Cristine tinha os olhos prontos para sair das órbitas. Se ouvisse algo mais assombroso naquele dia, tenho certeza que isso aconteceria. Ela olhava para Caspian sem dizer alguma palavra sequer. Ainda estava tentando engolir as palavras presas em sua garganta que ele dissera.

--Cristine...está tudo bem?- Caspian perguntou preocupado.

Ela levantou-se rapidamente batendo na mesa e fazendo algumas espadas mexerem-se.

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--Oh desculpe!

--Está tudo bem!- disse ele vendo que nenhuma caira, só haviam se mexido por causa do impacto- Mas então? Você não me respondeu?- disse ele desviando o olhar para a menina.

--Bem...confesso que não esperava essa proposta. Não esperava mesmo! Mas...por quê majestade?

--Bom...confesso que eu mesmo não tivera essa ideia. Fiquei muito desapontado pensando que perderia uma marinheira tão leal como você. Realmente acredito que você e Dark são fieis à Aslam. Ripchip me procurou. Pediu para que eu tentasse encontrar algum..lugar para vocês. Eu também estou sozinho, não tenho ninguém.-disse ele abaixando a cabeça.- Depois falei com Lúcia perguntando se seria muito..inadequado e se ela confiava em vocês. Ela nem sabia. A propósito, acho que ficou triste sabendo isso por mim, não por você.- disse ele levantando o olhar e encontrando o de Cristine perdido.

--Não disse pois não queria preocupar a ma..Lúcia com isso.

--Tudo bem. Mas ela disse que sim e apoiou. Já falei com Dark.

--Verdade?

--Sim. E ele me disse para perguntar para você, que aonde você fosse, ele iria.

Ela riu internamente. Obrigado Dark, deixou a pior parte para mim, ela pensou.

--Lobo estúpido.- ela murmurou.

--Perdão?

--Oh, nada.

--E então?

--Eu...eu...

--Se quiser um tempo para pensar...

--Não.-ela disse decidida.-Eu já sei.

--E então?- Caspian repetiu.

A menina levantou o olhar.

--Eu e Dark adoraríamos morar em sua...bela moradia.

Caspian sorriu junto com Cristine. Ela sempre sonhara viver em um castelo. Ela admirava tantas vezes o castelo de Cair Paravel ao longe do galho da árvore que tinha ao lado da pensão. Entrara somente uma vez. Quando Ripchip a levou para conhecer Rei Caspian e pedir para ela entrar na marinha. Somente viu a sala do trono e uma pequena sala ao lado desta, onde Caspian fizera uma espécie de entrevista. Mas ficara deslumbrada com tão pouco.

A sala do trono era magnífica! O chão brilhava com o reflexo do sol, as janelas limpas mostrando visivelmente o claro céu azul, o lustre majestoso acima de sua cabeça pendia de uma resistente corda enquanto balançava-se lentamente de acordo com a brisa da praia. Ela não sabia dizer se tudo era do mais puro ouro ou somente o sol brilhando nas límpidas paredes e chão. Céus, devo estar enlouquecendo, ela pensou. Ela já nem lembrava direito após tanto tempo, talvez agora ela só estivesse fantasiando ou naquele dia ela estava com algum problema de visão. Mas ficara deslumbrada do mesmo modo. Jamais esquecera as lágrimas que quase deixara cair ao imaginar a reação de seus irmãos e pai naquele lugar. Sua mão estaria no mínimo, criticando as cortinas que precisavam de um retoque.

Costureiras... ela pensava rindo amargamente. Agora, talvez tudo se realizaria. Um sonho. Um desejo. Dar um lar ao amigo e a ela mesma. Não poderia ser melhor!

--Mas....- ela pronunciou-se.

--Mas?

--Dark e eu iremos dormir em um simples quarto. Podemos dormir no mesmo, não se preocupe. Pode ser ao lado da cozinha, ao lado dos estábulos ou até mesmo...

Foi interrompida pela risada de Caspian.

--Resolveremos isso depois. E Lúcia irá escolher o quarto. Tenho certeza que ainda se lembra de todas as partes do castelo.

Ela sorriu mordendo os lábios.

--Obrigada majestade, muito obrigada.

Ele estendeu a mão. Ela a apertou com a sua.

--Confio em vocês. Seremos como uma família e você será minha irmã mais nova. Não quero saber de rapazes até tarde por lá mocinha.

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Ela riu.

--A propósito!

--Sim?

--Se quiser, pode buscar seus irmãos e levá-los junto com você.
Céus! Alguém já vira um sorriso rasgar o rosto de alguma pessoa? Cristine fez isso aquele momento. Ela juntou as mãos para a boca e fechou os olhos.

