And More Confusion

Capítulo 35 - Irmão num se esquece do irmão


And more confusion

Kaline Bogard


Parte 35
Irmão num se esquece do irmão



– Acabei de mudar de idéia – Sam afirmou em um tom de voz decidido – Não vou voltar Dean para sua forma adulta...


– - - - -


– O que foi que você disse, Sam?


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De repente o rapaz parecia muito empolgado com o que tinha concluído.


– Não vê, Bobby? É perfeito! Se Dean continuar assim ele não vai para o inferno. Ele está livre!


O outro homem parecia estarrecido.


– Sim. Mas quando o feitiço se completar nós não temos certeza do que irá acontecer, Sam. Pode ser qualquer coisa. Bem provável que o Dean desapareça.


O rapaz meneou a cabeça.


– A forma adulta você quer dizer. Se ele ficar assim irá crescer normalmente e voltar a ser adulto, mas sem essa loucura de caçar fantasmas e monstros. Dean pode ter uma família...


– Ele já tem uma família, Sam – Bobby soou seco. Isso não tirou a animação do rapaz.


– Uma família normal, quero dizer. Encontramos algum casal que queira cuidar do meu irmão. Você mesmo disse: ele nunca teve chance de crescer como uma criança comum, não é? Talvez essa seja a chance, já pensou nisso?


O dono da casa parecia inconformado.


– Não pode estar falando sério Sam! Dean vai esquecer de você, de mim...


– E de todas as vezes que esteve a beira da morte – Sam cortou – De todos os monstros que crescemos matando. De me ver morrer ano passado e de vender a alma. Não me parece tão ruim assim.


– E de quem ele realmente é – Bobby esbravejou – O Dean que conhecemos vai sumir, Sam. Será como se ele nunca tivesse existido, o Dean que adora torta, o Dean que só dá foras e nunca se cansa de estar errado. É tão fácil assim pra você deixar que ele se vá?


O moreno respirou fundo e desviou os olhos.


– Se for para salvar a alma dele do inferno, sim. Dean não vai sofrer, Bobby. Ele não se lembrará de nós. Toda a culpa por essa escolha estará sobre os meus ombros, não sobre os dele. Dean sempre quis isso, uma família normal...


– Não – Singer cortou a frase com irritação – Você sempre quis isso, Sam. Não o Dean. Tem que parar com isso, garoto.


Sam engoliu em seco diante do olhar duro que recebeu do outro homem. Pensou em ignorar a acusação, mas quando viu Bobby levantar-se e colocar o boné sobre a cabeça, com intenção de sair da sala ele não resistiu.


– Parar com o quê, Bobby?


– Tentar se livrar de quem te considera família. Tem certeza de que essa escolha será melhor para o Dean? Ou é o que acha melhor pra você?


O rapaz sentiu o rosto queimar de raiva e vergonha pela clara acusação nas palavras de Singer. Porém engoliu em seco e ficou quieto enquanto o mais velho se retirava deixando para trás uma atmosfera pesada. Desviou os olhos para o irmão que continuava dormindo profundo, apesar de em alguns momentos a conversa ter alcançado tons mais exaltados. O menino devia estar esgotado, tanto física quanto mentalmente.


Ajeitou o edredom ao redor do corpinho todo encolhido e tirou alguns fios loiros que caiam sobre os olhos fechados.


Sam só pensava no que era o melhor para Dean, dadas todas as circunstâncias que os envolvia no momento. Se havia a menor chance de salvar o irmão do inferno, então Sam o faria.


Não importava o preço que tivesse que pagar.


S&D


Samuel Winchester acordou com o barulho estridente de louça batendo. Por um instante se viu preso na confusão sonolenta de quem acaba de despertar. Piscou espantando o sono e se espreguiçou. O corpo todo estava dolorido, pela noite passada dormindo sentado no sofá.


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A barulhada continuava na cozinha, fazendo o rapaz sorrir torto. Bobby estava preparando o café ou lutando com as panelas? Suspirando, Sam assumiu para si que o homem devia estar muito irritado com sua decisão.


Então olhou para o lado onde Dean estaria dormindo, mas só viu o edredom meio caído no chão. Seu irmão já devia estar de pé. Puxou o celular e observou as horas. Não era nem sete e meia da manhã ainda.


Sem opção levantou-se também. Foi pisando leve até a cozinha e espiou. Apenas Bobby Singer estava no local, de costas para a porta e colocando colheradas de pó de café em um coador de papel.


