Observou o filete do líquido rubro percorrer pela sua pele alva. Inspirou fundo, este movimento intensificando a dor que sentia por todo o seu corpo. Virou a cabeça lentamente, a maçã direita do seu rosto entrando em contato com o piso frio do seu apartamento.

Há quanto tempo ela estava ali? Talvez fizesse já três dias desde quando Orihime saíra de casa pela última vez. Não, uma semana. E o pessoal realmente não sentiu a minha falta?..., pensou, magoada.

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Porém aquela não era a primeira vez. Afinal, essa foi uma das razões pela qual fora tão facilmente levada para o Hueco Mundo. Seus amigos esqueceram da sua existência. Esse tipo de coisa acontecia frequentemente com ela.

Avistou a faca de cozinha do outro lado da sala de estar. Droga, dessa vez Inoue realmente cortara-se com muita força. Observou os traços em suas coxas, antebraços e barriga. Ela admirava aquela visão — eram tão bonito como as gotículas de sangue insistiam em permanecer em sua pele.

Uma pequena poça vermelha já se formava próxima aos seus pulsos. Sua blusa também estava ficando suja. Que pena, aquela era a sua favorita.

Suspirou antes de render-se a inconsciência.

4

Abriu os olhos só para tê-los fechados novamente. A luz era muito forte, machucava a sua vista.

— Orihime, Orihime! — escutou uma voz preocupada exclamar num volume muito alto. Tentou erguer as mãos para tampar os ouvidos, mas percebeu que não conseguia assim fazê-lo.

— Mas o quê?... — perguntou, estreitando os olhos em meio à iluminação excessiva. — Tatsuki? O que houve? Por que eu não posso me mexer?

— Err, bom... — hesitou, parecendo olhar para os lados buscando ajuda. — Eu a encontrei no seu apartamento — levantou da cadeira onde estava para agarrar o pulso de Inoue. Só então a ruiva viu as fivelas que restringiam os seus movimentos —, e você estava toda machucada! Orihime! Por que não me contou que você se cortava?

Inoue baixou a cabeça, sentindo-se culpada:

— Tatsuki, calma... É só esperarmos o hospital dar alta para tudo voltar ao normal. — tranquilizou a morena.

— Não, Orihime, não é assim que as coisas serão a partir de agora. — sua voz ficou repentinamente dura, autoritária.

— Eu não farei isso de novo, Tatsuki, eu prometo. — persistiu.

— Se dependesse de mim eu aceitaria, mas essa decisão não está em minhas mãos. — confessou, lágrimas começando a formar-se em seus olhos.

— Do que você está falando? Pare, por favor, eu não estou gostando disso. — sussurrou, sem forças para falar propriamente.

— Médicos avaliaram o seu caso — passou a mão pelos cabelos, preocupada —, psicanalistas. E eles acharam que o melhor era você ser internada numa clínica.

— Num manicômio, é isso o que você quer dizer? — rebateu, irritada. — E eu não irei, ninguém me forçará a ir para um lugar daqueles.

— É uma clínica, apenas uma clínica. — retrucou no mesmo tom que a ruiva. — E você já está nela.

— Não, não, não... — fechou os olhos fortemente, esperando que tudo aquilo fosse um terrível pesadelo e que ela acordaria em sua cama, como em qualquer outra manhã.

— O seu médico chegou. — anunciou. — Eu tenho que ir embora por causa das regras. — Orihime foi capaz de escutar uma careta na voz de Tatsuki. Sentiu lábios serem pressionados contra a sua testa. — Vejo você mais tarde. Por favor, melhore, Hime. — desejou ternamente.

Escutou os passos da garota afastando-se, e a porta do quarto sendo aberta. Sentiu outra presença no local, mas recusou-se a abrir os olhos. Ela tinha uma grande vontade de levantar-se da cama onde estava amarrada e ir atrás de Tatsuki. Como ela pôde deixá-la sozinha naquele lugar sem mais nem menos?

— Está com medo, Inoue Orihime? — escutou uma voz interromper seus pensamentos.

— Sim. — admitiu numa voz trêmula. Só então notou o timbre que o homem usara. Aquela voz... Não, não era possível. Era o mesmo tom aveludado e impessoal dele...

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Abriu os olhos para confirmar as suas suspeitas. Viu o cabelo negro em contraste com a pele pálida, o par de esmeraldas brilhantes pensativos como sempre.

— Não há o que temer, mulher. — os lábios brancos curvaram-se no que parecia ser um meio-sorriso. — Eu serei o seu médico pelo tempo que for necessário. — aproximou-se, parando em pé ao lado de sua cama. — Prazer, Ulquiorra Cifer.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.