--Cristine? Está tudo bem?

Ela abriu os olhos e ele percebeu que estavam molhados. Ela tirou as mãos da boca e ele percebeu que estava sorrindo. Ela correu e pulou no pescoço do rei e o abraçou fortemente. Esqueceu-se das formalidades. Começou a chorar compulsivamente. Um choro de alegria. Caspian pouco se importou também. Rodou um dos braços da menina pela cintura enquanto a outra tinha a mão nas costas dela. Era um abraço normal. Não havia sentimentos fortes por parte de nenhuma. Cristine amava outra pessoa. Caspian amava outra também.

Ele ouviu a menina murmurar obrigada talvez algumas vinte vezes. Ele sentia-se leve como ela também. Havia perguntado para Lúcia se ela confiava na marinheira. Ela dissera que sim sem hesitar. Não sabia se confiava no lobo, mas se a marinheira confiava, ela também. Ele começara a confiar na menina também nos últimos, afinal, ela se mostrara leal e determinada em várias ocasiões. Sentia-se ansioso também. Uma nova família....talvez, ele pensou esperançoso. Seria um começo. Ele abriu os olhos após ouvir alguns barulhos diferentes quebrarem o silêncio do cômodo. Abriu os olhos e sorriu ao ver quem estava na porta. Ele se importava com Cristine, ficaria feliz ao saber que ela estaria bem quando ele se fosse. Caspian endireitou as costas e soltou os braços da cintura de Cristine. Ela agora mirava o rei ainda de costas.

--Edmundo, tenho uma boa noticia para você!

Cristine sentiu o corpo ficar frio e duro. Sentiu o sangue parar de circular e o corpo estático. Caspian passou um braço pelos ombros de Cristine, a virou e a abraçou de lado. Caspian não havia notado o olhar de Edmundo, mas Cristine teve uma ligeira ideia. Surpreso? Magoado? Duro? Triste? Edmundo saiu dali sem dizer uma palavra ou olhar para ela. Caspian perdeu o sorriso e franziu as sobrancelhas confuso. Cristine abaixou a cabeça.

--Está tudo bem?

--Sim..-ela murmurou.

Ela saiu do abraço do rei, foi em direção à porta e virou-se.

--Majestade, vou encontrar-me com Dark e relatar a noticia a ele.-disse ela com um sorriso esforçado.-Muito obrigada, muito obrigada mesmo!

Ela fez uma reverência e ele assentiu com a cabeça. Ela saiu dali deixando uma lágrima escapar e sem saber o que esta representava.

^.^

Era uma grande ilha. Imensa. Lúcia sorria sem perceber, maravilhada com a cachoeira no centro das montanhas recheadas de árvores. A menininha agarrava a bainha da camisa do marinheiro que tinha os braços ao redor da cintura da mesma e tentava passar alguma sensação de proteção. Cristine tinha os cotovelos apoiados na borda do barco e a cabeça baixa. Tinha os olhos fixos na água. Mal ela percebera que poderia ver o que quisesse no fundo do oceano, cada grão de areia, cada pedra, cada ser marinho, cada ponto do reflexo da lua, de tão transparente que era a água. Mas seus pensamentos corriam, por mais que ela tentasse para-los, à ele. O que ele pensou quando a viu abraçada com Caspian? Talvez que fosse uma golpista, tentando dar o bote nos reis. Mordeu o lábio inferior. Ouviu um ruído ao seu lado, um leve tocar na borda. Virou-se com esperança borbulhando nos olhos. Suspirou.

--Oi Dark.- ela disse de um jeito que tentou parecer normal, mas não passou despercebido para o lobo.

--Esperava outra pessoa?- ele perguntou com as patas sobre a borda e os pés no convés, como fizera tantas outras vezes.

Ela suspirou.

--Não.

--Esperava outra pessoa em especial?- ele insistiu levantando uma sobrancelha.

Ela virou-se para ele, pedindo súplicas com o olhar para que ele parasse. Ela não o respondeu e virou-se para dentro do convés. Seus olhos passearam por toda a tripulação. Todos os marinheiros tinham olhares parecidos. Surpresa. Medo. Nervosismo. Ansiedade. Mas não era nos marinheiros que ela queria prestar atenção. Ela o procurou e o encontrou. Estava ao lado de sua irmã, admirando talvez mais assombrado do que a própia vendo a ilha aproximar-se cada vez mais e mais. Ela mandou mentalmente parar e decidiu prestar atenção, talvez pela primeira vez, naquela ilha. Quando viu o tamanho da ilha, entre as cordas do mastro e velas que atrapalhavam sua visão, sentiu um arrepio percorrer a espinha. Nunca havia chegado perto de algo tão....grandioso. Literalmente. Começava enfim a ter sua atenção presa em cada milímetro, quando foi interrompida.

