Adorável Depressão

Epílogo: Outono, folhas douradas e um tudo.


Epílogo: Outono, folhas douradas e um tudo

Quando vi as folhas outonais caindo, finalmente pude perceber e um sorriso espalhou-se por meus lábios rubros e gelados.

A felicidade enfim me encontrou… Ou será que fui eu que a encontrei? Não importa… agora estou tomando sua via, largando do passado que um dia tanto me machucou e me fez chorar. Ah… e como é bom! É bom dar um sorriso verdadeiro, ter de volta o brilho no olhar, ver as cores que preenchem o mundo, as quais um dia já foram apenas um borrado de preto misturado com branco para mim.

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Tive vontade de gritar a esmo, girar e rir, aproveitar cada instante. Porém fiquei calada, apenas com aquele sorriso tímido… Afinal, a felicidade também não o é? Tão tímida que demorou tanto para se mostrar, que ficou lá, naquele cantinho, quietinha, se escondendo de mim enquanto a infelicidade me preenchia os olhos e o coração.

Mas não agora. Tudo o que posso fazer é senti-la em sua forma mais pura, a de recentes e boas lembranças que cultivo e que passam agora por minha mente.

Notei que todos pararam ao ver meu sorriso, algo raro. Acabam sorrindo também, porque é sincero e felicidade gera felicidade. Todos tímidos, com medo de perdê-la. Sei que não tenho mais esse medo, porque sei que vou achá-la caso isso aconteça.

Levantei-me de onde estava sentada, pegando meu café quentinho, igual me encontrava por dentro nesse momento – acolhida, vívida e alegre –, e saí. O vento lançava meus cabelos para trás enquanto caminhava por essa nova estrada que é a felicidade.

Finalmente estou feliz, posso afirmar isto como afirmo que respiro. E… cai entre nós, mas acho que também encontrei a via para o amor. O meu tudo está, enfim, completo.

E talvez você não tenha gostado dessa história. Talvez tenha odiado cada palavra escrita, cada ponto. Ou talvez, você pôde se reconhecer em alguma passagem dessa minha confusão mental.

Mas a minha história... Bem, ela é o meu tudo. Porque ela é a minha essência, minha alma.

Antes eu teria considerado como azar, mas agora... Agora eu considerava como sorte que esse tudo estava apenas começando. Longe de um fim. Histórias felizes não acabam com um “foram felizes para sempre” e nem com um ponto final.

Elas simplesmente não terminam.

***

O final de outra perspectiva...

Ele olhava a menina distanciar-se com um café na mão e um sorriso no rosto. Katherine estava radiante, Vitor sabia disto. E amava vê-la desse jeito, mesmo que tivesse de ser à distância. Pouco importava. Mesmo que nunca mais tivesse falado com ela por mais do que alguns minutos no telefone, e isso já fazia bastante tempo. Ele podia encontrar-se com ela, dizer que estava de volta, mas de nada adiantaria.

O menino tinha a certeza plena de que ela não se lembrava dele, ou então achava que tudo o que viveram fora apenas uma ilusão. Aquilo era mentira, mas era uma pena que somente Vitor, e apenas ele, pudesse saber do fato. Bem, antes ele do que ninguém.

Quando Katie desapareceu meio à multidão, indo encontrar-se com Alessandro, – seu grande amor desde sempre -, Vitor se virou em direção contrária a ela. Não queria segui-la como um fantasma. Não se não pudesse tê-la.

E não poderia. Katie estava presa a Alessandro desde que aprendera o que era o amor, mesmo sem saber que já havia aprendido. O menino agora de 17 anos completos, rebelde e cheio de piercings nunca conseguiria um lugar no coração dela. E se o tivesse feito, muito provavelmente ela sairia magoada. De jeito algum ele gostaria de fazer isso.

Fechou os olhos e recordou de tudo. De como ouvira sua voz ao telefone quando foi arrastado por um amigo a um encontro, ficando de vela. A menina calhou de ser a melhor amiga de Kate, e numa ligação, ele pôde ouvir sua risada, que não poderia ser comparada a nenhuma outra. Achava que nem uma das duas tivesse descoberto que ele era ele, ou seja, Vitor, naquela ocasião. Usara seu primeiro nome, que tanto detestava: João. Não, elas nem desconfiariam.

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Recordou-se também do dia em que lhe tocara os lábios – lábios tão suaves quanto pétalas de uma flor - com os seus, naquela festa à fantasia. Outra coisa da qual ela não desconfiaria jamais que fora ele, uma vez que estava completamente escuro quando o fez.

Deixou-a pensar que fora Alessandro quem o fizera. Não apareceu novamente para desmentir. Para quê? Já dissera: sem tê-la, não teria motivos. Não... Kate nunca teria as memórias que Vitor possuía. Não as verdadeiras, apenas as modificadas, as falsas.

Porém, a lembrança mais especial de todas a garota teria consigo. Pelo menos, Vitor achava que teria. O dia em que os dois se beijaram no parque, em sua despedida. Nesse dia tudo fora real para ambos. E por essa razão fora o dia mais feliz da vida dele, e provavelmente o mais confuso da dela.

Cheirou sua jaqueta, aquela mesma que ele havia dado a Kate, e percebeu que ainda havia resquícios do perfume da garota. Algo tão dela, que não havia uma definição para. Sorriu. De algum modo, ela ainda continuaria com ele, querendo ou não. Pelo menos por algum tempo. Uma hora, aquele perfume iria desaparecer completamente.

Sim... Tudo fora apenas uma ilusão, mesmo não sendo. Mas o amor também não o é? Ele tinha sua resposta. Era diferente da dela, mas não deixava de ser válida. Vitor era um iludido de sua própria forma. Ainda mantinha esperanças.

Esperança de que um dia tudo poderia virar realidade, se não com Katherine, mas com outra. E era isso que o fazia viver. Era por isso que sempre aguentara. E sempre aguentaria.

Até que ele próprio tivesse, enfim, o seu “tudo”.

Avançou mais, jogando seu skate no chão e correndo sobre ele. Afastando-se cada vez mais, rumo a uma via diferente da de Katherine, mas que podia ser tão boa quanto. Ao menos, era isso que desejava e esperava.

As folhas secas voaram a sua volta.

***

E eles foram felizes para sempre... Ou talvez não. Quem é que vai saber?

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.