Ainda silencioso, voltou sobre os próprios passos. Parcos raios de sol varavam pelas brechas da velha cortina da sala de Bobby indicando que o dia seria um pouco mais quente que os últimos. Numa súbita inspiração Sam foi até a porta da sala e abriu. Não se surpreendeu de verdade: Dean estava agachado mexendo na terra úmida do sereno da noite.


– Ei, sardento! – Sam chamou, parando sob o batente – Aqui fora é perigoso.


– Tio Bobby disse que o Dean podia vim – o loirinho revelou e fungou com força – Num tem perigo, Sammy. Se outra coisa malvada vim a gente derrota ela!


Sam riu e desceu os pequenos degraus, saindo no espaço do ferro velho.


– O que você está fazendo aí?


Só então Dean parou de cavoucar a terra e ergueu o rostinho para o irmão.


– Uma armadilha... – sussurrou como quem conta um segredo importantíssimo.


O moreno segurou a vontade de rir diante de tanta seriedade mostrada pelo menino. Agachou-se ao lado dele e tentou soar igualmente solene.


– Armadilha para coisas malvadas?


– Não, Sammy, seu bobão – ele respondeu franzindo as sobrancelhas aloiradas – Issu nunca ia pega uma coisa malvada.


O rapaz estendeu a mão e passou o polegar pela bochecha do menino, limpando a sujeira que manchava a pele branca. Dean devia ter passado os dedinhos melecados de terra e sujado sem querer.


– Então é armadilha pra quê?


– Pra um largato – ele respondeu se enroscando com a palavra – Dean viu um largato ontem puraqui... acho que ele vai cresce e vira um dinossauro assim.


– Um dinossauro? – Sam se divertiu com a inocência infantil.


– O Dean que muito um dinossauro – e o loirinho voltou a cavar.


Sam observou por alguns instantes antes de resolver ajudá-lo a cavar a terra. Então arriscou entrar num outro assunto.


– Já pensou se um dia o Dean esquece que conheceu o Sam?


O garotinho pareceu surpreso com a pergunta.


– O Dean nunca vai esquece u Sammy. Irmão num se esquece do irmão.


– Mas pode acontecer... a gente caça tanta coisa malvada, vai que uma delas faz o Dean esquecer do Sammy...


Então o loirinho olhou para Sam com os olhos verdes enormes cobertos de tristeza e abandono.


– Daí o Dean ia se muito triste. O Dean sempre ia sabe que falta alguma coisa. Purque o Sammy é o mais importante pro Dean.


Samuel engoliu em seco, subitamente com um nó na garganta que lhe dificultou a respiração. Tratou de engolir a emoção pelo que ouvira.


– Ah...


Antes que continuasse falando o menino segurou-lhe a mão com os dedinhos cobertos de terra e apertou.


– Não fica preocupado, Sammy. O Dean promete que nunca vai esquece o Sammy, tá bom? Pode confia no Dean.


Samuel respirou fundo e não respondeu. Apenas apertou os lábios exibindo um sorriso triste e pouco convincente, porém Dean voltou a cavar a armadilha para lagartos; preocupado em conseguir prender seu dinossauro.


S&D


Bobby terminou de virar a água no coador. Cheiro de café forte se espalhou pela cozinha. Na opinião do velho caçador, nada como um bom café forte e amargo para começar um dia que tinha tudo para ser péssimo.


– Bom dia, Bobby – a voz de Sam tirou Singer de suas reflexões. Com mau humor ele voltou-se com uma resposta indelicada na ponta da língua, mas calou-se. Franziu as sobrancelhas olhando inquisidor para a mochila que o rapaz segurava – Peguei tudo o que precisávamos, eu acho. Mas é melhor fazer mais mulso.


– Para o Cluricaun? – Bobby soou rabugento.


– Para o Cluricaun – Sam confirmou de forma singela.


– Bom. Posso fazer sem problemas – Bobby fechou a garrafa de café e colocou sobre a mesa – Quando pretende partir?


– Quanto antes melhor – o moreno preparou-se para dar meia volta e ir chamar Dean para a primeira refeição do dia.


Singer meneou a cabeça e voltou aos seus afazeres. Não perguntou por que Sam mudara de idéia. O importante é que o rapaz decidira fazer a coisa certa.


– E Bobby, – Sam parou a porta da cozinha e antes de sair se desculpou – Eu sinto muito por antes.


O mais velho não respondeu. Quando o assunto era a pessoa que amamos a razão passava longe. Felizmente Sam voltara a ter bom senso e poderiam terminar aquela história da maneira correta.


Continua...