Sonzai

Let Burn a Killer’s Voice


"Seu sangue correu até mim, e me encharcou... Certo? Então eu me tornei os olhos azuis do diabo"

The Devil's Blue Eyes

_____そんざい_____

O escuro ainda insistia em abraçar-lhe, ainda fazia suas pálpebras pesarem demais e o medo corroer seus ossos. Não abra os olhos... Imperativamente sua mente avisava-lhe como um velho amigo saudoso. Sua voz era chamada com mais insistência ainda, contudo algo a avisava que era melhor manter os olhos fechados.

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Mas, logo havia borrões. Rascunhos pincelados de cores vermelhas intensas e saltavam brevemente para o dourado e azul. Havia certo anseio, tão intenso que chegava a ser palpável. Sua mente capturava devagar os borrões e os assimilava ao desconhecido. Não abra os olhos...

Seus ombros eram agitados com igual anseio. Suas pálpebras levantavam e cobriam seus olhos de novo, restaram apenas os borrões vermelhos e azuis. E ao mesmo tempo, sua mente criava um círculo vicioso das lembranças mais recentes. O manto da Kyuubi, as palavras de Akane, os gritos intermináveis e o corpo de Neji.

E subitamente, Hinata abriu os olhos.

– H-Hinata! – os braços machucados em profundidades diferentes a envolveram e apertaram contra si. O vermelho começava a brotar e manchava sua pele. – Hinata, você está bem, certo?

A descrença preenchia sua mente conforme olhava para os lados e tudo se igualava em corpos e sangue. Pedaços de membros estavam espalhados como se fossem pequenos troféus de uma batalha ganha ou apenas resquícios do que ocorrera. Gaara estava encostado na soleira da porta, ostentando duas kunais e observando atentamente a única saída do cômodo.

A voz de Naruto invadia seus tímpanos, mas soava apenas como um sussurro de um moribundo. Nada daquilo soava como real. Sentira as mãos dele em seu rosto, como se elas procurassem por alguma imperfeição em sua pele. Ele continuava a falar, mas ela não conseguia responder.

Aquela cena bem diante dos seus olhos, ou o que restara dela, significava apenas uma coisa. Massacre. E recentemente, aquela palavra estava tornando-se familiar demais.

– Temos que sair daqui, Naruto... Mais deles podem chegar e não sei se nós podemos lutar por muito tempo. – a voz de Gaara capturou a atenção de ambos. Estava nítido o clamor pela sobrevivência.

Num consentimento mudo, Naruto afastou-se e desamarrou os pedaços de couro nos tornozelos e pulsos de Hinata. Ela jogou as pernas para fora da maca e manteve o equilíbrio pouco depois. Logo o silêncio imperou sobre ambos e Gaara abandonava o cômodo, sendo seguido por Hinata e Naruto.

Todos se obrigavam a recuperar um pouco de altivez e não olhar para trás ou para os corpos retalhados que estavam espalhados pelo caminho. Enquanto o odor preenchia suas narinas, a necessidade de sair da Nuvem aumentava a cada centímetro; o lance de escadas estava logo adiante e os três primeiros degraus foram pulados com cautela.

As respirações eram controladas ao máximo que podiam e os degraus eram pulados com o máximo de agilidade que seus corpos permitiam. E então a saída estava próxima quando alcançaram os dois últimos degraus. Nenhum deles queria discutir o que deveriam fazer, suas mentes disparavam que tinham de correr por suas vidas.

Caso contrário, morreriam tentando.

O silêncio os induzia a correr, suas pernas ganhavam velocidade conforme abandonavam o prédio e corriam porta afora. Seus músculos retraíam e relaxavam de um modo insano ao ouvirem as ordens para parar. Os portões estavam a uma boa distância, mas suas mentes gritavam que estavam a poucos passos da total liberdade.

Contudo, o resultado da luta anterior começava a afetar seriamente Naruto e Gaara. Seus corpos clamavam por descanso e suas mentes, por sobrevivência. Os passos começavam a ganhar direções tortas e a saída parecia estar mais longe. Os gritos de dor rompiam a garganta de Naruto conforme forçava suas pernas a ganhar mais velocidade.

