pintores iniciantes, então, mas muito, muito bons. Outro quadro mostrava uma jovem loira tocando piano; apenas as notas saíam do quadro, a boa e velha melodia de Moonlight Sonata de Beethoven. Finalmente, Revan percebeu que se tratavam de ancestrais Greengrass.

“Revan!” gritou alguém, correndo até ele em passos leves. O herdeiro Black se virou para recepcionar Astoria, cujo cabelo agora passava do meio das costas em um tom castanho cinzento. Olhos azuis o encaravam com expectativa.

“Hey, Tory! Como está?” ele bagunçou os fios da menina e riu quando Tory tentou se afastar. “Já fez todo o dever de casa?”

Ela revirou os olhos e passou os dedos pelas mechas. “Não tivemos dever de casa, seu idiota. Você-sabe-quem voltou e os professores nos mandaram para casa.”

“Aposto que professor Snape mandou tarefas pelo correio coruja” caçoou Revan. “Ele mandou para a minha turma.”

Astoria disse que quase ninguém abria as cartas ultimamente, todos preocupados que haveria veneno ou um feitiço pronto para atingi-los. Pelo menos ela não tinha que responder a Draco Malfoy agora. “Ridículo! Não acredito que papai tenha pago tanto para eu me casar com ele!” Ela pausou. “É verdade que você pagou um dote para casar com Daphne?”

Revan fez que sim. “Apenas se ela aceitar.”

“Quem não aceitaria casar com você?”

Ele franziu a testa. “Sua irmã.”

Rindo, os dois caminharam juntos até o segundo andar da casa, onde os Greengrass costumavam ficar quando não havia visitas. O herdeiro Black se sentiu mal por chegar sem avisar, mas hey, sem cartas para marcar uma data, ele não teve outra opção. Tory não estava satisfeita com o passo dele; ao se distrair, a menina pegou sua mão e correu escadas acima, tagarelando sobre a Copa Mundial de Quadribol.

Eles ofegavam ao chegar à pequena sala do segundo andar, que dava acesso ao corredor e aos quartos. “Papai está trabalhando, mas vai voltar para o almoço. Mamãe deve estar no quarto dela, junto com Daphne, costurando. Deve estar fazendo o enxoval.”

“Ela nem concordou com os termos.”

“Mas vai concordar. Ela estava falando com Pansy sobre você. DAPHNE!”

Uma das portas se abriu, revelando a mais velha herdeira usando vestes casuais, um vestido anil que destacava seus olhos. Os cabelos loiros, sempre impecavelmente arrumados, estavam em ondas soltas até a cintura. Ao ver quem a esperava, Daphne corou profundamente e sua boca se abriu em um O.

Parecendo prestes a desmaiar, ela avançou sobre Astoria: “Tory! Como você pôde? Não me arrumei, meu cabelo, Merlin! Você está sempre tentando estragar as coisas!”

A mais jovem não dava a mínima indicação de que se arrependia do que havia feito. Não era ela que estava oh tão feia. Ela deu uma gargalhada e voltou a puxar Revan, dessa vez para o sofá, tagarelando sobre como ela tinha azar.

Revan não a ouviu. O sentimento de vitória ao ver o corar de Daphne tomava conta de seus sentidos.

_

Três meses depois, o herdeiro Black e as garotas empacotaram as coisas para a Copa Mundial de Quadribol. Só ficariam por alguns dias, e ainda assim as meninas conseguiram precisar de feitiços para que todas as vestes coubessem nas malas. Revan estava satisfeito com dez trocas de roupa – Tory e Daphne precisaram de vinte, cada.

A mais nova pulava ao redor dele, apressando-o e falando alegremente sobre suas expectativas de ver Krum ao vivo, e talvez até conseguir seu autógrafo. “Ele é tão lindo, e voa tão bem! Vocês podiam jogar juntos um dia, Revan!”

Pelo que ele podia ver de acordo com a cara de nojo de Daphne, a loira discordava, apesar de que se dependesse dele para indicar qual era o tipo de garoto para ela, o herdeiro Black ficaria sem responder. Ela fechou sua mala e levitou até a chave de portal no meio da sala, sem se importar com a restrição de magia para menores. Sua magia se misturaria à da casa e o Ministério não poderia provar nada.

