A Última Black

Expresso de Hogwarts.


Sam andou pelo corredor do Expresso de Hogwarts com um rosto meio pálido e medroso, fazendo com que vários alunos a olhassem com curiosidade; era óbvio que não a conheciam. Estava andando, procurando um compartimento vazio e sem ninguém, mas parecia impossível que isso acontecesse. Até que no fim de um dos vagões...

– Ei – chamou ela, confiante.

O garoto de cabelos loiros branquicentos e pele pálida olhou pra ela. Ele franziu a testa.

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– Desculpe? – falou repuxando os lábios.

– Ah, qual é Draco! Sou eu! – falou chegando mais perto.

Ele franziu ainda mais a testa.

– Bom, era de se imaginar... – reclamou ela. – Idiota como sempre, devo dizer. Não mudou nada. – todos pareceram surpresos.

– Sua sangue-ruim...! – começou ele, furioso.

Ela riu.

– Tenha dó, Draco. Só porque não me reconhece, ou finge, não quer dizer que eu seja uma...hum, “sangue-ruim”. Sou tão sangue puro quanto você, imbecil.

Ele focalizou os olhos nela, completamente abobalhado e não soube exatamente o que dizer.

– Você... Você... – balbuciou.

Ela fungou entediada.

– É, sim, sou eu; mas se contar a alguém Draco... Como, por exemplo, a minha querida tia – ou sua mãe, como preferir, - ou ao seu lindo paizinho... Juro que enrolo sua língua com um feitiço que você vai ter que passar o resto da sua maldita vida no St. Mungus tentando reaprender a falar.

Malfoy pareceu aterrorizado, mas nada disse. Ela passou e lançou olhares diabólicos e furiosos para Crabbe e Goyle. Caminhou depressa, desaparecendo logo depois. Por fim, desistindo de encontrar um lugar, caminhou para um compartimento cheio de garotas bobinhas que não paravam de soltar risinhos.

– Sam...? – chamou uma voz conhecida. Ela se virou e viu Harry vindo.

– Ei, Harry! – disse ela feliz.

– Hum, então... Já achou um lugar? – ela lançou um olhar ultrajado para as garotas e suspirou.

– Não – falou mal-humorada. – Não achei.

– Vem – convidou ele, parecendo bem-humorado. - Vamos arranjar um lugar.

Juntos saíram caminhando; ele na frente, ela logo a atrás.

Chegaram a um compartimento aonde havia somente um garoto gorducho e uma menina de cabelos louros sujos.

– Neville! – comentou Harry alegre.

– Harry... Ah, olá. – disse o tal menino, Neville, mas pareceu mudar de idéia quando viu Sam.

– Ah, está é minha prima, Samantha Bla...

– White. – corrigiu a menina de imediato. Harry se calou, vendo o que estava prestes a fazer.

– Ah, bem... Essa é Luna Lovegood. – Neville indicou a menina que lia uma revista que estava virada de cabeça pra baixo. Depois das apresentações, Hermione e Rony vieram e falaram que iam ter que patrulhar os corredores. Disseram que logo voltariam. Harry se afundou no banco. Ele lançava olhares à Sam, que parecia nervosa e agitada, olhando pela janela do trem. Harry tentava, desesperadamente, achar um meio de se comunicar com Sam, mas não encontrava. Eles precisavam combinar uma história antes que Neville ou Luna perguntassem a eles, qual era a Casa de Sam, se ela era dali, porque nunca a tinham visto...

– Pensando bem... – sussurrou Neville, rouco – Nunca vi você por aqui. – era meio óbvio que ele falava de Samantha;

Harry finalmente conseguiu a atenção de Sam e ele percebeu que estava encrencado e que teria que falar a verdade a Neville ou mentir...

– Vão querer alguma guloseima, queridos? – a senhora que empurrava o carrinho de doces no Expresso estava parada do lado de fora do compartimento. Neville chacoalhou a cabeça gorducha, mas Harry e Sam se puseram em pé em um átimo e se atracaram no carrinho.

– Varinhas de alcaçuz! – falou Sam, boba. Algo que herdara de Maggie, provavelmente, fora sua paixão por alcaçuz. – Quatro, por favor!

– Hã, eu, hum, vou querer quatro tortinhas de abóbora, por favor. – falou Harry meio sem graça; baixinho ele sussurrou com urgência: - Qual é a história? – Sam pagou e ficou admirando os outros doces, fazendo “oh” e “ah” de vez em quando. Harry sabia que era fingimento. Ela sussurrou depressa, enquanto fingia ler o rótulo de uma caixa de Feijãozinhos de todos os Sabores:

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– Diga a eles que sou da Academia de Magia Beauxbatons...

– Você não tem sotaque – notou Harry, vendo a falha.

– Diga-lhes isso! – ralhou ela. – A outra escolha seria ser de Durmstrang e em hipótese alguma eu vim de lá!

– Tudo bem, tudo bem – falou Harry irritado; Cho Chang parou ali e deu um sorriso confiante a Harry, pediu duas Tortinhas de Abóbora e saiu, os longos cabelos lisos e negros balançando pacificamente pelas costas.

– Ela é bonita. – comentou Sam.

– É. – concordou Harry e percebendo o que dissera, avermelhou e disse: - Bem, e então... Você veio de Beauxbatons, ok. Mas porque veio de lá, Sam?

– Fui expulsa de lá. – disse ela com rapidez e fluência. – Meu pai era inglês e minha mãe francesa, vim pra cá morar com meu tio graças a meu problema e... Bem, em parte é verdade, não é mesmo?