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O esforço fora compensado com a saída a cerca de quase cem metros. Os três ignoravam a dor e o cansaço e continuaram a correr, entretanto não por muito tempo. Dois ninjas que guardavam os portões aproximaram-se com suas armas em punho.

Gaara assumiu a frente, enquanto Naruto tentava manter o equilíbrio diante de Hinata. Em disparate, mais quatro shinobis surgiram e os cercaram. Olhares divertidos e sérios eram lançados a eles e todos estavam em posição de ataque.

– Hinata, procure ficar por perto. – Naruto murmurou enquanto cerrava os punhos.

Não houve tempo para resposta, os seis ninjas separaram-se em duplas e partiram em zigue-zague para atacá-los. Em segundos as lâminas entravam em atrito e os corpos moviam-se bruscamente a fim de evitar ferimentos. Enquanto um shinobi atacava Gaara pelo solo, o outro saltava e tentava quebrar sua defesa.

O antigo Kazekage mantinha as kunais em punho e as usava como parte de sua defesa enquanto desviava de alguns golpes e conseguia bloquear outros. Entretanto, um deles fora mais rápido e lhe dera um soco na mandíbula e Gaara dera cinco passos para trás.

Fora apenas o suficiente para ambos saltarem e atacarem com mais força.

Naruto travava sua luta com dificuldade. Seus músculos pareciam romper a cada soco ou chute que desferia no inimigo. Os hematomas do manto da Raposa ganhavam mais profundidade e doíam ininterruptamente. A dupla de shinobis usava ataques combinados, variando entre socos laterais e rasteiras precisas.

O Uzumaki era forçado a se afastar de Hinata, sua defesa decaía a cada instante e seus saltos para desviar das rasteiras tinham aterrissagens mais tortuosas. O mais alto dos ninjas aproveitou a breve falta de equilíbrio do Uzumaki e saltou, desferindo-lhe dois chutes na altura da cabeça, contudo Naruto os bloqueou com dificuldade, mas não conseguira o mesmo quando o shinobi desapareceu e reapareceu em suas costas, acertando-o.

A Hyuuga tentava manter sua concentração apenas em sua luta. O outro shinobi havia se escondido e provavelmente estava à espreita de qualquer deslize seu. As palmas de suas mãos interrompiam os movimentos do shinobi e seus olhos brilhavam furiosamente com o Byakugan. Hinata concentrou uma quantidade precisa de chakra nas pontas dos dedos e avançou ferozmente.

O shinobi sacou sua katana e fazia movimentos laterais, tentando acertá-la nos pontos vitais com precisão. Hinata girara rapidamente o corpo e se agachara quando o ninja girou com a katana numa dança perigosa. Um milésimo de segundo fora o suficiente para ela erguer-se e acertar o queixo do ninja, expulsando o máximo de chakra que conseguira ao tocar a pele dele. A cabeça dele virara com absurda velocidade e seu corpo fora lançado longe e rodopiou tenebrosamente três vezes.

Apenas o suficiente para que Gaara saltasse sobre ele e lhe rasgasse a garganta em seguida.

– Cubra minhas costas. – ele ordenou ao passar por ela correndo, mantendo as kunais em punho e retomando sua luta. A Hyuuga o seguiu e ergueu os punhos e flexionou os joelhos. – Mate-os na primeira oportunidade. Não podemos poupar ninguém.

Lentamente os dois shinobis se aproximaram e um terceiro abandonou seu esconderijo e juntou-se a eles. O silêncio havia se instalado enquanto as mentes de Gaara e Hinata explodiam de modos diferentes. A Hyuuga sentia os níveis de chakra de Gaara cedendo vagarosamente e sabia que tinham de agir rápido. Não havia espaço para piedade. Não naquele mundo.

– Ajude Naruto. – ela disse enquanto franzi as sobrancelhas e abaixava ligeiramente o corpo e afastava levemente a perna direita. Seus olhos observavam os pontos de chakra dos shinobis a sua frente e sua mente calculava seus movimentos seguintes.

Sem aviso prévio, os três correram na direção de ambos enquanto erguiam suas kunais e katanas. Os gritos rompiam seus pulmões, como se de fato fossem heroicos guerreiros. Gaara saltou sobre eles e correu na direção de Naruto, que acertava o abdômen de um shinobi com uma joelhada e acertava o outro com o cotovelo ao girar o corpo.