“Vamos logo!” insistiu Daphne, checando sua maquiagem no espelho mais próximo. Seu coração palpitava no peito; como se não bastasse terem que ir à uma copa estúpida, ainda precisavam chegar cedo para conseguir um bom lugar de acampamento. “Estamos atrasadas. Pansy já está lá, e Tracey!”

“Acho mais fácil admitir que você quer ver Krum” brincou Revan, dirigindo sua mala para perto da boneca que serviria de chave do portal. Instintivamente ele se desviou de um tapa que nunca veio – Daphne era educada demais para partir à violência, ao contrário da irmã. “O quê? A única coisa que recebo em troca é esse olhar mortal?”

Frederick e Karina também estavam arrumando os últimos detalhes. “Daphne está certa, Tory. Todos ao redor da boneca.”

Os cinco fizeram um círculo e seguraram de algum jeito a perna ou braço (ou no caso de Revan, a cabeça) de uma antiga boneca. Ele prendeu a respiração, esperando pelo familiar puxão no umbigo que não tardou a vir.

O herdeiro Black foi jogado na grama de uma altura que ele não preferia nem imaginar. Olhando ao seu redor, percebeu que estavam na depressão de um vale, onde não poderiam ser vistos. Dirigiu-se até Daphne para se certificar que não precisava se ajuda, mas a loira pousara suavemente no solo. Sua trança parecia inalterada, e não havia nem mesmo um amarrotado em suas vestes esportivas.

Guiados por Frederick, seguiram pequenos indícios mágicos que eram deixados pelo caminho até verem as barracas que já começavam a ser montadas.

Um trouxa se aproximou deles, a julgar pelas roupas. “Outros! Alguém pode me dizer por que todos querem acampar por aqui?”

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Karina parecia indignada. “Há um trouxa aqui?”

“E temos que pagar para usar essa área” resmungou Revan, tirando um galeão do bolso e jogando-o para Robert. “Aqui. É ouro puro.”

Marcharam antes que ele, e a esposa que se aproximava, pudesse fazer mais perguntas. Tory olhou para ele e de volta para Revan. “Hey! Todos os trouxas são sujos desse jeito?”

“Estamos no meio do campo, Tory” explicou Frederick, adiantando-se. “Nós também vamos nos sujar.”

Ela se virou para o pai. “Não vamos não. É por isso que estamos usando vestes especiais.” E saiu correndo antes que alguém pudesse dar uma réplica apropriada.

Astoria e Daphne só voltaram a falar uma com a outra quando a barraca já havia sido erguida. Era de tons de verde, parecendo militar para os trouxas, e Slytherin para bruxos. Ao entrar, tinham uma pequena sala com sofás e livros e três portas que davam para suítes.

“Pedimos desculpas por nós termos apenas três suítes, Revan” disse Karina ao colocar sua mala diminuída magicamente em uma mesa. “Mas nunca precisamos de mais.”

O herdeiro Black sorriu e disse que não havia problema algum. Daphne e Astoria já estavam se instalando em um dos quartos com uma cama duplicada, e qualquer maneira. Apesar de que eu não me importaria de dividir o quarto com Daphne, pensou ele com um sorriso maroto.

Uma semana se passou. Quando não estava ajudando Tory a terminar sua tarefa de casa (como ele sentia falta do segundo ano!), Revan saía da barraca para observar as tendas sendo erguidas ao redor deles na clareira. Pouco a pouco, indícios de magia começaram a aparecer, inclusive tapetes voadores que o lembravam de Aladin. Seus dedos coçaram para comprar um e se aventurar pela floresta, mas o bom senso falou mais alto. Se não eram permitidos na Grã Bretanha, era por razão.

Mais divertido, porém, era ver Robert, sua esposa e filhos observarem a tudo e serem atingidos instantaneamente por feitiços de memória. Os gritos de Robert ao ver tal tapete voador eram impossíveis de esquecer.

