Um Novo Amor Doce

Episódio 15


Tá bem, eu tenho que admitir que a ideia das meninas de dividir a plateia do show em fã-clubes foi bem divertida, e eu percebi que a Kim e a Violett também se juntaram ao Alexy no “Team Iris”. No final das contas, deu certo pra todo mundo. As últimas lembranças que tenho de antes de voltar pra casa são da Pedí tentando ajudar o Nathaniel a fugir de um grupo de meninas, os gêmeos tirando onda com a cara do Kentin por ele saber tocar flauta, e da Rosalya tentando impedir que a Nina seguisse o Lysandre até em casa e ao mesmo tempo tentando inutilmente convencer a Talixka a ir com eles pra sei lá o que.

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E claro que eu não saí ilesa do “Team Castiel”, fiquei um bom momento ouvindo o bad-boy se gabar do meu “amor” por ele. E as outras garotas do fã-clube só riam e concordavam com ele (eu fiquei vermelha da cabeça aos pés, como diria Pedí, da cor do cabelo dela). Aí só de birra, na saída quando eu esbarrei em uma garota de cabelo castanho e olhos azuis, com um estilo bem despojado procurando por ele, mandei ela pro lado errado e fui embora batendo os pés (coitada da garota, ela não tinha nada haver com a história).

– Hally querida, você não tem aula hoje? – Escutei a voz da tia Fabi e levantei a cara amassada do travesseiro para olhar a hora no celular...

– AIMEUDEUS!!! – Joguei as cobertas para o alto e comecei minha corrida habitual de atrasos matutinos.

A verdade é a seguinte, ontem (domingo) eu fiquei até tarde jogando com o Armin, e acabei esquecendo de programar o despertador. Agora era escova de dentes em uma mão, de cabelo na outra, tomar cuidado pra não fazer igual a no “laboratório de Dexter” e trocar as duas, e correr pra Sweet Amoris.

– O que eu perdi? – Perguntei tropeçando pelo corredor para chegar até Talixka e Chibi.

– Além da primeira aula? – A de cabelo rosa arqueou uma sobrancelha e eu sorri culpada – Nada demais! A diretora veio agradecer a todo mundo que se esforçou pra trabalhar no show. – Ela deu de ombros.

– Nós estávamos pensando que você também não viria. – Comentou Tali com uma expressão preocupada.

– Nah, culpa do vídeo game! – Soltei uma risada – Mas como assim “também”?

– Castiel, Nathaniel e Pedí não vieram hoje. – Respondeu a de cachinhos.

– É, mas esse não é o babado do dia. – Garantiu a mais alta.

– Não? – Fiz cara de interrogação e vi Talixka balançar a cabeça como se não concordasse com a Chibi.

– Eu vi uma garota saindo da sala dos professores, ela se apresentou como Debrah, e disse ser uma ex-aluna. Mas a gente vai ter que fazer uma pesquisa pra saber um pouco mais.

– Chibi, eu não vou ficar investigando a vida de uma ex-aluna. Você gostaria que alguém chegasse na nossa antiga escola para pesquisar sobre a gente?

– Eu não tenho nada a esconder. – A de cabelo rosa deu de ombros e eu arqueei uma sobrancelha.

– Nada mesmo?

A menina pareceu pensar por um instante e então arregalou os olhos.

– Droga, Hally! Agora SIM eu quero investigar!

Olhei para Tali que entortou a boca e deu de ombros. É, também acho que não dá pra fazer nada para impedir a maluca do meu lado. Soltamos uma risadinha baixa e fomos para a nossa aula com a outra formulando mil hipóteses sobre os segredos ocultos da tal garota. No intervalo seguinte, Tali e Violett ficaram na sala conversando sobre uma técnica lá de desenho que eu não entendi nada, e a Chibi me arrastou para o pátio para “colher informações”, acabamos encontrando Kentin e os gêmeos.

– Não tem problema nenhum com a minha roupa! – O primeiro bateu o pé.

– A moda militar está ultrapassada – Contrapôs Alexy – Pelo menos mude a calça! Ninguém mais vai pensar que você acabou de sair de um reformatório para menores!

– Não é um reformatório! É uma escola militar!

– E qual é a diferença? – Gargalhou Armin.

– Hally – Kentin me olhou – Fala pra eles!