O Uzumaki afastou-se e cedeu rapidamente à dor ambígua que consumia sua carne. O antigo Kazekage lançou sua kunai na direção do shinobi que avançava velozmente, a lâmina cortou superficialmente sua mão. Gaara atacou no mesmo instante e desferiu dois socos e um gancho contra o shinobi, em seguida desferiu-lhe uma joelhada e um chute, fazendo-o afastar-se e cair.

Rapidamente o outro ninja saltara e a lâmina de sua katana era impedida fracamente pela kunai do Sabaku. Suas forças estavam esgotando-se.

Hinata acertava com precisão os joelhos e os pontos luminosos de chakra no peito do shinobi. Seus braços se moviam para cima, esquerda, direita e retornavam bruscamente para frente. Seu corpo girava com força e precisão a fim de acertar os outros. As pontas de seus dedos fechavam os pontos de chakra que seus olhos localizavam e num salto curto, ela afastou-se.

Dois deles tentavam recuperar o apoio e o outro não sentia a perna direita, entretanto forçava-se a manter em pé. Hinata correu na direção dos ninjas mais uma vez, mas o terceiro sorriu-lhe e desapareceu. Logo ela sentira o golpe desferido na nuca e outro nas costas.

Seu corpo tombara abruptamente e outro shinobi levantara. Hinata forçou-se a recuperar o equilíbrio, mas não conseguira. Outro shinobi levantou e saltou e lhe acertou uma cotovelada nas costas com precisão. Novamente, ela caíra.

– Gaara! – o grito saíra apressado e desesperado dos lábios de Naruto ao notar que o mesmo fora acertado lateralmente no abdômen por um chute e não fora rápido o suficiente para evitar o corte feito em sua perna direita pela katana.

A lâmina o ferira numa profundidade mediana, mas o sangue brotava em abundância. O Sabaku empunhara mais uma vez a kunai e defendera-se dos golpes de katana que vieram em seguida. Naruto levantou, sentindo cada fibra de seu corpo despedaçar-se e doer de modos profundos e distintos. Num breve impulso, o Uzumaki correu com velocidade enquanto cerrava os punhos e gritava com a dor que dilacerava sua carne.

Com dificuldade, Hinata conseguia rolar e manter certo equilíbrio. Sua mente apontava que aquele seria o fim, conforme os shinobis conseguiam atacar em sequência com mais força e mais ferocidade. Num impasse, sua mente ditava que deveria agir e ao mesmo tempo, que seu chakra estava diminuindo.

Por meio segundo, a Hyuuga hesitou e no mesmo instante houve a ânsia da liberdade.

Shugohakke Rokujüyon Shö!

O chakra era emitido velozmente por suas mãos, conforme as mesmas moviam-se numa velocidade absurdamente alta e os riscos de chakra começavam a formar uma esfera ao seu redor. Seu Byakugan jamais brilhara tanto e seu instinto de sobrevivência jamais havia consumido-a daquela maneira.

Os ninjas foram repelidos ao entrarem em contato com a esfera criada por Hinata. A mesma afastou-se e correu na direção de Gaara e Naruto quando os shinobis saltaram e afastaram-se por cerca de dois metros. O desespero a movia e inundava seus pensamentos sobre o que fazer a seguir.

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Uzumaki e Sabaku fizeram o mesmo, e acompanharam Hinata floresta adentro. Suas mentes reviviam lembranças dolorosas e gloriosas e secretamente, cada um perdia-se em seus dilemas, torturas e temores. Os três corriam sem rumo, checando constantemente se haviam tido uma boa distância e se os shinobis estavam logo atrás. E pouco depois, ali eles estavam.

Não importava o peso de seu nome, a repercussão de suas ações durante batalhas anteriores ou se iriam chamá-los de bons ninjas. O próprio tempo se encarregaria de apagá-los da existência. E àquela altura, sua liberdade estava a um fio. Tal como suas vidas.

_____そんざい_____

O olhar da Raposa era analítico, como se tudo o que ocorresse necessitasse de suas avaliações e de sua sincera opinião. Os portões vermelhos remetiam-lhe tédio e a insanidade da prisão. Sentia os níveis de chakra de seu portador cada vez mais declinantes e mais pertos de um estado de alerta.

