Always!

Capítulo 3 - Mundo Novo II - O que há com elas?


A Marina estava sentada sobre sua mesa esperando todos os alunos entrarem. Ao me ver ela sorriu, mas não era de felicidade em me ver, na verdade a Marina tinha três tipos de sorriso:

1º - Rápido – era o sorriso mais frequente, usado quando estava de acordo com alguma coisa ou quando queria dizer que estava tudo bem.

2º - Sarcástico – era um sorriso meio de lado acompanhado de uma expressão divertida e misteriosa, e significa que ela fez ou irá fazer algum comentário crítico.

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3º - Especial – um sorriso sincero e amigo, com certeza, esse era o meu preferido e também o mais raro de todos, eu mesma só havia visto uma ou duas vezes no máximo.

Dos três o que ela me dirigiu naquele momento foi o sarcástico, demorei a entender o porquê, mas quando olhei para o Stefan a ficha caiu e eu soltei o braço dele.

– Obrigada pela agradável companhia, senhorita Stwart! – Stefan disse gentilmente e eu concordei ainda meio sem graça com o olhar da Marina.


– Bom dia! Sou Marina Calliari, leciono português, como vocês já sabem. – Ela olhou para mim e depois para a turma. – Vejo que há alguns novatos, por favor, apresentem-se!

Ao todo eram cinco novatos: Julia Dellabianca, 14 anos, branca como a neve e cabelos negros como ébano... Ok, eu não estou falando da Branca de Neve, mas ela até que se encaixaria no perfil. Isabella Mattos, 15 anos, morena alta de olhos claros e cabelo cacheado, parecia ser bem inteligente. Lucas Montemour, 15 anos, cabelo escuro e olhos claros, já havia chamado a atenção de algumas meninas na sala. Satsu Nagumi de Oliveira, 15 anos, cabelo escorrido, olhos puxados e estatura baixa, tipicamente oriental. E o Stefan que já mencionei.

– Sejam bem vindos! – Marina disse pegando o livro sobre a mesa. – O assunto de hoje será Morfologia.

Marina com seus 29 anos sabia dar aula como ninguém, tornava uma aula decoreba em fácil aprendizado. Ela estava ali há um ano, tinha o respeito e a admiração de todos na escola.

Quando a aula acabou, Milly passou dizendo que levaria o Stefan para ver uma parte da escola durante o intervalo de dez minutos que tinha entre a segunda e a terceira aula. Eu como sempre ficaria mais alguns minutos.

– Muito simpático aquele seu amigo Stevan... – Marina disse enquanto prendia o cabelo que antes caia sobre o ombro.

– Na verdade é Stefan e eu o conheci hoje quando fui à secretaria. – Ela me olhou de um jeito estranho como quem diz “Então vocês se deram bem mesmo, em?”. – Boba!

– De quem é a próxima aula? – ela disse mudando de assunto.

– Helena. – Marina mudou de expressão quando ouviu o nome da Helena e se levantou da mesa. – Não vai mesmo me dizer o que aconteceu?

– Já ouviu dizer que às vezes a ignorância é uma benção? – Marina sorriu rapidamente e eu sabia que era melhor eu ir embora. - Acredite, tem coisas que é melhor mesmo não saber...

– Tudo bem, então, até logo! – peguei minhas coisas sobre a mesa e caminhei até a porta.

– Obrigada! – eu me virei e a Marina estava olhando pela janela e antes que eu perguntasse ela continuou. – Por não insistir...

– Sabe que se quiser conversar pode contar comigo... Até lá eu espero! – Marina concordou e agradeceu.


Helena Saldanha, 25 anos, uma mulher bonita com um longo cabelo loiro, olhos caramelo e um humor carismático. Essa é a minha professora de história, uma pessoa que eu admirava muito e que conhecia há três anos.

Ela estava sentada em sua mesa com algumas anotações na mão, a sala ainda estava vazia, por ainda faltar uns 3 minutos para a aula começar.

– Helena! – ela levantou o olhar e eu pude ver que o caramelo em seus olhos estava tão intenso que parecia líquido. – Como vai você?

– Muito bem! – ela parecia descontraída diferente de quando eu a vi na sala da Marina. – E você?

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– Ótima! A manhã está sendo bem divertida, conheci um novato bem gente boa, Alice estava com um ótimo humor e a Marina... – Da mesma forma como a Marina havia ficado séria minutos atrás, Helena também ficou. – Ah, qual é? O que aconteceu, em?

– O nome da Marina é o último que quero ouvir durante uma longa eternidade. – Helena desviou o olhar e eu não consegui entender o porquê daquela mudança entre elas duas.

– O que houve? Achei que vocês fossem amigas... – Helena continuou séria e resmungou alguma coisa como “eu também”, mas acho que ouvi errado. – Olha, não precisa ficar tão chateada, parei de falar sobre ela. Agora, por favor, volte a sorrir como minutos atrás.

Helena permaneceu séria por alguns segundos, mas logo abriu um sorriso tímido e para mim já era suficiente.

A aula começou. Helena se apresentou e disse que a aula seria para nós conversarmos sobre as férias, por o assunto em dia, pois ela não queria que na próxima aula houvesse conversa. Nos primeiros dez minutos eu ouvi tudo que meus colegas diziam, mas uma coisa estava me incomodando e eu imergi em pensamentos.

– Sophia! – Milly me chamou chegando sua mesa para perto da minha. – Em que está pensando?

– Nada, Milly... – eu disse tentando -la, o que não era uma coisa possível. – Estava pensando na Marina e na Helena...

– Ah, pensando nelas, que novidade... Quero saber o que está te fazendo pensar nelas. – Milly parecia morar dentro de mim por saber tão bem como eu funciono.

– Não sei exatamente o que há de errado... Hoje quando entrei na sala da Marina elas pareciam estar brigando, é claro que quando eu entrei elas disfarçaram e a Helena foi embora. – Milly tinha feito uma careta de preocupação e curiosidade. – Perguntei a Marina o que tinha acontecido, mas ela não queria me explicar e a Helena também não falou nada.

Helena olhou para mim no instante que citei o nome dela e eu sorri tentando fingir que nem estava pensando nela.

– Realmente, é estranha essa situação, entretanto deve ter sido apenas uma discussão, isso acontece... - Queria pensar como a Milly, mas algo me dizia que era muito mais que uma simples discussão.


– Vocês estão liberados... – Helena abriu a porta e voltou para sua mesa. – Sophia!

Milly me observou e disse que iria para o refeitório, eu e Helena ficamos sozinhas.

– Diga-me! – eu olhei para Helena curiosa.

– Só quero pedir para você parar de se preocupar com o que não te diz respeito... – me surpreendi com a versão ríspida da Helena e a saliva parecia ter entalado na minha garganta.

– Tudo bem, Helena! Mais alguma coisa? – eu perguntei tentando disfarçar a minha mágoa.

– Não me leve a mal, Sophia, não quis ser rude, só não quero que se preocupe com besteira, entende? – eu concordei e ela me liberou.