– Cadê o “por favor” aí nessa frase. – Ri da cara dele e o vi ficar vermelho.

– Mal educado ainda por cima! – Alexy entrou na onda – Não te adiantou muito a escola militar!

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– Arg! Vocês querem largar do meu pé, ok?

Não aguentei e caí na gargalhada.

– Não liga não, Kentin – Chibi se manifestou – Eles são três idiotas, mas estão só brincando.

– Mas estão me irritando. – O garoto cruzou os braços.

– Ok, ok, vamos dar um tempo... – Alexy se rendeu – Por enquanto.

Tentando me controlar para a gargalhada não se transformar em uma crise de risos, me apoiei no ombro da de cabelo rosa, que se desvencilhou me fazendo quase cair de cara no chão... E rir mais ainda!

– E as duas, o que estão fazendo? – Perguntou Armin rindo da minha cara.

– Estamos vendo o que as pessoas sabem sobre uma tal de Debrah. – Respondeu a outra.

– Quem?

– Debrah, uma ex-aluna.

– Não conheço... – Armin deu de ombros.

– Claro, né criatura. – Me recuperei – Você acabou de chegar na escola.

– E vocês querem saber sobre ela por pura curiosidade? – Perguntou o de cabelo azul e eu fiquei apontando pra Chibi.

– Não só por isso... – Ela respondeu batendo no meu braço para que eu abaixasse a mão – Estou com um mal pressentimento.

– Ah, é? – Alexy deu um passo a frente – E vocês querem que eu vá junto para essa pequena investigação?

–Tá óbvio que você esta doido pra vir – Pus as mãos na cintura – E eu não vou ser malvada de dizer não.

– Yupi! – O garoto começou a dar pulinhos e dessa vez até a Chibi riu.

– É, vai e não volta – Kentin fez um gesto de dispensa – Assim vocês me deixam respirar um pouco.

– Vocês quem, cara pálida? – Armin riu – Eu ainda estou aqui, e com um argumento bem forte.

O outro se jogou em um banco e cobriu o rosto resmungando um “eu mereço” enquanto saíamos do pátio. Perguntamos sobre a tal garota para várias pessoas, Iris ficou toda animada dizendo que a Debrah é super legal e até parece um pouco comigo. Ambre ficou louca de raiva quando ouviu o nome (talvez ela pareça mesmo comigo). E a Rosalya disse que não a conheceu muito, mas que a garota tinha uma banda.

– Uma garota que participa de um grupo de música – Alexy piscou pra mim – Isso devia agradar muito o Castiel.

Engoli em seco e tropecei umas seis vezes... O que será que ele quis dizer com isso?!

Falamos com mais algumas pessoas, e todas só tinham elogios sobre a garota, Iris ainda quis brincar dizendo que Debrah não era como a Ambre e que não devíamos nos preocupar.

– Chibi, eu não entendo – Comentei enquanto caminhávamos para perto de Talixka e Lysandre – O que você quer encontrar afinal?

– Eu não sei – Respondeu a outra – Mas alguma coisa tem!

– E como você sabe disso? – Revirei os olhos.

– Ela não quer deixar de ser o centro das atenções. – Alexy deu de ombros.

– Ah, qual é – A de cabelo rosa parou de andar – só eu estou achando ela “perfeita” demais?

Tali soltou uma risadinha quando paramos ao seu lado, mas Lysandre olhou para Chibi e cruzou os braços desconfortável. Alexy também viu.

– Você sabe de alguma coisa! – Meu amigo acusou o outro – Desembucha vai, perguntamos pelo colégio inteiro.

– Eu não sei de nada realmente, só que ela é a ex do Castiel. – O mais alto deu de ombros.

– EU SABIA! – O de cabelo azul deu um pulinho – Mas o que aconteceu para ela virar uma ex?

– O Castiel nunca quis falar sobre o assunto. Eu comecei a andar com ele nesta época e ele estava bem abalado após o fim da relação. Eu não quis pisar mais na ferida.

– A-Abalado? – Gaguejei sem perceber que falava – Então não foi ELE quem terminou...?

– Eu não sei. – Respondeu Lysandre.

– Mas é claro que não! – Exclamou Alexy – Se ele ficou abalado, é porque tomou um pé na bunda!

– Ora, mas então por que veio atrás dele agora?! – Explodi sem me conter.