Odiava sentir as emoções dele, saber quais eram seus pensamentos e principalmente saber o que estava acontecendo com ele. Por um instante, a súbita vontade de estraçalhá-lo a contagiava assim como um vírus. O olhar da Raposa caiu sobre o espaço oco que a abrigava.

Eu preciso do seu poder, Kyuubi. – a voz dele invadiu o espaço, mas seu corpo não estava ali. Novamente, ele invadia sua mente. – Não tenho muito chakra. E-Eu tenho que salvar todos.

Um grunhido erguia-se em resposta. Os lábios de sua face eram repuxados e mostravam seus caninos. A irritabilidade da Raposa preenchera o lugar e imperava em sua voz e em seus grunhidos.

– Você não vai ter acesso ao meu poder, moleque. Não ouse me pedir ou pegá-lo, pois se o fizer juro que vou matar cada um dos seus amigos. Pelo menos, os que ainda estão vivos. – ela retrucou no mesmo instante enquanto fitava os portões vermelhos com ira. – Começando pela Hyuuga. Se realmente preza pela vida dela, vire-se. Não peça por meu poder novamente...

_____そんざい_____

Ou eu irei matá-la, assim como fiz com seus pais. Mas dessa vez, eu não vou errar o alvo.

A ameaça da Raposa havia engatado a raiva mais uma vez. Suas palavras ecoavam em sua mente e fazia sua garganta fechar-se. O silêncio o envolvia, mas não amenizava o impacto da ordem de seu bijuu, e claramente não havia como fazer a Raposa retornar com suas palavras. A violência parecia clamar por espaço e Naruto lentamente cedia.

Os três estavam paralisados, enquanto o Uzumaki concentrava-se em usar o chakra da natureza a seu favor. Gaara e Hinata mantinham-se alertas ao menor movimento e controlavam suas respirações o máximo que podiam. O som de seus batimentos cardíacos parecia ser capaz de denunciá-los a qualquer segundo.

Outrora seria apenas o nervosismo de uma missão. Naqueles tempos, tudo se resumia à precisão correta para o mínimo movimento e ao mais elaborado golpe. Um erro equivalia a uma vida.

Hinata fechara os olhos rapidamente e fora o necessário para os shinobis surgirem a sua frente. Um descuido equivalia a uma morte. O primeiro grito rompera a garganta de um dos shinobis, e desta vez não emitia glória ou a vontade de atacar. Um grito de pura e nítida dor.

Os tons alaranjados envolviam os olhos de Naruto que fitavam perigosamente os inimigos. Seus dedos apertavam com força sobre-humana o pescoço do shinobi, no instante seguinte, o Uzumaki o girou com força, atirando-o sobre dois ninjas. Os outros shinobis atacaram Hinata e Gaara, entretanto ambos defenderam-se.

Rapidamente Naruto saltou enquanto os ninjas tentavam recuperar o equilíbrio, entretanto a velocidade anormal do modo Sennin o favorecia. Naruto girou mais uma vez e esticou a perna, acertando um chute no pescoço do mesmo shinobi que havia agarrado anteriormente. A terra cedia e uma pequena depressão no solo formava-se conforme Naruto forçava a perna contra a garganta do ninja, afundando-o no chão de modo descomunal.

O Uzumaki saltara para trás somente quando vira o sangue brotar e o som do osso sendo quebrado violentamente. Os outros dois ninjas o fitavam com temor e empunhavam suas katanas com pânico. Naruto tomou impulso mais uma vez e correu até ambos.

O primeiro manipulou sua arma a fim de conseguir ferir Naruto, entretanto o mesmo agachou-se rapidamente e desviou com facilidade. Um grito rompera a garganta de Naruto e desferiu uma joelhada no estômago do ninja em seguida, o corpo dele curvou-se devido à extrema força. O Uzumaki uniu as mãos e as ergueu sobre sua cabeça, e abaixou-as violentamente contra a espinha do shinobi.

Velozmente, Naruto apoiou-se sobre as costas do ninja e chutara com a perna direita o outro. A katana do mesmo fora solta e por fim, cravada no solo. Naruto apoiou-se no cabo da katana e ergueu a perna direita, desferindo-a rapidamente contra a cabeça do ninja e em seguida, chutou-lhe o rosto coma perna esquerda e saltou; o shinobi tombava velozmente e Naruto perdia altitude com a mesma velocidade.