Nada apaziguava a ansiedade das crianças. Ao ver que as tentas oficiais foram montadas, abrigando todos os jogadores, a missão diária de Tory se tornou tentar quebrar os feitiços de proteção para poder ver Viktor Krum. Junto com ela, estavam os gêmeos Weasley, que apesar de carregarem uma expressão de luto a todo o momento, faziam barganhas com vendedores e apostavam pequenas coisas com francesas.

Na data marcada, os Greengrass sentaram-se no camarote que tinham, de onde viam o campo em um ângulo excelente, e esperaram. Logo a voz de Bagman foi ouvida claramente, agradecendo a presença de todos. As propagandas foram substituídas pelo placar.

“E agora apresento... As mascotes do time búlgaro!”

Ao seu lado, Frederick sorriu. “Da última vez foram veelas. Espero que estejam aqui outra vez.” Sua voz diminuiu até não ser ouvida quando recebeu o olhar frio de Karina, o mesmo que Revan recebia tão frequentemente da herdeira.

As criaturas etéreas apareceram, atraindo a atenção de todos para um canto do campo. Cem veelas apareceram, desfilando em uma elegância sobre-humana e cumprimentando a todos, antes de começarem a dançar. Passou pela cabeça de Frederick dar um sorriso, mas o homem acabou por decidir que não deveria gastar ação alguma. Apenas... Assistir... As veelas.

O herdeiro Black se levantou e pegou o onióculo de Astoria, dando um zoom nas dançarinas mais próximas a eles. Fotos não faziam justiça, nem mesmo as lembranças que eram criadas ao vê-las. Ele queria, precisava tocar aqueles cabelos prateados, sentir seu perfume, ouvi-las conversar em francês, fazendo um biquinho que, Revan tinha certeza, seria tão adorável quanto o resto de seus corpos...

“Desvie esse olhar agora, ou rasgo o contrato assim que chegarmos em casa” ameaçou Daphne ao seu lado, parecendo mais furiosa do que nunca. A frieza de sua voz foi suficiente para quebrar o encanto, pelo menos parcialmente. Ele fechou os olhos, respirou fundo e tentou limpar sua mente da visão do paraíso.

Revan ainda se sentia um pouco grogue. “Não se preocupe, você é bonita.” O choque do que disse foi a gota d’água. Balançando a cabeça, corrigiu: “Linda, Daphne. Eu quis dizer linda.”

A risada de Astoria quebrou o encarar da morte. “Pai, pai, pare de olhar... Lá, os Leprechauns!”

Cometas que iam se dividindo voaram pelo campo assim que as veelas saíram, mais belos do que fogos de artifício e mais divertidos pelo modo que interagiam com a arquibancada, descendo, então subindo e explodindo em uma chuva de um dourado muito conhecido.

“OURO!”

Ele apostaria todo o seu que quem gritara era um Weasley. Ao expressar seu pensamento em voz alta, conseguiu as risadas de todos no camarote. Satisfeito, o herdeiro Black se recostou na cadeira, certo que o incidente com as palavras estava esquecido.

O jogo fascinou-o, fascinou a todos. Eles se inclinavam contra a bancada, tentando ver melhor, antes dos três adolescentes entrarem em uma disputa pelo único onióculo que tinham. Sem nem mesmo olhar, Karina fez duas réplicas do objeto e voltou a assistir, seus olhos azuis seguindo os movimentos do time búlgaro, enquanto Frederick gritava pela Irlanda.

A cada ponto, pulavam e voltavam a cena para ver quem marcara – a velocidade dos jogadores era tamanha, e junto com os berros dos torcedores, às vezes era impossível dizer quem marcou. Quando a partida estava 30x10 para a Irlanda, as coisas ficaram interessantes, atraindo totalmente a atenção até mesmo de Daphne.

“Ele é estúpido?” murmurou consigo mesma, balançando a mão para onde os apanhadores estavam prestes a colidir. “Vão bater!”

“Espere e veja, Daph” informou o herdeiro Black bem a tempo de ver Lynch bater contra o chão com um baque. A multidão verde se levantou, revoltada. “Não acho que vá se levantar depois dessa.”