– Como é que é criatura? – Chibi cruzou os braços.

– Ela... Me perguntou por ele depois do show. – Dei de ombros como se não fosse nada demais.

– E POR QUE VOCÊ NÃO DISSE ISSO ANTES CRIATURA?! – Ela e Alexy perguntaram em coro.

– Ué, eu não tinha ligado o nome à pessoa até a Iris mostrar a foto, como ia saber que era a mesma garota?

– Será que ela se arrependeu? – Comentou Talixka em voz baixa e eu gelei (por alguma razão).

– Eu adoraria conversar com o personagem principal, seria mais simples... – Comentou Lysandre – Eu não o encontro...

– Ah, tá – O de cabelo azul apoiou as mãos atrás da cabeça – Mas tirando essa história com o Castiel, vocês não tem nada contra ela.

– Mas ela machucou o Castiel... – Ponderou o outro.

– Tá, mas não podemos julgar os outros baseado em suas relações amorosas. Ela deveria ter as suas razões para deixa-lo.

– Você está do lado de quem? – Irritei-me.

– Da verdade. Sempre. – Alexy soltou uma risada e eu emburrei me virando para Chibi que tinha ficado calada.

– Você quieta dá até medo!

– Só estou organizando as informações. – Comentou a garota com o olhar um pouco perdido.

Impaciente, virei a cabeça de novo, percebendo que Talixka me encarava com uma expressão um pouco... preocupada? Fiz uma careta idiota e ela aliviou o rosto em um sorriso.

– Agora que vocês falaram – Lysandre apoiou a mão no queixo se forma pensativa – ela veio me ver não tem muito tempo, perguntou se o Castiel havia comentado algo sobre uma proposta...

– Que proposta? – Perguntei sem nem deixa-lo terminar de falar.

– Ela não quis me falar mais... Eu espero que não esteja querendo vê-lo no seu grupo...

(N-Não pode ser isso!) Eu estava tão atônita, que não consegui falar nada antes que Chibi enganchasse seu braço no meu e me arrastasse para longe. Alexy se apressou em nos acompanhar chamando-a de louca e gritando para que o esperássemos.

– Está bem, o que vai ser agora, senhorita desconfiança? – Perguntou o de cabelo azul se jogando em uma das carteiras da sala que entramos.

– Ué, vamos procurar as músicas dela! – Falou a garota como se fosse óbvio e sacou o celular – E não só isso, se ela é de uma banda, a pesquisa ficou muito mais fácil.

O garoto pareceu entender imediatamente e também passou a digitar um monte de coisas em seu celular. Vi Armin entrar na sala e olhar aquela cena sem entender nada antes de focar em mim e franzir as sobrancelhas. Dei de ombros e fiz sinal para que ele se sentasse perto de mim.

– AQUI! – O grito da de cabelo rosa fez o moreno errar a cadeira e quase cair no chão. – Stars from Nightmare, é a banda dela!

– Nunca ouvi falar. – Comentei me inclinando como os outros sobre o celular da garota.

– E você entende de música Hally? – Armin soltou em tom de piada, mas fez com que seu irmão e minha amiga me lançassem um olhar rápido (que o garoto nem percebeu).

Escutamos duas músicas, e logo o moreno tinha perdido o interesse, concentrando-se em seu game, e Alexy passou a mexer em seu celular. Chibi e eu ouvimos mais uma, e então ela guardou o telefone. A verdade é que o som era até agradável, mas sem nada de mais. Não eram bem o tipo de música se se tem vontade de ouvir mais de uma vez, e a voz da garota também não tinha nada de especial.

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– Meio chatinhas essas músicas. – Comentou o garoto de cabelo azul olhando para nós duas.

– Concordo – Minha amiga fez uma careta – As que tocaram no show foram infinitamente superiores.

– E se... – Cocei a cabeça chamando a atenção nos dois (Armin era uma figura a parte à essa altura) – Ela não quiser levar o Castiel para longe, e sim tiver vindo para pedir a ajuda dele nas composições.

– Então vocês ainda vão poder cavalgar rumo ao pôr do sol, não é?! – Chibi caçoou e eu lhe dei um tapa.

Ao invés de rir como eu achei que faria, Alexy fez uma cara meio preocupada e me estendeu o seu celular.