O chute final fora criticamente preciso e acertara a cabeça do shinobi, esmagando-a.

E rapidamente, a Kyuubi agitou-se. Naruto olhou em volta rapidamente, enquanto o vermelho manchava o solo e correu na direção de Gaara e Hinata. Sentia o chakra explodindo em suas veias e os ferimentos causados pelo chakra da Raposa ganhando dimensões mais agonizantes.

– Kyuubi maldita! – praguejou ao ouvir a risada dela ecoando em sua mente. Ganhou mais velocidade e em instantes estava a poucos passos de um dos shinobis que enfrentava o Sabaku e a Hyuuga.

Outro grito rompeu a garganta de Naruto e ele cerrou os punhos com força e socou o shinobi que começava a fazer alguns selos. O ninja voou longe e Naruto permaneceu parado, enquanto seu braço direito tremia e o ar entrava dolorosamente devagar em seus pulmões.

– Eu cuido dele. – anunciou enquanto seus olhos transbordavam perigo. Fitou o ninja restante partir para cima de Hinata e ser bloqueado por Gaara, ambos estavam com pouco chakra, Naruto conseguia sentir. E novamente a frustração e a raiva guiavam seus movimentos.

Seus passos iniciaram-se lentos e cansados, mas rapidamente ganhavam ritmo e velocidade. Logo Naruto estava correndo enquanto seus olhos procuravam minuciosamente o shinobi e então o encontrou a poucos metros, com o braço direito sangrando. A violência queimava sobre a pele de Naruto e ela clamava por sangue e por ação.

O modo Sennin ameaçava extinguir-se e Naruto correu mais. Enquanto um grunhido escapava de seus lábios, ele chutava o shinobi para o alto e conseguira que ele acabasse subindo. Seus olhos brilharam de modo tirano e ele transportou-se para o ar, ambos estavam na mesma altitude e caindo. Com força, Naruto desferiu o primeiro soco. O impacto fez o ninja perder mais altitude; logo veio o segundo e Naruto girou a perna, desferindo o chute contra o abdômen do ninja.

– Morra!

O corpo do ninja caiu rápido demais e chocou-se contra o solo, causando uma leve depressão no solo. Naruto caía com velocidade e cerrava os punhos com o máximo de força que conseguia. Era uma adrenalina diferente, um fervor diferente que impulsionava seu corpo. Logo o último golpe fora dado e o sangue brotava com abundância.

O solo cedera mais ainda, causando o resultado de uma pequena e controlada explosão. O chakra emanava do corpo de Naruto de modo absurdo. Seus olhos fitaram o rosto desfigurado do ninja e em seguida sua mão. Mas nada daquilo o abatera ou o transtornara. De fato, era apenas uma perda calculada. Nada mais que não fizesse parte do cenário há tempos.

O Uzumaki girou os calcanhares e correu na direção contrária, enquanto uma pequena faísca de incerteza o consumia. Dera um salto e pousara a poucos metros de onde Hinata e Gaara defendiam-se dos golpes vorazes e extremamente rápidos do shinobi; avançou e tentara agarrá-lo pelo pescoço, entretanto ele fora mais ágil e desviou-se. Naruto girou o corpo e lhe deu uma rasteira breve, fazendo-o cair.

Naruto deu um salto curto e posicionou o cotovelo para acertá-lo, mas novamente o shinobi fora rápido e rolara. Um grito frustrado foi emitido por Naruto e em seguida ele levantou-se, a pequena cratera no solo indicava o que teria ocorrido ao shinobi se não tivesse sido ágil o suficiente. O shinobi erguera-se e analisava o Uzumaki com certa descrença.

– Fuja agora... Se puder. – a voz baixa e com um tom desafiador de Naruto surpreendeu o shinobi ao notar que ele estava atrás de si. Não houve tempo para girar e gritar, o Jinchuuriki o agarrou pelo pescoço e o jogou no chão com força moderada.

Naruto segurou o ninja pelo colarinho da blusa e ergueu o punho direito cerrado. Os dois primeiros socos foram dados com moderação, enquanto as respirações irregulares do shinobi e de Naruto quebrantavam o silêncio. Logo mais cinco socos foram dados com mais violência e os filetes de sangue apresentavam-se. Surgiram ferimentos mais profundos, mais sangue e mais necessidade nos olhos de Naruto por mais daquilo.

