Plam! Plam!

Caspian suspirou. Há quanto tempo ele tentava livrar-se daquelas masmorras? Plam novamente. Suspirou. Um barulho foi ouvido, ooh...era somente Edmundo acordando.

–-Tudo bem?- perguntou Caspian.

Edmundo endireitou-se, gemendo.

–-Argh...tudo.

Plam! Plam! Edmundo engoliu em seco. Pensava em Lúcia, Eustáquio e Cristine.

–-Acha que eles estão bem?

–-Quem?- perguntou Caspian.

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–-Lúcia, Eustáquio e..Cristine.

–-Também estou preocupado e muito mais com Cristine. Aquele homem é nojento, e foi levada provavelmente para a casa dele.

–-E Lúcia e Eustáquio?

–-Devem estar no mercado de escravos.

Plam! Plam!

–-É inútil! Vocês nunca vão sair.

A voz vinha de um canto escuro da masmorra, a luz não aparecia ali. Caspian e Edmundo ficaram parados.

–-Quem está aí?- perguntou Caspian após o silêncio.

–-Ninguém...só uma voz na minha cabeça.

Caspian chegou perto do lugar da voz, Edmundo chegava a tremer, mas manteve-se firme. Quando Caspian aproximou-se, um senhor de muita idade apareceu na luz. Tinha a barba muito comprida, os cabelos mais longos ainda, cabelos brancos, nada mais de cor ali. Estava há anos sem fazê-las e tinha a pele mal cuidada, enrugada e seca e as roupas velhas e sujas. Caspian assustou-se.

–-*Lorde Mer?

Passou um leve susto no rosto do homem, ele cruzou as mãos e comentou lamentavelmente.

–-É..eu...ahm...eu já fui um lorde. Mas eu não mereço mais esse título.

E olhou para o chão como se tivesse vergonha. Caspian olhou para Edmundo.

–-Ele é um dos sete?

Caspian assentiu e chegou perto do Lorde, que se afastou um pouco com receio, mas não conteve e comentou.

–-Seu rosto...me faz lembrar um rei que amei muito.

–-Esse rei era meu pai.- disse Caspian orgulhoso.

–-Ooh...milorde...me perdoe, por favor.

E tentou em vão fazer uma reverência, que consistiu em quase cair ao chão, se não fosse por Caspian tê-lo segurado.

–-Não, por favor.

E o ajudou a levantar. Ouviram gritos. Edmundo subiu pela parede e segurou-se nas barras de uma pequena abertura na parede, que servia como uma janela e observou. Uma carroça que tinha pessoas andava pela cidade, um homem de talvez trinta anos corria atrás dela e gritava o nome de uma mulher.

–-Elaine! Elaine!

O homem pegou na mão da mulher que estava algemada, mais atrás uma menininha corria e gritava.

–-Mamãe! Mamãe!

Um outro homem, que corria atrás da carroça, tentou deter o suposto marido de Elaine, este o empurrou e outro homem o socou para longe. Ele caiu e ficou para trás, a menininha chegou logo depois.

–-Não se preocupe! Eu vou encontrar você!

Caspian subiu depois. Levaram todas as pessoas para um bote.

–-Pra onde estão levando eles?

–-Vai olhando- disse o Lorde.

E continuou a olhar. O bote navegou rapidamente, como se as águas ajudassem de propósito, o céu ficou escuro, nuvens surgiram e formaram uma grande sombra na água. Dessa sombra, saiu uma nuvem da água verde, que foi direto para o bote, enrolando, escondendo todos ali. E depois...nada. Não havia mais nada ali. Nem o próprio bote estava ali. Tudo sumiu. E o nevoeiro foi embora.

–-O que aconteceu?

–-É um sacrifício.

–-Mas...pra onde eles foram?

–-Ninguém sabe.

Caspian desceu.

