Se Eu Fosse Você

Como tudo começa


O Acampamento já estava farto das discussões. Não importava a hora, o dia nem o motivo.

“- Você é um idiota Leo.

- Você é uma idiota Reyna.

- Eu falei primeiro. Isso significa que você é mais idiota.

- Mais idiota é você, por competir idiotices comigo. Falando nisso, você duplamente idiota apenas pelo falto de me chamar de idiota.

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- Você é infinitamente idiota apenas pelo fato de achar que se eu te acho idiota, automaticamente sou idiota.

- Chega de idiotice. Você é mais e pronto.

- Mais o quê? Bonita, inteligente? Muito obrigada.

- Trocou as qualidades. Eu sou tudo isso, você não.

- Leo!

- Reyna!”

Quíron já tentara inúmeras táticas para evitar as discussões, e mesmo isolados em cantos opostos do Acampamento, eles arranjavam um jeito de discutir. Comiam em mesas separadas, tinham horários separados e aonde um ia, o outro ficava na direção contrária. Mas mesmo assim, eles se encontravam para reclamarem um do outro.

Passavam-se meses e eles continuavam a brigar. Certo dia, Quíron resolveu tomar providências mais sérias do que as que ele já tomava. Convocou uma reunião com Afrodite, afinal, a deusa do amor deveria ter alguma ideia.

Então, na manhã seguinte, pontualmente as nove e quarenta e cinco (uma hora depois das aulas de pilates da deusa), o centauro visitou o Olimpo, e, ao subir, encontrou-a sentada em seu trono rosa-choque-pink-glitter-brilhante-com-estampa-de-animal-print.

- Minha senhora. – ele a saudou com uma reverência.

- No que posso ajuda-lo Quíron? – ela perguntou.

- Dois campistas. Leo Valdez e Reyna. Estão tendo muitos problemas.

- O filho de Hefesto e a garota de Belona?

- Exatamente.

- Já conheço o caso. É bastante discutido aqui no Olimpo. Já bolei até um plano, conto apenas com a aprovação dos pais dos dois.

- E eu poderia saber que plano é esse?

- Já vai saber. Dê-me um minutinho para chama-los aqui. Hermes!! – ela chamou, estalando os dedos.

Segundos depois, o deus dos mensageiros apareceu, usando a casual roupa de corredor.

- Hermes, querido, chame Hefesto e Belona, temos assuntos sérios para conversar.

O deus do chalé 11 estremeceu com o “assuntos sérios” dito por Afrodite.

- São 15 dracmas. – ele avisou.

- Credo! Isto é um roubo!

- Eu sou o deus dos ladrões.

- Tudo bem. – ela falou, tirando o valor de sua nova bolsa Gucci.

O deus bateu-lhe uma continência como agradecimento e correu, sumindo com uma fumaça azulada.

XXX

- O quê? Meu filho e a filha dela com os corpos trocados seguindo um pseudo-itinerário-romântico estabelecido por você? Eu nunca vou concordar com isso. – reclamou o deus das forjas.

- Minha filha não vai ficar naquele corpo nojento! – replicou a deusa da guerra.

- Quietos os dois! Eu planejo um futuro romântico para os dois, e, querendo ou não, vocês vão colaborar. Prestem atenção: Até que eles parem de brigar e se amem, ficarão com os corpos trocados e seguindo minhas ordens.

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- Ficou maluca Afrodite? Eles vão seguir o seu itinerário para sempre. Já percebeu que eles se odeiam mutuamente e nunca, eu repito, nunca vão se dar bem.

- Não se preocupe com isso Beloninha querida. Minha criatividade não vai acabar tão cedo se quer saber. Não se preocupe. Mais alguma pergunta meus amores?

- Coitada da Reyna. – lamentou Belona.

- Coitado do Leo. –

- Aos cuidados dessa... ninfomaníaca descabida.

- Seguindo um itinerário inspirado em algum filme clichê... – apiedou-se Hefesto.

- Pode desistir? – questionou a mãe da pretora.

- Não Belona, eu não dei esta opção.

- Mas você perguntou se eles querem participar desta ideia maluca? – perguntou Hefesto.