– Não quero te desapontar Hallyzinha, mas olha esse artigo que eu encontrei – Inclinei-me para ver, assim como a Chibi, e nessa hora até o Armin levantou os olhos do console – Pelo que diz aí, ela brigou com um guitarrista, e ele deixou o grupo. A produção do novo álbum deles está suspensa até que encontrem um músico “que corresponda às suas esperas”... Ela pode muito bem já ter encontrado.

Eu não sei explicar o que aconteceu nesse momento, mas o mundo começou a girar... Não que ele já não estivesse girando antes, mas... Ah, deu pra entender! Ficou difícil de respirar, e tudo o que eu mais queria era sair depressa daquela sala. Só escutei a voz da Chibi quando a minha mão já tinha alcançado a maçaneta da porta.

– Hally! Onde você vai? Nós temos aula agora.

– Eu sei – Respondi sem me virar (Acho que eu vou vomitar) – E-Eu... Já venho...

Sem mais uma palavra atravessei os corredores, as vezes esbarrando em um ou outro aluno. Passei pela Iris que perguntou se eu estava bem, mas a ignorei e continuei andando até alcançar o banheiro feminino e me inclinei sobre a pia. (Isso não pode estar acontecendo! Ela não pode mesmo estar levando ele embora! Ele... Ele iria?) Senti uma dor estranha no peito, e vontade de chorar. NÃO QUERO QUE O CASTIEL VÁ EMBORA!

Mas... Isso é egoísmo meu. Pode ser a chance da vida dele, a oportunidade de ser músico profissional, como ele quer. Que direito eu tenho de torcer contra o sonho dele? Eu devia estar feliz! CASTIEL VAI TOCAR EM UMA BANDA PROFISSIONAL! Então por que diabos eu estou chorando no chão da droga do banheiro feminino?!

Peguei o meu celular e abri a agenda, procurei o nome dele nos meus contatos e fiquei um instante apenas observando aquele número. Mas o que eu diria? Rindo sem nenhuma graça, baixei o celular e enxuguei as lágrimas do rosto. Eu não tinha a mínima ideia do que fazer. E depois de alguns minutos encarando os azulejos do banheiro, tornei a erguer o celular, dessa vez mandando uma mensagem para a Pedí.

“A escola está estranha hoje! Faltou por que? xxHally”

A resposta não demorou a chegar.

“Fiquei gripada. Estranha como? xxPedí”

Pensei por um instante se valeria a pena narrar para ela todos os acontecimentos daquele dia, mas por fim só digitei.

“Nada importante. Melhoras! xxHally”

A verdade é que nada tinha acontecido ainda, então não valia a pena surtar. Guardei o celular no bolso e me inclinei sobre a pia novamente, dessa vez para lavar o rosto e respirar fundo. Fiquei alguns instantes tentando em vão prender o meu cabelo, até que ouvi o barulho da porta, e então a garota da noite do show entrou distraída com seu celular e pareceu tomar um susto ao me ver ali.

– Ai nossa! Você me assustou. – Ela levou a mão ao peito e começou a rir – Mas é bom finalmente te encontrar... Hally, não é? – Eu franzi as sobrancelhas sem entender e ela sorriu – Acho que você é como eu, não fico muito tempo no mesmo lugar. A gente poderia pensar que isso facilita os encontros, mas quando somos duas a fazer isso, é ainda pior!

– Eu... Imagino que sim. – Tentei abrir um sorriso simples.

– Eu soube que você andou perguntando bastante coisa sobre mim – Debrah apoiou o quadril na pia – Eu te deixo intrigada?

– Um pouco. – Dei de ombros e ela começou a rir.

– E eu te dou medo? Porque você poderia ter me perguntado diretamente.

– Na verdade, isso tudo foi mais para sanar a curiosidade de uma amiga minha, ela... Não acha que você seja de confiança.

A garota cruzou os braços e apertou os olhos, mas sem perder o sorriso do rosto.

– E o que VOCÊ acha?

– Honestamente – Também cruzei os braços – Minha opinião não difere muito.

Debrah começou a gargalhar verdadeira mente e balançou a cabeça agitando sua franja e algumas tranças castanhas.

– Bom, você tem o mérito de ser franca... O que eu fiz para merecer esse tipo de tratamento? Só porquê todo mundo te acha super gentil, a não ser esta querida Ambre, mas até isso conta como positivo.