– Ah, bem... Sim, é. – concordou Harry.

– Só isso, queridos? – perguntou a senhora do carrinho das guloseimas e eles notaram que ela estava meio impaciente. Sam terminou de pagar e entrou no compartimento, morrendo de medo de Neville ou Luna lhe perguntar algo.

A história estava mais ou menos esboçada... Samantha White era uma menina que estudara até ano passado em Beauxbatons - de acordo com Harry e Sam – por encontrar um milhão de problemas e ser horrível em francês, seus pais resolveram que seria bem melhor que a filha estudasse em Hogwarts; e assim fizeram. Mandaram- na para a Inglaterra e ela fora morar com o tio Romyullo – a idéia do nome foi de Sam, mas Harry a achou meio infantil – e, como o tio era meio influente, conseguiu colocar a sobrinha em Hogwarts. Como era o primeiro ano dela em Hogwarts, ela ainda não tinha Casa.

Sam ficou bem contente com essa interpretação da coisa, disse que estava adorando ser meio francesa, porém Harry riu pra surpresa dela. Os dois se amontoaram novamente no compartimento e Luna e Sam começaram uma longa conversa sobre zonzóbulos e coisas que Harry não conseguiu entender, mas o deixou assustado; lançando um olhar de socorro a Neville eles começaram a discutir sobre Quadribol, sem nem ao menos pensar no que falavam. Draco Malfoy até veio incomodar Harry, mas quando Sam puxou a varinha e disse que sabia muito bem aonde ele morava, Draco sacou a indireta e bateu em retirada, não sem antes jogar os ânimos deHarry pelo ralo.

Sam, pela primeira vez, não viu Harry como o maldito mundo anunciava: “O” Harry Potter. Apenas um menino comum, com problemas comuns e... Bem, talvez não sejam problemas tão comuns, mas...

O trem desacelerou e Luna disse que era melhor elas irem se trocar e saiu arrastando Sam que olhou vacilante pra Harry... E se ninguém acreditasse na bendita história? Sam voltou com vestes pretas e Luna também – as de Luna tinham adornos da Corvinal, as de Sam não: eram pretas e apenas pretas, sem bordado ou adorno. Quando ela voltou ao compartimento viu que Harry e Neville tinham sumido. Agarrou a bolsa de couro gasto que ela trazia as coisas mais pessoas – como o Diário de Valentina, a foto da mãe e dos avós e uma carta de Maggie, algumas outras bugigangas que ela não vivia sem e guloseimas. Luna a procurou e Sam teve um aperto repentino.

Lembrou-se da avó dizendo que sua mãe, Samuella Renly, tinha ido para a Corvinal e durante o trajeto para fora do trem, Sam quis no seu íntimo profundo ir para a Corvinal, honrar a mãe e ser amiga de Luna. Luna era maravilhosa, estranha, mas maravilhosa. Elas seguiram sozinhas, ambas recebendo milhares de olhares indagadores, mas Luna não parecia nota-los. Sam sentiu pena dela e, logo depois, de si mesma. Era horrível. Sentia-se deslocada e chamativa demais ali; como se fosse um corvo em meio à neve branca. Encontraram Gina que estava com Dino e Sam embarcou em uma carruagem puxada por absolutamente nada. Não houve espaço para Luna e ela disse que estava tudo bem. Cho Chang estava na carruagem e com uma voz forçada ao último para parecer natural e despreocupada, perguntou a Sam:

– Então... Você é daqui? – Sam viu o símbolo da Corvinal, nas vestes dela e fechou a cara.

Naum – disse Sam, com sotaque forçado. Gina teve um acesso de risos. Cho e Dino pareceram perdidos, sem entender a piada das duas. Quando chegaram e os olhos da professora McGonagall caíram sobre Sam, ela se andou até a menina e disse em voz baixa:

– Samantha Black? - quando a menina assentiu a Professora pediu para que ela lhe mostrasse a varinha. Sam obedeceu. A professora assentiu e disse:

– Sou Professora de Transfiguração; Professora McGonagall. – Sam assentiu. – Me siga, srta. Black, por favor. – Sam informou o sobrenome provisório dela e a Professora assentiu, como se esperasse aquilo. Elas foram andando, Sam quase correndo para acompanhar a professora, enquanto esta ia mostrando o caminho. Elas chegaram a um local aonde havia duas gárgulas, que pareciam guardar uma entrada. A professora disse algo sobre doce de baratas – argh – ou algo do gênero; ela não quis prestar a atenção. A gárgula pulo pro lado e revelou uma porta em espiral. Ambas subiram e quando chegaram à porta, a professora McGonagall bateu levemente e uma voz astuta e alegre respondeu:

– Pode entrar. – Sam respirou pesadamente, sabendo que assim que entrasse pela porta seria avaliada pelo Diretor de Hogwarts, Dumbledore, e logo depois mandada para a sua Casa – fosse qual fosse.

– Muito bem – sussurrou a Professora McGonagall – Tudo vai ficar bem. Só não perca a confiança. – Sam assentiu e por trás dos óculos quadrados e antiquados da Professora ela viu certa, talvez, muito talvez, certa compaixão. – E... Boa sorte.

Balançando a cabeça com a voz presa, Sam abriu a porta do escritório do Diretor e adentrou, desejando não ter comido tantas Varinhas de Alcaçuz, pois agora elas estavam querendo voltar para dizer um alô.