A irracionalidade o dominava. Sua força descomunal poderia destroçar aquele ninja e já estava fazendo, entretanto Naruto não parecia dar importância. Queria mais do vermelho, mais da insanidade sorrindo-lhe amigavelmente e mais do descontrole. Queria mais daquele tipo de liberdade.

– Ele está morto, Naruto. É o suficiente. – Gaara segurou seu pulso direito, fazendo-o encará-lo e assimilar suas palavras com a verdade. Lentamente, ele afastou-se do rapaz que jazia inerte e encarou suas mãos enquanto o chakra da natureza esvaia-se totalmente.

A irracionalidade tinha um preço. Naruto notara ao encarar suas próprias mãos.

_____そんざい_____

O manto negro que o envolvia não remetia a um líder absoluto ou a um homem cujo nome causara uma Guerra. Seu rosto marcado pelas cicatrizes remetiam ao sacrifício que fizera por aqueles que considerara companheiros e que falharam em proteger uns aos outros. Noutros tempos, tais pensamentos o enfureceriam e secretamente alimentariam seu ímpeto pela concretização de seu plano.

Os tempos eram outros. Não havia espaço para aquele tipo de sentimento.

O rosto dividido entre o preto e o branco observava, como sempre, em silêncio às reações de seu mestre. Metade de seu corpo estava sob a terra e o que restara permanecia imóvel. Ambos assistiram em silêncio ao poder do descontrole do Uzumaki e aquilo trouxe um mínimo sorriso no rosto de Obito.

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– O garoto parece ter ficado mais forte. – a metade esbranquiçada disse sem esconder seu cinismo. – Realmente acredita que ele pode fazer alguma coisa agora? Parece que ele está bem ferrado.

– Ele tem a Kyuubi. Seus ferimentos não são a nossa preocupação. – a metade negra disse sem emoção, como de praxe. – Deveríamos estar atentos sobre como manipulá-lo. Apesar de tudo... A Kyuubi o ajuda.

– Eu não teria tanta certeza. Aquele bijuu é bem estressado... Até onde se sabe, ela prefere matar seus Jinchuurikis a viver dentro deles. É claro que isso é complicado... – a outra metade de Zetsu retrucou alto. – Poderíamos pegá-lo agora.

– Ainda não é o momento, Zetsu. – Obito o repreendeu enquanto observava os três ninjas recolhendo-se e passando pela destruição causada. – Siga com o planejado e teremos sucesso.

– Como quiser. – fora a resposta do Akatsuki pouco antes de seu lado branco desprender-se de seu corpo e desaparecer.

O silêncio predominou conforme os céus cinzentos ganhavam tons mais monocromáticos. A ambição brilhava fervorosamente nos olhos de Obito de modo controlado. Num movimento ágil, ele abandonou seu posto, logo sendo seguido pela metade negra de Zetsu. O odor de sangue começava a ficar mais forte conforme Obito adentrava na floresta e aproximava-se do local de batalha.

Tudo remetia ao caos e a assinatura tênue da raiva e da violência em sua mais pura e bruta maneira. O sorriso no rosto de Obito ressurgiu e permaneceu por poucos minutos. Embora seu ego implorasse que destruísse o Uzumaki, sua mente ordenava o contrário. Sobre seus ombros pesava a responsabilidade de criar um novo mundo, instaurar uma nova percepção.

Há muito não se importava com quais seriam os meios e os preços. A concepção de um novo mundo estava próxima, mesmo que ela exigisse sangue derramado. E inevitavelmente, haveria sangue.

_____そんざい_____

A tensão e o cinismo predominavam dentro daquela sala. Os Kages fitavam uns aos outros com superioridade e desprezo. Discussões pessoais poderiam virar guerras entre as nações no mais descuidado ato, na menor palavra ofensiva. Eles ansiavam por isso. Aguardavam por um motivo para iniciar um declínio de poder sobre outra nação, para submetê-los a seu bel prazer.