–-O nevoeiro foi visto primeiro no Oriente.- Edmundo começou a descer- Noticias de pescadores e marinheiros, desaparecendo no mar. Nos fidalgos, fizemos um pacto. De achar a fonte do nevoeiro e destrui-la. Todos nós partimos, mas nenhum voltou- Caspian e Edmundo se entreolharam- Se não venderem você pros mercadores de escravos, é capaz de parar no nevoeiro.

Edmundo se intrometeu.

–-Temos que achar a Lúcia e Cristine. Antes que seja tarde.

^.^

Em outro lugar, debaixo do sol, rodeados agora de outros homens feios, nojentos e esquisitos, Lúcia estava sobre uma bancada, algemada e com a cabeça baixa, esperando algum valor maior.

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–-Eu dou sessenta!-gritou um.

–-Eu dou oitenta.- gritou outro.

–-Eu dou cem pela mocinha.- gritou um por fim.

–-Eu dou cento e vinte!

–-Eu dou cento e cinquenta.

Atrás de Lúcia, o chefe de todos, estava sentado sobre um trono e ao seu lado, estava Cristine. Mantinha a cabeça erguida, o olhar duro, usava um vestido comprido, mangas compridas e com as bocas abertas. De uma cor neutra, um tom areia, tinha os cabelos soltos ainda e não se via mais o sangue, mas bem ali no cantinho, havia um roxo no rosto, uma cicatriz iria se formar. Enquanto isso, a negociação continuava.

–-Mais algum lance?

Pessoas escondidas atrás das portas, dos muros observavam. Lúcia sentiu um colar pesado sobre seu pescoço, com uma placa dizendo “vendido”.

–-Vendida- e o homem pegou Lúcia pelos braços e a colocou no chão, enquanto o outro homem pagava pela nova escrava.

Enquanto isso, na masmorra, Edmundo e Caspian eram empurrados para fora. E a negociação continuava, e nesse momento, Eustáquio foi posto na bancada.

–-Agora, por este..belo espécime. Quem vai abrir o leilão?

Ainda havia pessoas olhando. Eustáquio estava pasmo. Ninguém dos compradores disse algo.

–-Entusiasmo. Ele é magricelo, mas é...bem forte.- e apertou o braço de Eustáquio para comprovar.

Enquanto isso, Cristine estava dura, séria, mas por dentro estava destruída e nervosa. O chefe tocou na mão dela, estava algemada.

–-Está bem, querida?

Cristine tirou a mão de perto e disse entre dentes.

–-Não toque em mim.

Ele riu. Alguém gritou.

–-Ele é forte mesmo e fedido como o traseiro de um minotauro.

Todos riram, exceto Eustáquio, ora essa, ele se sentiu insultado e não teve vergonha de falar.

–-Mas isso é uma mentira absurda! Eu ganhei o prêmio de higiene escolar dois anos seguidos.

Todos riram.

–-Alguém, faça um lance!

–-Eu alivio você dessa carga- disse um homem encapuzado.

Caspian e Edmundo estavam saindo das masmorras nesse momento, Caspian ouviu a voz. E a reconheceu. Sabia de quem era. Espiou lá de cima, de onde estava.

–-Eu alivio você de toda essa carga!

O homem tirou o capuz e revelou Drinian com Ripchip em seu ombro, nesse momento, outros tantos que estavam encapuzados tiraram seus capuzes, prontos para lutar.

–-Por Nárnia!

–-Nárnia!

*Todos gritaram em uníssono. E a luta começou. Homens jogaram seus capuzes por cima de alguns para distrai-los, Eustáquio não sabia o que fazer e desceu da bancada. O homem que estava com Caspian e Edmundo na frente, distraiu-se com o barulho.

