– Senhor, o alvo chegou ao apartamento - disse meu empregado, parando em frente ao meu escritório.

– Certo, obrigado Nick - disse, olhando-o de relance como um aviso para ele sair daquele local, só bastou esse gesto para que o homem saísse desajeitado da entrada do aposento - Enfim, sobre o que falávamos?

Encarei o homem sentado do outro lado de minha mesa, parecia ter uns quarenta anos, algumas rugas marcando as laterais de seus olhos. Tinha o olhar extremamente negro e o cabelo baixo da mesma cor.

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Usava um terno polido demais para aquela ocasião, demonstrando sua total inexperiência e apreensão para situações como aquela. Suas mãos apoiavam-se na madeira da mesa de forma nervosa, e gotículas de suor começavam a ficar visíveis em sua testa.

– É-É ele quem chegou? - perguntou, referindo-se ao aviso de Nick.

– Sim, é justamente Dorian - disse, recostando-me confortavelmente na cadeira - Ando observando-o por algumas semanas.

– Não acha que ele pode descobrir? - perguntou o homem, inclinando-se para frente.

– Sim, na verdade presumo que ele já tenha descoberto, dada a cautela horrível de nosso informante no local onde ele mora - respondi.

– E não vai fazer nada quanta a isso?! - disse meu cliente, levantando a voz desnecessariamente.

– Por favor, você me contratou por ser extremamente bom no que faço - eu disse, levantando-me e pegando um copo d'água do galão do outro lado da sala - E eu não deixaria pistas principalmente em um caso perigoso com esse.

– Sim, sim, fico feliz que perceba o quanto isso é perigoso - o homem disse, levantando-se também e andando em minha direção, com as mãos na cintura em uma atitude autoritária - Nem mesmo a empresa desse caras pode saber que estou atrás de Dorian.

– Eu realmente não entendi por que você quer tanto desmascarar esse homem - respondi, encostando na parede atrás de mim.

– Ele é um assassino de aluguel, eu tenho certeza disso! - o homem disse, baixo o suficiente para que a fala não saísse daquela sala - E ele matou meu irmão, só pode ser ele.

– Então você quer vingança? - perguntei, achando aquilo extremamente interessante.

– Eu só quero que um assassino tenha a punição que merece - ele respondeu, suspirando - Por isso te contratei. Preciso de provas contra esse homem, e eu sozinho não as conseguiria.

– Certo - eu disse, voltando à mesa com o copo cheio pela metade.

– Mas pelo visto nosso plano já acabou. Você disse que ele talvez já até tenha descoberto sobre nós - o homem disse, continuando em pé.

– Eu não disse o que ele descobriu - respondi, colocando os pés na mesa, percebendo que meu cliente ficara incomodado com minha atitude.

– Por favor, explique-se - disse ele.

Suspirei, ajeitando-me na cadeira pronto mostrar meu raciocínio. Odiava ter que explicar tudo para pessoas ignorantes.

– Uma ficha minha permanece nos arquivos da tal empresa... - comecei.

– Você também é um assassino? - ele perguntou, ficando visivelmente pálido.

Encarei-o por um instante.

– Isso não importa - respondi, balançando a cabeça - O foco é que se Dorian for esperto o bastante para interceptar a ligação que fizemos, ele também deve ser capaz de driblar o sistema de sua empresa e ter acesso aos arquivos de que falei, isso se considerarmos que ele tem algum contato com a agência...

– O que o levaria à sua ficha - o homem completou.

– Sim - disse, dando um longo suspiro, era irritante ter as pessoas completando minhas frases - E digamos que meus dados lá são bem chamativos... O que não é da sua conta - disse secamente, quando percebi que meu cliente iria indagar novamente.

– O que importa é que isso o levaria logo até mim, porém, devido ao meu antigo cadastro na empresa, eu consegui trocar algumas coisinhas para conseguir desviá-lo do caminho.

– Por que você simplesmente não apagou sua ficha de lá? - o homem perguntou, sentando-se, de repente interessado na história.

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– Isso chamaria muito a atenção deles, e não é isso o que queremos, certo? - respondi. O homem assentiu.

– Então o que você modificou? - ele indagou.

– Fiz uma mudança no visual, apenas - disse, abrindo a gaveta e pegando uma foto jogada ali dentro - Esse sou eu de acordo com os arquivos.

Mostrei a foto do garoto loiro de olhos prateados, bem diferente de mim que tinha os olhos estranhamente violetas e o cabelo negro na altura dos ombros.

– Quem é esse? - o homem perguntou, analisando a foto.

– Um bandidinho qualquer.

– E eles não vão estranhar sua mudança repentina nos registros? - ele perguntou novamente, eu já estava ficando cansado de suas frequentes dúvidas.

– Não, é normal alguém mudar a feição para fugir de algum problema - respondi, pensando quando todo aquele falatório acabaria - E esse garoto ainda pode ser muito útil para nós - continuei, apontando para a foto - Se ele morrer em poucos dias, teremos uma grande vantagem sobre nosso alvo.

– Como? - o homem olhou novamente para mim.

- Quando ele morrer, será uma pequena prova de que Dorina e da empresa, e também, nosso pequeno assassino pensará que estará livre de um de seus supostos inimigos - disse - e nos deixará em paz para...

– Darmos um fim nele - meu cliente completou novamente minha frase, porém daquela vez eu tinha que adimitir que havia dado certo.