Palavras civilizadas e de níveis intelectuais eram proferidas sem emoção, carregando linhas pequenas de cinismo e opiniões pessoais. Nervos e sentimentos estavam à flor da pele, quaisquer disparates seriam suficientes para ocasionar numa luta entre Kages por motivo algum.

Seus ninjas de confiança e que tinham como obrigação proteger seus senhores, estavam no maior estado de alerta e atenção. Seus músculos tensos regrediam lentamente e voltavam a enrijecer. Nada ali representava uma reunião de líderes sábios. Era uma guerra silenciosa de egos e de críticas.

– Acalmem-se! – o Mizukage ordenou impaciente, esmurrando levemente a mesa ganhando a atenção de todos. – Discutir como adolescentes não irá mudar a situação shinobi. Portem-se como os líderes que são.

– Honestamente, eu acredito que nada disso vai resultar em alguma coisa. Vocês são todos idiotas e velhos, acham que ficar discutindo sobre as mesmas porcarias vai melhorar algo. – a voz cansada do Tsuchikage interrompeu as palavras do Mizukage com deboche. – Até agora a única coisa em que concordaram é que cada nação precisa dar uma prova de seu compromisso com estes senhores velhos e débeis. Isso soa pervertido.

– O propósito é...

A voz do Kazekage fora interrompida no mesmo instante. A pele esbranquiçada de Zetsu surgia, assim como seu corpo com a metade repuxada para o lado que anteriormente era ocupada por sua metade negra. A risada descontrolada e quase maníaca de Zetsu ecoou dentro da sala.

– Mal saíram de uma Guerra e já estão dispostos a começar outra? Oh, esses Kages realmente tem energia! – ele disse enquanto encarava risonho os Kages. – Mas eu me pergunto de que lado o único Jinchuuriki e o pequeno Sasuke ficariam?!

As palavras de Zetsu paralisaram os Kages e seus ninjas. Eles lhe encaravam com certa descrença e ao mesmo tempo, com grande desprezo. O Raikage o fitava com nervosismo e raiva, enquanto o chakra fluía por seu braço.

– Ah, eu me lembro de você... Aposto que está louco para matar o pequeno Sasuke... Não apenas por seu braço, mas também por seu irmão. – Zetsu disse enquanto girava o corpo para fitá-lo. O sorriso em seu rosto aumentava conforme notava a cólera sendo expressa pelo Raikage. – Não foi por causa de Naruto que o seu irmão desapareceu?

– Cala a boca! – o Kage ordenou impaciente. – O que diabos você quer?

– Oras... Eu? Eu não quero nada além de uma resposta. Uzumaki Naruto e Uchiha Sasuke estão à solta. – outra gargalhada rompeu a garganta de Zetsu enquanto ele analisava as expressões dos Kages. – Não me digam que não sabiam que o Jinchuuriki da Kyuubi liderou um motim e fugiu com o antigo Kazekage?! A boa notícia é que eu posso capturá-los. Eu posso capturar Uchiha Sasuke também... Ao contrário de vocês, eu tenho a informação correta.

– Desgraçado! – a voz do Raikage chamou a atenção de todos. Em silêncio, o Mizukage ergueu a mão, ordenando-o a ficar em silêncio. – Não deem ouvidos a esse pedaço de merda. Ele é um Akatsuki! Ele não pode estar falando sério.

– Da última vez em que nos vimos Raikage-sama, eu lhe disse que Uchiha Sasuke estava aqui e de fato ele estava. Agora... Acha mesmo que eu mentiria? – Zetsu retrucou enquanto sua voz ganhava um nítido tom ofendido forçado. Seu sorriso ampliou-se com o silêncio do Raikage. – Enquanto discutem sobre problemas pequenos, seus antigos heróis estão fazendo chacinas por aí.

– O que você quer em troca? – o Mizukage questionou sem esconder seu interesse.

– Ora... Só uma coisa bem pequena... – Zetsu respondeu enquanto girava o corpo para fitar os demais Kages. Todos se mantinham quietos e analíticos. – Não precisam se preocupar. Meu preço é relativamente pequeno.

O silêncio instalou-se logo em seguida. Os líderes encaravam-se, com censura e extrema ansiedade. Os ninjas que os protegiam não sabiam ao certo se deveriam atacar, afinal não houve ordem de seus senhores para tanto. Somente havia o silêncio e a ambição os consumindo de maneira torpe e fácil.