– Você também pesquisou sobre mim? – Arqueei uma sobrancelha.

– Digamos que o seu nome foi pronunciado bastante hoje... Eu queria saber porquê.

Balancei a cabeça em concordância enquanto mentalizava uma resposta.

– E eu te deixava intrigada ou te intimidava o suficiente para que não viesse me perguntar diretamente?

– Ah, ah... Que sutileza... – Ela fechou os olhos e balançou a cabeça como se não acreditasse, e algo naquele simples gesto me deixou ainda mais incomodada do que antes.

– Agora, queira me desculpar... Mas eu preciso voltar para a minha aula.

Tentei dar um passo em direção a porta, mas Debrah colocou o seu corpo no caminho.

– Diga, o que eu posso fazer para te dar uma melhor impressão? Eu não sou má, longe disso... Inclusive me disseram várias vezes que nós poderíamos nos entender, juntas!

– Foi o que me disseram também... – Concordei apertando os olhos.

– Então, por que? – Ela abriu os braços – Por que não confiar nos “eu acho”? Apenas porque eu quero que o Castiel venha comigo?

Então era isso mesmo! Nós acertamos, ela quer leva-lo embora...

– Por isso – Assenti, não teria como negar – Mas também porque eu não sei o que pensam três pessoas aqui da escola, e a opinião deles conta muito para mim.

– Três pessoas? – Debrah inclinou a cabeça parecendo não entender.

– Minha amiga Pedí faltou hoje, então não tive a oportunidade de falar com ela ainda.

– Pedí? – Ela franziu o cenho sem entender.

– Talvez vocês nem lembrem uma da outra, mas ela já estudava aqui no período que que você também, então se tiver algo a dizer a seu respeito, eu vou querer levar em conta.

– Parece justo – A garota concordou – Quem mais?

– O protagonista da cena. – Sorri de lado – Castiel não está aqui hoje, então eu não pude perguntar para ele também.

– Ele irá te dizer que eu sou sua ex-namorada e que a nossa relação terminou mal, mas que agora é passado. – Ela deu de ombros.

– ... E eu não sei o que o Nathaniel pensa, porque ele também não estava aqui. – Sei que Nath e Cass não se dão muito bem, mas talvez saber a opinião dele seja justamente o que vai pesar no final das contas.

Ao me ouvir pronunciar o nome do loiro, a postura da garota mudou completamente, ela pareceu ser pega de surpresa.

– Ah... Nathaniel, hein... Você considera o que diz este careta?

– Sim.

– Pois não deveria – Ela colocou os braços para trás do corpo – É um mentiroso daqueles.

Franzi o cenho sem entender o que ela quis dizer.

– Não devemos estar falando do mesmo Nathaniel.

Ela estava com uma expressão estranha, e demorou a dar qualquer resposta. Então eu comecei novamente a tentar sair daquele banheiro, mas Debrah acabou por segurar o meu braço com força.

– Ok.. Ok... Eu não tenho escolha... Você quer que eu te conte uma pequena história Hally?

– Desculpe, não estou interessada. – Tentei fazer com que ela me soltasse, mas a garota me arremessou contra a parede oposta do banheiro, mostrando uma força que ela não parecia ter.

– Ué, você não queria saber mais sobre mim? Então escolhe uma cadeira e pega a pipoca queridinha. – Ela trancou a porta – Este é um enredo que você não vai esquecer.

– Sobre o que você quer me contar? – Perguntei entredentes tentando não demonstrar que a pancada na parede havia doído.

– Sobre mim, Castiel e Nathaniel, claro! Você não estava aqui antes que eu começasse a minha carreira. E uma pessoa tão adorável quanto você merece saber.

Cada palavra que saia da boca daquela garota era claramente venenosa, mas o jeito com que falava, não permitia identificar qualquer ironia em sua voz. Como se eu fosse mesmo uma “pessoa adorável”.

POV Debrah flashback on:

Tínhamos acabado de terminar um ensaio no porão, como todas as noites por quase duas semanas, e eu estava bem animada.

– Foi super legal! – Vibrei ao lado do meu namorado – Formamos uma boa dupla, você não acha, Castiel?

– Com uma voz como a sua e um profissional como eu na guitarra – Sorriu presunçoso – Só poderia ser perfeito!