- Não e nem vou perguntar, senão a juventude estará perdida. – respondeu Afrodite.

- E eles não vão ter nem um aviso prévio? Sei lá, direito a defesa, advogado...

- Você realmente me perguntou isso Belona? – reclamou Afrodite. – Mas tudo bem, vou responder. Eles vão ter aviso prévio, vou ao Acampamento por volta das três da tarde e vou somente avisar. Nada de argumentos, subornos, enfim, nada. Mas alguma tentativa de me convencer do contrário?

- Isso é absurdamente frustrante. – bufou Belona.

- Extremamente deprimente. – replicou Hefesto.

- Absolutamente romântico!! – sorriu Afrodite.

- Afrodite! – reclamaram os dois em uníssono.

- Chega! Estão cansando minha beleza. Os dois estão dispensados. – disse a deusa com um sorriso de desprezo. – Hermes! Traga a minha Prada do novo modelo e echarpe lápis lazuli.

- O que é lápis lazuli? – perguntou Hermes, entregando-a a bolsa.

- Deixe pra lá! Eu tenho pressa! Preciso dar início ao plano Afrodite-desodiando-as-pessoas-número-1. – ela cantarolou.

- Boa sorte, eu tenho pena dos filhos de vocês. – sussurrou Hermes para Hefesto e Belona.

- Sorte? Eu não preciso de sorte, preciso de um sonífero. – brincou Hefesto.

- A esposa é sua. Entenda-se e tire a minha filha dessa confusão desnecessária.

- Acredite, eu vou tentar.

- Agora vamos, prefiro não ver a cara da Reyna quando souber que vai sofrer aquela lastimosa forma Afroditiana de não odiar alguém.

- Ás vezes eu penso se não seria melhor se Afrodite não pudesse interferir no livre arbítrio das pessoas.

- Mas ela não pode.

- Tenta explicar isso pra ela.

- Melhor me poupar. Vamos, preciso de calmantes.

XXX

Afrodite já estava á caminho do Acampamento Meio-Sangue. Desceu os seiscentos andares, sorriu para o porteiro e se teletransportou para Long Island, na Colina Meio Sangue. Os gêmeos Stoll guardavam a fronteira, e, ao verem a deusa resplandecentemente, bateram asa cabeças no pinheiro de Thalia. A deusa sorriu e voltou a caminhar.

XXX

Era hora do almoço, o Acampamento estava todo reunido envolta das mesas de seus chalés correspondentes. Infelizmente, como já era de praxe, Leo e Reyna começaram uma guerra de comida, deixando pelo menos 15 auraes irritadas e metade das harpias com sede de sangue.

- Atenção campistas! Temos uma visita aqui no acampamento e eu gostaria de chamar Leo e Reyna para me acompanharem até à Casa Grande. Isso é tudo. (Momento Miranda do Diabo Veste Prada –Sqn.)

Risos e sussurros se seguiram enquanto os dois, de cabeça baixa, acompanhavam o centauro. As vítimas foram três garotos do chalé 11, dois do chalé 7 e um do chalé 5.

O centauro abriu a porta, e sentada no antigo sofá de couro, estava a própria deusa do amor.

- Afrodite?

- Vênus?

- Olá meus queridos! Sabem o porquê de estarem aqui? – ela os perguntou docemente.

- A senhora vai fazê-la confessar que está perdidamente apaixonada? – Sugeriu Leo.

- A senhora vai finalmente manda-lo para o tártaro por usar métodos de conquista antiquados, invadir minha privacidade e roubar uma peça íntima? – ironizou Reyna.

- Não queridinhos, eu estou aqui para fazer com que vocês parem de brigar.

- Tudo bem, mas como você pretende fazer isso? – perguntou Sr. D. – Eles nunca vão parar de brigar. Só tenha uma ideia: Desde o dia em que passaram a conviver juntos, já provocaram 17 incêndios “acidentais”, destruíram três chalés, derrubaram o templo de Zeus, depenaram uma Harpia, saíram do Acampamento sem permissão, explodiram o banheiro feminino e causaram mais de 10 guerras de comida no refeitório.

