Quinto Império

Lenda das Quinas


Foi depois de um berro que os cavaleiros desataram a correr pela encosta, decidindo que daria a vida pelo rei, pelo condado, pela cruz.

A bandeira estava bem levantada, branca e azul em contraste com todo aquele vermelho derramado pelo chão. Mal eles sabiam que esse vermelho faria parte da sua História também.

Os muçulmanos eram melhores guerreiros, sobretudo a cavalo. Mas os cristãos tinham melhores tácticas e conheciam melhor o terreno. Além do mais, estavam protegidos por Deus. Coisa que os sarracenos pelos vistos não.

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D.Afonso Henriques, que deixara de ser príncipe para passar a ser rei de Portuscale, deu a ordem para que os cavaleiros, quer do condado, quer os cruzados, não tivessem misericórdia aos mouros e que defendessem a sua cruz, por Deus. Pois ele sabia...Sabia que a batalha estava ganha. E sabia que um fado glorioso aguardava o seu reino.

~º~

Afonso acabava de pendurar uma bandeira de Portugal na sua janela, tal como todas as pessoas na sua rua e no país.

Ah...O que não faziam por futebol...

Estávamos em 2004, num dia quente e ventoso o que tornava agradável a saída de casa para passear pela rua e sobretudo fazia as crianças a saírem de casa para brincarem com os vizinhos na praça.

Foi justamente um desses grupos de crianças que lhe chamou a atenção.

Também elas penduravam uma bandeira na porta e discutiam o que eram as ‘coisinhas azuis’ que tinha no centro. Claro que Afonso não resistiu e sorriu, caminhando até elas.
Quem melhor conhecia a História de Portugal que ele mesmo? Ainda para mais, ele tinha ainda um restinho de alma trovadoresca e contar histórias e lendas a crianças era das coisas que mais gostava de fazer.

“Isso são as Quinas.”

As crianças, dois rapazes e uma rapariga que deviam ter nem seis anos, olharam pelo ombro e pestanejaram ao ver o seu tão misterioso vizinho.

“As Quinas?”

“Sim~ Nunca ouviram falar nas Quinas?”

Todos eles abanaram a cabeça negativamente e Afonso, sempre paciente, ajoelhou-se para ficar ao nível deles, “É uma lenda. Querem ouvir?”

Os meninos voltaram a abanar a cabeça, desta vez de forma afirmativa, e sentaram-se no passeio, feito com calçada portuguesa.

“A lenda diz que um pouco antes da Batalha de Ourique, um homem velho que D. Afonso Henriques já tinha visto em sonho, o foi visitar . Este homem fez-lhe uma revelação profética da vitória e pediu-lhe para, na noite seguinte, sair do acampamento sozinho, mal ouvisse a sineta da ermida onde o velho vivia.” , fez uma pausa dramática e continuou logo de seguida, “O rei assim fez. Um raio de luz iluminou tudo em seu redor, deixando-o distinguir, aos poucos, o Sinal da Cruz e Jesus Cristo crucificado. Emocionado, ajoelhou-se e ouviu a voz do Senhor que lhe prometeu a vitória naquela batalha e em muitas outras. No dia seguinte, D. Afonso Henriques venceu a batalha, tal como lhe fora prometido.”

As crianças olharam para a bandeira, sem entender muito bem o que é que ‘as coisinhas azuis’ tinham a ver com aquilo. Afonso deu uma gargalhada e coçou a nuca, ajeitando o seu cabelo sobre os ombros antes de continuar a explicação, “ Conforme reza a lenda, D. Afonso Henriques decidiu que a bandeira portuguesa passaria a ter cinco escudos, ou quinas, em cruz, representando os cinco reis mouros vencidos vindos de Sevilha, Badajoz, Elvas, Beja e Évora e as cinco chagas de cristo.” Apontou para a bandeira, “Os pontinhos brancos chamam-se e representam as trinta moedas pelas quais Judas vendeu Cristo.”

Um dos rapazes levantou-se e sorriu, “Então, Sr.Afonso… Porque é que a nossa selecção nacional se chama ‘Equipa das Quinas’?"

Com um sorriso travesso, Afonso deu de ombros e também se levantou, “Porque se calhar Portugal está destinado a ganhar a Taça do Euro este ano.”

“Acha que vamos ganhar, Sr.Afonso?” , perguntou a menina.

“Claro que vamos! Este ano é nosso!”

Mas como sempre, e tendo em conta a sorte geral que os portugueses têm, não, não ganharam.

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Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.