– Ah ah, que modéstia, gatinho! – Cutuquei-o nas costelas e ele fingiu que ficou emburrado.

– N-Não me chame assim aqui na escola...

– Oh, sinto muito – Mordi o canto do lábio – Mas tem tanta garota a sua volta, eu quero que todo mundo saiba que você é meu!

Castiel sorriu de lado e negou com a cabeça, mas me segurou pela cintura e me trouxe mais perto de si.

– Não se esqueça do nosso encontro, ok? – Se inclinou para falar no meu ouvido – Tenho algo para você!

– Ah, sim? Como você é gentil quando quer... – Passei a mão pelos seus cabelos escuros – Eu não vou esquecer... Daqui há uma hora... Na sala de aula, não é?

– Não se atrase! – Ele me soltou.

– Sim! Sim! – Sorri vendo-o se afastar – Até mais tarde, gatinho!

– Pfff, você é incorrigível. – Ele gargalhou caminhando em direção a uma amiga dele, uma garota de cabelo curto chamada Pietra, não sei muito sobre ela.

– Eu sei. – Concordei caminhando para o lado oposto.

Nós andávamos ensaiando tanto ultimamente, porque um cara tinha nos visto, e queria a gente para formar uma banda profissional. Ele tinha muitas esperanças na gente e eu sabia que ele podia contar com isso... Eu tinha tudo para conseguir! O único porém é que... Eu me via com uma carreira brilhante, mas SOZINHA, como cantora, sem grupo.

Caminhei até uma das salas de aulas que estava vazia e peguei o meu celular para ligar para o produtor.

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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Alo? – Perguntou a voz do outro lado da linha.

– Olá! É Debrah, tudo bem com o senhor?

– Oh, bom dia Debrah, e você? Está pronta para o famoso teste?

– Si, claro! Eu ensaiei todas as noites para isto!

– Perfeito... E seu amigo? O guitarrista?

Essa era a minha chance.

– Oh... Ele... Bem...

– Um problema? – A voz perguntou parecendo preocupada.

– Eu... Eu não sei se devo te falar...

– Bom, Debrah, eu sei que é o seu namorado, mas não é um motivo para protege-lo assim... Se houver alguma coisa com ele, eu quero ficar sabendo, você sabe.

Eu gosto muito do Castiel, mais do que a minha atitude leva a crer, sabe? Só que entre um namorico de escola e uma brilhante carreira de cantora, a escolha é feita rapidamente... De certa maneira, fui vitima das circunstancias.

– Ele não vem mais treinar com a gente – Falei por fim com um ar pesaroso – Ele disse que sabe que já conseguiu mesmo... Ele começou a dar autógrafos aos outros alunos... Eu... Eu acho que o melhor é não considerarmos ele, mesmo se isto me custa a admitir.

Eu continuei argumentando por um tempo, e por fim o produtor concordou que deixar o Castiel de fora era a melhor opção. E ele me garantiu que ligaria logo para o garoto para anunciar isso... Me deixando de fora da história, é claro!

– Ah, Ah! Bye bye Castiel – Vibrei quando tinha desligado o telefone – Sinto muito, mas eu só quero o meu nome no CD...!

– O amor é lindo! – Uma voz atrás de mim me deu um susto, e eu me virei rapidamente para encarar o garoto loiro de pé na porta.

– N-Nath? V-Você ouviu tudo??

Sem me responder, o garoto simplesmente deu as costas e sumiu pelo corredor.

– Espere! – Gritei tentando chegar rápido até a porta, mas tropeçando em uma das carteiras – Nathaniel! Não é o que você pensa!

Desesperada para que aquele idiota não desse com a língua nos dentes, passei a correr o colégio em busca dele. Até dei um encontrão na tal da Pietra que estava com uma cara de choro horrível, mas eu não dei a mínima e continuei procurando o garoto. Infelizmente, acabei encontrando o meu namorado antes.

– C-Castiel! – Gelei com a possibilidade de já ser tarde demais.

– Castiel? – Ele riu inclinando a cabeça – Não tenho mais direito ao “Gatinho”?

– Ah, sim... Claro! – Suspirei em alivio – Você... Você não viu o Nathaniel?

– Ele? Eu o vi a pouco – Castiel deu de ombros – Ele queria que a gente diminuísse um pouco o volume durante os ensaios.

– Como ele é chato, você não acha? – Comentei achando que o garoto riria comigo, mas ele não o fez.