Mas as poções eram potentes e Lynch se levantou, fez um sinal de que estava tudo bem e montou na vassoura. O time estava ainda mais incrível depois do lance, marcando gols a cada oportunidade – e quando elas não apareciam, eram criadas.

Depois do incidente com o juiz, foi a vez da Bulgária se destacar, usando toda a habilidade que tinham em machucar os jogadores do time adversário. Outra falta foi tudo que bastou para as veelas entrarem em campo, lançando bolas de fogo, bicos aparecendo junto com asas longas e escamosas... De um extremo ao outro, pensou Revan estremecendo.

“Você é definitivamente mais bonita que elas, Daphne” disse ele de brincadeira, fechando os olhos para não criar mais uma batalha de olhares. O apito voltou suas atenções para o jogo.

“OUCH!”

Krum fora atingido e Astoria virou o rosto, horrorizada com o sangue que saía. “Ele está bem, Tory, apenas um nariz quebrado... Olhe, está voando!”

Ele e Lynch travavam outra disputa, agora pelo verdadeiro pomo que não era mais do que um flash dourado para os olhos dos expectadores. Novamente, o apanhador irlandês bateu contra o chão, enquanto Krum se ergueu, mostrando o pomo em sua mão direita.

“Não!” disseram todos em uníssono, mas por motivos diferentes. O placar estava verde, assim como o campo, que mais uma vez era invadido por leprechauns que jogavam ouro no ar para comemorar a vitória. Karina fez uma careta enquanto os outros celebravam, finalmente percebendo o que acontecera.

Uma voz rompeu entre todos os gritos, destacando-se: “ISSO NÃO FOI LEGAL!”

Em determinados pontos da arquibancada, capas negras apareceram, lançando jatos verdes que atingiram os torcedores mais próximos. A multidão não percebeu imediatamente, pensando se tratar de fogos de artifício... Até que os atingidos não se levantaram.

E caos rompeu.

A Marca Negra estava no ar, acima da cabeça de todos no exato centro do campo. Gritos de pavor puderam ser ouvidos, substituindo os de alegria, e a multidão se apressou em aparatar. Frederick tomou Astoria pela mão e correu, temendo o risco de aparatar em algum lugar onde um duelo ocorria, podendo ser atingidos a qualquer momento.

“Corra!” Revan gritou para Daphne, que encarava os duelos. Ela balançou a cabeça, tomou a mão da mãe e correu para a Floresta sem olhar para trás. “Vou estar bem atrás de você!”.

De fato ele correu na mesma direção delas, mas apenas para se misturar e conseguir conjurar a capa negra característica e suas tatuagens. Sua varinha extra parecia perfeita em sua mão. Ele lançou outra Marca Negra e correu ao ataque.

“Ridículo!” ele gritou para Regulus assim que o identificou. “Quem foi o idiota que teve essa ideia?”

Seu mentor corou. “Sei lá, agora não é tempo para isso!”

O mentor lançou um jato de fogo em uma determinada direção, acertando em cheio os aurores que se aproximavam, e correu em outra direção, acertando mais vítimas e passando por cima delas. Pausou quando viu que não era seguido. “Nemesis!”

“Vá!” rugiu ele, sua respiração curta.

Inimigos se aproximaram dele de todos os lados, cercando-o, sufocando-o enquanto outros morriam. Nemesis se encolheu, sentindo-se como o menininho que fora antes de conhecer essa nova maneira de viver. Não sou Harry, pensou repetidamente ao se desviar do primeiro feitiço. Não mais.

Duelar foi fácil depois de se lembrar disso. Combustível no fogo que já existia para se livrar de um, ácido forte em outro, afogamento em mais um, todos feitiços básicos que Nemesis aprendera ainda na infância. Conjurou espinhos, aumentou-os e os lançou para todas as direções, comprando-lhe tempo suficiente para acabar com eles.

Todos menos um.

O auror vestido de vermelho não caía, apenas continuava a lutar, desviando-se com destreza impressionante que fez Nemesis se perguntar se era um jogador da Irlanda vestido como búlgaro. Não. Um auror.