- Por que acha que estou aqui Dionísio?

- Tenho cara de incompetente?

O Deus do vinho se calou e voltou à jogar Pinochle com mãos invisíveis.

- Vocês parecem incorrigíveis, então vou tomar medidas drásticas. O caso já é conhecido, e as medidas foram aprovadas por seus próprios pais.

- Se me permite dizer, nenhum dos dois aprovou. Belona precisou de calmantes e Hefesto está em estado de depressão.

- Shiu! Shiu! Detalhes sem importância. Agora, deixem-me explicar o plano.

Reyna fechou os olhos, num sinal de medo, decepção ou até mesmo vergonha.

- Bem, - a deusa pigarreou. – até que parem de brigar, vocês terão os corpos trocados e seguirão um itinerário hiper romântico criado por quem? Por mim! Não é maravilhoso?

- Maravilhosamente estúpido. – sussurrou Leo.

- Pela primeira vez eu concordo com você.

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- Viram? Já estão progredindo.

- Mas eu ainda odeio ele.

- E eu ainda odeio ela.

Afrodite suspirou.

- Não vai ter jeito. E nada de argumentar, amanhã mesmo vocês vão acordar com os corpos trocados. E o itinerário vai aparecer pontualmente às oito e dezessete da manhã.

- Por que oito e dezessete? – perguntou Leo.

- Porque eu quero. Dã! – respondeu Afrodite. – Têm mais alguma coisa a acrescentar? Receituário de insanidade, testamento, seguro de vida, check-ups, plano de saúde, declaração de bens?

- Receituário de insanidade? – perguntou Reyna.

- Para comprovar o quanto você é louca por mim. – ironizou Leo.

- Péssima Valdez, péssima. Só nessa sua mente desmazelada que eu sou louca por você. – ela respondeu.

- Por favor não se faça de difícil, é nítido nos olhos que você está alucinada com a ideia de ter meu corpo para você.

- Já tive indigestões menos inconvenientes.

- Crianças! Aproveitem o resto do dia enquanto estão livres! Amanhã começa e vocês não vão voltar até que provem-me que se amam.

- Desista da ideia de ter seu corpo de volta Reyna.

- Digo o mesmo coisa chamuscada.

- Prefiro coisas que realcem minha sensualidade latina. Yo soy caliente, muchacha.

- Me dás asco estúpido.

- ¿Hablas español?

- Mejor que tú.

- Creo que non, Reina del Hielo.

- ¿Te gustaría besar-me?

- Prefiero la muerte.

- Do que eles estão falando? - perguntou Afrodite.

- Enchiladas? – sugeriu Grover, que chegou na conversa.

- Tacos? – sugeriu Sr. D, que ainda jogava com as mãos invisíveis.

- ¡Estúpido! – praguejou Reyna.

- ¡Insoportable! – ele respondeu.

- Chega! Eu não entendo nada! – reclamou Afrodite.

- Argh. – grunhiu Reyna.

- Ela começou. – replicou Leo.

- Sem chiliques. Não adianta, vocês vão trocar de corpo e quanto mais rápido se amarem, mais rápido voltam ao normal. – avisou Afrodite.

- Vamos deixa-los a sós? Eles precisam conversar. – sugeriu Quíron.

- Vamos, melhor, porque talvez eles se entendam rápido. – ela respondeu.

XXX

- Quer um abraço? – sugeriu Leo, assim que todos foram embora.

- Eu tenho cara de quem precisa de um abraço? – irritou-se Reyna.

- Não só de um abraço como de uma camisa de força. – ele respondeu. – Mas tudo bem. E nem adianta dizer que está com nojo de mim, você vai passar tempos nesse corpicho aqui.

- Idiota.

- Você já falou isso. Vai recusar a oferta?

- Deixa para a próxima, pede para alguma “amiguinha” sua.

- Tá com ciúme...

- Não estou, e da próxima vez que você falar isso, eu corto fora isso que você chama de braço.

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Gostaram? Espero que sim. Pessoas queridas, o que acham de ler minhas outras fics? Tipo, ia ser legal sabe? -sqn.

Vou-me povo.

XOXOXO