Prólogo

Aquelas risadas ecoavam pelos corredores vazios e sombrios daquele lugar terrível. Eram sons perturbadores, que penetravam nos ouvidos daquele pobre garoto, preso sozinho naquele martírio. Eles insistiam em lhe atormentar, rindo descaradamente diante daquela face assustada e indefesa como um pássaro silvestre que fora preso a uma gaiola. Sem portas, sem jeitos de se escapar.

O jovem loirinho tampou os ouvidos a propósito de abafar aquele som que lhe torturava a mente. Mas mesmo assim, ele conseguia ouvir aquelas palavras, que doíam mais do que se ele fosse violentado. Eram como milhares de sons que se misturavam indistinguíveis, e se tornavam um monstro.

Os mais horríveis adjetivos eram lançados contra ele. Havia tentado aguentar tudo isso com um sorriso disfarçado desde sempre. Mas ninguém sabia mesmo como ele se sentia de verdade... Quem era realmente ele por dentro. Quais seriam os mistérios presos dentro daquela caixa de ouro. Mas apenas a alguém muito especial a quem ele lhe consideraria a sua chave. E esse alguém poderia jamais aparecer.