“Serpensortia” sibilou ele, fazendo uma mamba negra sair de sua varinha e avançar na direção do auror, que depois de um momento paralisado, voltou a lutar, destruindo a serpente e lançando um ‘Incarcerous’ em sua direção. Para se divertir, Nemesis não se moveu, nunca tirando os olhos do inimigo, que riu alegre e retirou o cabelo do rosto ao vê-lo preso.

Hora do show.

O pequeno comensal se concentrou, cantando as palavras mentalmente, preparando-se para a dor que se seguiria. Chamas apareceram em seu corpo, derretendo as cordas, mas quase indolores contra sua pele. O pouco de dor que sentiu não era nada comparado à satisfação ao ver o choque na cara do auror.

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“Um demônio?” brincou, levantando-se e tentando se lembrar como se dizia a maldição quebra-ossos. “Ou apenas um menininho melhor que você?”

James Potter rosnou. “Depois de todos esses anos, vou te matar, e ninguém será a testemunha que fui eu quem o fiz!”

Nemesis, de verdade, interrompeu o duelo para rir. “Mate-me se for capaz, auror chefe.” Ele se moveu como um dançarino, de alguma forma quase tão belo quanto as veelas, rodopiando e lançando cobras da varinha, usando elementos para se proteger e efetivamente não recebendo nem mesmo um feitiço diretamente.

Pulou no ar, concentrando-se para permanecer lá, e inspirado na Finta de Wronski, desceu, até estar prestes a bater contra o chão, e observou James se encolher. Levantou-se no último instante, lançando então correntes que se amarraram ao redor de Potter, prendendo-o de uma forma que nenhum Incarcerous poderia.

Pelo prazer de vê-lo gritar, Nemesis torturou-o com a maldição Cruciatus, então esperou que os efeitos parassem, apenas para esquentar as correntes até a temperatura se aproximar à de seu ponto de fusão, marcando James como seu prisioneiro.

Meu.

“Lupin diz olá” sussurrou o pequeno comensal, alisando os cabelos molhados do pai, antes de lá fincar suas unhas e partir em outro voo, à procura de novas vítimas.

_

“Ridículo!” berrou o Lorde das Trevas quando se encontraram em sonhos, como faziam quando Revan estava em Hogwarts. Ele também estava sem uma única marca, nem mesmo um arranhão. “Se você sabe algo sobre isso, garoto, ordeno que me conte.”

“Sei tanto quando o senhor, meu lorde” sussurrou Revan, ajoelhando-se. “Regulus parece saber.”

Voldemort resmungou: “Ridículo. Tomou toda a culpa, mas sei que torce para a Irlanda. Quem ele está protegendo?”

“Os comensais estão frágeis e vulneráveis” informou o menino, sua voz carregando um peso que nenhuma criança de quatorze anos deveria carregar. “Qualquer um deles pode ter começado o ataque. Já tínhamos um planejado, de qualquer maneira, só que mais tarde. Por tudo que sei, penso que foi mais de um comensal que causou o alvoroço.”

“E o que sugere, pequeno lorde, deixá-los impunes?”

“É claro que não” Revan afastou a ideia de sua mente. “Puna os que merecerem, mas sob medida. Os ganhos superam as perdas, depois de tudo. Não mate. Meu lorde não vai querer ganhar a reputação de louco novamente.”

O Lorde das Trevas apontou para ele, indicando que aquele era exatamente o ponto. “Não sou louco, mas meus seguidores, sim! Eles estão trazendo de volta a imagem de comensais nazistas, de tudo que não queremos! Preciso de neo-comensais!”

Ele não se alterou. “Pois faça os jovens gostarem de você. Dê-lhes ideias novas, dê-lhes o que querem.”

“Você, é você quem vai fazer isso.”

O herdeiro Black sorriu, satisfeito de ter tamanha tarefa designada para si. Sem parar de sorrir, se inclinou, fazendo outra reverência. “Como o meu lorde desejar.”

E abriu os olhos, sua mente já cheia de planos a serem realizados.