– Diga-nos seu preço. – o Kazekage exigiu.

– Nada além da rendição da Aliança Shinobi...

Fora a resposta de Zetsu enquanto a incredulidade abatia uns e a desconfiança alarmava outros. A seriedade nas palavras do Akatsuki era nítida, embora seu rosto ostentasse um sorriso duvidoso e frequentemente sua expressão fosse risonha. Zetsu lhes sorriu mais uma vez antes de desaparecer; havia recebido sua resposta.

_____そんざい_____

O anoitecer imperava sobre o País do Trovão. A floresta parecia mais densa àquela altura e o frio começava a açoitar qualquer um que estivesse despreparado. Depois de horas, haviam encontrado uma cabana abandonada e estavam escondidos nelas desde então.

A fogueira era mantinha num fogo baixo e o silêncio os mantinha embalados. Hinata tentava fechar o máximo que conseguia do corte de Gaara com o jutsu médico que havia aprendido, entretanto seu chakra ainda estava estável e conseguira pouco progresso, mas o suficiente para evitar maiores problemas.

Haviam conseguido pegar água e procuravam manter-se de olhos abertos. Hinata rasgara parte da manga de sua blusa e usava o tecido para limpar os ferimentos de Gaara. Com cautela, ela procurava limpar os ferimentos mais leves e sérios enquanto o Sabaku mantinha-se impassível.

Num murmúrio, ele agradecera e disse que era o suficiente. Hinata apenas assentiu e aproximou-se de Naruto. O corpo dele estava sobrecarregado por hematomas de diversas gravidades, além do sangue que impregnara sua pele e roupas. A Hyuuga não dissera uma palavra e puxou o braço esquerdo do Uzumaki com cautela.

– Não precisa se preocupar Hinata... Logo mais a Kyuubi vai me curar. Procure cuidar de si. – ele disse forçando sua voz a soar o mais amigável possível, entretanto ele não conseguira. Sentiu o pano úmido sobre sua pele e a encarou. – Eu já disse. Não precisa se preocupar comigo.

– Naruto-kun... – ela disse enquanto o encarava seriamente. Sentia seu coração bater mais rápido e o pesar das lembranças anteriores assombrando sua sanidade. – Não me diga isso. É inútil.

Em silêncio, a Hyuuga continuou com seu trabalho e procurou manter a pele mais limpa possível. Concentrou e realizou o jutsu médico mais uma vez. O alívio quase saudoso que invadiu a carne de Naruto parecia fazê-lo sentir-se totalmente recuperado e livre das memórias das batalhas mais recentes. Mas durara pouco.

Parecia que sua pele queimava, conforme o chakra de Hinata manipulava o fechamento das feridas em seu braço. Cerrou os punhos enquanto a dimensão daquela sensação aumentava ou diminuía. Foram minutos quase incontáveis e intermináveis, e seu braço esquerdo estava razoavelmente melhor.

Hinata o encarou com um pequeno sorriso e afastou-se levemente. O Uzumaki moveu-se para perto, encarando-a minuciosamente.

– Por que você está fazendo isso? Por que... – o Uzumaki murmurou procurando as palavras, mas nenhuma de suas questões parecia fazer sentido. – Lamento Hinata. Nada deveria ser assim.

O coração de Hinata pulsava como outrora, seus olhos procuravam a desesperança do olhar de Naruto a fim de contraria-lo. Embora soubesse que não havia mais expectativas de um mundo melhor, a Hyuuga ainda mantinha-se acanhada e presa àquele pequeno sentimento que fazia seu ser agitar-se.

E que ainda era causado unicamente pelo Uzumaki.

– Nem mesmo você. – ela murmurou enquanto ambos fitavam-se como se seus olhos transpusessem seus pensamentos naquele instante. – Eu gostaria de ajudar mais, eu gostaria de curá-lo, mas não posso. A única coisa que posso fazer é me preocupar e saber que você vai estar bem.

E pela primeira vez em tempos, o Uzumaki sorriu. Entretanto, não durara muito.

– Desculpe a intromissão, mas já faz algum tempo... – a voz séria e amplamente ambiciosa de Obito fez-se presente. Um sorriso zombeteiro instalou-se em seu rosto. – Lembra-se de mim, Naruto?