--Muito bem, preparem os botes, lançar âncora, andem logo com isso!- gritou o minotauro.

Cristine abanou a cabeça e foi uma das primeiras a se movimentar, diferente de outros que ainda pareciam presos aquela visão. Após algumas trocas nas cordas, arrumação dos botes e muitos passos pelo convés, os grupos adentraram em três botes. Quando Ripchip ia entrar, percebeu que Cristine estava puxando uma corda que um marinheiro mandara para recolher a vela.

--Cristine! Largue essa corda e vamos! O que está esperando?

--Perdão Ripchip.- ela disse amarrando a corda com algum esforço. Após isso, virou-se para o bote onde Rip ia enrrar.- Mas eu não vou.

--Por quê? Alguma majestade não permitira?

--Não. Eu só...não estou a fim de ir.- ela disse dando de ombros.-Dark irá por mim.

Ela disse apontando para o lobo que já estava dentro de um, já na água e indo em direção a ilha.

--Ele sabe que você não irá?

--Até agora...não.- ela disse com um sorriso forçado no final.

Virou-se com a intenção de ir para seu quarto e fazer algo que algum tempo já tentava, com muito sucesso a propòsito, evitar. Chorar. Já sentia uma dor na garganta, o estomâgo se remexendo, a fraqueza no corpo e a mente dolorida. Só preciso chorar. Claro! Assim vou colocar minhas mágoas para fora de um jeito certo!, ela pensou. Mas não pode dar mais de um passo pois fora parada por um par de olhos azuis, mãos na cintura demonstrando que estava brava e uma expressão séria e autoritária. Cristine suspirou.

--Olá Lúcia.

--Posso saber por que não vai?

--Eu já disse, não estou a fim.

--Cristine, sei muito bem que você não recusaria uma oferta assim. Aconteceu alguma coisa?- agora sua expressão parecia...preocupada.

Aquilo confortou Cristine mais do que ela pensara que confortaria. Ver alguém se preocupando contigo é algo bom demais! Você se sente importante enfim! Cristine sorriu verdadeiramente agradecida. Colocou uma mão no ombro de Lúcia.

--Eu estou bem. De verdade.

Lúcia segurou a mesma mão em seu ombro.

--Então vamos! Por favor!

Lúcia parecia estar pedindo com os olhinhos brilhando! O rosto parecia de uma criança que acabara de ganhar o tão esperado presente de Natal. Cristine ainda queria ir para o quarto, mas vendo Lúcia pedindo daquele modo e pensando que nunca fizera algo pela garota de bom...decidiu-se.

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--Está bem. Eu vou.

Lúcia mostrou um grande sorriso. Mas ainda sabia que algo perturbava Cristine. Tentaria falar com ela o mais rápido possível, quando qualquer oportunidade aparecesse. Só não a abraçou porque aquele também não era o momento correto. Assentiu com a cabeça e foi em direção ao bote. Entrou e esperou por Cristine que parecia ter hesitado um pouco.

--Vamos?- ela insistiu com a menina.

--Acho que vou no outro bote. Não se preocupe.

--Cristine....

--Verdade. Eu vou. Mas neste aqui. Não se preocupe.

Dito isso, ela entrou em um bote que estava somente o minotauro e um marinheiro, já que o animal ocupava um assento inteiro. Ripchip estava na ponta extrema do bote em direção a ilha. Após ver que Cristine aceitara depois de falar com Lúcia, entrara imediatamente no bote e não viu mais nada a não ser a possível aventura que tinha a sua frente. Lúcia franziu o cenho enquanto dois outros marinheiros desciam o bote com cuidado e segurando as cordas com esforço.

--Por que acha que ela está assim?-ela perguntou pensado alto.

--Não faço a mínima das ideias.-Edmundo a sua frente respondeu de mal humor.

Lúcia estranhou o comportamento do irmão, que há pouco tempo falava de Cristine com...carinho e ás vezes doçura. Lúcia ria enquanto Ed ficava vermelho percebendo a falha. Falavam poucas vezes de Cristine pois Ed acabava falando mais do que devia. Lúcia começou a pensar que havia algo entre os dois e sorria incansavelmente quando Ed falava de cada minúsculo detalhe da menina. Achava...fofo, ainda mais vindo de Edmundo. Mas agora...falara como se estivesse com...raiva? Lúcia suspirou. Tem horas que não consigo entender absolutamente nada do meu irmão, ela pensou enquanto o bote deslizava suavemente para a praia da ilha.

^.^