Caspian socou o homem que estava atrás e empurrou pela beirada o da frente, Cristine empurrou o trono e o chefe caiu junto, ela pegou a chave e livrou-se, pegou a espada e defendeu-se de um homem, Ripchip pulou no mercador que gritava pelos lances, os aldeões ainda olhavam, sem nenhuma reação. Edmundo defendia –se da espada colocando-a entre as algemas, para assim também livrar-se delas, Drinian socou o mercador, Ripchip soltou Lúcia.

–-Obrigada Rip, sabia que ia aparecer.

–-Majestade, iáá!- e bateu na mão de um que tentava roubar o dinheiro.

Ripchip pulou em outro homem que ia atacar Lúcia, esta pegou um caderno grosso e bateu contra a cara do homem que ficou tonto, Cristine enfiou a espada na barriga de um, após este, cortou a barra da saia até os joelhos e voltou a lutar. Edmundo enroscou o homem das chaves com as algemas no pescoço.

–-Pega as chaves!- gritou para o Lorde.

Este pegou, Caspian jogou um homem ao chão, havia dois minotauros que lutavam fácil contra os outros homens, jogando-os para longe.

–-As chaves!- gritou Caspian.

Um homem foi jogado ao longe, parando a metros de Eustáquio que ficou paralisado, faunos também estavam na guerra, Eustáquio pegou as chaves, livrou-se e correu para longe. Os aldeões agora desciam para ajudar, pegaram vasos e tacaram nos homens, mulheres davam tapas neles e os outros homens batiam com espadas ou qualquer outro objeto por perto.

Caspian pendurou-se por uma corda e empurrou um homem pela janela. Cristine já lutava com o sexto homem, quando cortou sua garganta, foi empurrada para frente, quando virou-se o homem caiu ao seu lado. Viu Drinian com a espada em punho. Cristine levantou-se sozinha.

–-Obrigada capitão.

Drinian assentiu e voltou para a luta, Cristine fez o mesmo. Eustáquio estava agora indo em direção aos botes, entrou e sentou-se em um. Nada fez. Murmurou.

–-Você é um barco numa terra mágica, não podia remar sozinho?

O chefe estava ali. Sorriu malvadamente. Tirou um punhal da cintura e começou a andar silenciosamente, iria atacar Eustáquio pelas costas, enquanto isso, este tentava mexer com os remos, fazendo tudo errado por sinal. Eustáquio se desequilibrou e bateu com o remo na cara do homem que caiu na água.

–-Ai não, será que era o cônsul britânico?

Perguntou-se Eustáquio. Dentro da cidade , a luta foi ganha, aplausos, gritos e agradecimentos do povo. Caspian, Edmundo, Lúcia andavam à frente e Drinian um pouco atrás.

–-Majestade! Majestade!

Gritou o homem que minutos antes, lutava pela liberdade de sua esposa. Drinian o deteu, segurando o pelos braços.

–-Calma.

–-Majestade- implorou o homem- minha mulher foi levada esta manhã.

–-Está tudo bem Drinian.

–-Papai- chegou a menininha.

–-Eu imploro que me leve, por favor.-disse o homem, aproximando-se de Caspian.

–-Gael!- gritou uma mulher atrás para a menininha.

–-Eu quero ir- implorou a menininha.

–-Não, Gael, fique com sua tia. Sou um bom marinheiro, passei minha vida inteira no mar.

–-É claro, venha.

E Caspian se distanciou, seguido pelos outros.

–-Obrigado.

–-Mas papai...

–-Eu já deixei de voltar pra você?

Gael negou com a cabeça e lágrimas nos olhos. Seu pai a abraçou.

–-Seja boazinha.

E ele se foi. Lúcia assistiu a tudo e sentiu uma mão em seu ombro. Era Cristine. Ela possuía a cicatriz da boca e da testa roxas, mas nada muito grande, sua espada na mão estava imunda pelo sangue, mas tinha um sorriso agradável no rosto. Confortou Lúcia. E elas seguiram o fluxo dos outros para os botes, atrás de mais algo que só Aslam poderia saber o que era.

^.^