– Bom... Tem o pai e a mãe atrás de olho nele – O moreno ponderou – Ele precisa se dedicar ao máximo.

– Não é nem mais se dedicar ao máximo – Revirei os olhos – Ele fica até tarde na escola para ganhar boas notas, é de dar medo!

– Com uma irmã como a dele – O gatinho riu – Eu também ficaria o menor tempo possível em casa!

Tentei fingir que ria com a sua piada, mas a verdade é que eu ficava olhando para os lados assustada.

– Você está pálida – Castiel colocou a mão na minha testa – Está tudo bem?

– Sim, tudo bem! – Menti me afastando – Eu... Sinto muito, tenho que ir.

Continuei correndo pelos corredores da escola, mas como tudo parecia estar correndo contra mim, encontrei a estúpida da Ambre.

– Sai da frente! – Ela esganiçou em sua vozinha enjoada.

– Cala a boca lôra! Não é hora. – Respondi grosseira tentando passar.

– C-Como você ousa me falar desse jeito?! Não comece a se achar uma princesa, só porque um bobocão te quer para um grupo...

A ignorei completamente e sai correndo. Eu já estava começando a ficar desesperada quando vi Rick, o presidente do grêmio, sair da sala dos representantes com uma expressão completamente abalada e a vice-presidente Chinomiko ao seu lado, e aproveitei a deixa para entrar na sala sem que ninguém me visse. Bingo! Só estávamos eu e Nathaniel ali. O garoto parecia estar bem chocado com algum outro assunto, mas quando me viu ali, resmungou como se só agora lembrasse da minha existência.

– Nem precisa gastar a sua saliva – Abanou a mão no ar para que eu me mantivesse longe, mas ignorei esse gesto – Você não vai conseguir me convencer que tudo o que eu ouvi foi um mal-entendido.

Ele deu um passo em direção a porta, parecendo apressado para deixar aquela sala, mas eu obviamente me coloquei no caminho.

– M-Mas vejamos, Nath... Eu amo o Castiel, nunca eu faria isso com ele...

– Escuta, eu não tenho tempo pra você agora... E para de me chamar assim, nós não somos amigos, que eu saiba.

– Não... – Ponderei – Mas nós poderíamos nos tornar bem mais do que isto, tenho certeza...

– O que? – o loiro fez uma careta – Que bobagem é essa?

Com um sorriso no rosto, aproximei-me dele lentamente.

– Você sempre me olhou com desejo, Nath... Você queria sair comigo, não?

– Você está imaginando coisas – O garoto afirmou tentando me afastar – Acredite, você não faz o meu tipo.

– Eu tenho certeza que sim... – Apoiei minhas mãos no seu peitoral e o empurrei contra a mesa do presidente.

– Você está se superestimando, Debrah. – Ele riu sem humor – Você acha que pode ter tudo com apenas um piscar de olhos, mas isto não vai funcionar comigo.

– Ah... Eu me viro para tirar o meu produtor e te colocar no lugar – Garanti – Dentro de um mês ou dois, está bem? Você é alguém bem organizado... Seria perfeito para este tipo de trabalho!

– Não estou interessado – Ele tento se desvencilhar de mim – Deixe-me agora, antes que eu me irrite de verdade.

– Nath... Por favor... – Continuei tentando – Isto deixaria o Castiel de coração partido, ele não merece isto.

– É verdade, ele não merece isso – O loiro concordou e por um segundo eu pensei que poderia respirar aliviada – Ninguém merece sair com uma cobra igual a você. Deixe-me agora mesmo!

– Não! – Protestei agarrando os seus braços e passando-os pela minha cintura.

– O-O que é... – Escutei uma voz conhecida, e me virei imediatamente para encontrar o rosto incrédulo do meu namorado.

– CASTIEL?! – Esganicei apavorada.

Nathaniel aproveitou a deixa para tirar rapidamente seus braços da minha volta.

– D-De qual direito você... – O rosto do meu namorado estava ficando vermelho.

– Gatinho – Tentei me defender – Não é o que você está pensando...

– Não o defenda! – O moreno gritou e eu franzi o cenho.

Levei alguns segundos para entender, mas... Ele estava achando que o Nathaniel tinha dado em cima de mim! Aquilo estava saindo melhor que a encomenda!

