And More Confusion

Capítulo 38 - Aquilo que tem que ser feito


And more confusion

Kaline Bogard


Parte 38


Aquilo que tem que ser feito



– Não!



Bobby piscou confuso, enquanto a certeza ficava mais firme nos olhos de Samuel Winchester. Pelo visto ele mudara de idéia novamente.


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– Não? – Singer repetiu sem acreditar no que ouvira.



– Quer dizer... – Samuel soou um tanto sem graça – Não podemos mesmo mantê-lo assim, Bobby? Não precisa deixar Dean com outra família. Nós cuidaríamos dele, faríamos certo dessa vez...



– Deixa eu pensar – o mais velho coçou a barba fingindo considerar a questão – Você diz que quer ver seu irmão crescer nessa vida outra vez? Quer arrastá-lo por aí exatamente como John fazia?



– Do jeito que você fala parece ruim...



– E não foi?



Sam apertou os lábios, contrariado.



– Não foi ruim – afirmou com um suspiro – Pelo menos não tanto quanto poderia ter sido. Mas tem razão como sempre, Bobby. Não podemos deixá-lo assim. Eu só... só...



– Sei o que tem feito desde que chegamos aqui, Sam. Não sou bobo. Finalmente você percebeu que essa situação tem um lado bom e começou a aproveitá-lo.



– É – o moreno respondeu – Não é tão ruim assim cuidar de uma criança.



– Sammy? Tio Bobby? – a vozinha cheia de sono chamou a atenção dos adultos. Dean entrava na cozinha esfregando os olhinhos – Bom dia.



– Bom dia, Sardento – Sam respondeu. Sentimentos ambivalentes faziam seu coração se dividir. Metade dele estava feliz por aquela confusão chegar ao fim. A outra metade não queria se despedir do pequenino.



Bobby viu o conflito nos olhos do rapaz. Coçou a nunca enfiando os dedos por baixo do boné azul e respirou fundo.



– Sam, por que não leva seu irmão pra dar uma volta na cidade? – então apontou o Cluricaun – Aquele bichinho não vai a lugar algum mesmo...



– OBA! Pode i Sammy?!



Samuel sorriu.



– Claro. Vamos trocar de roupa – mal Sam disse isso e o loirinho disparou de volta para o quarto. O rapaz ia seguindo atrás do irmão quando a voz de Singer o alcançou.



– Faça as coisas direito dessa vez.



O Winchester não respondeu, prometendo-se interiormente que se despediria da forma infantil de Dean Winchester do jeito certo.



A primeira providência foi escolher roupas adequadas para o menino. Escolheu aquela blusa do Batman que ele adorava. Apesar disso colocou um agasalho por cima. Os dias já eram mais frios, os pálidos raios do sol não conseguiam mais espantar a sensação de inverno iminente.



– Pegue seu álbum – Sam orientou, fazendo o loirinho se animar com a perspectiva de ganhar os preciosos pacotinhos – E as figurinhas repetidas também.



Depois disso foram para o Impala e seguiram até a cidade, uma viagem longa e solitária, mas feita num silêncio confortável por metade do percurso, já que a um ponto Dean voltou a bombardear o irmão com perguntas recheadas de curiosidade infantil.



– Sammy, por que o milho não cai? As ispiga fica pindurada? Papai do Céu amarro elas também? Por que elas são verde por fora? Se fica no sol vira pipoca?



O moreno se desdobrava pra tentar explicar todas as questões, divertindo-se por dentro ao final de cada interrogação. Iria guardar aqueles momentos na memória e no coração para sempre!



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Assim que entrou na rua principal da cidade, avistou o armazém e, sem surpresa alguma, viu praticamente as mesmas pessoas do dia anterior. Estacionou o Impala do outro lado da rua.



– Muito bem, Sardento, pegue o álbum e as figurinhas.



– A gente vai na onde?



– Ali – apontou o grupo de pessoas, entre eles homens, adolescentes e crianças.



Dean piscou sem entender, porém obedeceu. Assim que os irmãos desceram e se aproximaram, o menininho compreendeu tudo. Aquelas pessoas estavam reunidas ali trocando figurinhas!



Samuel notara aquilo no dia anterior, só não parara por que estava sem o álbum ou as figuras auto adesivas.



A chegada dos irmãos foi recebida com entusiasmo. Eles tinham figurinhas diferentes das que aquelas pessoas possuíam, que já trocavam a tempos e tempos. Em pouco tempo as colecionáveis mudavam de uma mão para outra até que, finalmente, Sam e Dean tinham trocado todas.



– Termino, Sammy?! – o loirinho perguntou ansioso – Vai cola?



– Vamos colar e ver como ficou.



Repetiram a tradição: Dean descolava o verso e entregava para Sam colar do jeito certo.



– Quase completou! – o moreno sorriu – Falta apenas a cento e trinta e sete.



– Só uma?!!



Então o rapaz se voltou para os poucos habitantes que tinham ficado por ali, depois de trocar tudo o que interessava.



– Alguém tem a cento e trinta e sete?



Um garoto de uns doze anos, de cabelos ruivos e inúmeras sardas sobre o nariz sorriu e acenou uma figurinha na mão.



– Eu tenho! – aproximou-se dos Winchester sorrindo mais ainda, com o nariz meio sujo.



Então Sam olhou a figurinha. Não restara mais nenhuma repetida para trocar. Pelo jeito teria que apelar.



– Compro ela por dez dólares.



– Não! – o ruivinho pareceu indignado com a proposta.



O Winchester engoliu em seco. Sentiu o olhar das outras pessoas sobre ele, curiosas a respeito de até onde ele iria para conseguir completar o álbum do loirinho.



– Como é seu nome, rapazinho? – perguntou.



– MacNeall – garoto respondeu solene – Roy MacNeall.



– Prazer, Roy MacNeall. Eu sou Sam Winchester. Como você me parece um negociador bem esperto vou oferecer logo cinqüenta dólares – deu o lance que tirou exclamações surpresas da pequena platéia – E é minha oferta final.



O ruivo franziu as sobrancelhas e meneou a cabeça meio aborrecido.



– Você não sabe de nada, Sam Winchester.



E ao dizer isso aproximou-se de Dean que assistia tudo com interesse, inclinou-se um pouco, e lhe estendeu a figurinha.



– Pode ficar com ela.



O loirinho abriu a boquinha surpreendido pela oferta. Assim que recolheu a imagem que faltava com os dedos pequeninos abriu um sorrisão.



– OBRIGADO!



Em resposta o menino estendeu a mão e bagunçou os fios loiros, sorrindo de volta.



– Adultos não entendem nada, não é? Tem coisa que não tem preço.



Alguém riu na improvisada platéia e Sam sentiu o rosto esquentar de vergonha. Acabara de levar uma lição de moral de um moleque caipira que morava num buraco escondido do resto do mundo e andava pela cidade com o nariz sujo!



– Obrigado, garoto – agradeceu com sinceridade.



– Por nada – o ruivinho resmungou – Vou indo.



E saiu colocando as mãos no bolso, indo embora sem olhar para trás.



Sam coçou a nuca. Algumas coisas jamais mudariam: seu jeito para lidar com criança era praticamente nulo! Um puxão na barra da calça cortou-lhe os pensamentos. Olhou para baixo e percebeu que Dean estava ansiosíssimo para colar a última figurinha.



E foi o que fez. O álbum se completara.



– Que bom, Sammy!



Sam sorriu. Nunca tinha visto o irmão mais velho tão feliz assim. A não ser quando chegavam em algum lugar com a placa “Coma o quanto puder”. O sorriso do menino mostrava o quanto ele esta feliz. E isso deixou o moreno satisfeito. Valera a pena, afinal de contas.



– Vamos comer alguma coisa, Sardento – provocou, mas nem o apelido foi suficiente para fazer Dean desviar os olhos da última figurinha colada no álbum.



Sem alternativa abaixou-se e o pegou no colo. Em resposta o garotinho passou um braço pelo pescoço do irmão, antes de começar a falar.



– Pode come...



– Uma montanha de batatas fritas e milk shake de chocolate? – Sam cortou a frase adivinhando o que ele iria dizer – Claro.



– OBA! Sammy é o melhor irmão do mundo!



O Winchester caçula riu deliciado.



S&D



O almoço foi exatamente do jeito que o pequenino queria. Mesmo Sam abriu mão do lanche natural para dividir o leite batido com chocolate. E nunca antes, em toda sua vida, aquilo teve um gosto tão especial.



Talvez fosse o brilho nos olhos verdes, grandes e inocentes. Ou talvez fosse a mancha de catchup que de forma inexplicável manchara a bochecha infantil. Ou quem sabe, ainda, fosse a forma desajeitada com que Dean manuseava a grande taça com o Milk Shake, de modo que os lábios se fechassem em volta do canudo de listas em vermelho e branco fazendo um biquinho...



Tudo mexia com Sam. Dava um ar de nostalgia e trazia certa angústia desconhecida ao seu peito. Queria poder dizer que cuidara bem do irmão, tão bem quanto fora cuidado.



Mentira. Durante aquela aventura o ferira e deixara que outros o ferissem. Perdera o irmão de vistas por um longo tempo e quase permitira que a criança morresse diante dos seus olhos.



Não podia ter cuidado pior dele.



Mentira. Dentro de sua pouca experiência, dado o contexto e sua capacidade... tentara o melhor, da melhor forma possível. Pena que ainda tinha a sensação de fracasso dentro de si. O seu “melhor” parecia tão pouco, tão tênue...



– O Dean terminou! – o loirinho exclamou colocando o copo vazio sobre a mesa. O prato sujo de catchup também estava vazio, suas batatas fritas devoradas com voracidade.



Ao ouvir a frase Samuel sorriu fraco. Debruçou-se sobre a mesa e estendeu um guardanapo de papel para limpar os lábios do irmão com cuidado e paciência. Depois limpou-lhe a bochecha.



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– Muito bem Sardento. Quer mais alguma coisa?



– Não! Num precisa de mais nada.



A afirmação empolgada trouxe um nó a garganta do rapaz. Sam quase permitiu que o sorriso sumisse de seus lábios, mas ele o manteve firme e ignorou os olhos que arderam.



– Então é hora de voltar e fazer o que tem que ser feito.



Continua...