– Acalme-se – Nathaniel tentou se explicar – Como esta pestinha acabou de dizer, não é o que você está pensando, Castiel... Se você puder me ouvir 30 segundos...

O garoto nem conseguiu terminar de falar, pois o moreno se jogou contra ele e deu-lhe um murro com tanta força que ele caiu no chão.

– Debrah, vá embora! Agora mesmo! – Castiel se virou para mim – Ele vai se ver comi... – Mas este também não conseguiu terminar a fala, pois o outro revidou o soco.

– Seu idiota! – Resmungou o loiro – Escute um pouco antes de tirar conclusões precipitadas! Você não tem ideia do que este tipo de peste pensa de você!

Mas Castiel não quis ouvi-lo, e os dois continuaram brigando até que Lysandre, Kim, Ambre e Iris aparecessem para separa-los. Observei aquela cena toda, um pouco fascinada pelo evento. Eu era a pobrezinha da Debrah, aquela que o responsável de turma tentou paquerar... E quando o circo acabou, eu esperei alguns minutos e fui atrás do meu “cavaleiro de armadura”.

– Gatinho... – Chamei entrando na sala em que Iris o ajudava a cuidar dos machucados – Você não devia... Eu... Eu sinto muito mesmo... Você gostava dele, ainda por cima... Se eu puder fazer algo... Diga-me.

Castiel lançou um olhar pesaroso para Iris e a pediu que nos deixasse sozinhos. Só quando a ruiva saiu da sala ele desviou o seu olhar para mim.

– Eu acabei de receber um telefonema do produtor.

– Ah, é? – Fiz-me de desentendida.

– Foi por isto que você estava pálida antes, não é? Porque ele tinha te falado antes.

– Eu... Eu sinto muito, gatinho... Eu realmente tentei convence-lo a te guardar, mas ele acha que sozinha terei mais chances... Se você soubesse como isso me deixa triste.

– Que dia horrível... Eu surpreendo a minha namorada sendo paquerada por aquele idiota e depois descubro que ela terá de ir sem mim... – Ele passou a mão pelos cabelos parecendo cansado – E ainda por cima tem o que aconteceu com a mãe da... – Parou no meio da frase me deixando curiosa – Bem não importa... Eu imagino que nos veremos bem menos depois disso.

– Ah, bem... Vamos ser realistas, gatinho – Mordi o canto do lábio – Nem vale a pena de continuar...

– C-Como? – Ele me olhou parecendo atordoado.

– Eu vou sair para gravar um CD e talvez visitarei outras cidades depois... Eu não terei mais tempo para dedicar a você... O melhor é parar agora, num ponto positivo, do que terminar após meses de brigas, por causa das minhas ausências...

– “Num ponto positivo”? – Ele perguntou incrédulo – Você está brincando com a minha cara?

– Gatinho... Se você soubesse como sinto muito por isso...

E então era isso, eu tinha terminado com o Castiel. Ele não se alterou, nem me pediu pra ficar... foi quase irritante! Mas eu tinha um peso a menos, e as coisas terminaram bem para mim, finalmente!

POV Debrah flashback off.

Quando Debrah finalizou a sua narrativa, eu nem conseguia piscar. Não movia um musculo, parecia que tinha um vazio dentro de mim.

– Então? – Sua voz nojenta ecoou mais uma vez – Gostou da minha historinha?

–... Por que me contou isso?! – Forcei-me a perguntar.

– Eu só queria que você entendesse – Ela deu de ombros – Todo mundo aqui confia em mim. Se você tentar fazer o contrário, lembre-se apenas do que aconteceu com o Nathaniel. Ninguém acreditou no que ele falou e acabou passando pelo ciumento que queria roubar a namorada de um colega de sala. Além disso, você passaria por uma garotinha ciumenta querendo dizer o mesmo... Ninguém vai acreditar em você – Ela aproximou o rosto do meu – Nunca!

Debrah tornou a se afastar, destrancando a porta.

– Feliz por ter tido essa conversinha com você, Hally! Até mais! E não se esqueça: Todo mundo te acha gentil e gosta de você. Seria uma pena perder toda esta estima, apenas por me contradizer... Eu ganhei, estou na frente.

E sem dizer mais nada ela foi embora. E eu fiquei lá por um bom momento sem qualquer reação.

– VACA!

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.